UMAS E OUTRAS DO HÉLIO FERNANDES - 29-5-2013

Reviravolta no julgamento do mensalão. Dois ministros que ainda não votaram, e o Procurador-Geral quase no fim de mandato. FHC disse: “Voltamos à República Velha”. Se falou diante do espelho, está com a razão. O torturado que elogia o torturador, por favor não falem em Síndrome de Estocolmo.

Helio Fernandes
O ex-presidente é “ridículo” (palavra que usou para identificar seu próprio comportamento: “estou namorando depois dos 80 anos, isso é ridículo”), ao comentar o falatório do quase futuro ministro Luís Roberto Barroso. O que dizer de um ex-presidente que afirma textualmente: “Não sei o que Luís Roberto Barroso quis dizer, mas não concordo com ele”. Ridículo e inexplicável.
O famoso advogado afirmou que “o julgamento do mensalão condenou uma forma de fazer política”. Podia e devia deixar a apreciação do que já foi julgado, quando então, através do voto, teria todo o direito e até obrigação de manifestar suas convicções.
FHC disse, mesmo sem saber o que Barroso falara, que “essas práticas erradas não são de hoje e sim da República Velha” (1889/1930). Mas chegaram ao auge e apogeu com ele comprando desairosamente a própria reeleição. Só que, desvairado pelo Poder, nada é pétreo para FHC, a não ser a própria ambição.
AS NOVAS INFLUÊNCIAS 
OU INCÓGNITAS DO MENSALÃO

Perplexidade geral, com ênfase para a opinião pública, a respeito do julgamento do mensalão. Do lado de fora silêncio completo, as coisas acontecem apenas nos bastidores. O ministro-relator-presidente, que exigia velocidade no julgamento, não dá uma palavra, fica a impressão de querer retardar a decisão.
O Procurador-Geral, que pretendia a prisão de todos os condenados, agora não se manifesta. Mesmo quando surge questão importantíssima, ainda não examinada, e sobre a qual terá que ser o primeiro a se pronunciar: como não existem estabelecimentos para regimes semiabertos, os condenados ficarão em prisão domiciliar?
Essa será a mais polêmica questão a ser examinada. E a chegada de novos ministros (Teori Zavascki, que não votou, e Barroso, apenas indicado) pode e deve influir no resultado final. Zavascki era “o voto-chave”, agora surgiu o complicador Barroso, como analisar?
A INCERTEZA DO
PROCURADOR-GERAL

O próprio Roberto Gurgel não sabe se irá até o final do julgamento. Seu mandato tem pouco mais de dois meses de duração. O substituto, com mandato, na certa não vai desprezar a oportunidade de ser personagem, se esconder ou se diminuir como coadjuvante.
Para um julgamento que era tido e havido como resolvido, decidido e concluído, a reviravolta é muito grande. Tenho conversado intensamente, e me surpreendo quando dizem: “Helio, a conclusão do julgamento da AP 470 (as pessoas com quem falo não se referem a mensalão) talvez só seja obtida a partir de 2014”. E alguns não deixam de lembrar e ressaltar: “Isso mesmo, 2014, ano da eleição presidencial e da reeleição”.
CHAVISMO-BOLIVARIANISMO-
MADURISMO

Mudou alguma coisa na Venezuela? Só a truculência, a violência e a imprudência. A violência e a imprudência dos que pretendem manter a Poder que conseguiram com truculência. Compraram (?) uma televisão da oposição que logo virou da situação.
É a tática de Dona Kirchner, que cada vez mais perde o segundo mandato e fica longe de ganhar o terceiro. E Dona Dilma, a primeira a felicitar Maduro, “por ter preservado a democracia”? Tem que ficar em silêncio ou pode protestar?
O TORTURADO QUE AGRADECE
AOS TORTURADORES

Seu nome é Amado Batista, e surgiu com blasfêmia sobre ele mesmo: “Fui torturado, mas mereci”. Os torturadores, comigo, agiram como a mãe que corrige um filho”. Antes que venham rotular ou enquadrar o fato como “Síndrome de Estocolmo”, digamos que não tem nada a ver.
Devia ser examinado por um psiquiatra (psicanalista é pouco) ou então receber a denominação mais correta: covardia, vexame, vergonha, constrangimento. Ou então foi induzido a essa confissão idiota. Ou não é totalmente idiota?
O BRASIL E O PÂNICO
DO BOLSA-FAMÍLIA

Semana passada, primeiras dos jornais e televisões abertas e por assinatura, surpreenderam com filas de milhares de pessoas, assustadas com o que o governo logo chamou de “boatos” criminosos. A oposição (que não existe) foi logo acusada com palavras que não frequentam dicionários.
Autoridades do mais alto escalão foram mobilizadas para jogar a culpa de tudo nessa oposição sempre ausente. A oposição esperneou, não foi defendida por ninguém. Até que, uma semana decorrida, a Caixa não resistia mais, deixava entrever que tudo começara com a “modificação” feita por ela mesma.
Logo depois, diretores da própria Caixa substituíam esse “entrever” pela certeza de que tudo partira de imprudência e falta de comunicação.
Beneficiários ou beneficiados por esse sistema passaram a confirmar que ficaram surpreendidos. Indo receber o pagamento do mês, recebiam duas vezes. A Caixa então desvendou e confessou tudo, mas o governo resiste, insiste que foi “boato criminosos e desumano”.
Dona Dilma: “Temos que prevenir ações contra o Bolsa-Família”. Quer dizer que haverá punição na cúpula do “Bolsa-Família” da Caixa?
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PS – Cada vez mais gente do PSB vai abandonando Eduardo Campos. Agora é o ministro da Integração, indicado por ele.

PS2 – O governador tem vários candidatos à sua sucessão, o que fazer?
PS3 – E o vice, do PDT? Pode assumir sem compromissos, por simples gravitação. Diminuiu muito a velocidade do suposto presidenciável.

Da Tribuna da Imprensa de 29-5-2013.

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