PRIMEIRA EDIÇÃO DE 09-9-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO ESTADÃO
Furacão Irma 'devastará' parte dos EUA, diz chefe de serviços de emergência
O país só recebeu três tempestades de categoria 5 desde 1851, e o Irma é muito maior do que a última a se abater sobre o país em 1992, o furacão Andrew

O Estado de S.Paulo
Sexta-feira, 08 Setembro 2017 | 15h42
Atualizado 08 Setembro 2017 | 23h19
WASHINGTON - Prevendo que o furacão Irma "devastará" parte dos Estados Unidos, autoridades americanas estão preparando uma grande resposta à tempestade, disse o diretor da Agência Federal de Gestão de Emergências dos EUA (Fema, na sigla em inglês) nesta sexta-feira, 8.
Como o Irma deve atingir a Flórida nas primeiras horas de domingo, partes do Estado devem ficar sem eletricidade durante dias, se não mais, e mais de 100 mil pessoas podem precisar de abrigo, alertou Brock Long, administrador da Fema, em uma entrevista coletiva. “O furacão Irma continua a ser uma ameaça que devastará os EUA, seja na Flórida ou em alguns dos Estados do sudeste”, disse Long.
As principais autoestradas da Flórida ficaram engarrafadas hoje, com famílias fugindo de suas casas e filas intermináveis de carros carregados com colchões, galões de combustível e caiaques. O governador da Flórida informou que todos os 20,6 milhões de moradores do Estado deveriam se preparar para partir. Em algumas regiões, funcionários estaduais batiam de porta em porta pedindo que os moradores deixassem o local.
O Irma era um furacão de categoria 5, a escala mais alta, mas foi rebaixado para 4 hoje. Antes, porém, ele destruiu ilhas do Caribe e deixou 19 mortos espalhados por Anguila, Porto Rico, St. Barthélemy , Antígua, Barbuda e Saint Martin, onde 60% das casas viraram escombros e cenas de saques foram registradas.
Apesar de ter perdido força, o Irma continuou hoje a causar uma combinação mortal de tempestade e ondas destrutivas.
Segundo Long, os EUA só receberam três tempestades de categoria 5 desde 1851. “No entanto, o Irma é muito maior do que o furacão Andrew, a última tempestade de categoria 5 que se abateu sobre o país, em 1992.”
Nos últimos dias, as empresas aéreas aumentaram o número de voos partindo da Flórida. Hoje, elas anunciaram a suspensão das partidas em alguns aeroportos do sul do Estado. O secretário de Saúde e de Serviços Humanos dos EUA, Tom Price, qualificou o Irma de “uma tempestade notavelmente perigosa”. “A janela para se chegar a um lugar seguro está se fechando rapidamente”, disse.
O Serviço Nacional do Clima disse que esta sexta-feira é o último dia para os moradores se retirarem antes de os ventos começarem a desenvolver velocidades perigosas na Flórida.
Price disse que o principal hospital de Saint Thomas, nas Ilhas Virgens americanas, foi fechado por ter sofrido danos do Irma, e pacientes em estado crítico estão sendo levados para Porto Rico ou outras ilhas.
O presidente americano, Donald Trump, pediu aos americanos que saiam do caminho do Irma, um furacão, segundo ele, “de proporção épica” e “talvez o maior” já visto no país. “Estejam a salvo e saiam do seu caminho, se possível. O governo federal está preparado!”, escreveu Trump em sua conta no Twitter.
Meteorologistas alertaram que a tempestade pode elevar em até oito metros os níveis normais do mar. A situação pode se agravar em razão da fuga em massa de pessoas, que vem causando engarrafamentos e falta de combustível.
Tempestades 
Enquanto o Irma avança em direção à Flórida, os meteorologistas passaram a monitor mais de perto outros dois furacões: o José – tempestade de categoria 4 que segue o caminho do Irma, mas não deve atingir o território americano – e o Katia, de categoria 2, que deveria chegar ao litoral mexicano na madrugada de amanhã.
Na quinta-feira, o Senado americano aprovou por 80 a 17 votos uma medida para mais do que dobrar o financiamento da Fema, para US$ 15,25 bilhões, e liberar fundos para autoridades locais lidarem com desastres naturais. O fundo de assistência da Fema poderia acabar nesta sexta-feira sem uma ação, argumentaram senadores. 


NO BLOG DO FAUSTO MACEDO
Janot pede prisão de Joesley, Saud e ex-procurador Miller
Procurador-geral da República encaminhou a decisão ao ministro do Supremo Edson Fachin no fim da noite desta sexta-feira, 8; os três negam irregularidades

Por Beatriz Bulla, de Brasília
Sexta-feira, 08 Setembro 2017 | 22h26
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou nesta sexta-feira, 8, ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de prisão do empresário Joesley Batista, um dos donos do Grupo J&F, segundo apurou o Estado. O pedido ainda precisa ser analisado pelo ministro Edson Fachin, relator do caso na Corte.
Além de Joesley, o procurador-geral pediu que o Supremo autorize a prisão de Ricardo Saud, diretor do J&F, e do ex-procurador Marcello Miller.
Os pedidos foram motivados pelo conteúdo de uma gravação entregue pela própria defesa do Grupo J&F, na qual Saud e Joesley falam sobre a suposta interferência de Miller para ajudar nas tratativas de delação premiada. O ex-procurador ainda fazia parte do Ministério Público quando começou a conversar com os executivos, no fim de fevereiro. Ele pediu a saída da instituição em fevereiro e foi exonerado, de fato, apenas em abril.
Na segunda-feira passada, Janot abriu um procedimento de revisão do acordo de delação dos executivos. Ele pediu a revogação do benefício de imunidade penal concedido aos delatores. Segundo interlocutores, Janot ficou irritado com a gravação que demonstrou que Joesley e Saud omitiram informações ao fazer acordo com as autoridades.
A prisão preventiva dos envolvidos já vinha sendo analisada por Janot nos últimos dias.
Na quinta-feira, 07, os executivos prestaram esclarecimentos à PGR, em Brasília, mas não convenceram. Eles afirmaram que o ex-procurador Miller informou que já havia pedido exoneração do Ministério Público quando os procurou. Também tentaram minimizar o conteúdo da gravação, qualificando-a como “uma conversa de bêbados”.
Informações
Nesta sexta-feira foi o dia de Miller prestar depoimento. Ele chegou no meio da tarde à sede do MPF no Rio e não havia deixado o prédio até o fim da noite. A avaliação na instituição é de que os fatos narrados foram graves e indicam a prática de crimes.
No caso de Miller, há auxiliares de Janot que avaliam que ele atuou na J&F com uso de informações privilegiadas que possuía por ter integrado a equipe da Lava Jato. Com isso, pode ter incorrido nos crimes de obstrução da Justiça e exploração de prestígio. Miller integrou o grupo de trabalho que auxilia Janot nos trabalhos da Lava Jato perante o STF.
Já no caso dos delatores da J&F, a avaliação na Procuradoria é de que, pelo áudio, fica claro que os executivos tentaram omitir informações e escolher as provas que levariam ao conhecimento do Ministério Público.
Por meio de sua assessoria, o Grupo J&F informou que desconhece qualquer informação sobre o pedido de prisão de Joesley e Saud. Já o ex-procurador Marcello Miller afirmou que não cometeu qualquer crime ou ato de improbidade administrativa e que está disposição das autoridades.
A Procuradoria-Geral da República afirmou que Janot “jamais” se encontrou com Joesley e “não recebeu Marcelo Miller na condição de advogado do Grupo J&F”. “As tratativas efetivas para celebração de acordo de colaboração premiada com os advogados dos executivos do Grupo J&F se deram somente no fim de março, após a gravação em questão”, disse a PGR.

Janot quer ‘quadrilhão’ do PMDB fora do Senado e cobra R$ 200 milhões
Na denúncia de 230 páginas levada ao Supremo, procurador pede condenação de cinco senadores à perda do cargo público e, ainda, pagamento de R$ 100 milhões a título de danos morais e R$ 100 milhões por reparação aos cofres da Petrobrás e da Transpetro

Por Beatriz Bulla e Breno Pires, de Brasília, e Luiz Vassallo, de São Paulo
Sexta-feira, 08 Setembro 2017 | 18h41
Ao denunciar os senadores da cúpula do PMDB, Edison Lobão (MA), Jader Barbalho (PA), Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO) e os ex-senadores José Sarney (AP) e Sérgio Machado (CE), por organização criminosa, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cobrou dos peemedebistas R$ 100 milhões a título de danos morais e R$ 100 milhões para reparar os cofres da Petrobras e da Transpetro.
Documento
A NOVA FLECHADA DE JANOT PDF
Na denúncia contra o ‘quadrilhão do PMDB’, levada nesta sexta-feira, 8, ao Supremo Tribunal Federal, ainda consta requerimento para que eles percam seus cargos públicos.
Janot ofereceu denúncia contra o ‘quadrilhão do PMDB’ no Senado por crimes envolvendo a administração pública, especialmente na Petrobras e na Transpetro, apontando que eles teriam causado prejuízo de R$ 5,6 bilhões aos cofres das estatais – sendo R$ 5,5 bilhões na Petrobras e R$ 113 milhões na Transpetro.
Segundo a peça, os senadores e ex-senadores teriam pego R$ 864 milhões em propinas.
Janot destacou a responsabilidade dos peemedebistas, ‘até os dias de hoje’ na indicação de cargos à estatal – parte deles loteados por ex-diretores que hoje delatam na Lava Jato, como Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.
Esta é a 34ª denúncia da Procuradoria-Geral da República no âmbito da Operação Lava Jato perante o Supremo.
COM A PALAVRA, VALDIR RAUPP
“Esta denúncia deveria ter aguardado a transição junto ao MP. Nada explica que somente seja oferecida ao apagar das luzes de um mandato que pressionou exageradamente por delações, e que hoje esteja sob suspeita por tal motivo. De qualquer forma, o senador já obteve o não indiciamento em dois inquéritos cujos delatores não provaram nada do alegado, e acredita ser esse o destino do presente caso”
Daniel Gerber, advogado de Valdir Raupp
COM A PALAVRA, O ADVOGADO ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, KAKAY, QUE DEFENDE LOBÃO, JUCÁ E SARNEY
"Ao Jucá e Lobão, recebemos essa denúncia com certa perplexidade embora a partir do momento em que o Rodrigo Janot resolveu denunciar todos os envolvidos dividindo por partido, na primeira denuncia do PP e na outra do PT, me parece que ele deixou bem claro que a questão dele é contra os políticos. Ele é contra o partido político. Ele está colocando o simples fato das pessoas estarem filiadas ao partido político e exercerem o dia a dia normal de uma democracia, que é poder indicar pessoas para cargos técnicos, como se isso fosse de alguma forma uma organização criminosa. É espantoso esse raciocínio.
Na realidade, nos temos alguns políticos que estão nesta estrutura que sequer participaram de nenhum tipo de indicação , mas, na visão tacanha do procurador-geral, o simples fato de estar participando do partido político, ter participado às vezes sobre discussão de cargos técnicos – que em qualquer democracia se faz dessa forma – significaria que seria uma organização criminosa.
Sem poder apontar absolutamente nada de ilegal, de contrapartida. Então, em relação ao Jucá e ao Lobão, a defesa recebe cm bastante perplexidade, mas, tendo em vista as denúncias contra partidos políticos, imaginávamos que poderia ser também essa linha.
Ou seja, se faz parte de um partido político e aquele partido deu apoio a um governo – a um governo que Janot é frontalmente contrário, e isso é claro, hoje mais do que nunca – , essas pessoas poderiam ser denunciadas sem nenhuma base legal. Esperamos que o Supremo não receba essa denúncia, porque a política é uma questão necessária para a democracia.
O presidente José Sarney, eu quero ressaltar que somos advogados eu e o ex-ministro do supremo, José Paulo Sepúlveda Pertence. A situação dele é completamente diferente dos outros que estão citados, até porque o presidente já não é senador e não fazia parte dessa discussão de cargo."

COM A PALAVRA, RENAN
“Para criar uma cortina de fumaça tentando desviar o assunto e encobrir seus malfeitos, o procurador-geral começa a disparar mais denúncias defeituosas. Essa é outra tentativa de vincular-me aos desvios criminosos da Petrobras, me denunciando várias vezes pela mesma acusação. Ocorre que eu nunca mantive qualquer relação com os operadores citados e o procurador já sabe disso”.
COM A PALAVRA, SÉRGIO MACHADO
“A defesa de Sérgio Machado reitera que ele continua colaborando com a Justiça. Sua colaboração trouxe provas materiais sobre crimes envolvendo políticos e fornecedores da Transpetro, que vêm sendo confirmados por outras colaborações, e já resultou na instauração de diversos procedimentos perante o Supremo Tribunal Federal, além de inquéritos policiais na Subseção Judiciária de Curitiba.”
COM A PALAVRA, JADER
"Isto é uma cortina de fumaça lançada por Janot, nos seus últimos dias de PGR, para confundir a opinião pública, depois que ele beneficiou a J&F com imunidade processual, inexistente na legislação. Janot já está na história como o procurador responsável pela Operação Tabajara da PGR, na qual seu braço direito, Marcello Miller, era o agente duplo que prestava assessoria aos maiores assaltantes dos cofres públicos: os irmãos Batista."
Senador Jader Barbalho
Belém, 08.09.2017 

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Sábado, 09 de Setembro de 2017
Geddel pode ter malas em outros esconderijos
O apartamento no Chame-Chame, bairro de Salvador, não é o único local onde Geddel Vieira Lima escondia dinheiro. A suspeita é que há malas e caixas semelhantes espalhados em diversos outros locais, inclusive fora da Bahia. A apreensão dos R$51 milhões atribuídos ao ex-ministro de Lula e Temer não causou especial surpresa no mundo político: esse tipo de esconderijo é mais comum do que se imagina.
Local manjado
O imóvel no Chame-Chame era conhecido dos vizinhos de Geddel, que o viam com frequência no local. Fica a menos de 1km da casa dele.
Caça ao tesouro
O Ministério Público Federal e a Polícia Federal vão listar até mesmo imóveis remotamente ligados a Geddel, à procura de malas.
Começou a procura
O juiz federal Vallisney de Souza Oliveira já mandou vasculhar em outros endereços, inclusive a casa onde mora a mãe de Geddel.
Delação sonhada
Uma das expectativas dos investigadores, no caso Geddel, é que ele também se disponha a delatar seus cúmplices no esquema.
Risco Brasil cai a níveis pré-reeleição de Dilma
O Risco Brasil mede o grau de confiança do mercado na economia do País e chegou a 250 pontos em maio, nível que nunca foi atingido desde que Dilma foi reeleita, em 2014. O índice, usado com base para investimentos estrangeiros, já caiu 36,5% em relação aos 394 pontos registrados no dia seguinte à aceitação do impeachment pela Câmara dos Deputados e segue com viés de queda pela melhora na economia.
Risco Dilma
O Risco Brasil caiu de 394 para 309 entre a votação do impeachment na Câmara e a cassação de Dilma no Senado.
Ela era um perigo
Com Dilma no comando do governo e da economia, o Risco Brasil chegou a atingir 548 pontos, nível 107% maior do que quando assumiu.
Maior da história
O maior nível registrado pelo Ipea na série histórica, desde 1994, foi de 2.436 em setembro de 2002, um mês antes da eleição de Lula.
Estimativa bilionária
Nas gravações, Joesley fala mal da própria mulher e até confessa infidelidade. Tem gente estimando que, em caso de separação, Ticiane Vilas-Boas se livraria dele com pelo menos R$20 bilhões na conta.
Cada um na sua
Pesquisa do Instituto Paraná revelou que 31,7% dos brasileiros veem o juiz Sérgio Moro como o mais preparado para a Política, 9,1% preferem o procurador Dallagnol, mas 44,2% querem que eles fiquem onde estão.
Devassa no ‘S’
O Tribunal de Contas da União vai auditar entidades do Sistema S (Sesi, Senai, Sesc, Senac, Sest, Senat, Senar, Sescoop, ABDI, Apex e Sebrae). A receita dos 9 maiores órgãos é superior a R$32 bilhões por ano. No total, serão fiscalizadas 229 unidades nos próximos 12 meses.
Tratamento especial
O ex-procurador Marcelo Miller mereceu tratamento especial, ao depor ontem no Rio. Livre de condução coercitiva, ele prestou depoimento longe do local onde trabalhava “para evitar constrangimentos”.
Virou bicho, comeu o dono
Sobre o acordo de delação premiada “pré-cancelado” de Joesley JBS, o jornalista Carlos Brickmann lembra Tancredo Neves: “‘Quando a esperteza é muita’, ensinou o político, ‘vira bicho e come o dono’”.
Economia ganha fôlego
Os turistas que invadem Alagoas neste feriadão, com 89% de ocupação da rede hoteleira, demonstram na prática que a atividade econômica está voltando com força maior que previsões mais otimistas.
Bando de mentirosos
O governador do DF, Rodrigo Rollemberg, não aguentou tantas lorotas contra o projeto que altera a previdência dos servidores, e desabafou com rara coragem: “dirigentes sindicais mentem descaradamente”.
Cuidado com a Latam
Cliente da Latam pagou R$4.570, mais 16 mil de pontos ‘multiplus’, por uma passagem Brasília-Paris. Mas, ao pedir a pontuação da viagem, a empresa recusou, alegando que não pode pontuar quando usa dinheiro e mais pontos. “Quase R$5 mil sem pontuar?”, indignou-se, em vão.
Pensando bem...
... delação de bêbado não tem dono.

NA VEJA.COM
EXCLUSIVO: Funaro entregou R$ 11,4 mi em dinheiro vivo a Geddel
Doleiro levou mala de propina até na festa de 15 anos da filha do ex-ministro. ‘Geddel demonstrava naturalidade ao receber os valores’, diz.

Por Robson Bonin
Sexta-feira, 08 set 2017, 17h53 - Publicado em 8 set 2017, 15h33
Operador financeiro dos esquemas de corrupção do ex-deputado Eduardo Cunha e do chamado “PMDB da Câmara”, o doleiro Lúcio Funaro revela em detalhes, no acordo de delação, como funcionava a entrega de malas de propina para o ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Na edição que começou a circular nesta sexta-feira, VEJA revela com exclusividade os principais trechos do roteiro apresentado pelo doleiro no acordo. Segundo Funaro, em apenas dois anos, 2014 e 2015, Geddel recebeu 11,4 milhões de reais em dinheiro vivo divididos em 11 entregas operadas pelo doleiro. Os pacotes de dinheiro eram levados em um jato particular e entregue ao próprio ex-ministro em um hangar privado do Aeroporto Internacional de Salvador. Funaro também cita entregas em hotéis de São Paulo e da capital baiana. Ele diz ter entregue propina até na festa de 15 anos da filha de Geddel.
“Ao descer do avião (com a mala de dinheiro), era indagado por Geddel a respeito da quantia que estava sendo entregue. Geddel demonstrava naturalidade ao receber os valores”, diz Funaro. “Recorda-se de ter entregue dinheiro para Geddel em São Paulo, no Hotel Renaissense, na Alameda Santos, e uma vez em Salvador, no Hotel Pestana, no dia em que a filha de Geddel estava fazendo uma festa para comemorar seus 15 anos”, complementa o doleiro.
Geddel voltou a ser preso em regime fechado, pela Polícia Federal, na manhã desta sexta-feira. Ele foi detido no último dia 3 de julho, por decisão do juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, tendo sido transferido para a prisão domiciliar nove dias depois, por decisão do desembargador Ney Belo. Agora, o ex-ministro será levado de volta para Brasília, onde cumprirá a nova detenção preventiva, também assinada por Vallisney. O juiz ainda determinou a prisão do advogado Gustavo Ferraz e mandados de busca e apreensão nas casas de Geddel, da mãe dele, e de Ferraz.
A ação acontece três dias depois da Operação Tesouro Perdido, a descoberta de um apartamento que serviria de “bunker” para o ex-ministro. Após uma denúncia anônima, a PF fez no imóvel maior apreensão de dinheiro em espécie da História do País: 51 milhões de reais. Segundo os policiais, as digitais do ex-ministro foram encontradas nas cédulas e nas caixas que guardavam o valor dentro do apartamento.
No acordo de delação, o doleiro Lúcio Funaro apresentou aos investigadores da Procuradoria-Geral da República (PGR) registros de trocas de mensagens de celular com Geddel, históricos de voos do jatinho que fazia o “delivery” das malas para o ex-ministro, planilhas de pagamentos e, em alguns casos, até extratos bancários das operações. Amigo pessoal de Temer, Geddel foi ministro da Secretaria de Governo e tinha aval do presidente para comandar as relações do Planalto com o Congresso. Na delação, o doleiro narra em detalhes como funcionou o propinoduto na Vice-Presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, entre 2011 e 2015, período em que Geddel comandou a repartição. Funaro descreve o ex-ministro, “amigo e interlocutor de Temer”, como um “forte arrecadador de doações e propinas”.
Em 2014, por exemplo, Funaro diz ter feito nove entregas de dinheiro vivo a Geddel. Uma de 600.000 reais e outra de 500.000 reais em fevereiro, uma de 800.000 reais em março, 1 milhão em maio, mais 1 milhão em julho, 1,5 milhão em agosto, 3,2 milhões em setembro, 1,2 milhão em outubro e 500.000 em dezembro. Em 2015, foram duas entregas de 500.000 reais cada.
Durante os governos do ex-presidente Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff, o grupo do PMDB da Câmara apoderou-se de cargos estratégicos no banco. Funaro conta que os peemedebistas usavam a influência política para favorecer empresários dispostos a pagar milionárias propinas para acessar as linhas de financiamento da Caixa.
Funcionava assim: ora Lúcio Funaro ora Eduardo Cunha faziam os contatos com empresários interessados em obter empréstimos junto ao banco. Depois de negociar os valores da propina, Cunha negociava a liberação dos recursos com Geddel, que ocupava a vice-presidência de Pessoa Jurídica do banco. Quando o dinheiro saía, a propina era paga às empresas do doleiro Lúcio Funaro, que providenciava a partilha da propina.
No período em que o PMDB comandou o esquema na Caixa, cerca de 5 bilhões de reais, a sua maioria extraídos do FI-FGTS, um fundo de investimentos em infraestrutura administrado pela Caixa, foram liberados para empresas que pagaram aos peemedebistas mais de 170 milhões de reais em propinas.
Lúcio conta que conheceu Geddel por intermédio de Eduardo Cunha. O doleiro pagou propina pela primeira vez a Geddel depois de o peemedebista ter favorecido o empresário Joesley Batista, da J&F, em um negócio de 300 milhões de reais. O primeiro encontro ocorreu no hangar da Ibero Star, no aeroporto de Salvador. Funaro desceu com a mala recheada de dinheiro, conversou com Geddel por menos de dez minutos e voltou para o avião. Um encontro frio e rápido.
Com o tempo, porém, as entregas tornaram-se cada vez mais frequentes e Geddel perdeu a cerimônia. Lúcio passou a entregar malas de dinheiro para o peemedebista em hotéis de São Paulo e Salvador e até no aniversário de 15 anos da filha de Geddel. O doleiro lembra que era comum, nas entregas de propina, ser recebido por um Geddel ansioso no aeroporto. Segundo o doleiro, durante os minutos que estava com o ex-ministro no hangar para repassar as malas, os dois “conversavam brevemente sobre política e sobre as próximas operações vislumbradas”. Lúcio diz no acordo que
a rotina de entregas seguiu firme e forte mesmo depois da deflagração da Operação Lava-Jato. Lúcio conta que não interrompeu o esquema porque ele e Geddel acharam que as investigações da Lava-Jato na Petrobras não iriam se expandir para outros setores do governo. O esquema mudou quando Lúcio passou a figurar como potencial alvo da Polícia. O delator conta que, um pouco antes de ser preso, recebeu um recado de Geddel para que interrompesse os pagamentos. “Não… Pára. Dá uma segurada e depois nós acertamos isso aí”, disse Geddel.
A última operação realizada por Geddel na Caixa ocorreu em 2015 e rendeu 20 milhões de reais em propina. O empresário Joesley Batista pediu a Funaro a liberação de um crédito de 2,7 bilhões de reais, para a compra da Alpargatas, combinando o pagamento de uma comissão de 3% pela operação. Lúcio pediu a Geddel a liberação do crédito no banco. Antes de receber a propina, no entanto, Funaro foi alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal, o que assustou Geddel, que avisou: “Deixa esse dinheiro aí com você, não quero saber desse dinheiro, não sei o que pode lhe acontecer, se precisar você já tem dinheiro contigo”

NO RADAR ON-LINE
Mantega prometeu detalhar como recolhia dinheiro para o PT
Vísceras expostas

Por Gabriel Mascarenhas
Sexta-feira, 8 set 2017, 12h00
Em seu acordo com o Ministério Público, Guido Mantega se comprometeu a falar sobre a tramitação de MPs de governos petistas e a detalhar como recolhia dinheiro para o partido.
Na gravações divulgada por VEJA, o empresário Joesley Batista torcia para que a prisão de Mantega ocorresse antes do acordo de delação premiada dele e de outros executivos da JBS.

NO O ANTAGONISTA
TSE vai salvar PT, PMDB e PP
Brasil Sábado, 09.09.17 08:09
O TSE de Gilmar Mendes, que jogou fora as provas da Odebrecht e absolveu a chapa Dilma Rousseff – Michel Temer, agora se prepara para absolver PT, PMDB e PP, impedindo que eles sejam extintos.
Leia o blog de Josias de Souza:
“Acusados de engordar seus caixas com verbas roubadas da Petrobras, PT, PMDB e PP devem ser absolvidos nos processos que correm no Tribunal Superior Eleitoral. Pela lei, as três siglas poderiam ser punidas com a extinção. Entretanto, três dos sete ministros do TSE informaram ao blog que são mínimas as chances de uma condenação que leve ao fechamento das legendas (…).
Esboça-se desde logo uma maioria contra a cassação do registro dos partidos. Essa tendência foi potencializada pelo arquivamento da ação que pedia no TSE a cassação da chapa Dilma Rousseff – Michel Temer (…).
Nos processos contra os partidos, as provas são essencialmente as mesmas, disse um dos ministros em conversa com o blog. Segundo ele, seria um contrassenso utilizá-las para justificar a extinção das legendas depois de tê-las descartado no julgamento da chapa Dilma-Temer.”
As digitais de Temer
Brasil 09.09.17 07:54
“Aliados e adversários de Temer admitem que só a descoberta de um vínculo direto entre o presidente e a dinheirama atribuída a Geddel Vieira Lima reacenderia o desejo do Congresso de aceitar a segunda denúncia de Janot”, diz a Folha de S. Paulo.
Sem as digitais de Michel Temer nos sacos de propina, portanto, nada feito.
A condição para aceitar segunda denúncia contra Temer
Brasil 09.09.17 07:49
Aliados e adversários de Temer disseram ao Painel da Folha que só um vínculo direto entre Michel Temer e a dinheirama atribuída ao seu ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) levaria a Câmara a aceitar a segunda denúncia de Rodrigo Janot contra o presidente.
“A delação de Lúcio Funaro, recheada de acusações contra o PMDB, seria insuficiente para afastar Temer. Motivos: 1) Funaro admite que não tinha proximidade com o presidente; 2) O governo tratará o doleiro como criminoso confesso, reincidente e violento.”
O Antagonista relembra que o doleiro não era operador direto do presidente, função que atribuiu a José Yunes, Wagner Rossi e Marcelo Azeredo, além do coronel João Baptista Lima Filho.
“Embora nunca tenha tratado de dinheiro com Temer, sabia que ele estava a par de todas as operações”, diz um trecho da delação de Funaro.
PT e PMDB juntos contra Janot
Brasil 09.09.17 07:36
Na ofensiva contra Rodrigo Janot, os petistas alegam que o procurador-geral apresentou as denúncias contra o partido para “desviar o foco” da crise instalada em seu gabinete após o autogrampo de delatores da J&F.
“Ele adotou procedimento básico em qualquer manual de gerenciamento de crise”, disse Paulo Pimenta (PT-RS) ao Painel da Folha.
A coluna registra:
“O discurso do PT é idêntico ao que foi adotado pelo PMDB nesta sexta (8), após Janot também denunciar a cúpula da sigla no Senado por organização criminosa.”
É o procedimento básico em qualquer manual de gerenciamento de crise.
A ofensiva do PT contra o “ingrato” Janot
Brasil 09.09.17 07:28
Irritados com a denúncia de Rodrigo Janot contra o quadrilhão do PT, deputados petistas agora endossam ofensiva antes protagonizada só por aliados de Michel Temer para fustigar o chefe do MPF, segundo o Painel da Folha.
Eles passaram a defender que o procurador-geral seja “convidado” (porque só depois de deixar o cargo poderá ser “convocado”) à CPI que investiga a JBS para explicar o acordo que fechou com Joesley Batista.
O Antagonista lembra que, em gravação da Lava Jato de 7 de março de 2016, obtida por escuta telefônica, Lula já reclamava da ingratidão de Janot:
“Essa é a gratidão. Essa é a gratidão dele por ele ser procurador.”
R$ 13,5 milhões a Michel Temer
Brasil 09.09.17 07:15
Lúcio Funaro citou propinas de R$ 13,5 milhões pagas ao presidente Michel Temer.
É o que destaca O Globo, com base na delação do doleiro, obtida na sexta-feira, 08, por O Antagonista e noticiada pela Veja.
Como antecipamos, Funaro cita “repasses de R$ 1,5 milhão do grupo Bertin, R$ 7 milhões da JBS e outros R$ 5 milhões de Henrique Constantino, do Grupo Constantino, com parte do dinheiro usado na campanha do então deputado Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, em 2012”.
O que ele tinha a dizer não vale nada?”
Brasil 09.09.17 06:53
Após dez horas de depoimento, Marcelo Miller não falou com a imprensa, mas o advogado do ex-procurador, André Perecmanis, chamou as denúncias contra seu cliente de “infâmias” e criticou o pedido de prisão feito por Rodrigo Janot:
“Causou espécie o pedido, que soube pela imprensa. Para que esse longo depoimento, então? O que ele tinha a dizer não vale nada? Ele passou o dia inteiro e respondeu a todas às perguntas.”
Segundo Perecmanis, o novo áudio de Joesley Batista é “absolutamente desconexo”, contém uma “série de atrocidades” e foi gravado em “condições que ninguém sabe quais são”.
O gulag de LulaBrasil 09.09.17 06:37
O depoimento de Antonio Palocci contra Lula renovou a guerra entre stalinistas e trotskistas do PT.
Essa gente ainda sonha com o gulag.
Leia a coluna de João Domingos:
“A ala stalinista tem aproveitado o momento para bater forte na ala trotskista, da qual se originou Palocci, lembrando-a de que o também ex-ministro José Dirceu (stalinista) passou anos na cadeia, sofreu todo tipo de pressão e jamais abriu a boca (…).
Embaçada no tempo, e desconhecida de quem não é do meio, a briga entre stalinistas e trotskistas jamais vai parar. Há quase um século cada lado acusa o outro das maiores barbaridades.
Uma questão, no entanto, é preciso ser levantada nesse debate. Palocci está preso e condenado a doze anos, dois meses e vinte dias de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Não é um preso político, não está sendo torturado para fazer revelações que envolvam companheiros de armas e de revolução nem fala em nome de Trotski.
Quem conhece Palocci até arrisca um palpite sobre o comportamento dele: a convivência na prisão com o empresário Marcelo Odebrecht o teria convencido de que proteger Lula não vai resultar, no futuro, nem num gesto de gratidão por parte do ex-presidente. Melhor tentar sair agora, falando o que sabe.”

O valor de Dirceu
Brasil 09.09.17 06:49
A imprensa também tem uma ala stalinista e outra trotskista.
A Folha de S. Paulo, neste sábado, publicou a seguinte nota:
“José Dirceu, condenado na Lava Jato, diz que prefere ‘morrer’ antes de delatar, como tenta fazer o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.”
O herói prosseguiu:
“Dirceu, questionado sobre depoimento em que Palocci envolve Lula diretamente com o recolhimento de propinas para o PT, respondeu a interlocutores: ‘Só luta por uma causa quem tem valor. Os que brigam por interesse têm preço. Não que não me custe dor, sofrimento, medo e às vezes pânico. Mas prefiro morrer a rastejar e perder a dignidade’”.
O valor de José Dirceu já foi calculado pela Lava Jato e lhe rendeu uma pena de 32 anos de cadeia.
Funaro revela que Lobão Filho é sócio do grupo Bertin
Brasil Sexta-feira, 08.09.17 21:10
Lúcio Funaro contou à PGR que Lobão Filho é sócio do grupo Bertin em pequenas usinas hidrelétricas no Pará.
O grupo tentou se livrar de uma multa da Aneel com influência de Edison Lobão, o pai, mas garante que não teve sucesso.
Funaro entrega operação do Bertin no Rodoanel
Brasil 08.09.17 21:05
Lúcio Funaro contou em sua delação premiada, obtida por O Antagonista, que também atuou na Caixa para liberar R$ 2 bilhões para uma concessionária do grupo Bertin no Rodoanel de São Paulo.
A operação rendeu outros R$ 40 milhões para Funaro, Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha.
Irmãos Batista podem ser barrados nos EUA
Brasil 08.09.17 20:33
O Antagonista soube que as autoridades americanas incluíram os irmãos Batista e demais delatores da JBS numa “hot list”.
Eles podem ter seus vistos revogados em caso de perda da imunidade penal.
“Ó, DANDO DINHEIRO, O MOREIRA FAZ QUALQUER COISA”
Brasil 08.09.17 19:25
Em sua delação, obtida por O Antagonista, Lúcio Funaro relata também pagamento de propina a Moreira Franco.
Ele relata episódio em que buscou Moreira, por meio de Eduardo Cunha, para conseguir financiamento do FI-FGTS para a Cibe, do grupo Bertin.
“Ó, dando dinheiro, o Moreira faz qualquer coisa”, teria dito Cunha, nas palavras de Funaro.
Com a intervenção de Moreira, a Cibe obteve empréstimo de R$ 300 milhões. Segundo Funaro, o grupo Bertin pagou 4% de propina. Do montante, 60% ficou com Moreira, 25% com Cunha e 15% com Funaro.
Ele contou também que, na gestão de Moreira como vice-presidente de Fundos da Caixa, a Odebrecht foi a maior beneficiada com recursos do FI-FGTS.
Funaro disse ainda que Moreira tinha um operador na Infraero chamado André Luis Marques, o André Bocão.
Funaro: os operadores de Temer
Brasil 08.09.17 18:14
Lúcio Funaro disse em sua delação, obtida por O Antagonista, que Michel Temer tinha como operadores José Yunes, Wagner Rossi e Marcelo Azeredo, além do coronel João Baptista Lima Filho.
Yunes é o advogado e ex-assessor especial de Temer que foi apontado como intermediário de uma propina da Odebrecht para Temer.
Funaro acredita que Yunes seja “o maior operador” do presidente. Ele contou à PGR que ouvia de Cunha que o advogado usava sua incorporadora para lavar propina para Temer.
Assim como Yunes, o coronel teria usado sua empreiteira para escoar propina de contratos de Angra 3. Enquanto isso, Rossi e Azeredo operariam na Codesp (Porto de Santos).
Emílio disse, sim, que havia um conta corrente de 300 milhões
Brasil 08.09.17 14:39
No depoimento prestado em abril, Emílio Odebrecht pode não ter entrado em detalhes sobre a reunião do “pacto de sangue” com Lula, mas confirmou que o PT tinha uma conta corrente de 300 milhões de reais com a Odebrecht — como havia dito Marcelo, o seu filho.
E Emílio deixou claro, também, que a reforma do sítio em Atibaia fazia parte do pacote.
Só falta ele reconhecer que falou explicitamente em 300 milhões de reais com Lula, para garantir os benefícios acertados com a Lava Jato. Porque Emílio falou, como revelou Antonio Palocci.

NO BLOG DO JOSIAS
Janot corrige na marra o maior erro da Lava Jato

Por Josias de Souza
Sábado, 09/09/2017 02:51
Todos cometem erros. Mas mesmo no erro pode-se errar pouco ou errar muito. No caso da JBS, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot escolheu o erro mais rendoso… Para os criminosos. A reavaliação dos termos do acordo de colaboração e o pedido de prisão do empresário Joesley Batista, do executivo Ricardo Saud e do ex-procurador Marcelo Miller representam a correção do maior erro já cometido na Lava Jato. Empurrado pelas circunstâncias, Janot faz agora por pressão o que se absteve de fazer antes por precaução.
Janot dizia que o prêmio da imunidade penal, embora parecesse excessivo, era a alternativa menos lesiva aos interesses do País. Alegava que, sem ele, o Brasil jamais saberia dos crimes praticados pelo conglomerado de Joesley. Conversa mole. A força-tarefa de Curitiba já havia demonstrado o contrário.
No caso da Odebrecht, por exemplo, também se dizia que a investigação jamais avançaria. Avançou. Alardeava-se que Marcelo Odebrecht não iria em cana. Está há mais de dois anos na tranca. Apostava-se que o personagem não abriria o bico. Delatou. Jurava-se que seu pai, Emílio Odebrecht, não falaria. Falou. E arrasta uma tornozeleira em casa.
Janot alegava ter sido procurado pelos irmãos Batista. Apresentaram-lhe, segundo suas palavras, “indícios consistentes de crimes em andamento”. Delitos praticados por um senador, Aécio Neves, e por um então deputado federal, Rodrigo Rocha Loures. Havia também notícia de corrupção praticada por um procurador da República. Tudo isso sem mencionar o áudio tóxico com os diálogos vadios de Michel Temer.
A mercadoria oferecida era, de fato, atraente. Impossível não abrir negociação. Mas daí a entregar de bandeja aos criminosos a premiação máxima, vai uma distância abissal. A força-tarefa de Curitiba observa uma “regra de ouro”, da qual os procuradores não abrem mão: a imunidade penal, embora prevista em lei, jamais será oferecida como prêmio a nenhum delator.
Guiando-se por esse princípio dogmático, os investigadores iluminaram os porões do maior escândalo de corrupção já detectado na História, dobraram a oligarquia empresarial, moeram os salteadores políticos sem mandato — do petista José Dirceu ao peemedebista Eduardo Cunha. E ainda trincaram os calcanhares de vidro do mito (Lula) e estilhaçaram a imagem da empulhação (Dilma Rousseff). Perto de tudo isso, Michel Temer e sua infantaria são asteriscos separados da condenação apenas pelo escudo do foro privilegiado.
De repente, veio à luz o autogrampo-pastelão, que forçou Janot a abrir uma investigação sobre sua própria investigação. Os colaboradores desastrados enfiaram no meio de um papelório entregue à Procuradoria quatro horas de uma “conversa de bêbados”. Nela, expressando-se num idioma muito parecido com o Português, Joesley e Saud deixam claro que fizeram uma delação seletiva, sob orientação do ex-procurador Marcelo Miller — um amigo de Janot, que se desligaria da força-tarefa da Lava Jato para se tornar sócio de uma banca de advogados a serviço da JBS. Um acinte!
A suspeita de que Miller fizera jogo duplo tornara-se munição para os adversários de Janot. Mas o procurador-geral dera de ombros. Cometeu um erro dentro do outro. Algo que lhe custa caro. De equívoco em equívoco, o doutor chega à reta final do seu mandato às voltas com um déficit estético. Corre contra o relógio para limpar a cena. Se for bem sucedido, conseguirá apenas reduzir os danos.
As prisões tardias não apagam os rastros pegajosos do acordo benevolente. Ao contrário, servem para realçar o escárnio embutido na autorização para que os delatores desfrutassem de sua imunidade penal na 5ª Avenida de Nova York. Ou o descalabro estampado na descoberta de que a JBS, valendo-se dos segredos de sua própria delação, foi ao mercado para lucrar com câmbio e ações.
Até os colegas de Janot o criticam. O mínimo que dizem dele é que o procurador-geral fez pouco caso da instituição sob seu comando. Joesley não foi bater à porta do gabinete do chefe do Ministério Público por acaso. Estava cercado por cinco operações anticorrupção. Sentia o hálito quente dos investigadores na nuca. Receava ser acordado pela Polícia Federal.
Contra esse pano de fundo, a blindagem oferecida por Janot à JBS deixou no ar uma incômoda impressão. Conforme já comentado aqui, não é que o crime não compensa. A questão é que, quando compensa, ele muda de nome. Passa a se chamar delação premiada. A cadeia, ainda que breve, torna o prêmio mais palatável. E restaura a credibilidade do instituto da colaboração judicial premiada.

Temer dá ao Brasil sossego de montanha russa

Por Josias de Souza
Sexta-feira, 08/09/2017 23:14
Num instante em que o Planalto trata o escândalo da JBS como página virada, o retorno de Geddel Vieira Lima, amigão do presidente, à cadeia mostra que, sob Michel Temer, a página da História sempre vira para trás. Geddel é mais um representante do atual modelo apodrecido de governo a ser encarcerado. Seu pesadelo é parte da solução. O grande problema do País no momento é a blindagem oferecida a Temer.
Auxiliares do presidente dizem que ele está tranquilo e que tudo vai acabar bem porque o governo vai aprovar a reforma da Previdência. Alguém que, em meio ao estouro de tantas evidências de que o País vem sendo saqueado pelos esquemas que o acompanham ao poder, consegue empunhar a bandeira da normalidade não é mais um presidente. Já virou um cínico.
A disposição de Temer de recorrer a todos os estratagemas para atingir seus subterfúgios fez dele um problema de longa duração. Seu governo é 100% feito de sacolejos. Anteontem, uma gravação no subsolo do Jaburu, ontem a apreensão de R$ 51 milhões num apartamento de Salvador, hoje a prisão do grande amigo, no final de semana a delação do operador de propinas. Num instante em que a economia pede estabilidade, a Presidência de Temer oferece ao País o sossego de uma montanha russa.











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