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Crônicas e Artigos
O Consolador, Ano 6 - N° 270 - 22 de Julho de 2012
CHRISTINA NUNESmeridius@superig.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

 
Crônicas da vida invisível – o caso do violino em pé

Antes de contar este episódio acontecido ontem à noite em casa, preciso explicar que, dependendo do tipo, a caixa do violino é como um ovo. Absolutamente, não fica em pé! Você pode tentar e tentar, procurar o ponto de equilíbrio, mas, a menos que a esteja apoiando em uma parede ou calço, ela não se manterá em pé. Isto porque, guardando, além do violino, objetos outros, como o próprio arco e a espaleira na pequena bolsa fechada com fecho éclair na frente, pote com breu, flanela e alça, a caixa possui contornos disformes que não a favorecem com um ponto de equilíbrio definido.

Bem, vamos ao caso. Ontem estudei violino conforme instruiu meu professor do Conservatório. Enquanto meus filhos se entretinham com outras coisas, ao final da semana, entusiasmada, busquei-o no armário e cumpri meus quarenta minutos treinando postura e condução do arco num vaivém sobre as cordas mi e lá que, para o principiante, é bastante cansativo. Todavia, nada embora meu pescoço reclamasse com veemência, executei da melhor forma a atividade apaixonante. Demorei um tempo, depois, examinando-o e experimentando notas, relembrando a parte teórica. Depois, limpei-o e guardei-o na caixa e, como de costume, para facilitar o uso repetido no sábado e domingo, encostei-a no armário embutido, num ponto protegido da passagem das pessoas, bem no ângulo de quina entre o móvel e a parede. Sempre cuidadosa de preservá-lo de tombos ou encontrões eventuais.

Dirigi-me a outros movimentos por dentro de casa. Jantamos. Assistimos TV. Sei que, horas depois, voltando aos quartos para me preparar para dormir, após acomodar minha filha, entrei no meu cômodo e acendi a luz, sem olhar para o lugar onde punha o violino. Puxei os lençóis da cama, e, intrigada, reparei nalguma coisa indefinida – algo branco, amorfo – resvalando com um ruído peculiar, como se caísse no chão. Dei a volta no leito. Examinei. Procurei no chão. Olhei atrás da cama, embaixo, dos lados. Virei o colchão do avesso... Nada! Nada caíra, ou resvalara, ou pendera para trás da cabeceira! Não havia nada! E aquilo, de imediato, já me deixou num estado de espírito peculiar, que, nos segundos seguintes, porém, se justificou!

Enfim fiquei de frente para o ângulo resguardado do armário, do outro lado do quarto, onde pusera a caixa com o violino... E, estática, parei no meio do quarto, de boca aberta: a caixa de violino se pusera de pé!

Contornei a cama às pressas, e examinei a cena insólita. De acréscimo, a caixa não estava em pé por simplesmente resvalar, talvez, para um lado, apoiada na parede ou noutro objeto qualquer! Estava de pé no chão, como se em posição de sentido. Desencostada do armário e da parede! E eu tinha a mais absoluta certeza de tê-la colocado apoiada na quina do armário. Isto era fato! E a minha perplexidade era maior porque, na pressa em correr até o quarto de meu filho para contar-lhe o que acontecia (ele é acostumado desde criança a estes episódios de casa de médium!), ainda nem mesmo experimentara o ponto de gravidade da mesma, como fiz de maneira pertinaz e inútil em seguida, na tentativa de colocá-lo de novo de pé, na presença dele e de minha filha, que viera curiosa com a falação súbita.

– O violino estava de pé! – Insistia, entre o assombro e o encanto. – Não o coloquei assim! Era como se estivesse em posição de sentido! – Explicava eu, agitada, enquanto meu filho, observando minha tentativa insistente de reproduzir a posição na qual a caixa "se colocara", sem sucesso, advertia, na maior calma:

– Desiste! Não vai ficar e vai acabar caindo! Não pode ficar em pé!

No fundo, a velha tentativa do racional – prudente e mesmo necessária, admito, mas em relação à qual devemos impor limites no caso da convivência mediúnica habitual – de explicar com lógica o que, em absoluto, não se reveste de lógica!

Mesmo ali, já sabia da explicação. E os que vêm acompanhando meus últimos artigos talvez que já o antecipem, antes que lhes diga. Desde o ano passado, vinha trabalhando a próxima obra psicografada com Iohan, o Espírito adorável de um músico. E, como de praxe, sempre nestes períodos de convivência mais próxima com os autores do invisível, que intermedeio, se estabelece um campo de influência estreita entre os mesmos e a médium que, em variadas vezes, produz fenômenos diversos e sempre surpreendentes!

Aconteceu assim em inúmeras ocasiões, durante o recebimento dos livros de Caio Quinto, meu mentor espiritual. E agora, de maneira especial, os episódios vêm se repetindo e, creio, justificados pela empatia de ordem mediúnica intensa entre mim e o querido amigo e maestro de vidas anteriores, que teve a sua última reencarnação no Brasil.

Já surpreenderia o suficiente, portanto, se o caso findasse aí. Mas prosseguiu.

Meu filho retornou a suas coisas sem se admirar muito com mais aquela mostra de visitas interdimensionais em nossa casa, e minha filha se achava algo eletrizada. Eu a reconfortei, recordando-lhe a ocorrência de outros fatos parecidos em tempos passados, enquanto me ouvia sentada na minha cama com um sorriso perplexo parado nos lábios. Eu, de costas para a quina do armário onde encostara de novo, e com especial cuidado, a caixa do violino, e de frente para ela, que tinha a visão para o instrumento por mim obstruída. Quando me dispus a encaminhá-la novamente a seu quarto, e me virei outra vez para o armário, a caixa de violino se pusera de novo de pé – para o nosso estarrecimento!

E outra celeuma! Voltou meu filho. Vira a caixa pra lá e pra cá! Tudo inútil: a explicação era uma só: Iohan, por ali, em demonstração objetiva e reconfortadora de sua presença, talvez sorrindo ante a nossa reação!

Deitei-me, quando tudo se acalmou. E ainda vi uma réstea insólita de luz brilhando a meu lado, fugaz...  

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