-COMUNICAÇÃO
DO ESPÍRITO JOÃO EVANGELISTA- (I)(*)
"Elevei-me
para além do presente, meus irmãos, e meu espírito descortinou.
Que
descortinou meu espírito?
Descortinou
o passado e algo do futuro.
Viu
primeiro a confusão, o estado caótico primitivo do Planeta em que
habitais, e minha alma admirou o poder de Deus na esfera da
Humanidade.
O
caos terrestre estava imerso na luz, na harmonia universal, no
fecundo seio do Criador.
Que
viu mais?
Viu
a nuvem condensar-se, e o caos obedecendo ao impulso da única lei
que governa o Universo. A Terra ia surgindo da confusão e rolava e
rolava pelo infinito, banhada nos raios do Sol e envolta na luz de
miríades de formosíssimas estrelas - e minha alma admirou o poder
de Deus em sua sabedoria incriada.
Que
mais viu?
Viu
levantarem-se da Terra os vapores e a chuva cair torrencialmente,
resfriando-a, fecundando-a e preparando-a para os seus grandes
destinos. E seu seio virginal, obediente à suprema lei das
harmonias, recebia os primeiros germens, a semente da vida, destinada
a fecundar os organismos - e minha alma admirou o poder de Deus, em
sua inefável providência.
Que
mais viu?
Viu
a Terra soerguer-se do fundo das águas e separarem-se os mares dos
continentes, e o fluido vivificante elaborar, no segredo da Natureza
e no mistério das forças emanadas da suprema lei, os organismos
primitivos. Um princípio sem princípio, anterior e superior a toda
a força, uma lei anterior e superior a toda a lei, uma causa
anterior e superior a toda a inteligência, uma vontade anterior e
superior a toda à vontade, penetravam e ligavam tudo - e minha alma
admirou o poder de Deus e sua incomparável imensidade.
Que
mais viu?
Viu
os raios do Sol banhando as primeiras colinas da criação e
produzindo um oceano de pontos luminosos na superfície agitada das
águas. Que bela e majestosa solidão! E as colinas da Terra, e o
fundo dos mares se cobriam e se matizavam com as encantadoras
primícias da vegetação, - e minha alma admirou o poder de Deus e a
formosura de suas obras.
Que
mais viu?
Viu
grandes abalos e espantosos cataclismos; a Terra agitar-se e arrojar
de suas entranhas nuvens candentes e turbilhões de fumo e fogo, como
montanhas, e as águas romperem os diques naturais, inundando a
Terra, como se corressem a apagar aquele incêndio universal, por
meio de um dilúvio universal. E, nem por isso, deixava o Globo de
seguir seu curso, porque os cataclismos entravam nos efeitos da
primeira e única lei imposta à substância material - e minha alma
admirou o poder de Deus e sua admirável previsão.
Que
mais viu?
Viu
surgir de novo a ordem e a harmonia do seio da confusão, desenhar-se
no firmamento o arco-íris, renascerem as plantas e transformarem-se,
mais ricas de frescura e louçania, embelezando mais e mais a
superfície terrestre. A nuvem, que circundava e prendia a Terra, ia
se purificando e adelgaçando, tornando-se mais sutil e transparente.
O Planeta tinha soterrado os enormes boqueirões que deram passagem
ao fogo de suas entranhas - e minha alma admirou o poder de Deus, e
sua esmagadora grandeza.
Que
mais viu?
Viu,
com surpresa, e percorreu toda a escala ascendente da vegetação, em
seus inumeráveis tipos, desde os mais simples e imperfeitos até os
mais perfeitos e complexos. No cimo da montanha, no ápice da
pirâmide, no mais elevado dos tipos, pareceu adivinhar que o
desenvolvimento das plantas não era só devido ao fluido, ao
princípio vivificante, mas que também intervinha um fluido, um
princípio, porventura mais etéreo e celestial. E fixando, confusa e
impotente, os olhos na soberba vegetação que cobria as terras
primitivas - minha alma admirou o poder de Deus e seus insondáveis
mistérios.
Que
mais viu?
Minha
alma ficou deslumbrada e cega, porque quis desafiar a luz do Sol.
Deixai que minha alma recobre a vista que perdeu, tentando
surpreender um dos segredos de Deus."
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(Continua
no próximo artigo)
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(*)
Primeira Comunicação do Espírito João, o Evangelista, aos
sacerdotes católicos de Lérida, Espanha, em março de 1874.
Extraído
do livro <Roma e o Evangelho>, de D. José Amigó y Pellícer
(Federação Espírita Brasileira – 2008), por Estênio Negreiros,
Fortaleza, CE, em 17 de abril de 2012.
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