O delírio futebolístico mostra como (não) funciona a cabeça da Doutora em NadaNa Coluna do Augusto Nunes
Em menos de um minuto, Dilma Rousseff conseguiu dizer o suficiente para merecer duas internações urgentes no Sanatório Geral. Responsável pela captura, o jornalista Celso Arnaldo Araújo enviou à coluna o vídeo do palavrório em Paris, os melhores-piores momentos e os pareceres que recomendavam a imediata mobilização de enfermeiros habituados a lidar com a mais assídua freguesa da clínica. Transcrevo as duas declarações de Dilma e as considerações do grande caçador de cretinices. Volto em seguida. (AN)

NEURÔNIOS NA CANELA
Presidente do Brasil: “Obviamente nós temos a ambição de ganhar a Copa do Mundo de 14, porque, da última vez, nós chegamos à final e nos últimos 50 minutos, na prorrogação, perdemos a Copa pro Uruguai em 1950”
Celso Arnaldo: “Dilma Rousseff, no Seminário Brasil-França, demonstrando que sua “envergadura intelectual”, apontada pelo Le Monde, se estende também às quatro linhas, ao afirmar que precisamos ganhar a Copa de 2014 porque a derrota para o Uruguai, em 1950, ao final dos dois tempos regulamentares, foi muito mais traumática do que a história registra: ainda tivemos uma prorrogação de 50 minutos e não conseguimos virar”
Presidente do Brasil: “Mas nós queremos, fora dos estádios, ter a mesma competência que temos dentro dos estádios. Isso significa estádios…”
Celso Arnaldo: “Dilma Rousseff, no mesmo discurso, destacando a fabulosa expertise dos gestores brasileiros da Copa de 14, capazes de construir estádios fora dos estádios”
Comento. Homem ou mulher, todo brasileiro que acompanha futebol a menos de mil quilômetros de distância sabe, entre outros detalhes, que a final da Copa de 1950 foi disputada no Maracanã, que o Brasil perdeu para o Uruguai por 2 a 1, que a seleção nacional só precisava do empate para ganhar a taça, que o gol decisivo foi marcado pelo atacante Gighia a poucos minutos do fim do jogo, que o goleiro era Barbosa e que o silêncio que se seguiu ao mais trágico dos domingos foi tão profundo que o país inteiro continuou a ouvi-lo até a conquista da Copa de 1958.
Não é pecado ignorar tais informações, claro. Ninguém é menos brasileiro por não saber coisa alguma de futebol. Nenhum artigo do Código Penal prevê cadeia para gente incapaz de enxergar diferenças entre a bola de uma trave, um torcedor e um bandeirinha, um apito inicial e um acorde de piano, Pelé  e Obina. Mas ficou estabelecido já no Dia do Descobrimento que, a partir do começo do século 20, quem não entendesse de futebol não se meteria em conversas sobre um assunto em que 99 de cada 100 nativos se considerariam doutores.
A discurseira em Paris fez mais que violar essa regra. Conseguiu produzir num curtíssimo espaço de tempo uma desoladora radiografia da cabeça de Dilma Rousseff. Sempre impiedosa com a língua portuguesa, em permanente duelo com o raciocínio lógico, penando aflitivamente para costurar uma frase com começo, meio e fim,  a chefe de governo fez o que vem fazendo desde 2007, quando virou Mãe do PAC: caprichando na pose de PhD no tema em pauta, discorre sobre coisas que ignora.
O vídeo mostra como Dilma enxerga a final da Copa de 1950. Se mostrasse como vê a economia mundial, o papelão não seria menor. Na França, alheia aos sinais vermelhos visíveis no horizonte próximo, a Doutora em Nada fez de conta que a potência emergente esbanja saúde e resolveu ensinar ao mundo como se deve enfrentar a crise de dimensões mundiais: a fórmula é jogar no ataque sem cuidar da defesa. Pode descobrir aos 34 minutos do segundo tempo que vai perder a decisão.
Alguém precisa contar-lhe que, como em 1950, também agora não haverá prorrogação.

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