SEGUNDA EDIÇÃO DE 05-8-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO BLOG DO NOBLAT
PT, Política e Crime
Por Ruy Fabiano
Sábado, 05/08/2017 - 01h30
O reiterado apoio do PT e de seus satélites (PSOL, PCdoB, PDT etc.) à sangrenta ditadura venezuelana – que matou, nas ruas, mais de cem manifestantes em dois meses -, indica a natureza do projeto político interrompido pelo impeachment de Dilma Roussef.
Interrompido, mas não extinto. Mais do que nunca, o partido o defende, num de seus raros gestos de coerência e sinceridade. Coerência, sim: sem o apoio dos governos de Lula e Dilma, o regime hoje comandado por Nicolas Maduro não existiria.
Lula, quando da celebração dos 15 anos do Foro de São Paulo, em 2005, jactou-se de ter “inventado o Chávez”. E inventou mesmo.
Esta semana, o condenado (embora solto) José Dirceu fez coro à presidente do partido, Gleisi Hoffmann, defendendo o regime de Maduro num artigo para o jornal espanhol El País.
A ladainha é a mesma: Maduro é democrata, difamado pela imprensa burguesa e pelos lacaios do imperialismo. Os cidadãos assassinados e os presos políticos, claro, são um detalhe.
O que se deduz é que, na remota eventualidade de retorno do partido ao poder – que José Dirceu, sonhando com Lula, garante que ocorrerá -, já se sabe qual o modelo político a ser imposto ao País.
As milícias que assassinam nas ruas de Caracas existem também aqui. E Lula chamou-as de “exército do Stédile”, ameaçando, em mais de uma ocasião, jogá-las contra seus adversários. O “exército” apresenta-se sob diversas siglas: MST, CUT, MTST etc.
Lula não hesitou em ameaçar o próprio Sérgio Moro: disse, em seu depoimento, em maio passado, que, voltando ao poder, mandará prender os que hoje pedem a sua prisão. Ao ser instado a se esclarecer, disse que falava em sentido figurado. Claro, claro.
Em relação ao chavismo, o PT admite, nas atas de seu 5º Congresso, em 2015, que cometeu uma falha. Enquanto Chávez, coronel do exército venezuelano, engendrou seu golpe com o apoio das Forças Armadas, o petismo quis impor sua revolução à revelia delas – e contra elas. Em vez de conquistá-las, quis enfraquecê-las.
O sentimento revanchista, sobrepôs-se ao pragmatismo. A Comissão da Verdade, que intentava punir os raros sobreviventes do regime militar, findo há mais de três décadas, blindou as Forças Armadas ao discurso esquerdista.
O partido lamentou também não ter intervindo no currículo das escolas militares, manejado as promoções dos oficiais de alta patente e aparelhado o suficiente a Polícia Federal. E são essas as instâncias, na máquina do Estado, hoje hostis ao projeto petista.
Mesmo assim, ainda tem (literalmente) alguma bala na agulha. O partido investiu na formação de uma Força Nacional, subordinada ao governo – e não às Forças Armadas -, e pretendia extinguir as PMs, o que enfraqueceria o poder dos governadores.
Depois de desarmar a população, queria desarmar os Estados e desaparelhar os militares. Não deu tempo.
Mas as conexões com o crime organizado avançaram. A inteligência do Exército constatou que, apenas no Rio, há nada menos que 15 mil fuzis, além de metralhadoras, granadas e até obus nas mãos das quadrilhas do narcotráfico. Sem destroçar esse arsenal, o patrulhamento ostensivo terá curta validade.
E é esse o cerne da presente intervenção no Rio, que poderá, diante de eventuais (e prováveis) vinculações para além daquela área, estender-se a outros Estados. O Estado Maior que opera na cidade não desconhece a presença de aliados revolucionários de países vizinhos, espalhados em outras cidades, a postos para entrar em ação. Nada é dito, mas tudo é monitorado.
Enquanto a política continua a exibir seu estado de degradação – e a rejeição à denúncia contra Temer, na quarta-feira, na Câmara dos Deputados, dispensa comentários -, novas prisões pela Lava Jato prosseguem em território fluminense.
Mas há mais: há um outro jogo com cheiro de pólvora sendo jogado no País. Em dez anos de guerra no Vietnã, os EUA perderam 60 mil soldados. É o número de brasileiros mortos por ano na guerra civil da criminalidade. Um Vietnã por ano – e isso há mais de dez anos. Eis o desafio que corre paralelo à luta contra a corrupção da política – e que guarda conexões cada vez mais visíveis com ela.
O PT deixou o governo, mas seu legado está vivíssimo.

NO JORNAL DA CIDADE ONLINE
Filha de Aldemir Bendine escapa de golpe
Da Redação
Sábado, 05/08/2017 às 06:24
Após a prisão do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, bandidos prepararam um golpe contra Amanda Bendine, que por pouco não caiu na armação.
Um e-mail enviado para Amanda, em nome do pai, pedia um depósito de R$ 700 mil para que fosse garantido um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal.
‘Filha é o pai. Um agente está me ajudando neste e-mail. Estou bem avisa a sua mãe e a Andressa. Tenho um contato no RJ que tem uma conexão com o STF, para garantir o habeas corpus domiciliar. Eu já tinha combinado o valor com eles. Fale com a Silvana fazer um Ted para o Banco do Brasil’.
Uma conta corrente e agência foi declinada para depósito, além do nome do beneficiário, ora mantido sob sigilo.
O caso será investigado.
O caos no País está fazendo surgir quadrilhas especializadas em dar golpe em pessoas denunciadas em práticas de corrupção.

Ex-chefe da Casa Civil, primo do governador de Mato Grosso, é preso nesta sexta-feira
Da Redação
Sexta-feira, 04/08/2017 às 14:32
Mandado de Prisão Preventiva emitido pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, prendeu na manhã desta sexta-feira (4) o ex-secretário chefe da Casa Civil, Paulo Taques, primo do governador Pedro Taques (PSDB).
Ele é suspeito de envolvimento em esquema de grampos clandestinos operados pela Polícia Militar no estado.
Mais de 100 pessoas tiveram as conversas grampeadas de maneira totalmente ilegal, entre elas políticos de oposição ao atual governo de Mato Grosso, advogados, médicos e jornalistas. 
A decisão do TJMT, afirma que o ex-secretário ‘vem buscando, de todas as formas, interferir diretamente na apuração dos fatos, mediante a utilização dos meios de comunicação, sobretudo pelo forte prestígio que ainda possui perante a imprensa de uma forma geral, ou, quiçá, de espaços decorrentes de suas relações com o governo’.

NO BLOG DO MERVAL PEREIRA
Por Merval Pereira
No O Globo
Sábado, 05-8-2017
A recente vitória do presidente Michel Temer no Congresso, barrando a denúncia da Procuradoria-Geral da República explicitou mais uma vez um dos nossos graves problemas institucionais: não temos um sistema de governo, temos um simulacro de presidencialismo que o próprio presidente chama de “governo semiparlamentar”. Quer dizer, não temos nem presidencialismo nem parlamentarismo.
Agora mesmo a ideia do parlamentarismo como solução de nossos problemas institucionais mais uma vez volta a ser discutida, com incentivo do próprio Temer depois de longa conversa com o senador tucano José Serra. Enquanto não conseguimos sair do lugar na reforma político-eleitoral que tem que ser aprovada até o próximo mês para poder vigorar na eleição de 2018, vamos vivendo de acordo com as circunstâncias.
POR EXEMPLO – Para reforçar a base parlamentar do presidente, nada menos que 10 ministros foram exonerados num dia, votaram e voltaram a seus lugares nos ministérios. No presidencialismo, se um parlamentar abre mão de seu cargo no Legislativo, para o qual foi eleito, para ocupar um ministério ou uma secretaria no Executivo, tem que renunciar ao mandato.
Foi assim com a senadora Hilary Clinton, por exemplo, que abriu mão de seu mandato para assumir como Secretária de Estado do governo de Barack Obama. O cientista político Octavio Amorim Neto, da Fundação Getúlio Vargas do Rio, especialista em sistemas de governo, já havia analisado recentemente em artigo do boletim do IBRE, registrado aqui, as ameaças ao nosso presidencialismo.
Voltando ao tema a meu pedido, ele ressalta que “não poder ocupar simultaneamente um posto ministerial e um assento legislativo decorre da rígida separação de poderes característica do sistema de governo presidencial, ao contrário do que ocorre sob o parlamentarismo, o qual se distingue pela fusão de poderes”.
POR UM DIA – Uma das principais implicações dessa fusão é justamente a possibilidade de exercício simultâneo de cargo ministerial e mandato parlamentar. No Brasil, por conta das dificuldades que os governos têm tido em algumas votações decisivas, a classe política tem-se valido, desde a década de 1990, de uma brecha legal que permite que um parlamentar licenciado para chefiar um ministério deixe o cargo no Executivo por apenas um dia para poder votar no Congresso. Após a votação, o ex-ministro por apenas um dia volta a ser ministro.
“É, de fato, uma manobra que causa pasmo, mas o que aconteceu no dia 02 de agosto não é novidade. Trata-se de um expediente que confere uma natureza híbrida ao nosso sistema de governo, pois, é uma prática de natureza parlamentarista”.
O referido expediente é problemático não por dar uma feição híbrida ao nosso presidencialismo, considera Octavio Amorim Neto, mas “por mudar a composição do Congresso na calada da noite e sem a intervenção do eleitorado”.
TROCA-TROCA – Outra prática perniciosa, destaca o cientista político da FGV-Rio, é “a altamente frequente troca de partidos por parlamentares, que tem sido o principal meio pelo qual nossa classe política logra alterar consideravelmente a configuração partidária do Poder Legislativo sem consultar os eleitores e, várias vezes, ao arrepio destes”.
O deputado Miro Teixeira, que é a favor do parlamentarismo, mas, não vendo condições de uma adoção imediata defende o “distritão” como primeiro passo, escreveu recentemente artigo na revista Interesse Nacional em que lembra que Collor, Lula e Dilma, não saindo da eleição presidencial com maioria no Congresso, “sofreram impeachment – Collor e Dilma - e Lula foi parar na barra dos tribunais”.
FARSA DEMOCRÁTICA – Para o deputado, nosso presidencialismo é “vistoso, imperial e fraco, incapaz de organizar maioria parlamentar em harmonia com a opinião pública e o interesse nacional”. E prossegue: “Já que fraco, coopta a tal maioria parlamentar e dela se torna refém, com acordos partidários irrevelados”.
Esse é o retrato da farsa democrática na composição de maiorias parlamentares, comenta o deputado da Rede, (…) “Caro demais para ficar restrito ao anedotário político”. Mudar as atuais regras eleitorais “é menos ambicioso do que uma profunda reforma política, esta sim capaz de atualizar o aparelho de Estado e reduzir a mediocridade temática da organização de maiorias para transformar a organização pátria”.


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