PRIMEIRA EDIÇÃO DE 18-9-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO   
Segunda-feira, 18 de Setembro de 2017
Delação de Palocci é chave de cadeia para Lula
Em sua proposta de acordo de delação premiada, o ex-ministro Antonio Palocci oferece ao Ministério Público Federal, sem explicitá-la, a oportunidade de finalmente provar que doações ao Instituto Lula não passaram de propina para o ex-presidente. A força-tarefa já comprovou que empreiteiras investigadas na Lava Jato fizeram depósitos de ao menos R$30 milhões ao Instituto, enquanto roubavam a Petrobras.
Agravantes
Deve agravar dramaticamente a situação penal do ex-presidente Lula a comprovação do pagamento de propinas, inclusive em dinheiro vivo.
Acusação corroborada
Palocci é o primeiro a denunciar propina paga em dinheiro para Lula. A delação de Marcelo Odebrecht deve corroborar a acusação.
Referência
Na sua delação premiada, o empreiteiro Marcelo Odebrecht revela que a “referência” de pagamentos ao Instituto Lula era o Instituto FHC.
Padrão ex-presidente
“A gente tinha doado, não me recordo bem, acho que R$40 milhões [a FHC]”, disse Odebrecht. Lula levou os mesmos R$40 milhões, diz.
Cai apoio na Câmara, mas governo ainda vence
A situação do governo Michel Temer na Câmara não é tão confortável quanto dizem os aliados. Nas 24 votações nominais e abertas na Câmara, em agosto, o apoio ao governo foi de 43,8%, o mais baixo desde dezembro do ano passado (42,5%). No PSDB, o apoio caiu 11,56%, de julho para agosto. No PMDB, partido do chefe do governo, a queda foi de 13,38%. Mas o governo venceu as principais votações.
Aprovações importantes
O governo Temer teve vitórias como a medida provisória 777, que criou a Taxa de Longo Prazo (TLP), e ao fixar novas metas fiscais até 2018.
Governo enfraquecido
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, achava que o governo se enfraqueceu com a primeira denúncia de Janot. Mudou de ideia.
O Tesouro vai sofrer
Na equipe econômica, a preocupação agora é o tamanho do custo, para o governo, da rejeição da segunda denuncia de Janot.
Lucros voltaram
Alheio à crise, o Ministério do Planejamento divulga que em 2015, último ano de Dilma, as 154 empresas públicas deram prejuízo de R$32 bilhões. Em 2016, essas empresas deram lucro de R$4,6 bilhões.
Vai uma palestra aê?
A última “palestra” de Lula foi realizada em 2015, quando fez apenas três. Cada uma delas rendia ao petista ao menos US$150 mil (R$450 mil), segundo ele mesmo. Ninguém jamais acreditou nessa lorota.
Palestras de loroteiros
Até Lula desmoraliza a invenção de “palestra” para justificar propina. Diante do juiz Sérgio Moro, o ex-presidente ironizou: “Palocci tem o direito de ficar com um pouco do dinheiro que ganhou com palestras...”
A água acabou
Se os brasilienses reclamam do racionamento que os atormenta desde dezembro, não viram nada. Os reservatórios já atingem o volume morto. Se não chover em quinze dias, o colapso poderá ser total.
Bye, bye, grana
Coisas estranhas acontecem no Banco do Brasil. A partir de 1º de outubro, fechará sua agência Estilo na exclusiva Avenida Paulista, em São Paulo. Simplesmente o maior centro financeiro do hemisfério sul.
Sobre concubinato
O desembargador Claudio de Mello Tavares, um dos magistrados mais admirados do Rio de Janeiro, vai lançar nesta terça (19) o livro “Da União Livre à União Estável – Aspectos do Concubinato” (editora GZ). Será às 19h no foyer do Tribunal de Justiça.
Campanha só no papo
O PT quer aprovar projeto que dá aos políticos o direito de incomodar eleitores em seus celulares, com mensagens tipo telemarketing. Mas não obriga o candidato a informar seu número ao eleitor incomodado.
Sem olhar a quem
A republicana Lava Jato atingiu até quem investiga: na conta do MPF, há um procurador preso e outro investigado, suspeitos de cooptação pela organização criminosa cujo líder foi preso no fim de semana.
Pensando bem...
...após dizer que delatores mentem, provas são falsas e investigadores o “perseguem”, só falta Lula jurar que nem sequer foi presidente.
 
NO BLOG DO JOSIAS
Por Josias de Souza, segunda-feira, 18/09/2017 05:49
Era só o que faltava! O general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, comandante do Exército, costuma dizer que a saída para a crise ética, seja qual for, passa pela Constituição. Na última sexta-feira, porém, outro general da ativa, Antonio Hamilton Mourão, disse coisa bem diferente numa palestra para maçons, em Brasília (repare no vídeo: https://youtu.be/qbisQVqPbBI)
Sem meias palavras, Mourão admitiu a hipótese de uma “intervenção militar” se o Judiciário não conseguir deter a corrupção. Mais: insinuou que ecoava uma opinião dominante no Alto Comando do Exército. Pior: declarou que a força militar realizou ''planejamentos muito bem feitos'' sobre a matéria.
Responsável pelas finanças do Exército, o general Mourão estava fardado quando afirmou que pode chegar a hora de os militares terem de “impor” uma intervenção. Explicou que “a imposição não será fácil''. Enfatizou: “…Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso.''
Ninguém disse ainda, talvez pelo inusitado da situação, mas estabeleceu-se no Exército algo muito parecido com uma pane hierárquica. Um general apregoou, em timbre golpista, a hipótese de ocorrer no Brasil uma nova intervenção militar. E o comandante Vilas Bôas, que se dizia acorrentado à Constituição, não deu ordem de prisão ao subordinado.
Decorridos três dias do acinte, não se ouviu, por ora, uma mísera manifestação pública do ministro da Defesa, Raul Jungmann. Suposto comandante supremo das Forças Armadas, Michel Temer amarelou. O presidente foi citado como parte do problema da corrupção na pergunta que levou o general Mourão a flertar com o inadmissível. E preferiu lidar com o problema à moda do avestruz, enfiando a cabeça na sua insignificância.
Insubordinações militares costumam ser resolvidas com voz de comando e punição. O silêncio, nesses casos, não é remédio, mas veneno. Que país é esse?  

Dodge precisa demarcar o terreno rapidamente
Por Josias de Souza, segunda-feira, 18/09/2017 04:17
Finalmente, o jogo começou para Raquel Dodge. Existe uma grande curiosidade nas arquibancadas para saber como ela se comportará em campo. A conjuntura provoca apreensão: corrupção endêmica, Legislativo apodrecido, Executivo carcomido e Judiciário politizado. Com a Lava Jato sob ataque, a nova procuradora-geral da República precisa adotar nos primeiros minutos de sua gestão um estilo que destoa de sua aparência de frágil senhora.
Raquel Dodge faria um enorme bem a si mesma se observasse uma lei não escrita do futebol. Prevê que a primeira entrada de um zagueiro no atacante adversário precisa ser dura, para que o sujeito saiba com quem está lidando. A nova chefe do Ministério Público terá de conquistar a confiança da torcida. E não há outra maneira de fazer isso senão impondo o respeito que a autoridade do cargo exige.
Respeitabilidade não se confunde com o lançamento cenográfico de flechas. Ao contrário, exige mais método e menos gogó. Um comportamento de zagueiro inspiraria Raquel Dodge a ser implacável, por exemplo. com Marcelo Miller, o ex-procurador que assessorou os delatores da JBS. A suspeita de que o personagem fez jogo duplo precisa ser passada a limpo — mesmo que, para isso, a biografia da banda arqueira da Procuradoria tenha que ser passada a sujo.
O Supremo Tribunal Federal decide na próxima quarta-feira o que fazer com a segunda denúncia que corre contra Michel Temer. A defesa do presidente pede que a peça de Rodrigo Janot seja mantida no freezer até que se decida o que fazer com as provas fornecidas pelos delatores Joesley e Wesley Batista.
Um ânimo de zagueiro levaria Raquel Dodge a entrar de sola nos delatores seletivos da JBS e a defender com vigor: 1) o aproveitamento das provas obtidas enquanto vigorava o acordo de colaboração premiada; e 2) o envio imediato da nova denúncia contra Temer à Câmara, para apreciação dos deputados.
Nunca na história da Procuradoria-Geral uma troca de comando gerou tanta expectativa. Há uma grande torcida pelo saneamento dos métodos do órgão. Em condições normais, a substituta de Janot seria beneficiada com um período de tolerância, para ganhar ritmo de jogo e demarcar seu território.
Entretanto, a atmosfera deteriorada intima Raquel Dodge a entrar como um zagueiro no calcanhar do adversário, estabelecendo rapidamente seu domínio na grande área. Sob pena de converter a energia da arquibancada em combustível para a vaia. 
 
Na memória do Instituto Lula, Palocci é fabuloso
Por Josias de Souza, domingo, 17/09/2017 18:37
O diretório do PT de Ribeirão Preto abrirá nesta segunda-feira um processo que levará à expulsão de Antonio Palocci do partido. Tratado como filiado tóxico desde que soltou sua língua presa em depoimento a Sergio Moro, o personagem sobrevive na memória do Instituto Lula como um petista de mostruário. Entre os guardados da entidade há, por exemplo, uma entrevista de Lula a um jornal da cidade natal de Palocci. Coisa de fevereiro de 2014.
Lero vai, lero vem o repórter pergunta a Lula: “Depois de Palocci, Ribeirão Preto não teve outra liderança petista forte. Existe alguma estratégia do partido para mudar este quadro?” Lula respondeu: “O PT de Ribeirão Preto tem quadros políticos importantes, agora querer que nasça um Palocci a cada ano é impossível. Porque pessoas da competência política do Palocci não surgem a cada dia, a cada ano. Demora muito tempo para nascer.” (veja reprodução abaixo)

Fica entendido que, no Partido dos Trabalhadores, o critério que define o que merece a exaltação ou a execração não é o crime, mas a capacidade do criminoso de não delatar os seus cúmplices.
O artigo 231 do estatuto do partido prevê a expulsão dos filiados que incorrerem em “inobservância grave da ética”. Ou que praticarem “improbidade no exercício de mandato parlamentar ou executivo, bem como no de órgão partidário ou função administrativa”. Ou que sofrerem ''condenação por crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas, com sentença transitada em julgado.''
Dirigentes condenados e presos no Mensalão jamais foram submetidos ao conselho de ética do PT. Reincidentes do Petrolão, como José Dirceu, são cultuados pelos devotos petistas como “guerreiros do povo brasileiro”. Palocci vai à fogueira por ter desonrado a omertà. Quebrou o código de silêncio sobre os crimes da famiglia. Pior: levou à bandeja da Lava Jato o poderoso chefão. Imperdoável! 
 

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