PRIMEIRA EDIÇÃO DE 15-12-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Sexta-feira, 15 de Dezembro de 2017
Plano B de Lula é ‘dominar o Congresso’
Lula nega publicamente que exista plano B, se for mesmo impedido de disputar a Presidência em 2018, mas em conversas reservadas deixa claro que a alternativa é eleger a maior bancada possível de deputados federais e senadores para “tomar o Legislativo”. Ele não cita outro petista, como o ex-prefeito paulistano, Fernando Haddad disputando o Planalto. O sonho de Lula é dar ao PT o poder exercido pelo “centrão”.
A inspiração
O plano B de Lula é inspirado no PMDB, cujo apoio viabilizou seu próprio governo e a falta dele acabou por inviabilizar o governo Dilma.
Busca do comando
O partido de maior bancada indica presidentes da Câmara e Senado. Lula segredou a amigos que deseja ver o PT dominando o Congresso.
Garoto propaganda
Lula admite que ficará inelegível, mas solto. Por isso planeja percorrer o País tentando eleger o maior número possível de parlamentares.
Estratégia de poder
O PMDB, que não tem candidato próprio à Presidência desde 1989, faz parte da base aliada dos governos federais desde a década de 1990.
Empresas já ‘capturaram’ agências reguladoras
Foi positiva a ideia de criar as agências reguladores como órgãos de Estado, dirigentes com mandato e independentes de governo, mas, com o passar dos anos (e de vários governos), acabaram “capturadas” pelas empresas que deveriam fiscalizar. Na ANEEL, por exemplo, as empresas distribuidoras de energia, com apoio do secretario-executivo do Ministério de Minas e Energia, já tentam emplacar um preposto para sua direção, que tomará decisões sobre temas sensíveis para o setor.
Raposa no galinheiro
O mais cotado para o colegiado da Aneel é Marco Delgado, diretor da Abradee, a associação das empresas de energia elétrica.
Tubarões no aquário
A história da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) registra vários casos de dirigentes indicados por empresas de planos de saúde.
Cargos lotéricos
Os cargos de direção nas “agências reguladoras” estão entre os mais desejados em Brasília. Até porque pagam bem. Em todos os sentidos.
Cuidando do corpito
Amigos se impressionam com os novos hábitos do ex-presidente Lula, que agora acorda muito cedo para malhar durante 1 hora e meia, todo santo dia. Atribuem tanta disposição a sua nova namorada.
São mesmo uns abutres
No plano de recuperação da Oi, proposto à Vara de Falências do Rio, os “fundos abutres” garantem cargos de direção pelo mínimo de dois anos, incluindo a presidência (R$300 mil mensais) e mordomias.
Filantropia em crise
A Susep avalia concentrar títulos de capitalização nos bancos, abolindo a fonte de renda que resta às entidades filantrópicas. Com a escassez de dinheiro público e doações em queda livre, essas entidades podem interromper o atendimento médico e social em mais de 800 municípios.
Ministro vale um metrô
A Lava Jato identificou, no fim de 2016, propina de R$2 milhões da Odebrecht em contrato no Metrô de São Paulo. A empreiteira pagou valor semelhante em 2004 ao atual presidente do Peru, então ministro.
Fala, Meirelles
Se o Brasil cresceria o dobro do esperado em 2018, segundo o ministro Henrique Meirelles (Fazenda), no caso de a reforma da Previdência ser aprovada ainda este ano, o adiamento para fevereiro provocará o quê?
Torcedor de toga
Botafoguense “doente”, o criminalista Nelio Machado foi contratado para defender o Fluminense no caso de ingressos entregues a torcidas organizadas, que os repassavam a cambistas.
Apagar não é esquecer
Há 127 anos, o ministro da Fazenda, Ruy Barbosa, propôs destruir os arquivos relativos à escravidão no Brasil, abolida dois anos antes. A ideia era evitar pagar indenizações pedidas por “senhores de engenho”.
‘Menas’ estudo, mais apoio
O Paraná Pesquisa mostra que, em São Paulo, Lula ficaria em terceiro, com 19,4%, atrás de Alckmin (PSDB) e Bolsonaro (PSC). Seu melhor desempenho é entre os que têm apenas o ensino fundamental: 24,4%.
Pensando bem...
...o julgamento de Lula, 71 anos, deve ter sido marcada logo em razão da prioridade prevista no Estatuto do Idoso, que ele sancionou em 2009.

NO DIÁRIO DO PODER
'Greve de fome' contra reforma da Previdência é apenas cenográfica
Grupo que faz 'greve de fome' contra reforma dorme em casa

Publicado quinta-feira, 14 de dezembro de 2017 às 18:40 - Atualizado às 18:50
Da Redação
Há cerca de uma semana, um grupo de pessoas ganhou atenção do noticiário por anunciar uma "greve de fome" contra a aprovação da reforma da Previdência. Conseguiram espaço reservado pela Câmara para colocarem seus colchões e colchonetes, viraram alvo de fotos e vídeos publicados nas redes sociais e compartilhados pelo WhatsApp. Até o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi até eles conversar.
Apesar do apelo midiático, servidores denunciam que a tal "greve de fome" é apenas para as câmeras. "Todos vão embora para casa", diz um funcionário. O Diário do Poder recebeu imagens mostrando que nenhum deles estava por lá nesta quinta-feira de manhã. As camas, todas bem feitas e arrumadas, não tinham vestígios de que foram usadas durante a noite. "Os colchões são só para deitar e descansar", denuncia outro servidor.
Além do espaço para a "manifestação" os grevistas têm tido acompanhamento médico com aferição de pressão e do índice glicêmico, mas tudo continua dentro da normalidade até agora.

STF pega leva com senador Ivo Cassol, que não terá de dormir na Papuda
Em vez de preso, senador prestará serviços e pagará multa

Publicado quinta-feira, 14 de dezembro de 2017 às 16:16 - Atualizado às 17:28
Da Redação
Com um empate de 5 a 5 provocado pelo voto do ministro Alexandre de Moraes, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (14) reduzir a pena do senador Ivo Cassol (PP-PR), de 4 anos e 8 meses em regime semiaberto para 4 anos em regime aberto, mas com a pena substituída por prestação de serviços à comunidade, o que significa que ele não será preso.
Diante do empate, nove dos dez ministros que participaram do julgamento entenderam que o resultado final deveria ser favorável ao réu. O único a divergir foi o ministro Marco Aurélio Melo, que invocou o voto de minerva da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, pleito que não foi acolhido pelos colegas.
O Supremo condenou o parlamentar, com base no voto da relatora Cármen Lúcia, em 2013, pelo crime de fraude em licitação. Na ocasião, ele se tornou o primeiro senador a ser condenado pela Justiça desde a Constituição de 1988. A aplicação da pena, entretanto, foi sendo postergada devido à demora em julgar o recurso de Cassol.
O julgamento foi retomado nesta quinta-feira (14), após ter ficado mais de um ano parado devido a um pedido de vista do ministro Teori Zavascki, que faleceu em janeiro deste ano. O caso foi herdado pelo ministro Moraes, que proferiu ontem, em poucos minutos, o voto final, no sentido de manter pena mais rígida contra o senador.
Em 2016, o ministro Dias Toffoli foi o primeiro a votar pela redução da pena de Cassol, estabelecendo a pena que prevaleceu ao final. Ele foi seguido por Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e pelo presidente do STF à época, Ricardo Lewandowski.
Votaram a favor de manter uma pena maior, em regime mais rígido, Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Roberto Barroso e Rosa Weber. O empate insuperável foi ocasionado pelo impedimento do ministro Luiz Fux, por ele ter atuado no caso quando era juiz do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Cassol e mais dois réus – Salomão da Silveira e Erodi Matt – foram condenados pelo crime de fraude em licitação por fatos ocorridos na época em que ele era prefeito de Rolim de Moura, em Rondônia, entre 1998 e 2002. Segundo denúncia do Ministério Público, o esquema criminoso consistia no fracionamento ilegal de licitação em obras e serviços. Foi mantida a imposição de multa no valor de R$ 201 mil contra o senador.(ABr)

Ministro do STF nega pedido de Aécio Neves para suspender prazo para defesa
Tucano pediu suspensão em inquérito que o investiga por corrupção passiva e obstrução da Justiça

Publicado quinta-feira,  14 de dezembro de 2017 às 13:00
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de suspender prazo para apresentação de defesa em investigação que corre no Supremo. O tucano havia solicitado a suspensão nesta segunda-feira (11), em inquérito que o investiga por corrupção passiva e obstrução da Justiça.
A justificativa da defesa ao ministro relator do caso era de que precisavam ser anexadas aos autos do processo todas as gravações feitas pelos executivos da J&F, e que, até que isso seja feito, o prazo para apresentação da defesa deveria ficar suspenso.
Para Marco Aurélio, a defesa prévia deve ser considerada a partir da denúncia e dos dados que a embasam. “Tem-se pedido contrário à organicidade do Direito. Destaque-se que, na fase própria, presente o curso natural de eventual processo-crime, poderão as defesas requerer diligências que entenderem pertinentes, ante o princípio da ampla defesa e do contraditório”, disse o ministro ao negar a solicitação de Aécio.
Provas
Segundo os advogados, na petição feita na segunda-feira, desde que o inquérito foi instaurado, tornaram-se públicas várias outras provas que influenciaram o processo de investigação sobre Aécio, “seja porque dizem com (i)legalidade das gravações aqui utilizadas, seja porque relacionam-se com o seu mérito”, dizia trecho do documento, referindo-se às suspeitas e acusações que rondam a delação premiada firmada entre os executivos da J&F e o Ministério Público Federal.
Aécio Neves responde, atualmente, a nove inquéritos no âmbito do STF. Este, em que o senador solicitava por mais prazo, foi originado por denúncia feita em junho deste ano pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que acusa o tucano de ter solicitado e recebido propina de R$ 2 milhões, além de atuar para impedir o avanço das investigações da Operação Lava Jato.
Aécio nega as acusações. Quando Janot apresentou a denúncia contra o senador, a defesa do tucano divulgou nota na qual lamentou o “açodamento” no processo e apontou que “diversas diligências de fundamental importância” não haviam sido realizadas à época. (AE)

Justiça aceita denúncia contra 29 acusados de fraudes com a Lei Rouanet
Eles são réus pelos crimes de organização criminosa, estelionato e falsidade ideológica

Publicado quinta-feira,  14 de dezembro de 2017 às 12:05
Da Redação
A 3ª Vara Federal em São Paulo aceitou a denúncia contra 29 dos 32 acusados de participar de um esquema de fraudes que desviou R$ 21 milhões por meio da Lei Rouanet. Eles agora são réus pelos crimes de organização criminosa, estelionato contra a União e falsidade ideológica. A ação teve origem na Operação Boca Livre, deflagrada pela Polícia Federal em junho de 2016. A juíza Flávia Serizawa também concedeu medida cautelar impedindo dez empresas acusadas de envolvimento nas ilegalidades de voltarem a utilizar o mecanismo de renúncia fiscal.
Segundo as investigações que, além do MPF, envolveram a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União, o Grupo Bellini Cultural desenvolvia projetos fictícios e apresentava contrapartidas ilícitas ao mecanismo de fomento cultural por renúncia fiscal. Criada em 1991, a Lei Rouanet concede incentivos fiscais para projetos e ações culturais. Por meio da lei, pessoas físicas e jurídicas podem aplicar parte do Imposto de Renda devido em projetos culturais.
Superfaturamento
De acordo com a denúncia, os acusados usavam diversos meios, como notas fiscais falsas, para simular a execução ou superfaturar a prestação de contas dos projetos culturais. Havia também a apresentação de projetos duplicados, usando a mesma ação para justificar a prestação de contas de duas propostas enviadas ao Ministério da Cultura. Ainda segundo a procuradoria, espetáculos e apresentações financiados com os recursos públicos acabam se tornando eventos institucionais fechados.
Os recursos, que dentro das propostas deveriam ser usados para apresentações de orquestras e realização de exposições em cidades do interior ou em áreas periféricas, chegaram até, conforme apontam as investigações, a custear o casamento do um dos sócios do grupo acusado.
Além dos diretores e funcionários da Bellini, são acusados de participar das fraudes representantes das empresas doadoras. Entre as companhias estão uma montadora, um escritório de advocacia, uma rede de farmácias, uma rede de loja de eletrodomésticos e empresas de consultoria e auditoria.
Além da análise da documentação apreendida, as provas contra os acusados estão baseadas em cerca de quatro meses de escutas telefônicas. (ABr)

NO BLOG DO JOSIAS
PT define estratégia sobre o julgamento de Lula

Por Josias de Souza
Sexta-feira, 15/12/2017 04:29
O PT reúne seu diretório nacional nesta sexta-feira, em São Paulo. No encontro, a legenda traçará sua estratégia para lidar com o julgamento de Lula na segunda instância do Judiciário e suas consequências. Um integrante do diretório informou ao blog as três principais preocupações do partido no momento:
1) Deixar claro que o PT não cogita adotar um “Plano B”. Nas palavras do dirigente petista, se o partido fosse intimado hoje a apresentar os nomes de três alternativas presidenciais, daria uma resposta fulminante: Lula, Lula e Lula. Sua candidatura tem consequências. Não cogita trocar de candidato nem mesmo na hipótese de decretação da prisão de Lula.
2) O partido deseja exibir sua “musculatura social” em 24 de janeiro, dia marcado pelo TRF-4 para julgar o recurso de Lula contra a condenação que lhe foi imposta por Sergio Moro no caso do Tríplex do Guarujá: 9 anos e meio de cadeia. Deseja-se levar para a frente do Tribunal, sediado em Porto Alegre, uma multidão maior do que a que foi arregimentada para o primeiro depoimento de Lula a Moro.
3) Em caso de condenação, o PT deflagrará o que o dirigente chamou de “guerrilha jurídica.” Manuseará todos os recursos judiciais à disposição. Baterá às portas de todos os tribunais —do próprio TRF-4 ao STF, passando pelo TSE.
(...)

Marun é rendição de Temer à lógica do Centrão 
Por Josias de Souza
Quinta-feira, 14/12/2017 23:56
A chegada de Carlos Marun à pasta da articulação política do governo é marcada por percalços. Já foi adiada um par de vezes. E teve de ser protelada novamente por conta da internação hospitalar de Michel Temer. É como se os céus enviassem recados ao presidente, oferecendo-lhe sucessivas oportunidades para rever a escolha de Marun.
Mal comparando, Temer está na posição do padre da anedota, que teve a igreja invadida por uma enchente. Um fiel, um funcionário da defesa civil e um bombeiro tentaram convencer o padre a abandonar a igreja. “Deus está comigo, nada me acontecerá”, respondeu o padre três vezes, antes de morrer afogado. No céu, ele perguntou a Deus: “Por que me abandonaste, Senhor”. E o Todo-Poderoso: “Ora, padre, mandei três emissários. E você não deu ouvidos!”
Alheio aos avisos do Além, Temer mantém a escolha de Marun. A principal credencial do personagem é a truculência na defesa dos amigos denunciados criminalmente. Foi assim com Eduardo Cunha e com o próprio Temer. Marun tem vocação para o confronto, não para a articulação . Ele chegou à pasta da articulação política num instante em que o núcleo central da base congressual de Temer passou a ser o Centrão. Daí a opção do presidente. As principais características do Centrão são os movimentos pesados e a lama. Um ambiente assim não é compatível com almas leves. Pede tratores e maruns.
O problema é que Temer já está com a água pelo nariz.

Num governo lógico, Luislinda receberia alforria
Por Josias de Souza
Quinta-feira, 14/12/2017 19:55
Luislinda Valois tornou-se ministra de Direitos Humanos de Michel Temer por ser negra, mulher e tucana. Já havia anulado os efeitos de sua feminina negritude ao requerer o direito de acumular uma aposentadoria de desembargadora com o contracheque de ministra. Imaginou-se que permanecia no cargo graças à sua filiação ao PSDB. Mas foi renegada pelo tucanato. Nesta quinta-feira, desfiliou-se da legenda. E anunciou a pretensão de permanecer na Esplanada dos Ministérios.
O apego ao cargo causa espanto. Sobretudo quando se recorda que, sob a alegação de que sua situação, “sem sombra de dúvida, se assemelha ao trabalho escravo”, madame Valois tentou embolsar, noves fora “atrasados” de cerca de R$ 300 mil, uma remuneração mensal de R$ 61,4 mil. Açoitada nas manchetes, a doutora recuou. Deu-se por satisfeita com a maior remuneração permitida por lei na administração pública: o teto de R$ 33,7 mil.
Antes de dar meia volta, a ministra soara assim numa entrevista: “Como é que eu vou comer, como é que eu vou beber, como é que se vai calçar? Eu, como aposentada, podia vestir qualquer roupa, podia calçar uma sandália havaiana e sair pela rua. Mas como ministra de Estado eu não me permito andar dessa forma. Eu tenho uma representatividade.”
Num governo lógico, Luislinda teria sido enviada ao olho da rua no instante em que evocou a escravidão para beliscar um privilégio. Tendo sobrevivido ao inacreditável, teria sido demitida diante da retórica em que se misturaram num caldeirão de desfaçatez a dieta, o guarda-roupa e as havaianas. Tendo resistido ao impensável seria exonerada pela contradição de afeiçoar-se ao cargo que a escravizava.
Um governo lógico já teria dado a Luislinda uma carta de alforria. A ex-tucana continua ministra porque não pode ser lógico o governo presidido por um denunciado criminal, por onde já passaram Geddel Vieira Lima e Romero Jucá e que ainda abriga Eliseu Padilha e Moreira Franco. Num governo assim, Luislinda escravizará o contribuinte pelo tempo que desejar.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Gilmar, O Libertador, sonha com a captura do governo de MT
Saber quem é o ministro do Supremo Tribunal Federal, o que fez e o que provavelmente fará pode manter em níveis siberianos sua taxa de popularidade

Por Augusto Nunes
Sexta-feira, 15 dez 2017, 07h06
Pela afrontosa misericórdia que o anima a livrar da cadeia delinquentes em geral — e, em particular, gente a quem é ligado por laços de amizade, de sangue ou tecidos em festas de casamento — o ministro Gilmar Mendes merece o epíteto que lhe foi conferido pelos companheiros do Supremo Tribunal Federal: O Libertador. É a versão brasileira da homenagem semântica que escolta o nome de Simon Bolívar, El Libertador.
Comandando tropas munidas de armas de fogo e espadas, El Libertador livrou do domínio espanhol um punhado de colônias sul-americanas. O Libertador só precisa acionar sua usina de habeas corpus para devolver o direito de ir e vir a colecionadores de pecados veniais, mortais ou irremissíveis. Estupradores compulsivos como Roger Abdelmassih, corruptos sem remédio como José Dirceu, meliantes de nascença como Antonio Palocci — eis aí três exemplos de que, para Gilmar, ninguém é tão culpado que não mereça seguir vivendo fora da gaiola.
Paradoxalmente, o ministro tão compassivo com figuras detestáveis, desprezíveis ou desavergonhadas é impaciente, irascível ou insolente com quem ousa violar o primeiro dos seus mandamentos particulares: discordar do que pensa ou diz o advogado autopromovido a Juiz dos Juízes é crime. Se praticado por um colega do STF, é crime hediondo, devidamente castigado com repreensões públicas, pitos formidáveis, ironias ferozes ou insultos que removem a fronteira que separa o plenário da mais alta Corte de uma rinha de briga de galo.
O menos tolerante dos 11 doutores venceu vários confrontos. Mas sofreu pelo menos três derrotas que figuram na antologia dos piores bate-bocas ocorridos no Supremo. Nesses tiroteios retóricos, sobraram para Mato Grosso estilhaços de balas endereçadas ao brigão de Diamantino. Foi assim em abril de 2009, quando Gilmar declarou-se acusado por Joaquim Barbosa, durante o debate em torno de um processo sem maior importância, de “sonegar informações” sobre o caso. Joaquim negou ter dito isso, mas a alma beligerante não sossegou. A temperatura só parou de subir quando o futuro relator do Mensalão perdeu a paciência.
“Vossa Excelência está destruindo a Justiça do nosso País!”, exclamou Joaquim. A réplica ensaiada por Gilmar estacou na continuação da contra-ofensiva: “Dirija-se a mim com respeito! Vossa Excelência não está falando com seus capangas de Mato Grosso!”. A pronta intervenção dos sensatos encerrou a sessão (e a troca de desaforos). Quando os trabalhos recomeçaram, nem Joaquim nem Gilmar acharam necessário esclarecer se existiam mesmo, e em caso afirmativo por onde andam, os misteriosos capangas de Mato Grosso.
O segundo revés ocorreu em 27 de outubro deste ano, quando algumas considerações de Roberto Barroso sobre a possível extinção do Tribunal de Contas do Ceará foram interrompidas pelo aparte debochado de Gilmar:
— A gente citar o Rio como exemplo…
— Vossa Excelência deve achar que é Mato Grosso… — devolveu o carioca Barroso. — Onde todo mundo está preso.
Era uma clara alusão ao aumento da população carcerária provocado por revelações feitas pelo ex-governador Silval Barbosa e pelo ex-deputado José Riva, até poucos anos atrás o ex-presidente perpétuo da Assembleia Legislativa.
— Ah, no Rio não estão? — replicou Gilmar.
— Aliás, nós prendemos. Tem gente que solta — golpeou Barroso, que em seguida levou o adversário às cordas com uma saraivada de consoantes e vogais. — Vossa Excelência normalmente não trabalha com a verdade. E está fazendo um comício que nada tem a ver com a extinção do Tribunal do Ceará.
A palavra comício não apareceu por acaso. Comício rima com candidato. E, como a maioria dos ministros, também Barroso está convencido de que Gilmar Mendes sonha com a captura do governo de Mato Grosso nas eleições de 2018. Decisões amparadas em conveniências políticas, como a absolvição de Aécio Neves, conversas noturnas e fora da agenda oficial com o presidente Michel Temer, acrobacias jurídicas concebidas para evitar a cassação da chapa Dilma -Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral — para os colegas de Gilmar, todas essas estranhezas, somadas, confirmam que há uma candidatura em gestação.
Como ensinou a frase famosa atribuída a Garrincha, falta combinar com os russos — no caso, os responsáveis pelo cumprimento das legislação eleitoral e, sobretudo, os mato-grossenses que votam. No universo dos brasileiros bem informados, o ministro é tão conhecido quanto hostilizado pelos amplamente majoritários defensores da Lava Jato. Nos grotões do País, ninguém sabe quem é Gilmar Mendes. Não lhe será difícil ampliar a taxa de conhecimento, mas quem sai do semianonimato não cai necessariamente nos braços do povo.
Saber quem é Gilmar, o que fez e o que provavelmente fará pode manter em níveis siberianos sua taxa de popularidade. Esse risco foi reiterado neste 7 de dezembro, quando se deu o terceiro duelo verbal, agora opondo o irrequieto mato-grossense ao também carioca Luiz Fux. Em busca de saídas para a distorção constitucional que concede a deputados investigados o direito de libertar deputados presos, Gilmar ressuscitou seu fla-flu obsessivo.
— Mato Grosso é um Estado progressista e o Rio de Janeiro está em falência — comparou.
— Um Estado progressista? — corrigiu Fux. — Sinceramente, desde que eu li a delação daquele governador Silval Barbosa…
Depois da leitura, Fux resumiu seu conteúdo com um adjetivo hiperbólico: aquilo é “monstruoso”. O ministro não é dado a superlativos. Mais: certamente imaginou, em algum momento da Lava Jato, que já vira o suficiente para não se surpreender com mais nada. Compreendeu que se enganara ao ver um monstruoso acervo de bandalheiras que os mato-grossenses, por enquanto, mal vislumbraram.
Até as aves do Pantanal sabem que Gilmar e Silval são amigos, e que é tarde para fingir que se conhecem só de vista. Se o ministro insistir na aventura política que passeia por sua cabeça, ambos estarão no mesmo barco. O naufrágio pode consumar-se antes do início da travessia.

NO O ANTAGONISTA
“O ciclo do PT no poder se encerrou”
Brasil 15.12.17 07:52
Guilherme Boulos enterrou Lula.
Entrevistado pelo Valor, ele decretou que “o ciclo do PT no poder se encerrou”.
Leia aqui:
“A esquerda não pode ficar restrita a um projeto eleitoral. Temos um ciclo se encerrando, o ciclo de um estratégia que foi capitaneada hegemonicamente pelo PT, inclusive nos seus governos, de que era possível ter avanços sem enfrentar a estrutura arcaica de privilégios.
Nos governos Lula se teve avanço porque havia um crescimento médio de 4%. Com manejo orçamentário se fazia política social sem tirar nada do andar de cima. Quando a crise vem, isso não é mais possível. A esquerda tem de pensar rumos, um novo projeto, uma nova perspectiva.”

“O Lula não vai conseguir disputar a eleição”
Brasil 15.12.17 07:44
Uma ala do PSB apoiava a candidatura de Lula.
Agora desistiu.
Um líder do partido disse para O Globo:
“O Lula não vai conseguir disputar a eleição. Não acredito que ele vá se arriscar a disputar com a chapa impugnada”.
A parceria comercial entre Gilmar Mendes e Joesley Batista
Brasil 15.12.17 06:45
Gilmar Mendes e Joesley Batista, diz a Veja, “mantiveram uma parceria comercial e uma convivência amigável, a ponto de se visitarem em Brasília e São Paulo, trocarem favores, compartilharem certezas e incertezas jurídicas e tocarem projetos comuns”.
Em 15 de junho de 2015, eles jantaram juntos na casa de Joesley Batista. Em seguida, a JBS passou a patrocinar o IDP, de Gilmar Mendes.
“Sabe-se lá por qual razão”, continua a reportagem, “o assunto era considerado ‘confidencial'”.
10,7 milhões de M&M’s
Brasil 15.12.17 06:17
O STJ autorizou a abertura de inquérito contra Geraldo Alckmin, diz a Veja.
O número do processo é 1215.
Geraldo Alckmin, codinome M&M, é acusado de ter recebido 10,7 milhões de reais do departamento de propinas da Odebrecht.
TRF-5 nega 6 pedidos de habeas corpus de Henrique Alves
Brasil Quinta-feira, 14.12.17 20:21
O TRF-5, com sede no Recife, negou hoje seis pedidos de habeas corpus de Henrique Eduardo Alves, ex-ministro do Turismo e ex-presidente da Câmara.
Alves está preso preventivamente desde junho. O MPF o investiga por suposto envolvimento em irregularidades nas obras da Arena das Dunas em Natal.
O ex-presidente da Câmara é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa.
Sobrinhos da mulher de Maduro são condenados a 18 anos por tráfico
Mundo 14.12.17 20:00
Dois sobrinhos de Cilia Flores, a mulher do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, foram condenados nos EUA a 18 anos de prisão cada um, por tráfico de drogas.
Franqui Flores de Freitas e Efraín Flores haviam sido presos no Haiti em 2015. Eles foram considerados culpados de planejar a entrada de 800 kg de cocaína em território americano.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 10/12/2023 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 05/8/2023 - SÁBADO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 2ª EDIÇÃO DE 08/4/2024 - SEGUNDA-FEIRA