PRIMEIRA EDIÇÃO DE 23-10-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Segunda-feira, 23 de Outubro de 2017
Temer manda Abin contratar mais 300 arapongas
Dois dias após a revista Veja acusar o governo de acionar seu serviço secreto para investigar o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Michel Temer autorizou a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) a contratar 300 arapongas. A Abin pedia autorização, mas só saiu quando Temer foi alvo de Joesley Batista, segundo o Planalto, o “grampeador-geral da Republica”.
Setor carente
O governo avalia que necessita de ações de inteligência para impedir casos como a gravação da conversa do presidente com Joesley.
Vulnerabilidade
Com o presidente vulnerável, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) recomendou a Temer autorizar a contratação dos novos agentes.
R$16 mil por mês
Os novos agentes terão salário inicial de R$16 mil. Ruim de serviço, o Ministério do Planejamento ainda não aprontou o edital do concurso
Disque-pizza
Temer recebeu telefone criptografado, feito na Abin, mas desistiu de usá-lo ao perceber que o número era mais manjado que disque-pizza.
Governo do DF vê agência ‘aparelhada’ pelo PT
Na última semana, o governo do Distrito Federal foi forçado a negar um plano para aumentar para 48 horas consecutivas o racionamento de água nas cidades do Distrito. Mas a agência reguladora de águas do DF (Adasa) publicou dois dias depois uma resolução que confirmava a ideia. A avaliação é de que a Adasa “vazou” o plano para prejudicar o governo, que rejeita cortar a água por 2 dias seguidos.
Por quê?
“Metade da Adasa está controlada por petistas”, esclareceu alta fonte do Buriti sobre o vazamento do plano de racionamento de 48 horas.
Justificativa
Segundo a Adasa, a resolução não ampliou o racionamento, só autorizou a Cia. de Saneamento do DF (Caesb) a ampliar o período.
Pré-requisito
Para dobrar o período de racionamento de água no DF, a agência reguladora precisa apresentar um novo Plano de Racionamento.
Contando votos alheios
A oposição acha que conseguiu reverter votos favoráveis a Temer, na votação de quarta (25), e que o governo já não terá os 263 votos da primeira votação. Mas a maior dificuldade é mesmo da oposição: somar 342 votos para acatar a denúncia da Procuradoria Geral da República.
Alô, é da polícia?
Muito boazinha com as empresas exploradoras do serviço (e sobretudo da clientela), a Agência Nacional de Saúde (ANS) aumentou o valor das mensalidades de 8,7 milhões de vítimas dos planos individuais.
Outro papo
A Alemanha também tem Justiça do Trabalho, mas se a indústria de ações trabalhistas do Brasil responde por 93% do total de todo o Planeta, as do país de Ângela Merkel não chegam a 1% do total.
Senadores por cima
O site Ranking dos Políticos aponta três senadores entre os políticos mais bem avaliados do País: Ana Amélia (PP-RS), nº 1 no geral. Em 3º e 5º, Lasier Martins (PSD-RS) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), respectivamente. 
Lugar errado
Leigos ilustres voltam a julgar um assunto que deveria ser definido pela comunidade científica: o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma na quarta o caso de restrições para homens gays de doar sangue.
Mais ou menos médicos
A Comissão de Assuntos Sociais do Senado vai analisar a “eficiência” do programa Mais Médicos nestas terça-feira (24) e quinta-feira (26). A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) já levou R$1,3 bilhão do Brasil.
Vetos na pauta
Está marcada sessão conjunta do Congresso Nacional nesta terça-feira para analisar seis vetos presidenciais. Um dos vetos anulou pontos da Lei de Diretrizes Orçamentárias
Pragmatismo eleitoral
Há lógica na união PT-PMDB, observa o jornalista Carlos Brickmann. No Nordeste, Lula é o político mais popular e o PMDB tem a melhor estrutura, e mais tempo de TV. E ambos são, digamos, pragmáticos.
Pensando bem...
...só no Brasil que, além da garrafa, o senador também é retornável.

NO DIÁRIO DO PODER
Macri derrota Kirchner em seu primeiro teste nas urnas desde 2015
Candidato apoiado pelo presidente, Bullrich derrotou Cristina

Publicado domingo, 22 de outubro de 2017 às 19:54 - Atualizado às 00:35
Da Redação
O presidente da Argentina, Mauricio Macri venceu com sua coalizão 'Cambiemos', as eleições legislativas de meio mandato neste domingo (22), com vitórias nas cinco maiores províncias do país, segundo os primeiros resultados oficiais, no primeiro grande desafio do mandatário desde 2015. Ele derrotou as forças politicas ligadas a ex-presidente Cristina Kirchner.
As listas macristas ganhavam das do kirchnerismo (peronismo de centro-esquerda) em 15 das 23 províncias, entre elas Buenos Aires, Córdoba, Mendoza, Santa Fe e o distrito federal da capital. A tendência já é irreversível na maioria dos territórios.
No maior distrito, a província de Buenos Aires, que concentra quase 40% dos eleitores, o candidato do 'Cambiemos' ao Senado, Esteban Bullrich, obtinha até às 00h05, 41,34% dos votos, contra 37,27% da ex-presidente e principal opositora, Cristina Kirchner, do partido 'Unidad Ciudadana', com 96,43% das urnas apuradas.
A ex-presidente, peronista de centro-esquerda, pode conseguir, desse modo, um dos três assentos em jogo na Câmara Alta, obtendo assim imunidade parlamentar, em um momento em que é acusada de corrupção.
Um total de 78% dos 33,1 milhões de eleitores votaram para renovar a metade dos 254 assentos da Câmara de Deputados e um terço dos 72 assentos do Senado.

PF indicia Coutinho e primeira-dama por suposto favorecimento ao Grupo Casino
'Acrônimo se tornou anacrônica', reage defesa de Carolina

Publicado domingo,  22 de outubro de 2017 às 19:35 - Atualizado às 20:51
Da Redação
A Polícia Federal concluiu que o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT) atuou com o auxílio do ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, para favorecer o Grupo Casino ao não liberar empréstimo para viabilizar a fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour. Na época dos fatos investigados, Pimentel chefiava o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e presidia o Conselho de Administração do banco público.
No relatório encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) no âmbito da Operação Acrônimo, a PF narra que Pimentel e Coutinho se articularam para impedir a concretização de um empréstimo do BNDES para o empresário Abílio Diniz, que buscava apoio do banco público para a fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour. As informações são do Estadão.
Em fevereiro de 2011, Diniz apresentou o projeto de fusão a Coutinho, que teria autorizado a realização de estudos técnicos sobre a operação. À época, Diniz e os franceses do Grupo Casino disputavam o controle do Pão de Açúcar.
A PF aponta no relatório que o Casino, contrário à compra, teria efetuado pagamentos para uma empresa que cedeu 40% dos valores à mulher de Pimentel, Carolina de Oliveira, em contrapartida à inclusão de uma cláusula em desfavor de Diniz.
"A presença da cláusula condicionante a inexistência de litígio entre o Grupo Pão de Açúcar e o Grupo Casino na prática significou a manifestação prévia do BNDES sobre a necessidade de consenso entre o Grupo Casino e a família Diniz para a obtenção do apoio financeiro pleiteado, cancelando de forma antecipada o enquadramento da operação de fusão, impedindo assim a continuidade da análise do projeto", diz o relatório da PF.
Pimentel não foi indiciado porque é governador e tem foro privilegiado no STJ. A primeira-dama, Coutinho e o jornalista Mário Rosa, cuja empresa havia contratado Carolina para prestar serviços de assessoramento em trabalho contratado pelo Grupo Casino, foram indiciados pela PF por corrupção passiva. Já os executivos Ulisses Kameyama e Eduardo Leônidas, que teriam intermediado os pagamentos, foram indiciados por corrupção ativa. Eduardo Leônidas era executivo do Casino à época dos fatos investigados e hoje atua como diretor de Desenvolvimento e Estratégia no Grupo Pão de Açúcar.
A PF diz que "não há nenhum elemento concreto que evidencie a efetiva participação de Carolina na prestação de serviço objeto do referido contrato e que justifique o recebimento de quase metade do valor pago pelo Grupo Casino" à empresa de Rosa. E ainda demonstra que Carolina de Oliveira seria o "elo entre os interesses do Grupo Casino e Fernando Pimentel, então MDIC e com influência junto à presidência do banco público".
OUTRO LADO
O advogado de Fernando Pimentel, Eugenio Pacelli, disse em nota que o governador de Minas Gerais "repele veementemente" a conclusão do relatório da Polícia Federal no âmbito da Operação Acrônimo. "Nem tudo que reluz é ouro. A Acrônimo se tornou anacrônica, do ponto de vista das provas", comentou Pacelli sobre as acusações de que o petista teria atuado para favorecer o Grupo Casino.
(...)
Para a defesa de Carolina de Oliveira, mulher de Pimentel, o relatório "é mais uma tentativa de manter de pé uma investigação frágil e eivada de irregularidades, que se arrasta há mais de 2 anos e que jamais encontrou qualquer ligação ilícita entre os envolvidos". "Refutamos veementemente as conclusões da autoridade policial neste inquérito e reafirmamos nossa confiança na Justiça, que saberá examinar com a necessária isenção e, ao final, rejeitar as acusações, todas elas desprovidas de qualquer fundamento", comentou o advogado Thiago Bouza ao Estado.
Já o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho afirmou que todas as decisões tomadas por ele envolvendo a tentativa de fusão entre Carrefour e Pão de Açúcar "estiveram dentro da mais absoluta legalidade e lisura" e que "nunca recebeu qualquer tipo de vantagem decorrente do referido processo nem tem conhecimento de que alguma outra pessoa o tenha feito".
De acordo com Coutinho, a cláusula contratual que exigia inexistência de litígio entre o Pão de Açúcar e o Grupo Casino "não foi inserida pelo então presidente do banco e sim determinada pelo comitê de enquadramento e crédito do BNDES". Segundo o ex-presidente, "trata-se de cláusula usual e prudente em negócios com potencial de litígio, o que naturalmente pode inviabilizar a transação". Além disso, ele alega que a contratação da MR Consultoria foi feita posteriormente à definição da cláusula.
Procurados pela reportagem, BNDES, Carrefour e Abílio Diniz não comentaram. O Grupo Pão de Açúcar (GPA) informou que o tema não envolve a empresa e direcionou o pedido de informações ao Grupo Casino. O Grupo Casino, por sua vez, disse que colaborou com as investigações durante todo o inquérito e se declarou "surpreso com suas conclusões equivocadas".
"A oferta hostil de fusão do Grupo Pão de Açúcar com o Carrefour foi à época amplamente rejeitada pelos acionistas, pela mídia e pela opinião pública", afirmou o Casino, acrescentando que continuará colaborando com a Justiça. A assessoria do Casino comunicou ainda que Eduardo Leônidas, que era do grupo e hoje atua no GPA como diretor de Desenvolvimento e Estratégia, não chegou a ter conhecimento das conclusões da Polícia Federal.
O jornalista Mario Rosa diz que nunca foi encontrado nada comprometedor contra ele, apesar de 29 meses de investigações. Ele afirma que nunca esteve no BNDES, que estava fora do País no dia da decisão e estava sendo sondado pelos dois lados em conflito. "Tudo com mensagens eletrônicas que posso comprovar datas, pessoas e locais. Só assinei o contrato bem depois da decisão", diz. Ele afirma ainda que seus honorários foram rigorosamente registrados e tributados. O executivo Ulisses Kameyama já se desligou da Casino e não foi localizado.

NO BLOG DO JOSIAS
Temer rejeita ideia de trocar ministros palacianos

Por Josias de Souza
Segunda-feira, 23/10/2017 03:47
Michel Temer discute em privado os planos para a continuidade do seu governo após o provável sepultamento na Câmara da denúncia que o acusa de integrar organização criminosa e obstruir a Justiça. O presidente foi aconselhado a iniciar pelo Palácio do Planalto uma reformulação de sua equipe ministerial. Reagiu à sugestão com frieza. Depois, comentou com outro interlocutor: “Acha que tenho condições de mandar embora meus amigos da vida inteira?”
Temer referia-se aos ministros palacianos Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). Ambos foram acusados de integrar a organização criminosa estrelada pelo presidente. Mas nada parece abalar o prestígio de que desfrutam. Eles compõem, ao lado do tucano Antonio Imbassahy, ministro responsável pela coordenação política do governo, o seleto grupo de auxiliares com liberdade para virar a maçaneta da porta da sala do presidente.
A sugestão para que Temer reformulasse os quadros do Planalto teve inspiração mais operacional do que ética. Avalia-se que a equipe perdeu a funcionalidade. Imbassahy deveria gerenciar o balcão da fisiologia. Mas se indispôs com o grosso da clientela parlamentar do governo. Deputados de partidos do centrão — PP, PR, PSD e assemelhados — desligaram o coordenador político de Temer da tomada. Muitos abriram negociações paralelas com Padilha. Mas a maioria não sossega enquanto não entrega as demandas diretamente a Temer.
Deve-se sobretudo ao escudo do foro privilegiado a apreensão de Temer com os “amigos” Moreira e Padilha. Afastados do ministério, os dois desceriam do Supremo Tribunal Federal para a primeira instância do Judiciário. Ficariam em situação análoga à do ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso preventivamente no presídio brasiliense da Papuda. Os defensores da tese de que o Planalto precisa de caras novas não compram integralmente a desculpa de Temer, pois os amigos não precisariam ser enviados ao olho da rua. Bastaria transferi-los para outros ministérios, deslocando-os da vitrine do Planalto para os fundões do governo.
Travado longe dos refletores, o debate sobre os quadros do Planalto vem acompanhado de uma pregação em favor da reforma de toda a equipe ministerial. Excluindo-se Padilha e Moreira, que ainda não manifestaram a intenção de pedir votos em 2018, há na Esplanada algo como 17 ministros que cultivam o plano de disputar mandatos eletivos no ano que vem. A conta inclui Henrique Meirelles (Fazenda), que ensaia uma candidatura presidencial.
Temer não ignora que terá que realizar uma reforma ministerial. Mas vinha planejando as trocas para daqui a seis meses, já que o prazo legal para os candidatos deixarem seus cargos no Executivo é o início de abril. Haverá, no entanto, um pressão para que o presidente antecipe o calendário. O movimento deixa o PSDB em situação constrangedora. O partido entrou no governo meio envergonhado. Beliscou quatro ministérios. Um pedaço do tucanato passou a defender o desembarque. Mas o partido foi ficando. Agora, corre o risco de ser colocado para fora da Esplanada aos empurrões.

Blog não discutirá com Moraes, um especialista!
Por Josias de Souza
Domingo, 22/10/2017 19:16
Os ministros do Supremo, como se sabe, estão sentados do lado direito de Deus. Neste domingo, entretanto, Alexandre de Moraes desceu ao purgatório do Twitter para responder a um post veiculado aqui na última sexta-feira. Com a supremacia em riste, Moraes desancou o repórter: “Ignorância, burrice, apoio ao tráfico, ou tudo junto, que soma mais de 40% das mortes no País. É fácil criticar sem conhecer a realidade.” Na sequência, Moraes foi apresentado à realidade das redes sociais. Descobriu da pior maneira que todos são iguais perante as leis da internet. Atacado impiedosamente, o ministro chegou a ordenar a um internauta: “Vá trabalhar!”
Tudo começou na sexta-feira, 20. Horas antes da exibição do último capítulo de ‘A Força do Querer’, Moraes reclamou numa palestra da suposta glamorização da personagem Bibi Perigosa, vivida por Juliana Paes. Declarou que a novela de Glória Perez “mostra aqueles bailes funk, fuzil na mão, colarzão de ouro, mulheres fazendo fila para os líderes do tráfico, só alegria. Aí mostra a Bibi, que se regenerou, ela tentando procurar emprego e não conseguindo. Qual é a ideia que é dada? Que é melhor você não largar. Enquanto você não larga, você tá na boa. É uma valorização. Aí podem dizer que essa é a realidade. Mas tá passando isso de uma forma glamorizada.”
O repórter sustentou que, no Supremo, a coisa é muito pior. Anotou que, não fosse uma senhora bem posta, Glória Perez talvez dissesse a Moraes algo assim: "a TV Justiça “mostra aquelas sessões plenárias do Supremo, Constituição na mão, toga sobre os ombros, poderosos fazendo fila à espera de sentenças que nunca chegam, só alegria. Aí mostra o Aécio, que se safou. A Primeira Turma tentando impor sanções e o plenário impedindo. Qual é a ideia que é dada? Que é melhor você não largar o foro privilegiado. Enquanto você não larga, você tá na boa. Aí podem dizer que essa realidade precisa mudar. Mas sempre haverá um ministro no Supremo para pedir vista do processo e declarar, com glamour: 'Tem que manter isso'!”
Ex-ministro da Justiça de Michel Temer, Moraes não se notabilizou pelo combate ao tráfico. Coordenou a elaboração de um plano nacional de segurança que a realidade vai convertendo em pó (com trocadilho!). No Supremo, porém, Moraes tornou-se notável rapidamente. Pediu vista do processo sobre a limitação do alcance do foro privilegiado. Com seu gesto, favoreceu ex-colegas de governo que respondem a inquéritos na Suprema Corte. Evitou, por exemplo, que ministros como Moreira Franco e Eliseu Padilha tivessem o mesmo destino do ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso preventivamente na Papuda.
Na resposta ao blog, Moraes enquadrou o repórter: “A ignorância de Josias de Souza é tão grande que não sabe que a vista do foro foi devolvida em setembro. Estude mais. Criticar é fácil.” Embora reconheça que precisa estudar muito para alcançar a genialidade de Moraes, o signatário do blog não ignora que o ministro já devolveu o processo à presidência do Supremo. O problema é que permanece pendente de julgamento uma encrenca que poderia ter sido julgada há 143 dias, não fosse o providencial pedido de vista. De resto, Moraes renderia homenagens à transparência se explicasse por que ficou sentado sobre o processo por mais de 100 dias.
Ex-secretário de Segurança do governo tucano de São Paulo, Moraes compôs no Supremo a maioria de 6 a 5 que transferiu para o Legislativo a palavra final sobre sanções cautelares impostas a parlamentares. Graças a esse recuo, o Senado pôde restituir a Aécio Neves o mandato que a Primeira Turma do Supremo suspendera. Sobre isso Moraes não se animou a escrever uma mísera palavra no Twitter. Aos internautas que o criticaram, o ministro respondeu com uma interrogação: “Vocês concordam com o glamour do tráfico de drogas, banhado a sangue, contra o trabalho sério do povo brasileiro?”
O repórter, por ignorante, não entendeu a analogia que o ministro tentou estabelecer. No encerramento de ‘A Força do Querer’, Bibi estava regenerada. Rubinho, seu marido-traficante foi passado nas armas pelo comparsa Sabiá, que recebeu voz de prisão de Jeiza, uma policial militar de mostruário. Salvo melhor juízo, Glória Perez quis realçar a tese segundo a qual o crime não compensa. E a plateia, a julgar pela audiência, foi trabalhar no dia seguinte embevecida com o sucesso da novela.
É compreensível que Moraes não tenha gostado do que viu. A realidade que a ficção exibe só existe porque autoridades como o ministro fracassam em suas tentativas de combater o crime. De resto, Moraes está habituado com uma realidade que ultrapassa qualquer ficção. Os últimos movimentos do Supremo ensinam que não é que o crime não compensa. É que, quando compensa, ele muda de nome. Só não vê quem é ignorante e burro. Ou aliado do tráfico (de influência). O repórter, atento ao conselho supremo — “estude mais” —, não ousaria discordar de alguém que fala da ignorância e da burrice com tamanha supremacia. Trata-se, evidentemente, de um especialista.

NA VEJA.COM
Juíza cuja filha atuava para JBS favorece grupo acusado de fraude
Maria do Carmo Cardoso, mãe da advogada Renata Gerusa, deu decisão favorável ao desbloqueio de bens de empresa do ex-prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz

Por Ana Clara Costa
Domingo, 22 out 2017, 15h05
A desembargadora do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª região, Maria do Carmo Cardoso, mãe da advogada Renata Gerusa do Prado de Araújo, que VEJA revelou ter atuado em nome da JBS na tentativa de compra de decisões judiciais, autorizou o desbloqueio de 45 milhões de reais que deveriam ser pagos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) à rede Soebras, dona de empresas nos setores de educação e saúde, pertencente ao ex-prefeito de Montes Claros (MG), Ruy Muniz, e à deputada federal Raquel Muniz (PSD-MG). O repasse à Soebras foi bloqueado em junho de 2017, em razão da descoberta de fraude fiscal e desvio de recursos públicos pela empresa. O esquema fraudulento foi descoberto em 2016 e resultou na prisão de Ruy Muniz, em abril daquele ano, em episódio que se tornou célebre por ter ocorrido um dia após sua esposa, Raquel, dedicar seu voto pró-impeachment de Dilma Rousseff à gestão do marido em Montes Claros. “Meu voto é pra dizer que o Brasil tem jeito, o prefeito de Montes Claros mostra isso para todos nós com sua gestão”, afirmou.
A rede Soebras sofreu intervenção judicial em dezembro de 2016, depois de o Ministério Público Federal (MPF) descobrir que o grupo dos Muniz, dono de mais de 100 instituições de ensino e com faturamento de centenas de milhões de reais, estava inteiramente em nome de pessoas interpostas. Seu presidente, por exemplo, residia em um bairro humilde de Montes Claros. Segundo o MPF, as empresas ligadas à Soebras movimentaram 2,27 bilhões de reais entre 2012 e 2016 e tinham lucro transferido para organizações controladas pelos Muniz. A movimentação é considerada criminosa porque a Soebras goza de isenção fiscal por ser classificada como entidade beneficente de assistência social, ou seja, não pode dar lucro.
Segundo a Receita Federal, a fraude fiscal é da ordem de 300 milhões de reais. O MPF havia pedido a condenação dos réus por danos morais coletivos em razão dos “inestimáveis prejuízos causados ao longo de anos a milhões de pessoas, distribuídas nas inúmeras cidades do território nacional em que o grupo tem atuação”, e a recuperação dos valores fraudados.
A decisão da desembargadora ocorreu em 6 de outubro, três dias antes de ela sair de férias por 60 dias. Contudo, foi submetida ao sistema do TRF1 somente no dia 10, quando Maria do Carmo já estava fora do batente. Segundo o texto, Maria do Carmo considerou que o bloqueio causava “dano irreparável” à empresa e comprometeria seu funcionamento. O desbloqueio, contudo, ainda não foi concretizado. Um mandado de segurança apresentado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), encarregada de tentar recuperar os recursos desviados, foi julgado pela desembargadora Gilda Sigmaringa Seixas, que, em caráter liminar, suspendeu o desbloqueio e transferiu a decisão para a Primeira Turma num prazo de 60 dias. Como o período deverá coincidir com o recesso do Judiciário, a expectativa é de que o bloqueio dos Muniz perdure, ao menos, até 2018.
Negociatas — Renata, filha da desembargadora, é investigada por ter trocado dezenas de mensagens com o diretor jurídico da JBS, Francisco de Assis e Silva, em que ambos traçam estratégias para obter decisões favoráveis a empresas do grupo — seja por meio de “pagamentos em espécie”, como eles próprios definem, seja por meio tráfico de influência — em processos sob relatoria de Maria do Carmo e de pelo menos três ministros do Superior Tribunal de Justiça: Napoleão Maia, Mauro Campbell e João Otávio Noronha.


NO O ANTAGONISTA
Lava Jato é uma unanimidade
Brasil Segunda-feira, 23.10.17 06:07
A Lava Jato ainda é uma unanimidade nacional.
Para 94% dos brasileiros, “a Lava Jato deveria continuar com as investigações até o fim, custe o que custar”.
A pesquisa Ipsos, citada pelo Estadão, mostrou também que, para 76% dos entrevistados, a Lava Jato “fortalece a democracia”.
O passado da Lava Jato
Brasil 23.10.17 06:48
Sergio Moro, entrevistado pelo Estadão, disse que o futuro da Lava Jato depende da sociedade:
“Se houver uma contínua pressão da opinião pública, imagina-se que até nossas lideranças políticas emperradas terão que adotar uma postura reformista.”
A Lava Jato é uma unanimidade, mas a ORCRIM demonstrou que um cargo na Funasa vale mais do que toda a opinião pública.
Moro: “É frustrante ver como isso é demorado”
Brasil 23.10.17 07:31
A Lava Jato, segundo Sergio Moro, já ganhou.
Ele disse para o Estadão:
“Apesar da permanente sombra do retrocesso, não se pode afirmar que não houve mudanças no quadro de impunidade para esses crimes. Há que se manter uma infinita esperança de que esse é um caminho sem volta e que a impunidade dos barões da corrupção está com seus dias contados. Nessa perspectiva, mudanças de cunho mais permanente, como a execução da pena a partir de uma condenação em segunda instância, são fundamentais.”
Ele reconhece, porém, que a ORCRIM continua ativa:
“As causas da corrupção sistêmica não foram enfrentadas por nossas lideranças políticas. O loteamento político de cargos públicos e que está na origem dos crimes na Petrobras permanece forte como sempre, por exemplo.
Se houver uma contínua pressão da opinião pública, imagina-se que até mesmo nossas lideranças políticas emperradas terão que adotar uma postura reformista quanto a esses temas. Mas é frustrante ver como isso é demorado.”
“Basta a aprovação de um projeto de anistia”
Brasil 23.10.17 07:49
A Lava Jato pode ser destruída “numa madrugada”.
Foi o que disse Deltan Dallagnol, entrevistado pelo Estadão:
“O Congresso pode colocar toda a operação abaixo numa madrugada. Basta a aprovação de um projeto de anistia. Por isso, os resultados da Lava Jato dependem primordialmente de como a sociedade vai reagir”

“A Lava Jato não conseguiu que Lula fosse preso”
Brasil 23.10.17 07:09
Lula continua solto.
Segundo Rodrigo Prando, professor do Mackenzie, isso explica o sentimento de muitos brasileiros de que a ORCRIM vai destruir a Lava Jato.
Ele disse ao Estadão:
“Veja o caso do ex-presidente. Embora condenado em primeira instância, ele continua livre e fazendo campanha pelo Brasil contra a própria Lava Jato. Isso é muito forte. A Lava Jato colocou empreiteiros na cadeia, mas não conseguiu que Lula se tornasse um indivíduo como outro qualquer e fosse preso.”
“A classe política vai acabar com a Lava Jato”
Brasil 23.10.17 06:28
A ORCRIM vai destruir a Lava Jato.
É a opinião de um número crescente de brasileiros, segundo a pesquisa Ipsos.
Diz o Estadão:
“De julho para setembro, cresceu de 19% para 33% o índice dos que acreditam que ‘a classe política vai acabar com a Lava Jato’”.
Isso foi antes da anistia de Aécio Neves, ocorrida na semana passada, e de Michel Temer, marcada para esta quarta-feira,25.
O mundo encantado de Lourdinha
Brasil 23.10.17 08:04
O juiz Marcelo Bretas, hoje à tarde, vai interrogar Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo sobre as joias que eles acumularam com dinheiro de propina.
Ao mesmo tempo, O Globo informa que a joalheira Antonio Bernardo, envolvida no esquema, fechou as portas em Ipanema.
O mundo encantado de Lourdinha acabou.
A nuvem de 40 milhões de reais de Suassuna
Brasil Domingo, 22.10.17 16:07
Há um ano, precisamente, O Antagonista revelou como a editora Gol, de Jonas Suassuna, ganhou milhões com a tal “Nuvem de Livros”.
Veja:
SUASSUNA EMBOLSOU 40 MILHÕES COM A VIVO
Brasil 25.10.16 22:18
Não foi só com a Oi que Jonas Suassuna ganhou rios de dinheiro – depois supostamente repassado a Lulinha e seus sócios.
No laudo da Polícia Federal sobre a movimentação bancária de suas empresas, chama a atenção o valor de R$ 40 milhões embolsados pela Editora Gol com a Movile Internet Movel.
O Antagonista descobriu que o dinheiro tem origem numa parceria com a Vivo para promover os serviços “Nuvem de Livros” e “Nuvem do Jornaleiro”, pelo qual o cliente é debitado em até R$ 3,49 por semana.
Fontes garantem que 95% dos usuários são clientes pré-pago ou Vivo Controle, que não possuem extrato de conta mensal e raramente percebem o débito. O site “Reclame Aqui” registra inúmeras queixas de cobranças não autorizadas pelo serviço.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 2ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 25/02/2024 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 26/02/2024 - SEGUNDA-FEIRA