PRIMEIRA EDIÇÃO DE 06-9-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO BLOG DO FAUSTO MACEDO
Acabou a contagem: R$ 51 milhões no bunker de Geddel
Na maior apreensão de dinheiro vivo da história da Polícia Federal, conferência se arrastou por toda a terça-feira, 5, e entrou pela madrugada desta quarta-feira, 6
Por Julia Affonso, Fausto Macedo, Fabio Serapião e Fabio Fabrini no Estadão
Quarta-feira, 06 Setembro 2017 | 00h13
A Polícia Federal terminou nesta quarta-feira, 6, a contagem dos valores apreendidos no bunker ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima. Foram apreendidos R$ 51 milhões – R$ 42.643.500,00 e US$ 2.688.000,00. O dinheiro será depositado em uma conta judicial.
O valor em dólar foi convertido para real e chegou a R$ 8.387.366,40. Foi usada a cotação de venda desta segunda-feira, 04, pelo Bacen – 1 dólar = 3,1203 reais.
O dinheiro foi apreendido pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira, 05, na Operação Tesouro Perdido, nova fase da Cui Bonno?. A ação fez buscas em um imóvel em Salvador e foi autorizada pela 10.ª Vara Federal de Brasília.
A Tesouro Perdido mirou no local onde seria o “bunker” do ex-ministro Geddel Vieira Lima. O apartamento seria usado para armazenagem de dinheiro em espécie.
Ao autorizar a operação, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira afirmou que Geddel ‘estava fazendo uso velado do aludido apartamento, que não lhe pertence, mas a terceiros, para guardar objetos/documentos (fumus boni iuris), o que, em face das circunstâncias que envolvem os fatos investigados (vultosos valores, delitos de lavagem de dinheiro, corrupção, organização criminosa e participação de agentes públicos influentes e poderosos), precisa ser apurado com urgência’.
Geddel está em prisão domiciliar sem tornozeleira eletrônica. O ex-ministro foi preso em 3 de julho e mandado para casa em 12 de julho.
A investigação é conduzida pelo delegado Marlon Oliveira Cajado que nas últimas semanas ouviu, entre outras pessoas, o corretor Lúcio Bolonha Funaro. Um outro depoimento de Funaro já havia resultado na prisão de Geddel.
Em depoimento à Procuradoria da República em Brasília, Funaro disse ter entregue ‘malas ou sacolas de dinheiro’ ao ex-ministro. O corretor declarou ter feito ‘várias viagens em seu avião ou em voos fretados, para entregar malas de dinheiro para Geddel Vieira Lima’.
“Essas entregas eram feitas na sala VIP do hangar Aerostar, localizada no aeroporto de Salvador/BA, diretamente nas mãos de Geddel”, declarou Funaro.
Em agosto, Geddel se tornou réu por obstrução de Justiça. O ex-ministro teria atuado para evitar a delação premiada do corretor Lúcio Funaro, que poderia implicá-lo em crimes de corrupção na Caixa Econômica Federal.
Valores finais:
R$ 42.643.500,00 (quarenta e dois milhões, seiscentos e quarenta e três mil e quinhentos reais)
US$ 2.688.000,00 (dois milhões, seiscentos e oitenta e oito mil dólares americanos)
* cotação de venda na data de hoje – fonte BACEN ( 1 dólar = 3,1203 reais)
R$ 8.387.366,40
*TOTAL = R$ 51.030.866,40 (cinquenta e um milhões, trinta mil, oitocentos e sessenta e seis reais e quarenta centavos)*

Janot faz denúncia contra ‘quadrilhão’ do PT e inclui Lula e Dilma
Procuradoria-geral da República acusa ex-presidentes, cinco ex-ministros e um ex-tesoureiro do partido por formação de organização criminosa, que teria recebido R$ 1,5 bilhão de propinas do esquema Petrobras; PMDB da Câmara e do Senado serão os próximos alvos

Por Ricardo Brandt, Breno Pires, Rafael Moraes Moura, Beatriz Bulla, Luiz Vassallo e Fausto Macedo no Estadão
Terça-feira, 05 Setembro 2017 | 20h14
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou nesta terça-feira, 5, denúncia criminal contra políticos do PT por formação de uma organização criminosa para atuar no esquema de corrupção na Petrobras. Entre os denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF) estão os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e cinco ex-ministros, por crimes praticados entre 2002 e 2016.
Documento
O QUADRILHÃO DO PT PDF
Esta é a segunda denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra políticos no ramo de investigação conhecido como “quadrilhão” – que apurou a organização entre políticos e operadores para atuar na petrolífera. Na semana passada, Janot denunciou políticos do PP, que é hoje a quarta maior bancada da Câmara dos Deputados.
Entre os denunciados estão ainda Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil), Guido Mantega (Fazenda), Edinho Silva (Comunicação), Paulo Bernardo (Comunicação e Planejamento) e Gleisi Hoffman (Casa Civil). E ainda o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
A nova denúncia acusa recebimento de R$ 1,48 bilhão em propinas pelos petistas, no esquema de desvios na Petrobras.
“Pelo menos desde meados de 2002 até 12 de maio de 2011, os denunciados integraram e estruturaram uma organização criminosa com atuação durante o período em que Lula e Dilma Rousseff sucessivamente titularizaram a Presidência da República, para cometimento de uma miríade de delitos, em especial contra a administração pública em geral”, afirma Janot.
A investigação foi aberta na primeira leva de inquéritos pedidos por Janot ao STF na Lava Jato, em março de 2015. No meio do caminho, contudo, a própria PGR pediu para fatiar a investigação em 4 ramos: PP, PMDB do Senado, PMDB da Câmara e PT.
“Além dos denunciados, o núcleo político de referida organização era composto também por outros integrantes do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e do Partido Progressista (PP), agentes públicos cujas condutas são objeto de outros inquéritos”, diz a denúncia.
“O segmento da organização criminosa ora denunciado (político PT), é parte de uma organização criminosa única, que congrega, pelo menos, os partidos PT, PMDB e PP, bem como núcleos diversos (econômico, administrativo e financeiro).”
COM A PALAVRA, O PT
“A denúncia apresentada nesta terça-feira (5/9) pela Procuradoria Geral da República parece uma tentativa do atual procurador-geral de desviar o foco de outras investigações, que também envolvem um membro do Ministério Público Federal, no momento em que ele se prepara para deixar o cargo.
Não há fundamento algum nas acusações contra o Partido dos Trabalhadores. Desde o início das investigações da Lava Jato, o PT vem denunciando a perseguição e a seletividade de agentes públicos que tentam incriminar a legenda para enfraquecê-la politicamente.
Esperamos que essas mentiras sejam tratadas com serenidade pela justiça brasileira, e terminem arquivadas como já ocorreu com outras denúncias sem provas apresentadas contra o partido.
Assessoria de Imprensa do Partido dos Trabalhadores”

COM A PALAVRA, O ADVOGADO CRISTIANO ZANIN MARTINS, QUE DEFENDE LULA
"Em resposta à denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot Cristiano Zanin Martins esclarece que:
Essa denúncia, cujo teor ainda não conhecemos, é mais um exemplo de mau uso das leis para perseguir o ex-Presidente Lula, que não praticou qualquer crime e muito menos participou de uma organização criminosa. É mais um ataque ao Estado de Direito e a democracia.
O protocolo dessa denúncia na data de hoje sugere ainda uma tentativa do MPF de mudar o foco da discussão em torno da ilegalidade e ilegitimidade das delações premidas no país.
Cristiano Zanin Martins
"
COM A PALAVRA, O ADVOGADO LUIZ FLÁVIO BORGES D’URSO, QUE DEFENDE VACCARI
"O advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, defensor de Vaccari, informou em nota que a denúncia de Janot “é totalmente improcedente, pois o sr. Vaccari, enquanto tesoureiro do PT, cumpriu seu papel, de solicitar doações legais destinadas ao partido, as quais sempre foram depositadas na conta bancária partidária, com respectivo recibo e a prestação de contas às autoridades competentes, tudo dentro da lei e com absoluta transparência”.
“O sr. Vaccari continua confiando na Justiça brasileira e tem convicção de que as acusações que lhe são dirigidas, haverão de ser rejeitadas”, diz a nota do advogado.


NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Quarta-feira, 06 de Setembro de 2017
Prisão de Joesley e cúmplices pode ser iminente
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) articulavam ontem, em conversas pessoais e troca de mensagens, rapidez no exame da suspeita de corrupção na negociação do acordo da premiadíssima delação de Joesley Batista e cúmplices como Ricardo Saud, lobista do grupo J&F/JBS. Há praticamente consenso em relação à prisão dos delatores, por omissões e mentiras, e do ex-procurador Marcelo Miller.
Estaca zero
Anulada a delação, serão retomadas cinco operações da PF e do MPF contra Joesley Batista, em relação às quais foi “blindado” pelo acordo.
Bye, bye, USA
Joesley e Saud falam na conversa gravada sobre a mudança para os EUA, livres e soltos. “Ninguém será preso”, comemorou Joesley.
Indignação no STF
Irritou o STF a referência do procurador-geral Rodrigo Janot a respeito de fatos supostamente “gravíssimos” de ministros da Corte.
Falta o ‘gravíssimo’
Assim como no áudio de Michel Temer, nada há de “gravíssimo” na conversa de botequim entre Joesley e o lobista sobre ministros do STF.
Delatores foram poupados de condução coercitiva
Chamou atenção de advogados e ministros, inclusive do STF, o fato de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não haver adotado nos casos do ex-procurador Marcelo Miller, que foi seu braço direito, e dos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud a regra aplicada em outros casos. Nenhum dos três foi incomodado com mandados de condução coercitiva, apesar de o próprio Janot considerar os fatos “gravíssimos”.
Ofícios à dupla
Em despacho, Janot mandou expedir ofícios aos delatores para que compareçam à PGR a fim de prestar depoimentos e esclarecimentos.
Miller intimado
No caso do ex-braço direito Marcelo Miller, Janot ordena em seu despacho apenas que ele seja intimado a prestar esclarecimentos.
Prisão iminente
A aposta, em Brasília, agora, é a decretação da prisão de Joesley e seus cúmplices, além do ex-procurador Marcelo Miller.
Minha folga, minha vida
Apesar do registro de ponto obrigatório às 7h desta quarta-feira, deputados se mandaram para o aeroporto na noite de terça. A inquietação era visível antes do fim do jogo do Brasil, que havia esvaziado o Plenário.
Provocou asco
O papo rastaquera de Joesley Batista com o lobista Ricardo Saud “provocou ânsia de vômito nos ministros”, afirma altíssima fonte do Supremo Tribunal Federal. Os ministros ficaram muito indignados.
Ministros citados
Há citações irrelevantes dos ministros Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, nos áudios de Joesley. A certa altura, ele se encarrega de isentar um deles: “Não tem nada disso”. Era só vontade.
Traído pelo gravador
“Nós vamos sair amigo de todo mundo. E nós não vamos ser presos”, comemorou Joesley, na conversa com o empregado delator. A armação quase deu certo: havia um gravador no meio do caminho.
Peru de Natal
Joesley admite que não sofreu qualquer consequência negativa após a revelação dos escândalos de corrupção que o envolvem: “Nós não vamos ser presos. Ponto. Não tô sofrendo nada”, comemorou. Anrã.
No escurinho do noticiário
Grampos de Joesley também serviram para enterrar no noticiário a aprovação da confusa reforma política, em trâmite no Congresso. Para não acabar com coligações, inventaram as “federações partidárias”.
Atuação elogiada
Trecho do grampo de Joesley Batista ressalta a suposta participação de Marcelo Miller: “Está tão afinado com a gente. Mandou escrever tudo”, disse Saud sobre documentos entregues dias depois à PGR.
Indício de crime
Joesley e o lobista citam, na gravação de 17 de março de 2017, conchavo com o então procurador Marcelo Miller, que só se desligaria do cargo em 5 de abril. Seis dias depois, ele se apresentaria ao próprio MPF, conforme relato de Janot, como sócio dos advogados que defendiam a JBS.
Pensando bem...
...Geddel não seria do tipo que reclama de pagar excesso de peso.


NO DIÁRIO DO PODER
Lula admite que atual crise começou no governo de Dilma: 'É verdade'
Patrocínio do governo do Maranhão não garantiu claque para Lula
Publicado: terça-feira, 05 de setembro de 2017 às 19:34 - Atualizado às 19:54
Redação 
Numa rara admissão de erro, o ex-presidente Lula afirmou que a atual crise econômica começou de fato no governo petista de Dilma Rousseff , mas tentou dividir os equívocos da “companheira” com os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e do Senado Renan Calheiros, ambos do PMDB.
Na página do PT na internet, ele postou no twitter: “Dizem que a crise começou no governo Dilma, é verdade. Mas Eduardo Cunha não aprovou nada que ela tentou fazer p/ reverter”. O ex-presidente referia-se à política de desonerações, iniciada por ele e continuada por Dilma. “Fizemos uma forte política de desoneração. Foram R$ 428 bilhões de desoneração para manter as políticas sociais, os investimentos e para manter os 4,3% de desemprego em dezembro de 2014".
Faltou povo no comício
Foi um fracasso de público o comício organizado pelo governador maranhense Flávio Dino (PCdoB), em palanque armado na porta da sede do governo.
Após elogiar Renan Calheiros durante sua passagem por Alagoas, na semana passada, Lula agora o criticou: “A Dilma tentou rever isso, enviou uma MP [medida provisória] ao Congresso acabando com as desonerações, e o Renan não aceitou, devolveu – coisa que nem podia fazer”, afirmou das suas malas.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
O São Sebastião de retrato e um Juruna sem cérebro
As proezas do procurador Rodrigo Janot e do bandido Joesley Batista parecem coisa de cinema, mas aconteceram no Brasil real

Por Augusto Nunes
Quarta-feira, 06 set 2017, 02h13 - Publicado em 5 set 2017, 20h23
Extasiado com o papel de arqueiro-principal da República, Rodrigo Janot nem esperou que Joesley Batista provasse o que dissera para, escorado no primeiro lote de denúncias do dono da JBS, alvejar o Palácio do Planalto com uma chuva de flechas envenenadas. Só nesta terça-feira descobriu que, além do inimigo prioritário, acertou o próprio corpo — e com tamanha intensidade que ficou parecido com um São Sebastião de retrato.
Nos últimos dias do mandato, o procurador-geral Rodrigo Janot transformou-se de vez na versão brasileira ─ e piorada ─ de um célebre personagem do cinema: o Inspetor Clouseau, da série A Pantera Cor de Rosa. Até o detetive trapalhão interpretado pelo ator inglês Peter Sellers teria descoberto, aos cinco minutos do depoimento inaugural, que o empresário bandido estava escondendo as informações mais importantes.
Embora Janot rime com Clouseau, a cópia é bem mais desastrada e muito menos divertida do que o original. Maluquices cinematográficas só produzem consequências na tela. O Brasil anda parecido com faroestes de quinta categoria, mas é real. A turma no saloon ficou um pouco mais assustadora depois dos assombros materializados pela dupla Janot-Joesley. Agindo em invejável sintonia, eles pariram, entre outros espantos, a meia delação premiadíssima.
Tal obscenidade será abortada pela façanha inverossímil incluída no segundo capítulo da delação do açougueiro predileto de Lula. Sem intimidade com o gravador que registraria encontros de alta periculosidade com figuras na mira de Janot, deixou o aparelho ligado enquanto conversava horas a fio com um comparsa. O conteúdo do diálogo vai substituir o habeas corpus vitalício por uma pedagógica temporada na cadeia. E já o transformou numa caricatura idiotizada de Mario Juruna, o cacique que enquanto foi deputado federal gravou todas as conversas com autoridades que lhe apareciam pela proa.
Joesley é a prova mais contundente de que, no Brasil de Lula e Dilma, não era preciso ter visão empresarial (eventualmente, nem mesmo cérebro) para virar bilionário. Bastava ter a bênção do chefão e o segredo do cofre do BNDES.

NO BLOG DO JOSIAS
Dilma para Geddel: Vem pra Caixa você também!
Por Josias de Souza
Quarta-feira, 06/09/2017 04:17
Michel Temer mal tivera tempo de festejar a erosão da colaboração judicial da JBS quando a Polícia Federal estourou a caverna de Ali-Baba que Geddel Vieira Lima improvisou num condomínio em Salvador. Foi a maior apreensão de dinheiro vivo já realizada na História: R$ 51.030.866,40. Repetindo: depois de passar o dia contando dinheiro, a PF informou que o ex-ministro de Temer, amigo do presidente há três décadas, entesourou num apartamento na capital baiana R$ 51 milhões.
A batida policial foi ordenada pelo juiz Vallisney Oliveira, de Brasília. Deu-se no âmbito da Operação Cui Bono?, que apura um assalto à Caixa Econômica Federal. Noutros tempos, quando se falava sobre bancos e assaltos, imaginava-se que a coisa acontecia de fora pra dentro. O PMDB da Câmara, grupo de Temer, desenvolveu na Caixa o assalto de dentro pra fora. No caso de Geddel, a coisa aconteceu durante o imaculado governo de Dilma Rousseff.
Sob o comando do PT, a casa bancária estatal já estava loteada politicamente. E Dilma acenou para Geddel: “Vem pra Caixa você também!” Apadrinhado por Temer, Geddel foi guindado ao posto de vice-presidente de Pessoa Jurídica da instituição. Ali permaneceu de 2011 até 2013. Saiu quando bem quis. E produziu resultados que reforçam o já sabido: a corrupção brasileira tem vocação amazônica.
Por uma dessas trapaças do destino, a “caverna” de Geddel foi estourada no mesmo dia em que a Procuradoria-Geral da República denunciou Lula, Dilma e outros seis grão-petistas por formar uma organização criminosa. O grupo é acusado de roubar durante a Era petista R$ 1,485 bilhão em verbas públicas.
No caso de Geddel, a PF desbaratou uma inusitada e sigilosa forma de fazer poupança: dinheiro vivo depositado em caixas de papelão e malas, espalhadas por um apartamento sem mobília. Ironia suprema: escondeu-se num endereço residencial uma fortuna presumivelmente desviada de uma instituição financeira estatal que convida brasileiros pobres a abrir contas de caderneta de poupança nas suas agências: “Vem pra Caixa você também!” Geddel foi.

Drama de Janot não apaga provas contra Temer         
Por Josias de Souza
A provável revisão do acordo de colaboração judicial do Grupo JBS deixou Michel Temer animado. Mas o presidente, de volta da viagem à China nesta quarta-feira, logo perceberá que seu entusiasmo se parece muito com a sensação de um afogado que confunde jacaré com tronco. O drama vivido pelo procurador-geral Rodrigo Janot oferece a Temer um discurso político contra seu algoz. Não altera, porém, sua situação penal. Tampouco devolve ao governo a maioria constitucional de que precisa para aprovar a reforma da Previdência.
A mediocridade continuará correspondendo ao apreço que o governo Temer lhe devota. E o presidente conseguirá atingir a meta de não cair, hoje sua prioridade zero. Mas Temer se manterá na poltrona porque seus rivais não dispõem dos 342 votos necessários para que o plenário da Câmara autorize o Supremo Tribunal Federal a analisar a segunda denúncia a ser apresentada por Janot. Sua sobrevivência não está relacionada às explicações que o procurador-geral precisa oferecer sobre o amigo Marcelo Miller, que assessorou os delatores da JBS quando ainda trabalhava como procurador da Lava Jato.
A defesa de Temer requereu novamente no Supremo o afastamento de Janot do caso JBS. Volta à carga quatro dias depois de o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, ter indeferido um pedido de suspeição semelhante. Trata-se de um ensaio para um movimento mais ousado. Advogado de Temer, Cláudio Mariz de Oliveira amadurece a ideia de protocolar no Supremo uma petição pedindo a anulação da peça que fez do seu cliente o primeiro presidente da história a ser denunciado por corrupção.
Dois ministros da Suprema Corte disseram ao blog nesta terça-feira que o vendaval que sacode o acordo firmado entre Janot e o Grupo JBS não varre da cena as provas recolhidas na investigação. Em situações como a atual, a lei autoriza o Estado a rever os prêmios concedidos a delatores que desonram o acordo, sem prejuízo do aproveitamento das provas.
E as evidências recolhidas contra Temer não são banais: o encontro noturno no Jaburu com Joesley Batista, um empresário investigado por corrupção e lavagem de dinheiro. Os 38 minutos de conversa gravada, repleta de indícios de ilicitudes e frases esquisitas. Coisas como “zerar pendências” com Eduardo Cunha para, segundo o delator, comprar-lhe o silêncio. Ou o “tem que manter isso, viu?”, que Temer admitiu ter pronunciado depois que Joesley lhe informou sobre suas boas relações com Cunha. Ou ainda o “ótimo, ótimo” que Temer enganchou na revelação de Joesley de que estava subornando dois juízes e um procurador.
De resto, o mais inquietante: o fato de Temer ter confirmado que indicara o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, então deputado federal, como seu interlocutor junto a Joesley. E o esforço que o presidente teve de fazer na Câmara para impedir que os deputados autorizassem o Supremo a investigar os supostos vínculos de Temer com a propina de R$ 500 mil que Loures receberia numa mala da JBS dias depois do diálogo vadio do Jaburu.
O novo áudio tóxico da JBS não apaga esses fatos. Quando deixar a Presidência, Temer terá de acertar contas com a Justiça, provavelmente na primeira instância. E vem aí a segunda denúncia, vitaminada pela delação do operador de propinas Lúcio Funaro, homologada nesta terça-feira pelo ministro Edson Fachin.













































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