SEGUNDA EDIÇÃO DE SEGUNDA-FEIRA, 03 DE DEZEMBRO DE 2018

NO O ANTAGONISTA
O plano do “indulto” a Lula
Segunda-feira, 03.12.18 11:12
Segue a todo vapor a 'coitadização' de Lula.
Na capa de um panfleto lulista, Lurian aparece beijando o pai.
O plano para libertar o “coitado” antes do Natal segue também na grande imprensa, por meio de notinhas plantadas sobre o estado do presidiário, e no STF, claro, através de embargos auriculares junto a ministros reticentes.
É o “indulto” a Lula.

Ministério do Trabalho será fatiado
03.12.18 10:37
O futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, informou que o Ministério do Trabalho será extinto e terá suas funções distribuídas em três pastas.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, explicou que o registro de sindicatos ficará a cargo do Ministério da Justiça de Sérgio Moro e possivelmente com a fiscalização do trabalho escravo.
Políticas de emprego caberão ao Ministério da Economia de Paulo Guedes; a pasta da Cidadania, de Osmar Terra, tomará conta de outras áreas, segundo o novo ministro.

Auxílio Dodge
03.12.18 09:09
“Raquel Dodge recebe hoje à tarde na PGR os procuradores-gerais de todos os Ministérios Públicos do País”, informa O Globo.
Não, não é para denunciar a bandidagem, e sim para reivindicar o auxílio moradia.

O fim do mundo
03.12.18 08:56
Investigadores da PF disseram ao Estadão que “boa parte do que Antonio Palocci delatou já foi comprovada”.
Aqueles que, no início, diziam não se tratar de uma “delação do fim do mundo agora silenciam sobre o resultado alcançado”.

O tesouro de Pezão
03.12.18 08:05
A PF suspeita que Luiz Fernando Pezão tenha um tesouro escondido.
Segundo a TV Globo, “a análise de duas contas bancárias mostra que ele quase não sacava dinheiro delas. Investigadores dizem que isso leva a crer que ele usava recursos financeiros de contas de terceiros ou que tenha muito dinheiro vivo guardado”.

A aposentadoria do advogado de Lula
03.12.18 07:40
A Folha de S. Paulo diz que o advogado de Lula, Roberto Teixeira, vai se aposentar por motivos de saúde.
É verdade: ele está doente.
O fato mais relevante, porém, é que assim como seu cliente ele será condenado em breve pela juíza Gabriela Hardt, no caso do prédio do Instituto Lula, comprado com dinheiro de propina da Odebrecht.
Seu escritório, comandado por Cristiano Zanin – que conseguiu perder todas as causas até agora – não é o mais indicado para negociar a prisão domiciliar de Lula e do próprio Roberto Teixeira.

NO O GLOBO
Venda de garrafas de adega de Paulo Maluf entra no radar do MP de São Paulo
Venda de um lote de 862 garrafas está estimada em R$ 15 milhões
Por Thiago Herdy
Segunda-feira, 03/12/2018 - 04:30
SÃO PAULO — A venda de um lote de 862 garrafas da adega do ex-deputado Paulo Maluf (PP-SP), estimada em US$ 3,8 milhões (cerca de R$ 15 milhões), entrou no radar do Ministério Público de São Paulo. O político colocou as garrafas à venda e só aceita pagamento em espécie, segundo revelou ontem o colunista do GLOBO Lauro Jardim.
O coordenador da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social, Silvio Marques, diz que atualmente não há restrição da Justiça para que o político consuma ou mesmo venda suas garrafas. Ainda assim, explica que o órgão pretende verificar o repasse das bebidas:
A ADEGA MILIONÁRIA DE MALUF
Deputado federal cassado quer se desfazer de vinhos avaliados em US$ 3,8 milhões
VALOR EM DÓLARES
Romanée Conti (1,5l)1971 - 66.667
La Tache Monopole (3l)1971 - 66.875
Romanée Conti1929 - 26.667
Romanée Conti1991 - 24.400

— Precisamos saber quem são os compradores, tipos de vinho e valores cobrados por garrafa. Os casos (que envolvem Maluf) ainda não foram juntados (na Justiça), sempre há dificuldade para recuperar dinheiro público.
A assessoria de Maluf enviou ontem nota à coluna de Lauro Jardim negando o interesse do ex-governador em vender sua adega. 
“Não é verdadeira a notícia de que Paulo Maluf está vendendo vinhos de sua propriedade que, aliás, não valem tanto assim. Paulo Maluf vai ser internado amanhã (hoje), no Hospital Sírio-Libanês, para ser operado de um câncer. Não tem tempo portanto, para se ocupar em vendas deste tipo”. A coluna confirma a informação publicada.
O advogado de Maluf, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, lembra que, quando se entra com um mandado de segurança, a lei diz que você tem que ter “direito líquido e certo para conseguir ganhá-lo”.
— Por isso eu digo que, no caso da adega, vendê-la é um direito líquido e certo do doutor Paulo — brinca.
Condenado a sete anos, nove meses e dez dias de cadeia, o político do PP cumpre desde março deste ano pena em prisão domiciliar, por razões de saúde. Ele chegou a passar uma temporada na Papuda, em Brasília, e teve o mandato de deputado federal cassado este ano pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
Obras de infraestrutura de sua gestão como prefeito de São Paulo, entre 1993 e 1996, foram superfaturadas, segundo investigações do Ministério Público.
A adega que Maluf mantém na mansão que ocupa uma área de quase um quarteirão nos Jardins, área nobre de São Paulo, é famosa entre políticos e amigos, pela qualidade das garrafas e pelas coleções de vinhos raros, em especial os franceses. A garrafa mais cara à venda é uma edição de 1971 de Romanée-Conti, de 1,5 litro, cotada em US$ 67 mil — cerca de R$ 250 mil.
Hoje Maluf está impedido de vender sua casa, bem como suas ações na Eucatex, empresa da família, porque esses bens são alvos de bloqueio da Justiça. Segundo Silvio Marques, o patrimônio etílico de Maluf não foi alvo de pedido de bloqueio por razões práticas:
— Não houve pedido específico sobre os vinhos, pois havia e ainda há necessidade de mantê-los em adega. Isso acarretaria custos ao município.

NO BLOG RADAR (VEJA.COM)
A segurança de Bolsonaro no ‘bunker’ do futuro governo
Espaço monitorado pela Polícia Federal
Por Gabriel Mascarenhas
Segunda-feira, 03 dez 2018, 06h32
Não se saber se Jair Bolsonaro concorda com a tese de seu filho, Carlos, de que há gente próxima interessada em sua morte.
Mas fato é que ele não dá chance ao azar. No CCBB, onde a equipe de transição trabalha, apenas os ministros têm livre acesso ao capitão.
Os integrantes dos demais escalões precisam de autorização especial para entrar na ala em que ficam o presidente eleito e seus principais auxiliares.
O espaço é separado por uma porta e vigiado permanentemente por homens da Polícia Federal. Não só. Bolsonaro só chega e sai por um entrada nos fundos do prédio, a mesma utilizada por Sérgio Moro.

Receita Federal na cola do filho de Lula
Qualquer transação será repassada aos fiscais
Por Gabriel Mascarenhas
Domingo, 02 dez 2018, 10h01
A Receita Federal não desgruda de Luís Cláudio da Silva, o filho de Lula enrolado com a Justiça.
Por ordem do Fisco, os cartórios paulistas são obrigados a informar qualquer transação envolvendo empresas do herdeiro.

NO BLOG FATOS
Em desmanche
O ideal, mesmo, seria um governo que não fizesse nada do que não precisa ser feito
Por J.R. Guzzo
Sábado, 1º dez 2018, 17h13
Circulou no noticiário um pensamento muito interessante que o novo presidente, Jair Bolsonaro, expressou durante uma conversa com a também nova deputada Janaína Paschoal. “O importante não é o que vamos fazer”, disse ele, “mas o que vamos desfazer”. O Brasil será um país a caminho da felicidade se Bolsonaro estiver mesmo pensando assim — e, principalmente, se conseguir até o fim do seu mandato desmanchar metade do que imagina que precisa ser desmanchado. 
O País, caso essa visão se transforme em realidade, fará mais progresso em seu governo do que fez nos últimos cinquenta anos. Já aconteceu com o Mais Médicos, que sumiu antes mesmo de o novo governo começar. Continuará a acontecer? É claro que muita gente pode perguntar: como assim, se há tanta coisa que precisa ser feita, e com tanta urgência? Simples: isso tudo deverá vir naturalmente, no espaço deixado pela monstruosa montanha de entulho que foi jogada em cima da sociedade brasileira nos últimos quinze anos. Pense um minuto, por exemplo, no trem-bala dos presidentes Lula e Dilma. Não existe trem-bala nenhum. Nunca existiu. Nunca vai existir. A única coisa que existiu, aí, foi a transferência de dinheiro do seu bolso para o bolso dos empresários do “campo progressista”. Mas até hoje continua existindo a empresa estatal legalmente constituída para cuidar do “projeto”. Chama-se EPL, tem diretoria, 140 funcionários, orçamento de 70 milhões de reais e por aí afora. Nenhum país no sistema solar pode dar certo desse jeito.
A escolha é clara: ou o Brasil progride, cria riquezas, cria empregos, gera e distribui renda com o desenvolvimento da atividade econômica produtiva, ou tem o trem-bala de Lula e Dilma. É uma coisa ou a outra: não dá para ter as duas ao mesmo tempo. Também não dá para melhorar a vida de um único pobre, um só que seja, doando 1,3 milhão de reais de dinheiro público à cantora Maria Bethânia, para que ela declame poemas num blog pessoal, em clipes produzidos pelo diretor Andrucha Waddington. Não será possível ir a nenhum lugar enquanto continuar existindo a TV Brasil, invenção de Lula que custa 1 bilhão de reais por ano, emprega mais de 2.000 amigos do PT e tem zero de audiência. Que mais? Mais de mil coisas, ou seja lá quantas forem, que a segunda parte do governo Dilma — este que está aí, com o nome de “governo golpista” de Michel Temer — deixou intactas para você pagar. Tirem esse lixo todo daí e o Brasil dará um salto.
A verdade, para simplificar a história, é que o País se prejudica muito mais com as coisas que o governo faz do que com as coisas que não faz. Eis aí: o ideal, mesmo, seria um governo que não fizesse nada do que não precisa ser feito. O Brasil não precisa de Plano Quinquenal. Não precisa de “obras estruturantes” nem de “políticas públicas”. Não precisa da Refinaria Abreu e Lima, pela qual você está pagando 20 bilhões de dólares desde o início do governo Lula — dez vezes mais do que estava orçado — e que até agora não ficou pronta. (Essa era a tal em que fizeram a Petrobras ficar sócia da Venezuela de Hugo Chávez, que nunca colocou um único tostão na obra.) Não precisa de PAC — um monumento mundial à roubalheira, à incompetência e à mentira. Não precisa de pirâmides como a Copa do Mundo, ou a Olimpíada, com estádios e uma Vila Olímpica inteira hoje afundando no chão, porque roubaram no material, no projeto e em tudo o que foi humanamente possível roubar — sem que nenhuma alma em todo o majestoso Estado brasileiro ficasse sabendo de nada. O teste mesmo é o seguinte: o Brasil estaria melhor ou pior se não tivesse feito nada disso?
Num país em que uma empresa pode gastar 2.000 horas por ano só lidando com as exigências que o governo inventa para arrecadar impostos — e quando se vê que essas 2.000 horas significam 83 dias de 24 horas, inteiramente perdidos, sem que se produza um único alfinete —, dá para se ter uma ideia da ruína em que colocaram o Brasil. Se o governo desfizer isso, simplesmente desfizer, será melhor ou pior? Fala-se aqui, singelamente, das aberrações mais estúpidas. Espere até chegarem os problemas realmente classe AAA, gold-platinum-­plus — como a constatação de que 50% de todos os gastos federais vão unicamente para a Previdência Social, e que o grosso disso é engolido com o pagamento das aposentadorias dos funcionários públicos — sobretudo da elite de gatos gordos. (Esses são os “direitos” que não podem ser tocados.) Será inútil, simplesmente, querer montar alguma coisa de útil no Brasil enquanto não se desmontar esse ambiente de demência.
(Publicado na edição impressa de VEJA)

NO PUGGINA.ORG
STF E GLOBO, VILÕES NACIONAIS
Por Percival Puggina 
Artigo publicado domingo, 02.12.2018
Não hesito em afirmar que STF e Globo disputam o primeiro lugar, tanto num concurso de presunção e arrogância quanto num de antipatia, sendo igualmente rejeitados pela direita e pela esquerda.
O Grupo Globo, aqui denominado simplesmente “a Globo”, é rejeitado pela esquerda porque esse segmento político nutre inimizade por qualquer poder que não esteja totalmente subordinado a seus interesses. Vem daí a insistência do discurso petista em favor da “regulação da mídia”. O conhecido blog esquerdista Brasil 247 em matéria do dia 8 de janeiro deste ano publicou extenso artigo deixando bem clara, desde o título, a importância do tema: “Sem regulação da mídia, não tem saída para a esquerda”. Blogs de igual orientação, aliás, atacam comumente a Globo acusando-a de golpista em virtude da divulgação que fez dos achados da Lava Jato, da miserável ditadura venezuelana, das relações escusas do governo petista com ditaduras de esquerda na Ibero América e na África Subsaariana. Como para o PT tudo que pesa contra ele é falso, os petistas desejariam que tais matérias não fossem divulgadas ou, sendo, que o sejam apenas aos insones das altas madrugadas. Daí o ódio ... oops – ódio não porque os petistas não odeiam – dedicado à Globo. Para eles, escandalosa não é a corrupção, mas a notícia sobre a corrupção.
Por outro lado, do centro para a direita do leque de abano ideológico, espaço onde estão os conservadores, a Globo é rejeitada tanto em virtude do combate frontal e deletério que dela recebem os valores morais sedimentados na nossa tradição, quanto pelo seu apoio às pautas e causas da esquerda. A essas duas tarefas, inequivocamente, se dedica imensa maioria de seus programas, novelas e atores, jornalistas e comentaristas sistematicamente recrutados para manifestações de apoio político ao partido da estrela e seus cognatos ideológicos. A posição esquerdista da Globo ficou evidenciada no editorial em que o direção do grupo de empresas se desculpou pelo apoio dado à contrarrevolução de 1964.
Com o STF ocorre algo muito parecido. Nosso Supremo é rejeitado pela esquerda e pela direita. Aquela o detesta pela legitimação constitucional que deu ao processo de impeachment de Dilma Rousseff (malgrado a “mãozinha” final proporcionada por Lewandowski) e, principalmente, pelas “traições” de alguns ministros indicados pelo partido no julgamento de ações penais contra petistas, desde o caso Mensalão. Há algumas semanas li, alhures, entrevista em que José Dirceu, referindo-se a isso, afirmou que as indicações para o STF durante os governos petistas foram extremamente rigorosas sob o ponto de vista da afinidade ideológica. No entanto, digo eu, em juízo criminal colegiado é muito difícil para um magistrado votar contra abundantes provas contidas nos autos que todos leram. Daí a diferença de conduta: o PT tem ampla base de apoio dentro do STF, aprova as pautas petistas que lá chegam e isso lhe causa o repúdio de quem não é de esquerda, mas na hora da ação penal, onde não há alternativa de prescrição ou nulidade viável, não havendo alternativa, condena. Como a defesa intransigente dos próprios criminosos é uma particularidade esquerdista, as demais condenações pluripartidárias só causam desconforto aos sentenciados.
Logo ali adiante, porém, o STF costuma resolver boa parte desses débitos soltando presos provisórios e condenados com uma liberalidade que restabelece a necessária impunidade sem a qual se corre o risco de acabar com a cadeia produtiva do crime. E aí, claro, a direita estrila.
Como se vê, STF e Globo são dois grandes vilões nacionais pelos motivos certos e, também, pelos errados, o que não deixa de ser um feito.

NO BLOG DO ALUÍZIO AMORIM
Segunda-feira, dezembro 03, 2018
USANDO A TECNOLOGIA DA DITADURA COMUNISTA DA CHINA TRANSFORMA TODOS OS CIDADÃOS EM ROBÔS OBEDIENTES
O vídeo (no link https://www.facebook.com/embaixadaresistencia/videos/2174577339468981/?t=0) produzido e apresentado pelo youtuber e jornalista britânico Joseph Watson dá uma ideia do que os governos comunistas estão tramando para transformar todos os cidadãos em robôs obedientes, isto é, incapazes de reclamar de um mosquito, quanto mais de um governo.
A ditadura comunista da China está indo muito mais além daqueles algoritmos do Facebook e do Twitter que limitam o alcance orgânico de todas as postagens de viés conservador. Se o usuário resolver zoar da diversidade bundalelê pode ter o uso suspenso da respectiva rede social.
Mas isso por enquanto é nada. Já a ditadura chinesa está controlando cada cidadão por meio de bilhões de câmeras instaladas em todos os lugares, inclusive dentro dos banheiros. Se o sujeito eventualmente cuspir no chão poderá ter ter seu crédito bancário diminuído ou ser proibido de viajar, ou sofrer outra penalidade definida pelo conselho dos "sábios" comunistas.
Em resumo, as premonições de George Orwell em seu famoso livro "1984", face ao que estão fazendo os comunistas com os aparatos tecnológicos é praticamente nada.
Isto acontecendo numa ditadura comunista faz sentido. Porém, como demonstrei aqui no blog a União Europeia vai no mesmo caminho para banir a liberdade na Internet. 
Pois bem. Este é o teor deste vídeo-reportagem de Joseph Watson com legendas em Português pela excelente página Embaixada da Resistência, por enquanto resistindo heroicamente no Facebook.

NO BLOG DO GABEIRA
CUIDADO COM DEZEMBRO
SEGUNDA-FEIRA, 03.12.2018 EM BLOG
O indulto de Temer, e Pezão na cadeia são dois temas já batidos nesta manhã de segunda. Vejo um elo entre esses dois fatos, próximo de uma teoria conspiratória, mas não há razão para ocultá-lo. Tanto Temer quanto Pezão já trabalham de alguma forma com a ideia de uma passagem pela cadeia. É como se já estivessem pensando numa próxima eleição, xerife da cela, quem sabe.
Temer sabe muito bem que incluir corruptos no seu indulto de Natal vai abrir um abismo maior ainda entre ele e a sociedade, que condenou pelo voto as velhas práticas da política brasileira. Mas, por outro lado, vai aumentar seu crédito junto aos presos, não só os que participavam da aliança no governo, mas também os do seu próprio partido: ex-ministros, parceiros como Eduardo Cunha.
Pezão declarou que tinha saudades de Sérgio Cabral e gostaria de abraçá-lo na cadeia. Disse também que gostaria de encontrar Lula. Nunca se sabe para onde vão te levar após a prisão.
Não é correta, se essa ideia for verdadeira, a tese de que os políticos brasileiros não veem um palmo diante do nariz. Quando houver tempo, poderemos até investigar os reflexos da passagem de tantos dirigentes pelas cadeias que alguns até ignoravam como funcionam.
Por enquanto, ainda temos que lidar com os seus rastros em liberdade. O indulto é um deles. É possível indultar presos por corrupção? A maioria dos ministros disse sim, afirmando que não há restrições a esse crime. Tratam de um presidente abstrato. Temer é investigado, duas vezes a Câmara lhe forneceu uma blindagem. Ele vai libertar presos da Lava-Jato, a mesma operação que desmantelou toda a quadrilha da qual é um dos principais remanescentes em liberdade.
Nessas circunstâncias, só resta o protesto nas ruas. Mas, ainda assim, o tema nos colhe num mês ingrato para protestos. Há 50 anos, o regime militar lançou o AI-5, endurecendo sua política e realizando a censura nos jornais com a presença de seus agentes no interior das redações.
O aniversário de meio século do AI-5 será no dia 13. Uma das lembranças mais nítidas que tenho do período foi, precisamente, a dificuldade de protestar. Não nos prendiam por isso, mas era um período de Natal: o “blim blão” dos sinos, o farfalhar de papéis enrolando presentes, o panetone em promoção. Ninguém queria saber de AI-5. Ainda bem que dezembro de 68 está longe, tanto o País quanto o Natal devem ter mudado nesse período. De qualquer forma, cuidado com dezembro.
Mais próximo de minha memória está a aventura de ter feito política no Rio de Janeiro e tentar, de alguma, forma derrubar a máfia bilionária que acabou arruinando o estado.
Em 2010, por exemplo, Cabral já gastava fortuna com robôs na Internet. Chegamos a reunir documentos para oferecer à imprensa. Os robôs não falavam Inglês, mas tinham um forte sotaque, escreviam frases grosseiramente traduzidas. Ninguém se interessou. O tema era era muito abstrato naquela época. Era o mesmo que falar do rombo na camada de ozônio: ninguém o notava a olho nu.
Apesar de tudo, não restou ressentimento. Sobretudo no caso de Pezão. Em muitos desastres, o encontrei trabalhando. Sérgio Cabral não visitava os locais de tragédia. Como jornalista, entretanto, não pude deixar de comentar um tema, naquela época do escândalo dos guardanapos. O apartamento de Pezão tinha sido assaltado no Leblon e, segundo a notícia, foram levadas muitas joias. Soou estranho para mim que um homem aparentemente simples tivesse muitas joias em casa. O tempo passou, eles foram sendo presos aos poucos, hoje quase todo o governo está na cadeia, inclusive sua base parlamentar.
O Rio quebrou, foi preciso uma intervenção federal na segurança pública, o estado elegeu um homem desconhecido do grande publico até as vésperas da eleição. Às vezes tento esquecer todo esse período sinistro. Os principais atores estão presos. Isso conforta parcialmente a opinião pública. Mas o legado ainda vai nos assombrar durante muitos anos. Foi uma calamidade que passou em nossa vidas e algumas consciências se deixaram levar. Agora é juntar os cacos, abastecer o motor econômico do Rio com o petróleo que restou, e subir de novo a montanha. Pra cima, é preciso fôlego.
Pezão entrou, outros serão soltos por Temer, que um dia será preso também. Não é um caminho linear. Murilo Mendes tem um verso em que diz: “Ainda não estamos habituados com o mundo/ Nascer é muito comprido.”
No caso do Brasil, então, o parto é muito prolongado.
(Artigo publicado no Jornal O Globo em 03/12/2018)



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