DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 20-12-12

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO


Chagas: São tantas lambanças em 2012, que poucos se dão conta

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CARLINHOS CACHOEIRA, ENTRE AS LAMBANÇAS DE 2012

Em seu artigo desta quinta-feira (20), Carlos Chagas comenta que, sem dúvida, o ano vai terminando pior do que começou. "Do julgamento do mensalão à Operação Porto Seguro, da presença de Marcos Valério, Carlinhos Cachoeira e Rosemary Noronha no noticiário, a conclusão não pode ser outra. O diabo é que em meio a tantas lambanças, pouca gente se dá conta do  ridículo também ocupando o centro do palco. Fala-se da mais nova tertúlia entre Judiciário e Legislativo, referente aos royalties do pré-sal, perigosa ante-sala de uma guerra de secessão  entre estados ditos produtores de petróleo e estados sem uma gota do combustível. Só rindo, porque brigam a respeito de uma riqueza enterrada no fundo do mar." Quando os municípios sem petróleo receberão os percentuais que reclamam?

Lampião

Já em campanha, Lula 1.0 diz que não será derrotado por “vagabundo no ar condicionado falando mal de mim”. Se não faltar luz...

JOAQUIM DEVE RECUSAR PRISÕES

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ELE NÃO ESTARIA CONVENCIDO DA NECESSIDADE DE CADEIA, AGORA

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, deverá indeferir o requerimento apresentado nesta quarta-feira pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que solicitou a decretação da prisão de todos os condenados no processo do mensalão. Segundo fonte do STF, Barbosa não parece convencido da necessidade de manter os condenados presos até que se conclua o processo. "A menos, é claro, que lhe tenha chegado algum fato novo que o faça mudar de ideia", ponderou. Outra possibilidade é o ministro atender o pedido parcialmente, decretando prisão domiciliar, por exemplo ou ato restritivo de liberdade, como proibir que deixem os Estados onde residem. O presidente do STF convocou entrevista coletiva para esta quinta-feira, onde poderá explicar sua decisão final sobre o assunto.

Ele já não decide

Há quinze dias Guido Mantega fez pose de valentão, ao ser indagado na GloboNews sobre o aumento no preço da gasolina pretendido por Graça Foster (Petrobras): “Ela quer, mas não terá”. Ela terá. E ele não participou da decisão e ainda se submeteu à humilhação de anunciá-la.

Babaquice

Convidado para a noite de autógrafos do livro de um jornalista gaúcho em Brasília, o deslumbrado presidente da Câmara, Marco Maia (PT), avisou: “Quem vai não é o deputado, é o presidente!” Sua chegada foi espalhafatosa, com quatro carrões oficiais cheios de seguranças.

Banco da Rose

Nem Bebê, nem Bebum de Rosemary. Com a influência da amiga de Lula no Banco do Brasil, o mais apropriado é “BB de Rosemary”.

TSE começa recesso com 780
processos de registro pendentes

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realizou nesta quarta-feira (19) sua última sessão de 2012. Desta forma, o tribunal termina o ano sem julgar 780 processos sobre registros de candidatura referentes às eleições municipais de outubro. Trata-se de 10% do total de 7.781 processos. O TSE estará de plantão de amanhã até o dia 6 de janeiro, com a presença da presidenta Cármen Lúcia. Porém, o tribunal não sabe informar se todos os processos pendentes serão julgados neste período ou terão de esperar o fim do recesso, no dia 1º de fevereiro.

Mujica desiste de legalizar a maconha

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PRESIDENTE JOSÉ MUJICA

O presidente uruguaio José Mujica reconheceu hoje (19) que pediu para “frear” a tramitação do projeto que pede a legalização da maconha no Estado. Ele mesmo foi o responsável pela promoção do projeto, porém, disse que a sociedade ainda não está “madura” o suficiente para colocar a ideia em prática. "Não votem uma lei porque têm maioria no Parlamento. A maioria tem que estar na rua, e o povo tem que entender que com tiros e prisões o que fazemos é dar um mercado ao narcotráfico", declarou Mujica.

NO BLOG DO NOBLAT

Perdas e danos, por Ricardo Noblat

Como podia acabar bem ou mais ou menos uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada com o propósito de embaraçar o julgamento de uma série de crimes?
Foram Lula e José Dirceu que tiveram a ideia de montar a CPI do Cachoeira ao conferir que seria impossível adiar o julgamento do processo do mensalão - o pagamento de propina para que deputados votassem como queria o governo.
Não se deram ao trabalho sequer de consultar Dilma, que na época viajara ao exterior. O objetivo principal deles era usar a CPI para dividir com o julgamento do mensalão o espaço da mídia.
Afinal, o PT não se desgastaria sozinho se a CPI:
* apurasse as ligações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com o então senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e o governador Marcone Perillo (PSDB), de Goiás. DEM e PSDB tomariam juntos um banho de lama.
* constrangesse ministros do Supremo Tribunal Federal (alô, alô, Gilmar Mendes!) sugerindo que eles faziam negócios com Cachoeira. Lula em pessoa procurou Gilmar para conversar a respeito. Levou um corretivo.
* vendesse a tese de que VEJA e Cachoeira atuavam em dobradinha. O bicheiro armava histórias contra o governo - a revista publicava. Retribuía publicando também reportagens do interesse dele. Lula detesta a VEJA.
A CPI herdou do Ministério Público e da Polícia Federal tudo o que eles haviam descoberto sobre Cachoeira e as atividades de sua quadrilha na exploração de jogos eletrônicos.
Quer dizer: nem traballho pesado precisava encarar para justificar seu funcionamento. Uma vez esgotado o período de sua duração, bastaria remeter de volta ao Ministério Público o que dele recebera, e da polícia.
O plano de Lula e de Dirceu começou a dar errado quando a CPI farejou o que não estava previsto no seu scripit: a sociedade de Cachoeira com Fernando Cavendish, dono da construtora Delta.
Cavendish é amigo de políticos poderosos - entre eles Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro. E é reconhecido por todos como um generoso financiador de campanhas eleitorais.
A Delta é responsável pelo maior número de obras do Programa de Aceleração do Crescimento, do governo federal. Mexeu com a Delta significaria mexer com o governo federal e a maioria dos governos estaduais.
A CPI do Cachoeira acabou da forma mais vergonhosa possível: nem mesmo relatório final conseguiu aprovar.

O final melancólico da CPI do Cachoeira

O PSDB salvou Perillo. PSDB e PMDB salvaram a Delta. O governo federal observou à distância, satisfeito.
Lula, Dirceu e o PT ficaram a pé.
Na verdade ficaram em pior situação. O fracasso da CPI coincidiu com o sucesso do julgamento do mensalão.

Firjan alerta para risco de desabastecimento de energia

O Globo
Diante do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas e da maior demanda por geração térmica, a Petrobras procurou as federações das indústrias do Rio e de São Paulo pedindo que orientassem as empresas a darem preferência ao uso de óleo combustível e óleo diesel, pois a empresa terá de elevar a oferta de gás natural para as térmicas, segundo fontes do setor.
O pedido acendeu o sinal amarelo na Firjan, que distribuiu comunicado a seus associados com o alerta para a possibilidade de racionamento de energia neste fim de ano e no início de 2013. A entidade também cobrou do Ministério de Minas e Energia (MME) providências para garantir o abastecimento.
Autoridades descartaram risco de racionamento. Nos governo de Lula e Dilma, o risco de racionamento sempre foi rebatido e considerado um problema do governo de Fernando Henrique Cardoso.


'Brasil não é a República da Rosemary', diz presidente do PSDB

Terra
O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), reiterou nesta quarta-feira sua posição favorável à investigação de denúncias que envolvem diretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Negando haver uma "campanha difamatória" contra Lula, Guerra criticou a mobilização da militância petista para evitar a apuração de denúncias envolvendo o ex-presidente. "O Brasil não é a República da Rosemary", afirmou em nota, citando a ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Nóvoa de Noronha, investigada pela operação Porto Seguro, da Polícia Federal.



Taxa de assassinatos sobe em quatro regiões do país em nove anos

Flávia Albuquerque, Agência Brasil
Das cinco regiões do país, quatro registraram alta na Taxa de Mortalidade por Homicídio (TMH) entre 2000 e 2009. No Norte, a taxa cresceu 82,3%, passando de 18,5 mortes por assassinatos para 33,8 mortes a cada 100 mil habitantes.
No Nordeste, a alta foi 72,6% (19,4 para 33,5); no Sul, subiu 57,4% (15,5 para 24,4); e no Centro-Oeste, 10,6% (29,3 para 32,4). Os dados integram o 5º Relatório Nacional sobre Direitos Humanos no Brasil, divulgado hoje (19) pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV/USP).


Apenas o Sudeste apresentou queda de 40,4%. O número de mortes na região recuou 36,6 mortes para 21,8 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, conforme o levantamento do núcleo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera zonas epidêmicas aquelas com mais de dez assassinatos por 100 mil habitantes. Em todo o Brasil, a taxa subiu 1,6% no período pesquisado, de 26,7 mortes para 27,2 mortes por 100 mil habitantes.




Data de posse de Chávez coloca governo e oposição em conflito

O Globo
A possibilidade de adiar a data de posse do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que se recupera de uma cirurgia contra o câncer, colocou em conflito o governo e a oposição, que exige respeito aos prazos legais e defende convocar novas eleições se o mandatário não tiver condições de assumir o cargo até 10 de janeiro.
O militar aposentado de 58 anos está há mais de uma semana no hospital após uma cirurgia e na segunda-feira sofreu uma infecção respiratória que já foi controlada, disse o governo, acrescentando que ele deve permanecer em repouso absoluto nos próximos dias, o que levanta dúvidas adicionais sobre sua recuperação.


NO BLOG DO CORONELEAKS

PT deve R$ 1,62 milhão para Zezé di Camargo e Luciano, desde 2004. Débito está lançado na contabilidade do partido?

Por isso, é preciso investigar. Acusada de receber pagamentos no exterior, por Marcos Valério, a empresa da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, informa que fez um contrato, recebeu parte do pagamento, sendo que a maior parte não foi paga pelo PT. Está em aberto. Não é espantoso? Alguém, mesmo nadando em dinheiro, deixaria um débito desta monta - R$ 1,62 milhão - simplesmente sem ser cobrado, durante quase 10 anos?  Se resta em aberto na contabilidade da empresa da dupla, deve estar em aberto na contabilidade do partido. Ou tem rolo. Ou tem safadeza. Ou tem falcatrua. Por isso, é preciso investigar. O PT já cometeu tantos crimes que o registro do partido deveria ser cassado. Seria mais um? Leia notícia abaixo do Estadão.

A Z.C.L. Comércio Promoções e Produções Ltda., que representa a dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, por meio de seu departamento jurídico, esclareceu que soube da citação do nome dos cantores por meio da reportagem do Estado. "A empresa desde já refuta todas as alegações do sr. Marcos Valério",destacou a Z.C.L.

Em nota, a empresa da dupla sertaneja afirmou que, "sempre agindo com seriedade, nunca tratou as contratações realizadas pelo Partido dos Trabalhadores de forma diferenciada, ou seja, os serviços foram prestados e acordados respeitando os parâmetros de contratação aplicados em todas as outras contratações da dupla".

"Após a assinatura do contrato, todos os pagamentos são realizados através de conta corrente aberta em instituição financeira nacional, com a emissão da documentação fiscal apropriada", informa a Z.C.L. em sua nota oficial "Assim, desconhece a Z.C.L. qualquer pagamento realizado pelo Partido do Trabalhadores, em seu favor, em conta no exterior", completou o texto.

Shows. Com relação a contratação específica de cada show, a empresa informou que, em 2002 - ano em que Lula foi eleito presidente pela primeira vez -, o valor acordado para a prestação de serviço fora de R$ 1,045 milhão e, em 2004, o valor de R$ 2,22 milhões. Deste último, a Z.C.L. recebeu apenas a quantia de R$ 603 mil, restando R$ 1,62 milhão "pendente de pagamento pelo Partido dos Trabalhadores".

"A acusação do senhor Marcos Valério nada tem a ver com a realidade, podendo este ser instado a, judicialmente, responder por todos os danos causados à dupla", alerta a empresa que representa a dupla sertaneja a respeito do depoimento prestado pelo empresário à Procuradoria-Geral da República.

O primeiro convidado a depor está aí embaixo, em matéria da Folha de São Paulo, de 19 de janeiro de 2005:

Além das dívidas municipais, existem compromissos assumidos pela própria direção nacional do PT, como a contratação de estrelas do quilate de Zezé Di Camargo e Luciano e Rio Negro e Solimões para showmício em todo o país. Segundo a secretaria de mobilização do partido, a dupla Zezé Di Camargo e Luciano, por exemplo, fez 23 shows em campanha, a cerca de R$ 100 mil cada um. Hoje, o pagamento está sendo parcelado. "Parte dos shows não foi coberta, mas o pagamento está sendo parcelado", diz o empresário da dupla, Rommel Marques.


Gurgel tem depósitos de Marcos Valério para Lula.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou ontem que recebeu documentos do empresário Marcos Valério que comprovam seu depoimento envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mensalão. Gurgel, porém, adotou um discurso cauteloso sobre a participação do petista no esquema e lançou dúvidas sobre a credibilidade do operador do mensalão, condenado a mais de 40 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal. 

O procurador argumentou que, ao longo dos mais de sete anos do caso, Valério prometeu "declarações bombásticas" que não se confirmaram e que suas falas precisam passar por "uma verificação crítica cuidadosa". Entre o material entregue por ele estão dois comprovantes de depósitos que teriam sido repassados a aliados para pagar despesas do petista. 

Valério afirmou à Folha na semana passada que havia entregue documentos, mas que o Ministério Público não os estudou. O procurador-geral disse que vai analisar em "profundidade" e "rapidamente" as declarações de Valério para avaliar quem são os beneficiários dos depósitos e o contexto em que eles foram realizados.(Folha de São Paulo)

O Estadão revela que existem mais certificados de depósitos no exterior, desta vez envolvendo o publicitário Nizan Guanaes e a dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano. Leia aqui.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO

Lula e os “vagabundos” com ar-condicionado. Ou: Por que Lula é o mais solitário dos homens

Por mais que os cachorros loucos estejam querendo briga de rua em vez de confronto de ideias, prefiro a serenidade que evidencia o fundo falso das teses dos farsantes. Vamos lá. Luiz Inácio Lula da Silva é um político ou uma entidade que paira acima do bem e do mal, imune a qualquer crítica? É alguém que, a exemplo de tantos outros, participa da disputa pelo poder — e ele é muito bem-sucedido — ou é um demiurgo? Notem: se eu escrevesse aqui, e eu jamais escreveria, que todas as análises críticas que se possam fazer de Cristo ou de Paulo, o Apóstolo, são, de saída, despropositadas e decorrentes da má-fé, certamente apareceria alguém, e não despido de razão, para acusar meu obscurantismo. Mesmo para os que temos fé, é preciso admitir, o contraditório é parte do jogo. Cristo ou São Paulo podem, assim, ser submetidos ao livre exame. Lula não! Segundo ele mesmo e seus sectários, existe um “Lula” que está num patamar superior, jamais alcançado por qualquer ser ou ente — e isso inclui o mundo religioso.
Reivindica-se para ele, de maneira desabrida, absurda, insana, a condição de intocável, inimputável, inalcançável por qualquer lei, código ou, por certo, crítica política. Certo! Digamos que ele fosse apenas um oráculo; digamos que fosse apenas uma referência e uma fonte permanente a jorrar sabedoria, temperança, prudência, paz, entendimento, união, generosidade, inclusão — listem aí todos os substantivos que costumam acompanhar esses gurus orientais que volta e meia aparecem. Mas Lula é isso? E noto: eu não estou recomendado que seja, não! Estando, como está, no gozo pleno de seus direitos políticos, que faça política, ora essa! Não estou, em suma, sugerindo que ele seja ignorado se ficar quieto. Isso não é condição que se imponha a ninguém na democracia. Ele, sim, lembro à margem, sugeriu mais de uma vez que seus adversários fossem cuidar dos netos. Ele, sim, sugeriu mais de uma vez que tucanos como FHC ou Serra vivessem um segundo exílio, desta vez dentro do próprio país.
Lula tem o direito de fazer política. E, como tal, se expõe ao jogo político, prática em que, como é sabido, ele próprio é muito hábil há muito tempo. Que a gritaria para elevá-lo acima de nossa precária humanidade — e acima até da santidade, já que se admite que até Cristo está sujeito a controvérsias quanto a suas orientações morais — esteja na boca e na pena daquela gente financiada por estatais, isso eu compreendo, embora seja um escândalo em si, já que recursos públicos estão sendo postos a serviço de uma causa partidária. Que colunistas da grande imprensa, no entanto, se dediquem ao vexame de cobrar que um político militante, que pode falar uma linguagem muito virulenta, fique imune à crítica, à investigação e às leis, bem, aí estamos no terreno do incompreensível; estamos diante de uma evidência clara de que até o ambiente por excelência da liberdade de imprensa já se deixou conspurcar. Adiante.
Os “vagabundos”Lula compareceu à posse do novo presidente do sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, nesta quarta. Foi lá que aquele que viria a ser presidente da República começou a sua carreira política. O evento serviu como um ato de desagravo ao líder que estaria sendo vítima de uma conspiração das elites e da imprensa — mais uma vez, essa história cretina. Petistas, pcdobistas, cutistas e militantes do MST e da UNE gritaram: “Um, dois, três, é Lula outra vez”. Ou ainda: “Lula é meu amigo; mexeu com ele, mexeu comigo”… Certo!
Antes que avance, pergunto: o que é “mexer com Lula”? Noticiar que Marcos Valério deu um depoimento ao Ministério Público e o acusou de beneficiário pessoal do esquema do mensalão? Noticiar que, segundo o ex-operador da lambança, ele sempre soube de tudo e até participou da celebração de alguns acordos? Os “lulistas” deveriam cobrar a traição — ou, como querem, “a mentira” — de seu ex-amigo; daquele que transitava com tanta desenvoltura nos bastidores do poder que marcava reuniões com diretores do Banco Central como quem diz “hoje é quarta-feira”; daquele que garantia o fluxo de dinheiro para os parlamentares da base aliada. Eles fizeram acordo com Valério, não seus críticos.
O que é “mexer com Lula”? Deflagrar a “Operação Porto Seguro”? Bem, os valentes poderiam ir lá protestar às portas da Polícia Federal, tantas vezes exaltadas nos 10 anos de governo petista como exemplo de instituição que funciona. Ou não funcionou desta vez porque chegou perigosamente perto da “Suprassantidade”? O que é “mexer com Lula”? Noticiar os desdobramentos dessa operação? Ou, então, a oposição pedir investigação?
Avancemos. A posse do companheiro sindicalista serviu de pretexto para o ato de desagravo. E Lula discursou por quarenta minutos. Quem falou? Teria sido aquela “fonte permanente a jorrar sabedoria, temperança, prudência, paz, entendimento, união, generosidade, inclusão…”? Claro que não! Pela simples e óbvia razão de que Lula não é isso. Ele é um político, não o super-homem.
Aquele mesmo que foi à TV satanizar seus adversários em recente campanha eleitoral voltou a mostrar as garras. Afirmou: “Só existe uma possibilidade de  eles me derrotarem: é trabalhar mais do que eu. Mas, se ficar um vagabundo em uma sala com ar-condicionado falando mal de mim, vai perder”.
“Vagabundo em sala com ar-condicionado”? Pois é… Ar-condicionado existe, por exemplo, lá no Instituto Lula, onde se organizou boa parte das indignidades tentadas na CPI do Cachoeira para incriminar a imprensa, a Procuradoria-Geral e ministros do STF. Ar-condicionado existe lá no Instituto Lula, onde se montou a, digamos assim, central de inteligência da campanha de Fernando Haddad à Prefeitura; ar-condicionado existe lá no Instituto Lula, onde se cuida, depois das denúncias de Valério e do Rosegate, da “resistência e reação”. Essa oposição de que cuida o Apedeuta é falsa como nota de R$ 3. Já não existe mais o “Partido do Paço” contra o “Partido do Passo”, para citar uma oposição de um sermão de Padre Vieira. Nenhum partido é hoje mais palaciano do que o PT. Aliás, segundo se apurou no processo do mensalão — com depoimentos de testemunhas e réus  — parte das reuniões que figuram como capítulos do escândalo foi realizada no Palácio do Planalto. Com ar-condicionado, sim, senhores. E INDUBITAVELMENTE COM A PRESENÇA DE VAGABUNDOS. Alguns dos vagabundos vão para a cadeia.
A quais outros “vagabundos” Lula está se referindo? Não creio que esteja a falar de Marcos Valério, que o acusou, porque a sequência do discurso indica que se trata de gente que estaria interessada em derrotá-lo politicamente. Não deve ser à Polícia Federal, que, da mesma sorte, não parece se encaixar na descrição. Nem mesmo estaria se dirigindo obliquamente à imprensa, que também não disputa o poder do estado…
Estaria Lula, num rasgo de insanidade, sendo desaforado com o Procurador-Geral da República e com os ministros do Supremo que condenaram seus amigos? Não foi corajoso o bastante para deixar claro qual era o alvo. Preferiu ser genérico porque, assim, inflama mais a militância e dá mais munição àquela turma do “pega-pra-capar” da Internet.
Como ele já afirmou que pretende percorrer o país em 2013 e falou em “me vencer”, lê-se por aí que anunciou a sua candidatura a alguma coisa. Não tendo como tirar Dilma da sucessão (embora seja essa a vontade de seus fanáticos), é evidente que estava alimentando o boato de que pode disputar o governo de São Paulo. Ora, é claro que pode! Reitero que está no gozo de seus direitos políticos. Mas por que precisa emprestar a essa possibilidade o tom de uma ameaça, de “cuidado comigo”?
NarcisoNunca antes na história destepaiz houve alguém que se amasse tanto. Já especulei aqui que o Lula de verdade deve sentir certo ciúme do Lula da sua própria imaginação. Ele disse mais: “Como eles previam o meu fracasso, eu era o próprio Titanic, mas sem Romeu e Julieta, só eu e o povo. Eles não perceberam a construção que nós fizemos”.
Suponho que chama de “Romeu e Julieta” o casal amoroso daquele filme do navio que afunda… O mais espetacular dessa construção é a sua falsidade. Aconteceu justamente o contrário: procedam a uma pesquisa, e vocês verão que PSDB e PFL se juntaram no apoio ao então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, nas necessárias medidas de austeridade. Quem tentava derrubar Palocci, como todo mundo sabe, eram alguns petistas — a começar de Aloizio Mercadante, que tinha um famoso “Plano B”… Aquilo, sim, teria sido empurrar o governo e o país para o buraco.
Ocorre que Lula só consegue cantar as suas próprias glórias se imaginar que há gente torcendo pelo seu insucesso; não lhe basta obter êxito a favor de alguém ou de alguma causa; ele precisa, necessariamente, triunfar CONTRA alguém ou alguma coisa. Não pode, assim, haver temperamento mais avesso ao daquele suposto líder que está acima das contendas humanas. Em seu discurso, foi deselegante — e, como sempre, ingrato — até com aqueles que pavimentaram a sua carreira no sindicato. Também eles, disse Lula, estariam tentando manipulá-los, mas, deixou claro, ele foi muito mais esperto.
Lula não é o primeiro líder na história da humanidade com essas características e com esse temperamento. Houve outros antes dele. A sorte do Brasil, meus caros, é que a “virtù” do nosso Príncipe não teve a chance de se casar com a “Fortuna”; a sorte do Brasil é que a história, o ambiente, as circunstâncias e a institucionalidade não permitiram a Lula viver plenamente todas as suas qualidades e vocações, como permitiram a Hitler, Mussolini, Stálin ou, mais recentemente e como farsa, Chávez.
Este homem poderia ser, para si mesmo, a evidência de um formidável, de um estupendo sucesso. Mas intuo que, mesmo depois de tudo, mesmo depois de ter alcançado na vida o que poucos no mundo puderam ou poderão alcançar, Lula estará infeliz na hora da “indesejada das gentes” (Manuel Bandeira), da qual ninguém escapa.
Sabem por quê? Porque nem mesmo a generosidade ou a bonomia alheias convencem o fundo da alma de Lula. Porque, e ele deixou isso claro nesta quarta, ele desconfia das boas intenções até mesmo daqueles que o ajudaram a ser quem é. Na sua imaginação delirante, autocentrada e autoritária, só agiram desse modo porque apostavam na sua derrota.
Se Lula não dormisse lendo até Chico Buarque, como já confessou, eu lhe recomendaria “Poema em Linha Reta”, de Fernando Pessoa. Para ele, que nunca se sentiu fraco, que nunca se sentiu um pouco ridículo, que nunca se sentiu um pouco vil, que nunca se sentiu, em suma, humano, talvez fizesse bem conhecer humanas precariedades… Mas quê… Ele vai dormir lendo esse “português do carvalho…”
Lula, no fim das contas, ainda que admirado por milhões, é mais solitário do que qualquer um de nós porque jamais conseguirá ser amado o quanto ele próprio se ama. É único no que imagina ser e no amor que alimenta por esse ser imaginário.

O inimputável

Vale a pena ler o segundo editorial do Estadão desta quinta:
*
Eis a palavra de ordem: Luiz Inácio Lula da Silva paira acima da Justiça, e o seu detrator, o publicitário Marcos Valério, é um desqualificado. Desde que, na semana passada, este jornal revelou que o operador do mensalão, em depoimento à Procuradoria-Geral da República, em setembro último, acusou o ex-presidente de ter aprovado o esquema de compra de votos de deputados e de tirar uma casquinha da dinheirama que correu solta à época do escândalo, o apparat petista e os políticos governistas apressaram-se a fazer expressão corporal de santa ira: “Onde já se viu?!”.
Apanhado em Paris pela notícia da denúncia, Lula limitou-se a dizer que era tudo mentira, alegou indisposição para não comparecer a um jantar de gala oferecido pelo presidente François Hollande à colega brasileira Dilma Rousseff e, no dia seguinte, fugiu da imprensa, entrando e saindo dos recintos pela porta dos fundos – algo não propriamente honroso para um ex-chefe de Estado que se tem em altíssima conta. Em seguida, usando como porta-voz o secretário geral da Presidência, Gilberto Carvalho, declarou-se “indignado”. Outros ministros também se manifestaram. Como nem por isso as acusações de Valério se desmancharam no ar, nem o PT ocupou as praças para fulminá-las, os políticos tomaram para si a defesa do acusado.
Na terça-feira, um dia depois do término do julgamento do mensalão, oito governadores se abalaram a São Paulo em romaria de “solidariedade” a Lula, na sede do instituto que leva o seu nome. De seu lado, a bancada petista na Câmara dos Deputados promoveu na sala do café da Casa um ato pró-Lula. Foi um fracasso de bilheteria: poucos parlamentares da base aliada (e nenhum senador) atenderam ao chamado do líder do PT, Jilmar Tatto, para ouvir do líder do governo Dilma, Arlindo Chinaglia, que Lula “é (sic) o maior presidente do Brasil”, além de “patrimônio do País”, na emenda do peemedebista Henrique Eduardo Alves, que deve assumir o comando da Câmara em fevereiro. Não faltaram, naturalmente, os gritos de “Lula, guerreiro do povo brasileiro”.
Já a reverência dos governadores – aparentemente, uma iniciativa do cearense Cid Gomes – transcorreu a portas fechadas. Havia três petistas, dois pessebistas (mas não Eduardo Campos, que se prepara para ser “o cara” em 2014 ou 2018), dois peemedebistas e um tucano, Teotônio Vilela Filho, de Alagoas, autodeclarado amigo de Lula. Seja lá o que tenham dito e ouvido no encontro, os seus comentários públicos seguiram estritamente a cartilha da intocabilidade de Lula, com as devidas variações pessoais. Agnelo Queiroz, do PT do Distrito Federal, beirou a apoplexia ao proclamar que Valério fez um “ataque vil, covarde, irresponsável e criminoso” a Lula. “Só quem confia em vigarista dessa ordem quer dar voz a isso.”
Não se trata, obviamente, de confiar em vigaristas, mas de respeitar os fatos. Valério procurou o Ministério Público – não vem ao caso por que – para fazer acusações graves a um ex-presidente e ainda figura central da política brasileira. Não divulgá-las seria compactuar com uma das partes, em detrimento do direito da sociedade à informação. Tudo mais é com a instituição que tomou o depoimento do gestor do mensalão, condenado a 40 anos. Ainda ontem, por sinal, o procurador-geral Roberto Gurgel, embora tenha mencionado o contraste entre as frequentes declarações “bombásticas” de Valério e os fatos apurados, prometeu examinar “em profundidade” e “rapidamente” as alegações envolvendo Lula.
Não poderia ser de outra forma. “Preservar” o ex-presidente, como prega o alagoano Teotônio Vilela Filho, porque ele tem “um grande serviço prestado ao Brasil”, é incompatível com o Estado Democrático de Direito. O que Lula fez pelo País pode ser aplaudido, criticado ou as duas coisas, nas proporções que se queiram. O que não pode é torná-lo literalmente inimputável. Dizer, por outro lado, como fez o cearense Cid Gomes, que Valério não foi “respeitoso com a figura do ex-presidente e com a memória do Brasil” põe a nu a renitente mentalidade que evoca a máxima atribuída ao ditador Getúlio Vargas: “Aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei.

Espantoso! Advogado de Miranda ganhou cargo na agência dos portos

Por Mario Cesar Carvalho, José Ernesto Credendio e Flávio Ferreira, na Folha:
Um advogado do ex-senador Gilberto Miranda conseguiu ser nomeado ouvidor da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquáticos) e, dentro do governo, foi acionado para defender um projeto de interesse de Miranda -o complexo portuário da ilha de Bagres, em Santos. O documento que mostra o duplo papel do advogado, chamado Jailson Soares, foi apreendido pela Polícia Federal na casa do ex-senador no Jardim Europa, na zona sul de São Paulo, durante buscas da Operação Porto Seguro. Ele é uma das provas que a procuradora Suzana Fairbanks juntou na denúncia, obtida pela Folha. O complexo portuário é o maior negócio flagrado pela Operação Porto Seguro: o empreendimento está orçado em R$ 2 bilhões e seria feito numa ilha que pertence à União. Soares foi nomeado ouvidor da Antaq em junho de 2010 pelo então presidente Lula. Foi afastado no dia 27.
(…)

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES

A molecagem parida por um octogenário atesta que o perigo mora no Congresso

O país que aplaude o Supremo pela condenação dos mensaleiros é o mesmo que elege um Congresso com cara de clube dos cafajestes, que trata a pontapés a honestidade. O país que promoveu Joaquim Barbosa a herói popular é o mesmo que, a cada quatro anos, ratifica a supremacia dos casos de polícia no Poder Legislativo. O país que admira a face clara contempla a escura com bovina mansidão. Decididamente, o Brasil não é para amadores.
E surpreende até quem acha que já viu tudo, informa o espetáculo do absurdo encenado na Praça dos Três Poderes. A sucessão de espantos chegou ao clímax nesta quarta-feira, com a molecagem arquitetada por um octogenário: foi José Sarney o pai da ideia de votar numa única sessão mais de 3 mil vetos presidenciais acumulados desde o começo do século. Para derrubar o veto de Dilma Rousseff que modificou a nova distribuição dos royalties do petróleo, o Congresso mais preguiçoso do mundo resolveu fazer em algumas horas o que não fez durante 12 anos.
Os gerentes da Casa do Espanto e da Mansão dos Horrores primeiro tentaram furar a fila. Barrados pela liminar do ministro Luiz Fux que proibiu a esperteza inconstitucional, Sarney sucumbiu a um ligeiro surto de coragem. “A decisão usurpa prerrogativa do Poder Legislativo e o deixa de joelhos frente a outro Poder”, protestou no recurso encaminhado ao STF. Como se o Congresso não estivesse de joelhos diante do Executivo desde que foi amestrado por Lula. Como se não vivesse de quatro para os próprios interesses corporativistas.
Por saber disso, Sarney voltou no mesmo dia ao estado normal. Em vez de desafiar o Supremo, preferiu torturar a lógica, estuprar a sensatez e enterrar 3 mil vetos na mesma cova rasa. O cansaço chegou antes do começo do trabalho. Exauridos pela fabricação de tantas pilantragens em tempo tão curto, o chefão do Senado e Marco Maia, presidente da Câmara, resolveram armazenar energias para as festas do fim do ano. Fechado o picadeiro, a noite no circo ficou para 2013.
“Temos o vício insanável da amizade”, ensinou em fevereiro de 2009 o deputado Edmar Moreira, dono de um castelo de R$ 20 milhões que escondeu na roça para escapar do imposto de renda. Esse vício explica, por exemplo, a resistência do presidente da Câmara, Marco Maia, à cassação dos mandatos dos deputados condenados no julgamento do mensalão. Também ajuda a entender por que tramitam no Legislativo tantos projetos concebidos para suprimir poderes e amputar atribuições do Supremo ou do Ministério Público. Um deles proíbe promotores de Justiça e procuradores de contribuírem para o esclarecimento de crimes e a identificação dos culpados.
Há outros vícios, favorecidos pela erradicação da vergonha consumada por todos os partidos. Nesta terça-feira, por exemplo, o sepultamento da CPI do Cachoeira foi o desfecho de uma missa negra celebrada em conjunto por sacerdotes companheiros, aliados e oposicionistas. O PT conseguiu livrar do relatório final o governador Agnelo Queiroz. O PMDB,  interessado em proteger a Construtora Delta e o governador Sérgio Cabral, juntou-se ao PSDB, decidido a resgatar o governador Marconi Perillo, para rejeitar o papelório produzido pelo relator Odair Cunha. Os três partidos logo estarão de mãos dadas para instalar Renan Calheiros na presidência do Senado.
A desfaçatez do Legislativo, que age de mãos dadas com o Executivo, ameaça o equilíbrio entre os Poderes que o Judiciário tenta preservar. Os inimigos do Estado Democrático de Direito estão cada vez mais atrevidos. Para eles, o perigo mora no Supremo. Para quem vê as coisas como as coisas são, o perigo está acampado em instituições controladas por figuras e partidos que se julgam acima e à margem da lei.
Graças ao julgamento do mensalão, o ano terminou com a derrota dos carrascos da verdade, castigados nesta quarta-feira por outra má notícia: o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao STF a imediata prisão dos condenados.  “Em 2013, o bicho vai pegar”, miou Gilberto Carvalho em nome dos vilões que querem mudar o fim do filme. É bom que venham preparados. O Brasil decente vai reaprendendo a vencer.


SAIU A LISTA MAIS ESPERADA DO NATAL

Com 194 nomes divididos em nove núcleos, já está na seção O País quer Saber a lista mais esperada que qualquer presente de Natal. Em ordem alfabética, ali desfilam as figuras que, por decisão do timaço de comentaristas, não podem ficar fora da campanha resumida na palavra de ordem “Mexeu com Lula, mexeu comigo!”
Confira a relação de patriotas que resolveram transformar o ex-presidente no único brasileiro com licença para pecar sem castigo. Quem achar que faltou algum nome está convidado a apresentar recursos em segunda instância. Todos serão examinados com muito carinho.











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