UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES - 31-5-2013

No mundo inteiro, só no Brasil os juros sobem como remédio: 8 vezes mais alto do que no Japão, 40 acima dos EUA. Quatro palavras dominam o dicionário do governo. Silêncio nas comunidades, falatório na tecnologia. O vice de Obama veio em campanha eleitoral.

Helio Fernandes 
Aos trancos e barrancos, pouco salto e muito sobressalto. Ninguém sabe o que é prioridade, quem tem mais credibilidade, todos se preocupam com a instabilidade, impossível encontrar o rumo. A economia do Brasil, desgovernada, espera um Galileu que diga que ela se move, sem atropelos ou colisões.
Do Planalto, do Ministério da Fazenda, do Banco Central, não vem esclarecimento ou o que é prioridade. Juros, dólar, PIB ou inflação, o que vem primeiro, o que é realmente importante ou estimulante. Não se sabe, o país vive de previsões e preocupações, o que fazer?
De contradição em contradição, Mantega e Tombini aparentemente não estão do mesmo lado, embora pareça. Mantega fala, diz que o câmbio não é uma de suas armas, mas ninguém entende se ele está pessimista ou otimista. Mas já foi mais claro e incisivo.
Tombini age, mas em silêncio, afinal o BC tem autonomia. Tem mesmo? Dona Dilma não sabe de jeito algum o que vai fazer. Os juros vão subir muito ou pouco? Foi publicado que o presidente do Banco Central esteve esta semana com a presidente, sobre o que conversaram?
Pelo menos uma coisa tem que ser dita: Tombini contrariou e frustrou as maiores consultorias econômicas e até mesmo, pessoalmente, os mais arrogantes “adivinhadores”. Todos apostavam ou garantiam que a elevação dos juros não passaria de 0,25%, ele aumentou 0,50% e ficou em silêncio.
Como deixei bem claro no título dessas notas, os juros não influenciam as maiores autoridades dos órgãos oficiais do mundo inteiro. Ainda anteontem, Durão Barroso, ex-primeiro-ministro de Portugal e agora poderoso presidente da BC da Comunidade Europeia, disse com toda a cordialidade:“É preciso que mudemos a concepção do que é austeridade”. Aí entra a ideia fixa de não subir os juros.
Há anos, a taxa nos EUA está entre 0,20% e 0,25%, 40 vezes menor do que a nossa, depois da ação do Banco Central com autonomia. O Japão não saí de 1% (ao ano, ao ano) e a preocupação não vem por aí. Na Comunidade Europeia em crise desde 2008, os juros mais altos não passam de 2 por cento. E entre os 17 países, alguns nem chegam a 2%. Por qual bússola se orienta o BC e tenta orientar o consumidor?
A inflação já foi a grande meta do governo, autoridades dava a impressão de que isso é que tirava o sono. Como o ministro da Fazenda depreciou o racional, parece que ele quer mais atenção para o “pibinho” de agora. Que vai pelo mesmo despenhadeiro do ano passado. Pelo menos os números são rigorosamente iguais.
Em suma, não há suma. Qualquer economista que esteve no Banco Central e agora ensina em algum dos grandes bancos, sabe de ciência exata que essas 4 palavras (juros, inflação, dólar e PIB) estão sempre entrelaçadas. E é impossível separá-las, qualquer que seja o ritmo da ação.
PS – É evidente que nada disso pode ser tratado individualmente. É lógico que não imediatamente, mas haverá mudança. Não obrigatoriamente com demissão. Neste momento, demissão e reeleição, se afrontam e se confundem, perigosamente.
JOSÉ SERRA 
CONTINUA NO JOGO

Para desgosto e contrariedade do não tão jovem presidenciável de Minas, o apoio que esperava de São Paulo não chega. E sem esse apoio, sem ressuscitar a famosa dupla “café com leite”, Aécio não chega ao Planalto.
Acontece que o Planalto não parece ser a obsessão de Aécio. Pelo que ele fala, só quer chegar ao segundo turno. E não tem o que oferecer a Serra. Só se fosse o governo de São Paulo. Mas o que fazer com Alckmin, que desde 1994 se acostumou com o Bandeirantes como vice ou governador eleito? Com a exceção de 2006, quando perdeu a Presidência. Gostaria de tentar novamente, mas sabe que tem que esperar 2018.
SILÊNCIO NAS REDAÇÕES
E EM OUTROS TRABALHOS

As sedes dos jornais do Rio, a partir de República, eram centros de cultura, de reuniões diárias, de convergência de personalidades. Essas redações substituíam os grandes salões da Europa. Rui Barbosa, João do Rio, Joaquim Nabuco e muitos outros se encontravam e debatiam nesses locais.
O Jornal do Brasil se dava ao luxo de ter no cabeçalho, como Redator-Chefe (se dizia assim na época) Rui Barbosa e Joaquim Nabuco. E como eram brigados, tinham salas distantes, onde recebiam personalidades. Tudo isso acabou com a revolução na Comunicação.
Ninguém fala com ninguém, todos “enfiados ou focados” no computador, não olham para o lado, não sabem de ninguém. Observadores dizem: “Estão preocupados com o texto”. E antes, não se redigia nada, não havia preocupação com o texto?
Em Brasília, um ótimo jornalista e notável advogado me diz: “Antigamente, no meu aniversário, o telefone não parava em casa ou no escritório. Não esqueceram de mim, só que recebo dezenas de SMS, não querem conversar”.
O VICE DE OBAMA
QUER O LUGAR DELE

Joe Biden no Brasil, surpreendentemente ficou três dias. E não tão surpreendentemente, veio em campanha eleitoral. Disse que “o Brasil não é mais país emergente, já passou dessa fase”, Textualmente, agradando empresários presentes: “Nossas relações comerciais podem chegar a 400 ou 500 milhões de dólares”. Com ele? Ou com com Dona Hilary?
Da Tribuna da Imprensa de 31-5-2013.

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