ABORTO DE ANENCÉFALO (*)







É de domínio geral
A decisão de Brasília,
Uma ameaça à família,
Por seu aspecto moral.
Decidiu o tribunal
Que, por anencefalia,
A mãe, abortando a cria,
Ela não mais se incrimina,
Decisão que a Lei Divina
Sobre a vida contraria.

Porém não é diferente
Dos mesmos crimes tiranos
Feitos pelos espartanos
Com bebê deficiente.
O que nascesse doente,
Sendo nulo para o Estado,
Era logo eliminado,
Como farão hoje em dia
Com os da anencefalia
Pelo crânio malformado!

Quem aplaude a decisão
Para tão cruel esquema
Costuma dizer que o tema
Dispensa a religião.
Dizem por uma razão
De desfaçatez barata:
Para que a fé não combata
Esse hediondo instrumento,
Pois está no mandamento
Da Lei Maior: “Não se mata!”

De que vale ter, no entanto
Nos tribunais uma cruz,
Com a imagem de Jesus,
Sem ser ouvido, portanto?
E há quanto tempo, há quanto,
Alerta o Crucificado:
Quem julga será julgado
Conforme aí se comporte,
Como então impor a morte
Sem defesa do coitado?

Por trás desse desconforto,
Trama imensa legião
Em prol da liberação
De todo tipo de aborto.
Não sendo crime ter morto
Um ser com anencefalia,
Logo aumenta a freguesia
Com guia, exame e atestado,
Para ser autorizado
Mais aborto todo dia!

Sem controle, sem limite
Desse aborto liberado,
Ele vai ser transformado
Em criminoso convite.
Se não há quem lute e grite
Contra essa liberação,
A ideia de seleção
De quem deve ou não morrer
Deixa de acontecer
Sem nenhuma oposição.

E a responsabilidade
Recai em quem, meus senhores?
Sobretudo nos autores
Dessa liberalidade.
Deus lhes deu autoridade,
Como prova e por missão
Da qual todos prestarão
Conta mais cedo ou mais tarde,
Sem sofisma, nem alarde,
Pela sua execução.

Nós, antigos fariseus,
De sentimento imperfeito,
Não temos nenhum direito
De decidirmos por Deus.
Não sabemos quais os seus
Projetos para um doente
Que chega aí diferente
Doutro que vai com saúde,
Deus é sábio e não se ilude,
A gente é que engana a gente!

A Lei da Reencarnação
Explica que cada vida
É estrada percorrida
Para a nossa evolução.
Quem deu conta da lição,
Vem e volta mais perfeito,
Quem deu um tiro no peito,
Por exemplo, por paixão,
Volta em nova encarnação
Com o coração com defeito.

Se aí na luta envolvente,
Por algo que me aborreça,
Dou um tiro na cabeça,
Vou voltar também doente.
A dor estará presente
No meu feto em gestação.
Nesse caso a encarnação
É a própria cirurgia
Que corrige a rebeldia,
Em prol da transformação.

Desde a vida intrauterina
A alma começa a cura,
Pouco a pouco se depura
Essa enferma pequenina.
A função da Medicina
É de ajudá-la a viver
Para que ela possa ter
Maior oportunidade
De curar-se, na verdade,
Para se desenvolver.

Às vezes a dor se estende
Para uma nova existência,
Qual prova de resistência
Que o doente não entende.
Porém sem querer se rende
A longas patologias;
Outros vivem meses, dias,
Outros, horas ou minutos,
Abençoados condutos
Na cura das rebeldias.

As doenças cerebrais,
Como as hidrocefalias,
Distúrbios, paraplegias,
Não são mais do que sinais
De que esses mesmos locais
São aqueles afetados
Pelos crimes perpetrados
Em vidas anteriores
Das quais os seus devedores
Hoje estão sendo cobrados.

Por isso, a sabedoria
Divina não pode ser
Julgada por um poder
Que o mundo imperfeito cria.
Deus certamente aprecia
O plano judicial,
Como instrumento legal
Que ao mundo humano convém,
Para defender o bem,
Para corrigir o mal.

Segundo a minha Doutrina
Que me deu tanto conforto,
Para ela, todo aborto
Tem consequência assassina.
Só num caso determina
Que crime não deve ser:
Quando há risco de morrer
A mãe gestante em declive,
Então se salve a que vive
Em vez do que vai nascer.

Se o cérebro do feto
Apresenta esse defeito,
Mesmo que não tenha jeito,
Deixe o ser doente quieto.
Por ser um ser incompleto,
O ser não deixa de ter
O direito de viver
A sua prova carnal,
Como espírito imortal
Que necessita crescer.

Ainda que ele seja filho
De um estupro condenado,
Não lhe deve ser negado
Por resgate um novo trilho.
Por amor pode o seu brilho
Mais na frente reluzir
E enquanto ele refletir
Será grato a quem lhe fez
O bem por ter dado vez
De amar e de progredir.

Por trás do erro aparente,
Dos contrastes e aflições
Existem mil ligações,
Do passado com o presente.
Ninguém vem ligar-se à gente
Por acaso, ou sem raízes;
Traz nas suas cicatrizes
As marcas que lhe deixamos,
Dos tempos que matamos
Por ambições infelizes.

No ninho terno do lar,
Temos quase sempre aqueles
Que já vivemos com eles,
Antes e noutro lugar.
Vamos agora acertar
Nossas contas do passado:
Um de nós foi o culpado,
E um de nós hoje é credor,
Mas também o cobrador,
É na dor também cobrado.

Uma grande inteligência,
Que só se enredou no mal,
Pode voltar, afinal,
Com grave deficiência.
Numa futura existência,
A cabeça dessa gente
Vem limitada, demente,
Trazendo malformações,
Que são as repercussões
Do passado no presente.

O mal feito doutras vidas
Pode não ser feito mais
Pelas funções cerebrais
Que estão agora inibidas.
Vemos muitos suicidas;
Criminosos e tiranos,
De volta aos palcos humanos
Resgatando velhas dores,
São agora sofredores,
Ontem foram soberanos.

Aqui tem situações
De espíritos falidos
Que retornam compelidos
A novas encarnações
Nos corpos dos embriões
Para ajudar as Ciências
Nas novas experiências
Com reprodução humana,
Vista aí como profana,
Quando é luz nas consciências.

Vão para as expiações
Nos bancos de semens vivos,
Tal como outrora os cativos,
Servindo as transformações.
Revivem novas lições
Nos palcos da Nova Era,
Pois Deus por seus meios gera
A transformação global,
É assim que próprio mal
Se desfaz, e o bem impera.

E quem os acolhe agora,
Alegre ou contrariado,
São os mesmos do passado
Parceiros do mal de outrora.
A dor é juro de mora
Da conta em execução,
Mas a sua quitação
Quer depósitos de amor,
É assim que o Criador
Nos conduz à perfeição.

Por isso, uma gestação
Que traga anencefalia,
Não deve ter como guia
A abrupta interrupção.
Toda contracepção
Que impede a Lei Natural
De ter seu curso normal
É contrária à Lei Divina,
Deus não condena, Ele ensina
Com todo o amor paternal.

Por Leis Espirituais
Tratadas com desrespeito,
Podem fetos desse jeito
Voltar novamente aos pais.
E vêm por vias normais,
Como filhos, como netos,
Por recompensa aos afetos
Dos que lhes deram guarida,
Que a vida responde à vida
Pelos Divinos Decretos.

Ninguém pense que nascer
Seja um humano preceito,
Mas um Divino Direito
Que só Deus pode reger.
Quando Deus envia um ser
Para a vida em qualquer lar
Não é para se abortar,
Mas é para ser amado,
É alguém necessitado
Que vem para melhorar.

Receba-o sem restrições,
Por amor, sem apatia,
Como Jesus recebia
Leprosos em multidões.
Um dia, esses corações
Feridos vão lhe sorrir
E você irá sentir
O valor real do bem,
Porque quem faz por alguém
Tem, na frente, a quem pedir.

Ainda que seja um feto
De cabeça malformada
Não lhe negue uma morada
No ninho do seu afeto.
Ele é o filho incompleto
Pedindo para viver,
Deixe esse pobre nascer
Por ato de caridade,
Que a sua dificuldade
Tem Deus para resolver.

Risco de vida aqui tem
Uma leitura moral:
Morre quem morre no mal,
Vive quem morre no bem!
Tenho visto aqui no Além
Encontros de corações
Movidos por gratidões
Dos abortos evitados,
Que foram considerados
Nas grandes reparações.

A Terra – diz a Doutrina –
Passa pela transição
E nessa transformação
Muita coisa se elimina.
Evolui  a Medicina,
Dando ao homem mais conforto,
E o mundo, apesar de torto,
Pela razão nos convida
Para a defesa da vida,
Dizendo não ao aborto.

Fica aqui o meu recado
Sem nenhuma pretensão
Também para o meu Sertão,
Onde vivi no passado.
Não se deixe dominado
Pela falsa previsão
Da derrota da razão,
Da vitória da maconha,
Da matança da Cegonha,
Do progresso da ilusão.

Deus está no nosso leme
Nessa grave travessia
Nos mares da rebeldia,
Onde o barco humano geme.
Cresce a treva, a terra treme
Aos apelos da verdade,
Vai surgindo a claridade
E nós avistando  o porto,
Para trás o vício, o aborto;
Para a frente a Eternidade.

(*) Cordel de um poeta popular e artesão nascido em dezembro de 1926, em Quixadá,CE, e desencarnado em Fortaleza,CE. Recebido pelo médium e espírita Wanderley Pereira, em 14 de abril de 2012.


Comentários

  1. Olá, Estênio!
    Como vão as coisas?
    Apenas uma rápida visita para lhe parabenizar pelo espaço e também lhe dar as boas vindas ao "World Blogger".
    O amigo em comum que me falou de seu blog, é o Luiz Sérgio do:
    "www.dicasinformat.blogspot.com".
    Muito bacana contar com os amigos para divulgar os nossos "trabalhos" (num sentido abnegado).
    Tenha uma ótima semana!
    Até qualquer hora!

    ResponderExcluir
  2. Hey, Estênio!
    Meu retorno foi mais rápido do que imaginei... rsrs
    Desculpe-me... Acho que fiz um link errado.

    Agora o caminho está certo!
    Quando puder, faça-nos uma visita!
    Um abraço!

    ResponderExcluir
  3. Olá Estênio. O Clark Lost na verdade é o meu melhor amigo Luiz Alberto, mais conhecido como Kenty.
    Ele me ajudou e tem ajudado com meu blog.
    Uma pessoa muito boa.

    Abraços

    Sergio
    www.cairbar.com.br

    ResponderExcluir
  4. Amigo Est~enio,

    Seu blog está muito bom mesmo. Sempre com estas maravilhosas e importantes matérias.

    Abraços

    Sergio

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