SEGUNDA EDIÇÃO DE QUINTA-FEIRA, 05-7-2018

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
“Sair da cela de Lula” e outras notas
O ex-presidente passou a ser problema de si próprio. Em vez de celebrar isso e cuidar de uma agenda política, o Brasil fica na cela do jeca
Por Valentina de Botas
Quinta-feira, 5 jul 2018, 07h14
Levantaram-se “ahs” e “ohs” e acirrou-se a indignação complexada porque ─ meudeusdocéuqueabsurdo ─ o PT e Lula não queriam o ministro Alexandre de Moraes como relator de mais uma petição da defesa do ex-presidente. Muitos se espantaram e ficaram nos cascos porque ondeéquejáseviu um réu pretender escolher juiz, tribunal, sentença. Onde? Aqui mesmo, senhores. Neste Brasil, em que certa dona mídia inflama tudo em volta para dizer o que faz diariamente um cadáver político de moral putrefata, cujos miasmas só servem de suprimento de ar a radicalóides ─ anti e pró-Lula ─ que precisam dessa inflamação adensada para conseguir votos. Neste Brasil, em que pesquisas o apresentam como candidato e as que o excluem registram “num cenário sem Lula”, o que remete de imediato a um fictício, mas contrabandeado entre os fatos, cenário com Lula. Num país em que o juiz que condenou o delinquente afirmou, no despacho da sentença, que a prisão preventiva era cabível, mas o deixaria solto porque “pode ser traumática a prisão de um ex-presidente” e, quando decidiu prendê-lo finalmente, enviou-lhe um convite-prisão pedindo encarecidamente que o meliante incurável fizesse a gentileza-se-não-fosse-incômodo de se encaminhar à delegacia mais próxima; mas se não quisesse, poderia montar um picadeiro no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, pois a Justiça esperaria. Quantos condenados são tratados assim?
Neste Brasil, em que pessoas e coisas bordam com capricho de vó no enxoval do neto seus nomes no manto autoritário da intocabilidade, qualquer crítica honesta e pertinente é vista como ofensa pessoal, crime inafiançável, falta de modos, mau gosto, além de ameaçar o futuro limpinho da Nação. Neste Brasil, em que parecia que o impeachment de Dilma Rousseff e a posse de Temer devolveriam algum poder à sociedade, quando parecia que amadureceríamos, o tal manto não foi rasgado, apenas se deslocou para a Lava Jato que, também pelo tamanho, está sujeita a erros e reconhecê-los serviria para aprimorá-la, não para extingui-la; deslocou-se também para candidatos cujo moralismo oco é álibi para a bisonhice. Porque vicejaram à sombra de tal deformidade, Lula e o PT acham que podem fazer o que querem e o País, na sua lavoura arcaica de intocáveis, permanece infantilizado à mercê do líder perfeito que nos revelará o Absoluto, na forma do bom, belo e justo nem que seja na porrada. Depois do caçador de marajás, tivemos o caçador “dazelite” e logo teremos o caçador de corruptos, porque a promessa de amanhãs sorridentes do moralismo oco pariu um mito para continuar a linhagem de predadores do futuro. Assim, nascerá obsoleto o Brasil novo, já que o parto é feito por entes para os quais o maior problema do Brasil velho é a corrupção, e não o Estado hipertrofiado que o engendra. Nascerá decrépito já, embalado pela pior das nossas mazelas, a da manutenção de privilégios, uma vez que as forças parteiras combatem reformas com energia ainda maior com que combatem a corrução.
As trombetas do ultraje retumbaram também porque a defesa do jeca impetrou quase 80 recursos na Justiça disponíveis para quem pode pagar. Ora, é direito de todo cidadão recorrer à Justiça quantas vezes a lei permitir e a sociedade brasileira gasta 1,8% do PIB com o Judiciário (a média na Europa é de 0,4%, segundo estudo do professor e pesquisador Luciano Das Ros), incluindo a Defensoria Pública que deveria efetivar o direito dos pobres a essa Justiça-dos-ricos. Novamente, os pobres são lembrados não porque quem se lembra esteja mesmo preocupado com eles, mas porque servem à disputa política entre os ministros do STF e entre este e o MPF/Lava Jato. A consciência social intermitente dos heróis de suas próprias causas devolve a pobrada para o fundo das galés quando as sessões do STF terminam, as câmaras da TV Justiça se desligam e os tuiteiros do MPF que abrem mão só dos privilégios alheios vão para casa. Os que bradam contra os-direitos-só-acessíveis-aos-ricos-e-poderosos não lutam para estender esses direitos aos pobres, mas para impor a Justiça em que acreditam; nela a bandidagem menos favorecida é o que os pobres são para o PT: álibi moral. Ou alguém viu, antes da discussão da prisão em segunda instância ou depois de cada sessão a respeito algum integrante do MPF ou o herói da direita tabajara, o ministro Roberto Barroso, entoar algum discurso pungente, prorromper em lágrimas ou tomar alguma atitude prática a respeito da injustiça dentro da Justiça?
Exemplo do uso demagógico e oportunista dos pobres por parte dos Robin Hoods perturbados que tiram direitos dos ricos para não dar aos pobres foi a declaração do procurador Deltan Dallagnol quando, na efetivação de algumas ações fundamentais da intervenção federal no Rio de Janeiro, o ministro Raul Jungmann solicitou mandado de busca e apreensão coletivo para favelas da cidade. O procurador disse que “se cabe (o mandado coletivo) na favela onde a maioria é honesta, cabe no Congresso”. Dallagnol sabe que cabe na primeira porque, na confusão de becos labirínticos, muitos barracos não têm endereço determinado; já no Congresso, cada parlamentar tem seu gabinete delimitado e localizável. Basta solicitar um mandado individual, se for o caso. O instrumento foi usado pela então presidente companheira por ocasião da Copa de 2014, na tentativa de reforçar a segurança ou diminuir a insegurança. O mandado foi expedido e cumprido sob o silêncio do procurador que não se lembrou “da maioria honesta”.
A tentativa da defesa de Lula em escolher o juiz e as centenas de recursos que ainda impetrará não importam, discutir isso é afastar o País de si, é confiná-lo a um debate que exclui a si mesmo: Lula passou a ser problema de Lula, em vez de celebrar isso e cuidar de uma agenda política, o Brasil fica na cela do jeca. Deixemos o delinquente lá; sairá, talvez, mas voltará e sairá novamente, e o País não merece ficar nesse calabouço simbólico em que se agasta por qualquer movimento da súcia. Vamos estender, ao sol da varanda, nossos sonhos de país civilizado, os mais loucos e secretos que escondemos como a noiva esconde do noivo o vestido de casamento e ousemos trocar ou, ao menos, equilibrar a nosso favor a pauta Lula-delegacia-bandidagem-indignação. Como? Não sei, mas vem comigo que tenho uma sugestão: o questionamento relevante, que escapa do enxovalhamento vulgar e histérico e da demagogia oportunista e põe o Brasil em contato consigo para exercer um protagonismo consciente e ativo, é, por exemplo, quanto à diferença do acesso à Justiça para pobres e ricos, em vez de discutirmos o caudilho que nos desgraçou ou assistir como torcida à farsa dos defensores ocasionais da bandidagem pobre, iluminemos as deficiências da Defensoria Pública e trabalhemos para civilizá-la; quanto à centena de petições da defesa de Lula, em vez de sustinhos e gritinhos, investiguemos quem e de que modo a nababesca defesa de Lula está sendo paga. Sejamos nosso assunto, nosso tema, cuidemos de nós.
Autocrítica, só que não
“Problema do STF é juiz que acha que o poder existe para proteger amigos”, afirmou o ministro Roberto Barroso, ombudsman do Tribunal. Barroso, aquele um que, no STF, usou o poder para ressuscitar os embargos infringentes e livrar o amigo José Dirceu da acusação de quadrilheiro, validou sem discurso anti-impunidade o indulto natalino da amiga Dilma a José Dirceu, fraudou o regimento da Câmara para evitar o impeachment da companheira, lutou pelo perdão a Joesley, amigo dos amigos. Faz o que acusa os outros de fazerem. Enquanto Dilma governava, não deu uma mísera declaração contra a corrupção. A direita tabajara está apaixonada por essa flor do mal petismo da desinstitucionalização. Desoladores tempos.

NO O ANTAGONISTA
A primeira causa de Haddad
Quinta-feira, 05.07.18 09:45
Os petistas fazem chacota da cadeia de Lula.
Diz a Folha de S. Paulo:
“Já inscrito como advogado de defesa de Lula na Justiça Eleitoral, Fernando Haddad visitará o ex-presidente na sexta. Os dois vão fechar a estratégia de registro da candidatura no TSE e ajustar o plano de governo.
Haddad brinca que nunca perdeu uma causa. É que, ainda que seja apenas no papel, esta é a primeira vez que ele advoga.”

CUT vende prédio para o pastor Valdomiro
05.07.18 08:58
A CUT está negociando a venda de sua sede para a Igreja Mundial do Poder de Deus, liderada pelo pastor Valdemiro Santiago.
Segundo a Folha de S. Paulo, “a oferta é de 40 milhões de reais, sendo metade à vista e o restante em quatro parcelas”.
Sem o imposto sindical, os pelegos quebraram, porque os trabalhadores se recusam a pagar o dízimo.

CUT demite
05.07.18 07:16
A CUT, sem imposto sindical, já está demitindo.
E quem escapa da degola é contratado como pessoa jurídica, prática que o presidente da CUT chamou de “criminosa”.
Diz a Folha de S. Paulo:
“Agora é a vez da CUT Estadual — braço da Nacional — cortar gastos com pessoal.
O programa em elaboração inclui não apenas o desligamento de aposentados e funcionários, mas a contratação de pessoas jurídicas, a chamada 'pejotização'.
A folha de pagamento da sede CUT/SP consumiu R$ 171 mil em março de 2018. Somado ao gasto de 19 subsedes — que é de cerca de R$ 138 mil — o custo com pessoal ultrapassou R$ 300 mil naquele mês.
A Folha apurou que 15 das 19 subsedes têm saldo mensal negativo.
A subsede de Ribeirão Preto arrecadou, por exemplo, cerca de R$ 400 em março, mas gastou R$ 10,1 mil com folha de pagamento.”

Boeing engole a Embraer
05.07.18 08:32
A Boeing engoliu a Embraer.
As duas empresas anunciaram nesta quinta-feira que formaram uma joint venture na área de aviação comercial.
A Boeing tem 80% do novo negócio; a Embraer, 20%.

Lula negocia com o STF
05.07.18 08:28
Caiu a ficha de Lula, diz Ricardo Noblat.
“Lula já perdeu a esperança de que possa ser libertado antes das eleições de outubro. E que agora será só uma questão de tempo para ter rejeitado pela Justiça o pedido de registro de sua candidatura.
Não desistirá do pedido. Nem de adiar ao máximo o anúncio do seu apoio a outro candidato do PT à sucessão do presidente Michel Temer. O que lhe interessa é ir o mais cedo possível para casa, e ponto.”
O recado é claro: o presidiário vai autorizar Sepúlveda Pertence a negociar com o STF seu encarceramento domiciliar.

PGR engaveta impeachment de Gilmar Mendes
05.07.18 07:59
Raquel Dodge socorreu Gilmar Mendes.
Segundo O Globo, a PGR desistiu de recorrer da decisão de Edson Fachin, que engavetou o pedido de impeachment de seu colega de Segunda Turma.

Ministro do Trabalho é afastado pelo STF
05.07.18 07:39
O STF, na nova fase da Registro Espúrio, afastou o ministro do Trabalho, Helton Yomura.
“Além da suspensão do cargo”, diz o G1, “Yomura está impedido de frequentar o Ministério e de manter contato com demais investigados ou servidores da pasta”.

NA VEJA.COM
Apadrinhado de Jefferson, ministro do Trabalho é afastado pelo STF
Helton Yomura é investigado na terceira fase da operação Registro Espúrio, que apura fraudes no registro de sindicatos
Por Da Redação
Quinta-feira, 05 jul 2018, 09h19
O ministro do Trabalho, Helton Yomura, foi afastado do cargo por ordem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Ele é um dos alvos da terceira fase da Operação Registro Espúrio, que investiga fraudes na concessão de registros de sindicatos na Pasta. O ministro é apadrinhado político do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e de sua filha, a deputada Cristiane Brasil(PTB-RJ). Pai e filha foram alvos das primeiras fases da operação.
Além de buscas no Ministério, a PF cumpre mandado de busca e apreensão na Superintendência Regional do Trabalho no Rio de Janeiro e no gabinete do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) — o parlamentar disse que apoia as investigações. Em nota, a Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que “os investigados utilizam rotineiramente os cargos para viabilizar a atuação da organização criminosa e para solicitar tratamento privilegiado a processos de registros sindicais”.
Ao todo, são dez mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão temporária, expedidos pelo ministro Edson Fachin, relator dos processos no STF. Segundo a PF, “as investigações e o material coletado nas primeiras fases da Operação Registro Espúrio indicam a participação de novos atores e apontam que importantes cargos da estrutura do Ministério do Trabalho foram preenchidos com indivíduos comprometidos com os interesses do grupo criminoso, permitindo a manutenção das ações ilícitas praticadas na Pasta”.
Reportagem de capa de VEJA mostrou como funciona a engrenagem de concessão de registros sindicais no Ministério do Trabalho, com o pagamento de propina a servidores indicados politicamente pelo PTB e pelo Solidariedade. O PTB comanda a Pasta desde o início do governo do presidente Michel Temer (MDB), em maio de 2016.
Até o fim de 2017, a Pasta foi comandada pelo deputado federal Ronaldo Nogueira (RS), que retornou ao Congresso para pavimentar sua candidatura à reeleição. Em janeiro, outra parlamentar do PTB, Cristiane Brasil (RJ), chegou a ser nomeada para o cargo por Temer, mas não assumiu por decisão da Justiça.
Relembre o esquema
Em março, VEJA revelou como tem funcionado a autorização para o funcionamento de sindicatos no Brasil. Em uma reunião gravada, dois lobistas que atuam em nome de políticos dos partidos detalham ao empresário Afonso Rodrigues, que desde 2012 tentava registrar um sindicato em Goiás, os custos da operação.
A “conta” da propina ficou em nada menos que 3,2 milhões de reais. Para fechar o negócio, combinaram a assinatura de um “contrato de consultoria”, por meio do qual seriam repassados os valores espúrios. O tal documento foi entregue ao empresário num posto de gasolina no interior de Goiás, encontro registrado num vídeo obtido por VEJA.
Registro Espúrio
A primeira fase da Operação Registro Espúrio foi deflagrada em 30 de maio, tendo como alvos os deputados federais Jovair Arantes (PTB-GO) e Paulinho da Força (SD-SP). As investigações indicavam aquilo que VEJA havia revelado: nomeados por indicações políticas, servidores do Ministério do Trabalho favoreceriam indevidamente determinados pedidos de registros sindicais em troca de repasses de valores a políticos ligados aos dois partidos, PTB e Solidariedade, que exercem influência na Pasta.
Duas semanas depois, em 12 de junho, foi a vez de ser incluída como alvo a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, e “ex-quase-ministra” do Trabalho, depois de ter sido nomeada por Michel Temer e não ter assumido por força de decisões judiciais. Foram cumpridos mandados de busca no gabinete da parlamentar e em imóveis ligados a ela.

NO BLOG DA LILLIAN WITTE FIBE
LJ para presidente já!
Porque esse Febeapá, o festival de besteira que assola o discurso dos candidatos que estão aí, já deu o que tinha que dar
Por Lillian Witte Fibe
Quinta-feira, 05 jul 2018, 10h00
Eu sabia que ela não ia me decepcionar.
Em plena Copa, Congresso vazio, Supremo em recesso, quem trabalha no Brasil?
Ela, a Lava Jato e seus tentáculos, contra a qual meia dúzia em Brasília conspiram dia e noite.
Ontem, em mais um capítulo escabroso da política no Rio de Janeiro, o juiz Marcelo Bretas mandou prender ninguém menos do que o presidente da General Electric em toda a América Latina.
Assunto: a saúde roubada dos cariocas.
Sérgio Cabral, condenado a mais de 120 anos, comandou um longevo esquema de roubo de dinheiro público que segue matando e aleijando cariocas, privados de médicos, remédios e hospitais.
Agora de manhã, Edson Fachin, juiz do Supremo Tribunal Federal, tira do cargo o ministro do Trabalho, um pau mandado de outra organização criminosa que se encarrega de afundar mais o déficit público exigindo propina para usar a caneta que assina registros de novos sindicatos.
Como se o Brasil precisasse de novos sindicatos – mas essa é outra conversa.
Está à procura de um outsider para presidente?
Faça como eu.
Até outubro, escolha com lupa nomes que não têm nada a ver com essa peste negra que se apoderou de sua carteira há décadas e que, felizmente agora, começa a ser ceifada.
Aos trancos e barrancos, sim.
Os presos chamam o Gilmar.
A gente tem mais é que fortalecer a heróica turma que investiga e trabalha de domingo a domingo.
E que ainda tem a coragem de dar murro em ponta de faca dos três irados do STF que rasgam as leis e subvertem a democracia.





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