O Ministério Público, o Lula investigado e as pressões

Reportagem do Estadão publicada nesta quarta e comentada neste blog informa que o Ministério Público decidiu investigar as denúncias feitas por Marcos Valério contra Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República. Em nota oficial, o MPF diz que o caso ainda está sob avaliação. Reportagem publicada noEstadão Online sustenta que, embora o pedido de investigação não tenha sido formalizado, a decisão já estaria tomada.
Ocorrendo o pedido de investigação, o procedimento preliminar se dará no Ministério Público Federal de Minas, São Paulo ou Brasília. O procurador designado em primeira instância dará início, então, à investigação. Se, nessa primeiríssima fase, avaliar que não há indício de crime, pode pedir o arquivamento do caso. A reportagem original do Estadão informava, note-se, que o pedido formal de investigação ainda não havia sido feito por Gurgel porque ele só volta das férias na semana que vem.
Leia a íntegra da nota do Ministério Público. Volto em seguida:
Ao contrário do que foi publicado nesta quarta-feira, 9 de janeiro, pelo jornal O Estado de São Paulo, a Secretaria de Comunicação do Ministério Público Federal informa que o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, ainda não iniciou a análise do depoimento de Marcos Valério, pois aguardava o término do julgamento da AP 470 (mensalão). Esclarece ainda que somente após a análise poderá informar o que será feito com o material. Portanto, não há qualquer decisão em relação a uma possível investigação do caso.
Voltei
Noto, de saída, a linguagem quase etérea empregada pela Secretaria de Comunicação do Ministério Público Federal. Refere-se à questão como “análise do depoimento de Marcos Valério”, evitando mencionar o objeto principal da notícia e aquilo que, no fim das contas, realmente interessa: as acusações que o operador do mensalão faz ao ex-presidente Lula.
Bem, bem, bem… Não basta que um criminoso acuse uma terceira pessoa para que o Ministério Público abra uma investigação. O motivo é mais do que óbvio: o condenado pode estar tentando livrar a própria cara, se vingar, retaliar esse ou aquele… Faz sentido.
No caso em questão, cumpre indagar: as acusações de Marcos Valério se dão no vazio? Não houvesse outra circunstância que aproxima Lula dos mensaleiros — e há um monte —, um dado é inquestionável: a CPI dos Correios demonstrou que Valério depositou quase R$ 100 mil na conta de Freud Godoy, o faz-tudo de Lula. Segundo diz o publicitário, é parte do dinheiro que foi repassado ao então presidente recém-eleito para custear suas despesas pessoais. Valério entregou documentos ao Ministério Público. Não se sabe até agora que papéis são esses.
DesesperoUma coisa é certa: bateu certo desespero nas hostes lulistas quando as denúncias de Valério começaram a vir a público. Atingiu o ponto máximo quando se descobriu que o ex-aliado havia prestado o depoimento ao Ministério Público.
Se vocês recuperarem o noticiário dos últimos meses, verão que o petismo se ocupa menos de negar a acusação do que de declarar que a mera hipótese de Lula ser investigado é um absurdo, como se ele estivesse acima das leis. Inventou-se uma teoria da conspiração para explicar a eventual abertura de investigação: seria uma tentativa de desestabilizar o governo… Dilma!
Trata-se, obviamente, de uma falácia, de uma bobagem. O principal operador do mensalão, que atuava em parceria estreita com os petistas e em benefício do partido, sustenta que Lula sabia de tudo, que foi beneficiário pessoal do esquema e diz dispor de provas. A obrigação do Ministério Público é investigar.
Os petistas prometem botar o partido na praça. Gilberto Carvalho, ministro de estado, comporta-se como chefe de facção e anuncia que “o bicho vai pegar”, seja lá o que isso queira dizer. É uma tática de intimidação. Consta que Gurgel não vai se render a ela. Tomara que assim seja! Afinal, esta não é a República Bolivariana do Brasil.
Por Reinaldo Azevedo

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