UMA DAS 'PÉROLAS' DO ENEM'


Hino do Palmeiras rende a estudante do Enem 500 pontos na redação; MEC diz que ele não fugiu tanto assim do tema e que respeitou os direitos humanos… Quer mil pontos? Aprenda a fazer nhoque!

É…
Na Escolinha do Professor Mercadante, o autor de uma redação pode meter no meio do texto um parágrafo ensinando como se faz miojo, e o corretor nem se dá conta. É claro que é grave. Tratarei a sério do assunto. O Enem, hoje em dia, é um vestibular; transformou-se numa prova de seleção dos melhores… Isso dá uma pista de como esse trabalho está sendo feito. Não é de estranhar que textos com “enchergar”, “trousse” e “rasoável” tenham merecido nota máxima.
Um gaiato foi ainda mais ousado. Transcreveu o hino do Palmeiras. Tirou 500 pontos. Vejam a redação inteira. Volto em seguida.
 
Minhas suspeitas estão se confirmando. Notem que apenas o primeiro e o último parágrafos se referem ao tema. Os outros dois transcrevem o hino do time. O sujeito bateu o olho no começo e no fim e mandou brasa. Bom, né? Considerando que metade da redação não tem relação nenhuma com o tema e dado que o estudante tirou 500 pontos, estamos diante de um texto nota mil!
Com uma receita um pouco mais sofisticada, o estudante do miojo poderia ter roçado a nota máxima. Nhoque, que eu detesto, teria rendido mil pontos. Dá um trabalho louco (não sei pra quê…). Eu, como corintiano, recomendo aos candidatos que, em jornadas futuras, tentem o hino do Timão… Pior do que essa desmoralização que vem a público são as desculpas do MEC. Segundo o ministério, o estudante não fugiu ao tema por completo e respeitou os direitos humanos… Ah, bom, se é assim, então pode.
Leiam o que informa a VEJA.com:
Depois de um candidato “ensinar” a banca examinadora do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012 como se prepara um macarrão instantâneo, a correção da redação da avaliação federal voltou a ser alvo de questionamento nesta terça-feira. Um participante do exame que incluiu em sua redação um trecho do hino do clube de futebol Palmeiras obteve 500 pontos na prova dissertativa, metade dos 1.000 possíveis.
O espelho da prova, que já circula nas redes sociais, mostra que 13 das 27 linhas da redação foram dedicadas ao hino do clube paulista. Logo no início do segundo parágrafo da dissertação — que deveria tratar dos movimentos imigratórios para o Brasil no século XXI —, o estudante escreveu: “As capitais, praias e as maiores cidades são os alvos mais frequentes dos imigrantes, porque quando surge o alviverde imponente no gramado onde a luta o aguarda, sabe bem o que vem pela frente que a dureza do prélio não tarda.”
Em nota, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), autarquia do MEC responsável pelo exame, afirmou que “desconsiderada a inserção inadequada, o texto tratou do tema sugerido e apresentou ideias e argumentos compatíveis”, acrescentando que “o texto indica compreensão da proposta da redação, não fugiu ao tema por completo e não feriu os direitos humanos”.  
(…)
Por Reinaldo Azevedo

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