SEGUNDA EDIÇÃO DE 1º-8-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO BLOG DO NOBLAT
Ditadura sem máscara na Venezuela
01/08/2017 - 04h07
Por Ricardo Noblat
Parte da população da Venezuela acordou na madrugada de hoje com a informação de que os líderes da oposição ao governo, Leopoldo López e Antonio Ledezma, em prisão domiciliar desde o dia 9 passado, haviam sido levados de suas casas para local ignorado por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência.
A informação foi dada por familiares dos dois por meio de mensagens postadas no twitter. A mensagem de Lilian Tintori, mulher de López, dizia assim: “Urgente! Acabam de levar Leopoldo de casa. Não sabemos onde está nem para onde o levaram. Maduro é responsável se algo acontecer com ele”.
O duplo sequestro - porque é disso que se trata quando prisões ocorrem de madrugada e sem ordem judicial -, indica a clara determinação do presidente Nicolás Maduro de endurecer o jogo contra seus opositores em meio à maior crise política, econômica e social da história recente da Venezuela.
Apesar de rico em petróleo, o país está falido, tamanhos foram os erros cometidos por Maduro e por seu antecessor, o megalomaníaco coronel Hugo Chávez. A inflação está entre as maiores do mundo. Falta tudo – de comida, remédios até papel higiênico. Venezuelanos em desespero fogem para países vizinhos.
Dada à intransigência de Maduro, e ao apoio que ainda recebe dos militares, não há saída à vista para o impasse político. O Papa Francisco tentou mediar um acordo entre governo e oposição – sem sucesso. A Organização dos Estados Americanos (OEA), também. O regime antes autoritário ganhou os contornos de uma ditadura.
É como uma ditadura que deve ser enfrentado pela comunidade internacional. A Constituinte convocada por Maduro, e eleita no último domingo, configura mais uma farsa. Recebeu ampla condenação a começar pelos principais países do continente, entre eles Brasil, Colômbia, Panamá, Peru, Argentina e México.
Foi rejeitada também pela OEA, Espanha, Estados Unidos, Suíça, Parlamento Europeu e dezenas de organizações não governamentais. O Peru convidou os ministros das Relações Exteriores da América do Sul para uma reunião em Lima, no próximo dia 8. Em pauta: o que mais eles poderão fazer em relação ao governo Maduro?
Em dezembro de 2015, em um ambiente de relativa liberdade, os venezuelanos elegeram uma Assembleia Nacional (o Congresso de lá). A oposição fez a maioria das cadeiras. Maduro prometeu respeitá-la. Mas desde então só fez acuá-la, valendo-se para isso do poder ditatorial de escolher os juízes da Corte Suprema.
Dentro do PT, do PC do B e da fatia do PSDB favorável à aprovação da licença para que Temer seja processado, ganha adeptos a tese de que o melhor seria dar quórum para a sessão, e aproveitá-la ao máximo para desgastar o governo. É uma tese malandra para quem diz se opor a Temer porque só o beneficiará.

NO BLOG DO MERVAL PEREIRA
Uma disputa perigosa
POR MERVAL PEREIRA
Terça-feira, 01/08/2017 08:21
A disputa entre a Polícia Federal e o Ministério Público é o que de pior poderia acontecer na perspectiva de quem espera que as investigações sobre corrupção no Brasil levem a uma mudança no cenário político nacional. Mas é tudo o que esperam os que desejam “estancar a sangria”, um desentendimento sobre procedimentos e interpretações que permita desacreditar as delações premiadas e, em decorrência, impossibilite utilizá-las como base para investigações mais aprofundadas.
Há alguns erros primários que indicam desleixo surpreendente, como o Ministério Público dizer, no pedido de prisão preventiva do ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, que Gilberto Carvalho era chefe do Gabinete Civil da Presidência, e não chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Ou a afirmação de que Lula recebe pensão como ex-presidente, quando as autoridades deveriam saber que os ex-presidentes não recebem remuneração.
E outros erros de avaliação, como no caso das 77 delações de executivos da empreiteira Odebrecht colocadas em xeque pela Polícia Federal, que vê inconsistências nos relatos, e não consegue meios de obter provas devido a dificuldades burocráticas para acessar, por exemplo, os computadores que teriam registrado o desembolso de propinas.
Parece ter sido um erro aceitar tantas delações, em vez de meia dúzia delas, pois muitas se repetem e se contradizem às vezes, o que dificulta as investigações. Também os documentos que a JBS pretende apresentar para comprovar suas denúncias não parecem ser conclusivos.
Isso sem falar na recomendação da Polícia Federal de não levar em consideração as gravações feitas pelo ex-senador Sérgio Machado, em que políticos como o ex-presidente José Sarney e o senador Romero Jucá surgem especulando sobre a necessidade de aprovação de medidas legislativas para “estancar a sangria”.
Acusados de obstrução da Justiça, os políticos são liberados pelo relatório da Polícia Federal, que viu nas conversas apenas desejos e intenções de políticos dentro de suas atividades parlamentares e similares, nada havendo de criminoso nas conversas.
Assim como a gravação de uma conversa do senador Aécio Neves dizendo para Joesley Batista o que ele considera que deveria ser feito para neutralizar as investigações, revelam o clima reinante no Congresso, onde a maioria quer encontrar saídas para se livrar das acusações da Operação Lava Jato, mas que, além de deploráveis do ponto de vista moral e ético, inclusive pela linguagem de delinqüentes, nada têm de criminosas.
Chegamos a um ponto em que as provas indiciárias e testemunhais levam a um quadro evidente de atividade criminosa que, no entanto, podem ser questionadas pelas defesas dos acusados, sobretudo quando uma das partes envolvidas nas investigações, no caso a Polícia Federal, sugere que não é possível fazer as investigações necessárias por insuficiência de dados.
Como os casos de que tratam as investigações da Lava Jato são complexos e de difícil elucidação, é necessário que os órgãos investigadores trabalhem em conjunto de maneira harmônica, e acreditando que os indícios levarão às provas. Se houver uma disputa como a que está acontecendo entre a Polícia Federal e o Ministério Público, e, sobretudo, se o ministério da Justiça, ao qual a Polícia é subordinada, não der os meios necessários para um trabalho de fôlego, as brigas por espaço aumentarão, cada instituição querendo reduzir a importância da outra, e os beneficiados serão os denunciados.
Sempre houve, por parte do Ministério da Justiça, a tentativa de controlar as investigações, e no governo Temer, na nova gestão de Torquato Jardim, parece que a eficácia de uma ação de contenção de verbas e acirramento da disputa com o Ministério Público está atingindo os objetivos de neutralizar as investigações.

NA TRIBUNA DA INTERNET
Tasso vai entregar a presidência do PSDB a Aécio e a crise do PSDB se agrava
Por Maria Lima
No O Globo
A movimentação do presidente afastado do PSDB, senador Aécio Neves (MG) para recuperar espaço político no governo e retornar ao comando do partido, nos últimos dias, deve ter um desfecho nesta terça-feira. Incomodado com o recuo de Aécio, que antes do recesso parlamentar teria concordado em convocar uma reunião da Executiva nacional para se afastar definitivamente da presidência do PSDB e escolher o novo presidente, o presidente interino Tasso Jereissati (PSDB-CE) deverá entregar o cargo.
Segundo interlocutores de Tasso, ele se recusa a continuar como presidente interino, tendo Aécio articulando com o governo e outras forças políticas como “presidente de fato”. Tasso disse que nos últimos três dias viu que Aécio começou a mudar de posição “muito firmemente” em relação à disposição de, depois do recesso, fazer a transição.
PLANALTO MANOBRA – Tasso citou o encontro com o presidente Michel Temer na última sexta-feira e ligações para deputados do partido. Nas conversas, Aécio estaria comunicando a disposição de reassumir todos os cargos para os quais fora eleito.
— Me parece que tem uma articulação do governo para Aécio voltar a presidência do PSDB. Para mim isso não é problema nenhum. Amanhã eu entrego o cargo para o Aécio e digo: toma, você é o presidente. E ele que assuma as responsabilidades. Se tem tanta gente pedindo para ele voltar, se tem apoio majoritário a ele no partido, que reassuma — disse Tasso ao Globo.
AÉCIO DE VOLTA – Interlocutores de Aécio tem dito que, nas últimas semanas, com o movimento pelo desembarque do governo Temer refluindo, o melhor era adiar a convocação da Executiva e a escolha do novo presidente, para não descambar para uma nova discussão sobre rompimento com o governo. A disposição desse grupo seria “colocar o pé no freio” e esperar as votações das denúncias contra Temer.
Depois do encontro com Temer no Jaburu na última sexta-feira, Aécio voltou a articular com deputados votos contra a denúncia e ganhou força a ideia de retomar o comando do partido para fazer a transição, com o apoio dos ministros tucanos e da ala governista do PSDB.
FALSA VERSÃO – Para Tasso, não procede informações de que o governador Geraldo Alckmin esteja articulando para que o governador de Goiás, Marconi Perillo, seja o novo presidente do PSDB já. Para ele a intenção de Aécio é retomar o comando e continuar até maio, quando acaba seu mandato.
— Essa é uma articulação do Aécio, dos ministros e do governo. Alckmin não está nesse circuito e acho que talvez esteja até incomodado. Se Aécio quer mesmo reassumir, acho que vai ficar empurrando a escolha do novo presidente com a barriga até maio — disse Tasso.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A volta de um político enlameado e desbocado como Aécio Neves à presidência do PSDB mostra que os políticos brasileiros perderam as noções mínimas de ética. Desse jeito, é melhor entregar logo a Presidência da República ao Paulo Maluf e fazer como Marta Suplicy sugere – relaxar e gozar. (C.N.)

Macunaíma não é brasileiro
Por Sebastião Nery
Macunaíma não é brasileiro, é venezuelano. Quem me ensinou foi o então embaixador do Brasil em Caracas, Renato Prado Guimarães, jovem e competente que lá me deu inesquecíveis lições. Teodor Koch Grumberg, um alemão aventureiro que se meteu pela floresta amazônica no princípio do século, publicou em Berlim, em 1917, em cinco volumes, a história de suas viagens: “De Roraima ao Orinoco”. Recolheu lendas da região, inclusive a de “Urariquera” e suas peripécias. Nosso Mário de Andrade, culto e gênio, leu Grumberg no original e mudou “Urariquera” para “Macunaíma”, mito, herói e retrato de nossos povos irmãos.
ÍNDIO LIVRE – O brasileiro tem, com o venezuelano, uma marca hereditária fundamental: além de descendentes de europeus e negros, somos filhos de índios da planície, bem diferentes dos índios das montanhas. O índio amazônico não está preso às geleiras dos Andes, amarrado a caminhos ínvios. É o índio livre, solto, nômade, da planície. Isso distingue e diferencia brasileiros e venezuelanos dos outros povos da América andina. A jovialidade, a alegria, a musicalidade, a extrema facilidade de comunicação, uma abertura irresistível para o exterior, tudo isso são coisas muito nossas e deles, muito iguais.
Você entra em um avião, sai pela América Central, pelo Caribe, e logo percebe quando há brasileiros ou venezuelanos: sempre mais alegria, barulho e graça a bordo. E as mulheres, modéstia à parte, irresistivelmente mais belas, mais charmosas. É o caminhar liberto de “Urariquera”, aliás “Macunaíma”, na floresta sem neve e sem fronteiras.
GRANDE SAVANA – Se houvesse neve e a floresta fosse branca e esquálida na infinita “taigá”, ali seria a Sibéria deles. Como é a grande savana, cercada da floresta tropical, com rios gordos e revoltos, é mesmo a Amazônia da Venezuela. Na Sibéria vi a mais grandiosa obra humana de ocupação planejada de uma região deserta, solitária. No Orinoco vi o maior projeto de industrialização e desenvolvimento na Amazônia continental. E sem destruí-la. Como sabemos pouco e mal de nossos irmãos latino-americanos! Eu que pensava conhecer quase o mundo inteiro, só então descobri que, na Venezuela, São Paulo fica na Amazônia.
A região se chama Guayana. O Estado, Bolívar. A capital administrativa, também Bolívar. A capital industrial, Guayana. A cidade moderna, planejada, avenidas largas, arborizadas, como Brasília, Puerto Ordaz. Mas quem dá vida, e alma, e seiva, e riqueza a mais de 50% do território do país é um rio, sagrado como o Nilo, unitário como o São Francisco, generoso como Amazonas – o Orinoco, engordado pelos afluentes Caroni e Apure.
BACIA DO ORINOCO – Os números são grandiosos, amazônicos. Limitada ao norte pela Cordilheira da Costa e a Oeste pela Cordilheira dos Andes, a bacia do Orinoco, ao sul e a leste, praticamente coincide com os limites políticos do país. Fora as vertentes das duas cordilheiras, 80% do território venezuelano correspondem à bacia do rio, um território de mais de 700 mil km2, com apenas 20% da população. A região da Guayana, com 45% do território do país, tem só 3% da população total.
O Orinoco é uma imensa coluna vertebral de oeste a leste, 1200 quilômetros, e, com os afluentes, 3 mil quilômetros navegáveis, com possibilidade de integração ao Amazonas e ao Prata. E embaixo petróleo, muito petróleo. Que sempre foi a ventura e a desventura da Venezuela.

NO O ANTAGONISTA
O divórcio de Bolsonaro
Brasil Terça-feira, 01.08.17 09:59
Jair Bolsonaro noivou com o PEN, mas acabou casando com Kakay.
O Globo diz que o PEN "tenta derrubar no Supremo Tribunal Federal a decisão da Corte que permitiu a prisão em segunda instância (...).
Bolsonaro disse que vai pedir à legenda que retire a ação, mas o presidente do partido, Adilson Barroso, defende o processo e afirma que só vai desistir se for 'convencido' pelo novo filiado".
Ruim para Aécio, pior para Temer
Brasil 01.08.17 08:37
Ontem publicamos que, do ponto de vista político, o novo pedido de prisão de Aécio Neve era bom para Tasso Jereissati, em guerra com o tucano mineiro do PSDB.
Tasso quer que o partido deixe o governo, ao contrário de Aécio.
Hoje Andréia Sadi publicou o seguinte sobre o encontro de Aécio e Temer, no sábado:
"Nas palavras de um líder da base aliada, os tucanos indecisos já se dizem preocupados com o desgaste com voto a favor do presidente da República, alvo da denúncia por corrupção passiva. 
Mesmo assim, admitem que poderiam ajudar Temer, se não fosse o fato de que, agora, o voto contra a denúncia significaria também uma associação a Aécio, escalado pelo Planalto para a missão de buscar votos."
Dinheiro tatuado
Brasil 01.08.17 08:21
O deputado Wladimir Costa, que tatuou o nome de Michel Temer, está sendo acusado pela PGR de peculato, por ter embolsado salários de funcionários fantasmas do seu gabinete.
Ah, sim, Costa ganhou quase 5 milhões em emendas em junho, de acordo com a Veja.
Dinheiro tatuado.
A curiosidade Mantega
Brasil 01.08.17 08:14
No processo que apura a compra de medidas provisórias e dos caças suecos Gripen, Lula e Luleco arrolaram, entre as 81 testemunhas de defesa, Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff, François Hollande, Nicolas Sarkozy e Vanderlei Luxemburgo.
A testemunha mais curiosa, porém, é Guido Mantega.
O Brasil tem de dizer basta à ditadura que Lula ajudou a financiar
Mundo 01.08.17 07:57
O governo brasileiro continuará com a atitude tíbia em relação à Venezuela, que vem exportando milhares de refugiados para cá?
O Brasil precisa dizer basta à ditadura que Lula ajudou a financiar.
Não foi Gleisi Hoffmann, não, foi Lula.
Lula "pediu" para suprimir emenda Lula
Brasil 01.08.17 07:14
Há quatro dias, publicamos que Vicente Cândido retiraria a emenda Lula do projeto de reforma política, por causa do desgaste que ela estava lhe custando (veja abaixo).
Hoje a Folha publica que Lula "pediu" a Cândido que retirasse a emenda.
Na verdade, a maioria dos petistas já percebeu que Lula está liquidado e não quer ser enterrado com ele.
Vicente Cândido está chateado
Brasil 28.07.17 13:35
Vicente Cândido tem dito a colegas da Câmara que vai retirar da reforma política a 'emenda Lula'.
Ele reclama da exposição negativa que teve com o tema.

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