PRIMEIRA EDIÇÃO DE 25-8-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
SEXTA-FEIRA, 25 DE AGOSTO DE 2017
Os senadores Aécio Neves (MG) e Tasso Jereissati (CE), presidentes licenciado e interino do PSDB, fizeram aliança contra os tucanos de São Paulo, que tentavam assumir o controle do partido desde a crise provocada pelo programa partidário do dia 17. Aécio se reuniu com Tasso e selaram uma aliança de aparências: eles se detestam, mas detestam mais o PSDB paulista. Ao final do encontro, Aécio quis dar aparência de normalidade ao racha: “Paz no ninho, tudo calmo”.
Aécio e Tasso temiam que, no comando do partido, a turma de Geraldo Alckmin acabaria por manipular a escolha do candidato a presidente.
Tucanos de São Paulo e os grupos de Aécio e Tasso juram que não há divisão, que nunca estiveram tão unidos, mas é conversa de político.
A crise no PSDB, que se dividiu no apoio ao governo Michel Temer foi aprofundada pelo programa desastroso exibido em rede de rádio e TV.
O programa do PSDB, ruim e monótono, teve ar professoral, com a visão finalmente transmitida do Olimpo pelo “coroné dos zoio azul”.
Também recebida com desconfiança, como no caso da telefonia, a privatização do aeroporto de Brasília se transformou em caso de sucesso. A gestão privada ampliou e modernizou instalações, implantou o conforto, adotou cuidados de limpeza e multiplicou as pontes de embarque (fingers). A eficiência do aeroporto já fez Brasília esquecer os tempos de gestão anárquica da estatal Infraero.
Hoje, em Brasília, malas já não somem e nem são violadas, e o cliente já as encontram disponíveis quando chega à esteira.
Em tempo chuvoso, as goteiras no aeroporto de Brasília chegaram a obrigar passageiros a usar guarda-chuva na fila do check-in.
Usuários elogiam o aeroporto de Brasília, mas reclamam dos preços dos produtos (até cafezinho é caro), em razão dos aluguéis altos.
Três senadores do PSB “repudiaram” a privatização da Eletrobras, um acerto do governo. Deveriam repudiar o fato de a estatal e todo o setor elétrico terem sido destroçados pela incompetência do governo Dilma.
A ex-presidente Dilma pode ter deixado as pedaladas de lado, mas ainda tiram seu sono. A Câmara de Combate à Corrupção do MPF reabriu a investigação penal do crime que levou ao impeachment.
Uma das barbaridades do relatório do petista Vicente Cândido (SP), na reforma política, prevê um grave recuo: campanhas de 60 dias e não mais de 45 dias, como é atualmente. Ninguém merece.
Ex-deputado e um dos mais admirados advogados do País, Luiz Piauhylino foi um dos comandantes da vitória dos produtores de etanol do Nordeste na Camex, que voltou a taxar em 20% a importação o álcool podre americano – que é altamente poluente, à base de milho.
O segurança do ex-presidente FHC, Eduardo Maximiano Sacillotto Filho é presença garantida na lista de utilizadores de cartões corporativos do governo, mas gasta pouco: até agora, R$2,7 mil durante este ano.
O governo do DF vai parcelar salários, como esta coluna antecipou, mas antes tentou o aumento de impostos: IPVA de veículos, ITBI de imóveis, ISS dos Cartórios, ICMS de combustíveis, TV por assinatura, bebidas, telefonia... Mas os salários e as regalias cresceram mais.
No Senado, a proposta que cria um fundo com o dinheiro usado para pagar o tempo de rádio e TV dos programas eleitorais, que ninguém assiste, restringe o horário político obrigatório a emissoras públicas.
...que reforma política pode dar certo quando DEM e PSOL, sob as bênçãos do PCdoB, fazem acordo?

NO DIÁRIO DO PODER
STF DERRUBA LEI FEDERAL QUE AUTORIZA PRODUÇÃO DO AMIANTO
DECISÃO FOI TOMADA APÓS DIAS TOFFOLI DAR POSICIONAMENTO CONTRÁRIO À CONTINUIDADE DA PRODUÇÃO
Publicado: quinta-feira, 24 de agosto de 2017 às 16:42 - Atualizado às 20:00
Redação
O Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a validade da lei federal que autorizava a produção e venda do amianto no Brasil. A decisão foi anunciada nesta quinta (24) após seis ministros votarem a favor da proibição.
A votação sobre a lei federal havia mantido a produção da substância por não ter alcançado o mínimo de votos necessário para derrubar a lei. No entanto, durante a deliberação sobre a lei que proíbe o uso da substância em São Paulo, o ministro Dias Toffoli pediu para revisitar a decisão anterior e votou contra a continuidade da utilização do amianto, fazendo o placar favorável passar para seis votos, compondo a maioria.
Além de Toffoli, os ministros Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e a presidente da Corte Cármen Lúcia, votaram a favor do relatório da ministra Rosa Weber. Contra a proposta e a favor da continuidade da produção votaram Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Alexandre de Moraes.

À PF, VACCAREZZA DIZ QUE ‘MILHARES DE PESSOAS’ JÁ LHE OFERECERAM DINHEIRO
'CHEGAM DIZENDO QUE ISSO VAI SER BOM PRA GENTE, PRO BRASIL', AFIRMOU
Publicado: quinta-feira, 24 de agosto de 2017 às 16:22
Redação
O ex-líder dos Governos Lula e Dilma na Câmara, Cândido Vaccarezza (ex-PT/SP) declarou à Polícia Federal que ‘milhares de pessoas’ lhe ofereceram dinheiro. Não apontou nomes, mas relatou como é feita a abordagem. “As pessoas chegam pedindo uma abertura, dando dica, dizendo que vai ser bom pra gente, pro Brasil.”
Ele afirmou que nunca recebeu propinas em toda a sua vida pública.
Vaccarezza é o alvo maior da Operação Abate, desdobramento da Lava Jato. Na sexta-feira, 18, o ex-deputado foi preso em regime temporário. Na terça, 22, o juiz Sérgio Moro mandou soltar Vaccarezza.
Ele foi interrogado na segunda-feira, 21, pelo delegado Filipe Hille Pace, que preside o inquérito da Abate.
A PF suspeita que Vaccarezza tinha portas abertas na Petrobras, onde seu principal contato seria o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa – primeiro delator da Lava Jato.
O ex-deputado admitiu ter relações próximas com o lobista Jorge Luz – apontado como operador de propinas do PMDB.
A investigação mostra que, por supostamente agir pelo interesse da empresa americana Sargeant Marine, o ex-líder de Lula e Dilma teria recebido, apenas em uma operação, propina de US$ 500 mil. Ele nega. Na residência de Vaccarezza, os investigadores encontraram R$ 122 mil em dinheiro vivo.
No depoimento, ele disse. “Um cidadão repassar quinhentos mil dólares e não deixar rastros é muito difícil. Passar dez, vinte mil, passa, mas quinhentos mil dólares é muito difícil. Eu não recebi um centavo da Sargeant Marine e ninguém tem como provar que eu recebi, doutor.”
O delegado perguntou a Vaccarezza se ‘era comum receber de empresários minutas de projetos de lei’. Ele respondeu que sim, ‘de milhares de empresários, consignando que nunca recebeu quaisquer valores de vantagens indevidas atreladas a tais projetos de lei’.
Indagado se durante sua vida pública ‘já foi oferecida vantagem indevida, respondeu que estaria mentindo se dissesse que não’.
A PF questionou Vaccarezza sobre ‘quem lhe ofereceu dinheiro’. Ele disse que ‘não se lembra’.
“Milhares de pessoas já lhe ofereceram dinheiro”, declarou. “Que esclarece que as pessoas não chegam para o parlamentar oferecendo um milhão para que fosse feito determinado projeto de lei; Que as pessoas chegam dizendo que o projeto de lei vai ser muito bom, vai ser bom para o Brasil; Que não chegam oferecendo dinheiro, chegam pedindo uma abertura, dando dica, dizendo que isso vai ser bom pra gente, pro Brasil, Que esclarece novamente que nunca recebeu qualquer valor para aprovar projetos de lei.”
Vaccarezza afirmou que ‘todos os bens que entram em sua casa são fruto apenas de seu trabalho’.
Ele negou também que tenha recebido propinas da empreiteira Odebrecht; “Que nunca recebeu qualquer valor sabidamente ilícito da Odebrecht; Que quando se assume determinada posição é muito comum que pessoas passem a utilizar seu nome sem seu conhecimento, sendo possível que possam ter utilizado o nome do declarante para este fim.” (AE)

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Lula e Renan: nascidos um para o outro
O dono do partido que virou bando e o líder da bancada logo estarão juntos na disputa eleitoral que escolherá os síndicos de cela de presídio
Por Augusto Nunes
Quinta-feira, 24 ago 2017, 22h28 - Publicado em 24 ago 2017, 22h27
(Beto Macário/Folha Imagem)

O que se viu em Alagoas nesta terça-feira, 22, não foi a reconciliação entre Lula e Renan Calheiros ─ pela simples e boa razão de que nunca foram rompidos os laços de afeto consolidados em 13 anos de cumplicidade. De 2003 para cá, sempre esbanjando harmonia, a dupla fez o diabo no Congresso, fez coisas de que até Deus duvida em campanhas eleitorais e fez bonito no assalto aos cofres da Petrobras. Separados fisicamente, mantiveram-se atados por interesses comuns e pelas trapaças do destino.
Ambos atropelados pela Lava Jato, tanto o chefe do partido que virou bando quanto o senador que lidera a bancada do cangaço estão soterrados por inquéritos e processos. Nada como o medo de cadeia para tornar ainda mais sólidos casamentos bandidos. Nascidos um para o outro, Lula e Renan logo dividirão outro palanque, em busca da vitória na disputa eleitoral que escolherá os novos síndicos das celas de presídio que abrigam a população carcerária.

#SanatórioGeral: Estadista de picadeiro
Lula exige que Temer reconstrua até 2018 o país arrasado por 13 anos de incompetência e ladroagem
Por Augusto Nunes
Quinta-feira, 24 ago 2017, 19h08
“O Brasil estava bom. E o Brasil está tão ruim. Eles não diziam que a Dilma era a culpada? Tiraram a Dilma do poder na maior sacanagem jamais vista neste país. Por que não consertam o Brasil?”. (Lula, numa discurseira em Itabaiana, interior de Sergipe, exigindo que Michel Temer, em quem votou duas vezes para vice-presidente, conserte em menos de dois anos o país que, com a ajuda de Dilma Rousseff, levou 13 para destruir)

A indulgência perpétua das castas prostitutas
O altíssimo preço dessa falsa democracia de festa, farras e foro é a eterna desfaçatez
Por José Nêumanne
Publicado no Estadão
Quinta-feira, 24 ago 2017, 17h03
Vira e mexe alguém vem do nada falar em reforma política no Brasil. O ex-presidente Fernando Henrique chamava-a de “a mãe de todas as reformas”. O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha empenhou-se pessoalmente em sua aprovação. Eleição vem, eleição vai, algum remendo é feito e a colcha de retalhos nunca fica pronta. Agora, ela ganhou foros de urgência, tem de ser aprovada a toque de caixa. Para quê? Para garantir direitos da cidadania é que não é.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, vai jantar dia sim, dia talvez, com o presidente da República, Michel Temer, e eles usam o poder e a majestade de suas presidências para discutir os termos dela. Nenhum deles tem autoridade para tanto. Um chefia o Poder Executivo. O outro participa do mais elevado colegiado do Judiciário. Mas as leis são feitas no Poder Legislativo. Por que diacho esses senhores discutem uma mudança de cânones à qual não são chamados a participar? Um é professor de Direito Constitucional e o outro julga causas que chegam à última instância da Justiça. Ambos têm muito o que fazer em suas alçadas. Por que não se cingem a cátedra e toga?
Na prática, no dia a dia, quem lida com o assunto é o Legislativo. Aliás, na Câmara dos Deputados funciona uma tal Comissão Especial só para cuidar disso. Demos, então, a palavra aos encarregados de emendar dispositivos em cuja feitura Temer e Mendes nada têm sequer de palpitar. E o que dizem os que têm a dizer? O presidente, deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), teve a chance de explicar que “a reforma política está sendo feita por causa do financiamento. Foi por isso que começamos a discutir sistema eleitoral, voto em lista, distritão. Agora tudo é para aprovar o fundo, porque sem ele não tem dinheiro”. Ah, então, está tudo esclarecido: o que está em jogo não é a absurda matemática da composição das bancadas nem a crise de representatividade por ela causada, mas a caixinha de esmolas.
O responsável pelo texto aprovado na comissão não é Temer, nem Mendes, nem Lima. É Vicente, cujo sobrenome, Cândido, é desmentido pela porca tarefa. E, como militante do Partido dos Trabalhadores (PT-SP) e da alta cartolagem do impolutíssimo (aiaiai) futebol profissional da Pátria em chuteiras (e não de, como proclamavam Dilma Rousseff e Aldo Rebelo), ele já deixou clara a inutilidade de correr tanto para tentar aprovar algo que não deve prosperar. “Aprovar uma reforma política para o ano seguinte é impossível, porque o povo aqui (ou seja, os colegas do Congresso) faz de tudo, menos passar a faca no próprio pescoço”. De cândido (limpo, puro, franco), ele não tem nada.
Na vida oficial, dos gabinetes onde se recebem propinas, e na real de botecos, onde os pobres pagam a conta da esbórnia nacional, o buraco é mais embaixo. Com seu linguajar de boleiro, o relator não deixa por menos e pontifica: “O povo vota num Congresso Nacional do Brasil e quer leis da Suíça”. Sua Bolorência anda meio desatualizada: a Suíça nunca foi o território da santidade, mas, sim, o valhacouto do dinheiro sujo e mal lavado. Agora, não é mais. O capitalismo internacional, sob o comando dos ganhadores da Guerra de Secessão, não admite mais a corrupção, desde que constatou que a farra dos esgotos monetários não financia apenas o tráfico de drogas e de armas. Mas também a engenharia financeira dos terroristas, que não suportam a liberdade de crença nem o direito sagrado de ir e vir neste mundão sem Deus.
E, enquanto esse mundão prospera, o Brasil vegeta, esmagado por um Estado estroina e desavergonhado, em que não se respeitam códigos de ética do novo capitalismo nem do velho gangsterismo. Com um déficit de contas públicas que se aproxima de meio trilhão de reais num quadriênio em que se limita um mandato, Pindorama se entrega aos vigaristas.
Sob bênçãos de Temer e Mendes, Lima e Cândido, estes desejam o paraíso do carcará sanguinolento: pega, mata e come. E não levam em conta questões comezinhas. O distritão, por exemplo, uma espécie de distrital do B – B de Brasil, bunda e besta –, foi adaptado do voto de lista, aquele em que os chefões dos partidos se reservam um lugar à sombra no foro, no qual se escondem de Moro. Não passou o listão, enfiam o distritão goela abaixo, porque sabem que, de repente, dê frutos a pregação de Rinaldo da Silva, taxista do Shopping Higienópolis, que defende o voto em mandatário nenhum de Poder nenhum para mandato algum. E eles só oferecem o lema: “Votem em mim, ainda que não queiram”.
Os deputados que pregam a reforma do Cunha sob a égide do Maia esqueceram-se de contar que o fim da proporcionalidade no voto também extingue a proporcionalidade que dá às minorias derrotadas possibilidade de sobreviver aos vencedores de pleitos majoritários, nos longos intervalos entre as eleições. Como garantir vaga em comissões ou na Mesa das Casas de Leis com a abolição da proporção? Não é, de fato, espertinho o Centrão?
E o que dizer do fundão, fundilho, ou afundamento generalizado? Na primeira vez em que ouvi falar no Fundo Especial de Financiamento da Democracia, deu-me vontade de me ajoelhar e rezar o Salve Rainha. O fervor cívico passou quando fiquei sabendo que o preço desse tipo de democracia é a eterna desfaçatez. O fundo não é de R$ 3,6 bilhões, como apregoou o nada Cândido, nem de R$ 2 bilhões, cuja pedra cantou assim que percebeu que, na pindaíba generalizada, reduzido, o valor convenceria. Afinal, não entram nesse falso total nem os R$ 2 bilhões do fundo partidário, que vale no ano da eleição e no outro, de urnas fechadas e recolhidas, nem a renúncia fiscal com que se paga o horário, que é gratuito para os espertalhões e pago a bilhões pelos otários, que somos nós.
No bordel Brasil vale tudo, até a venda de indulgências perpétuas por castas prostitutas.

NA VEJA.COM
STF deve conter Gilmar Mendes, pede associação de procuradores
Em carta, entidade diz que a inação da Corte diante das ações do ministro será caracterizada como omissão
Por Da Redação
Quinta-feira, 24 ago 2017, 19h12 - Publicado em 24 ago 2017, 18h57
A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) enviou nesta quinta-feira uma carta a todos os ministros que integram o Supremo Tribunal Federal (STF) para reforçar o pedido de suspeição do ministro Gilmar Mendes nos casos que envolvem a Operação Ponto Final, um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro. A entidade, que representa mais de 1.300 procuradores da República, diz que a Corte será omissa se não agir para conter o comportamento e as ações de Mendes.
Os procuradores afirmam que “não é de hoje que causa perplexidade ao País a desenvoltura com que o ministro Gilmar Mendes se envolve no debate público, dos mais diversos temas, fora dos autos, fugindo, assim, do papel e do cuidado que se espera de um juiz”. Eles alegam que magistrados de instâncias inferiores já responderam a processos em suas corregedorias por conta de declarações menos assertivas. “Não existem corregedores para os membros do Supremo. Há apenas a Corte”, diz a entidade.
A ANPR afirma que só o Supremo pode “corrigir o Supremo”. “Apenas a Corte pode – e deve, permitam-nos dizer – conter ação e comportamento de ministro seu que põe em risco a imparcialidade”. Segundo a associação, a credibilidade de todo o Poder Judiciário correrá risco caso a Justiça não restaure sua inteira imparcialidade. Os procuradores dizem que os ministros serão omissos se não tomarem alguma atitude.
“O exemplo e o silêncio dos demais ministros e da Corte não são mais suficientes. Com a devida vênia, a responsabilidade para com o Poder Judiciário impõe enfrentar o problema”, declarou a entidade. “A ação do Supremo no caso é essencial para que a imagem e a credibilidade de todo o sistema judiciário brasileiro não saiam indelevelmente abalados. A eventual inação, infelizmente, funcionará como omissão.”
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao STF um pedido de suspeição contra Mendes nos casos envolvendo dois habeas corpus de investigados na Ponto Final, além de ter solicitado a anulação das decisões já proferidas pelo ministro no âmbito da operação. Ele mandou libertar da prisão o empresário de transportes Jacob Barata Filho e o ex-presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor). Lélis Teixeira.
Rodrigo Janot citou que, em 2013, Gilmar e sua mulher, Guiomar Mendes, foram padrinhos no casamento de Beatriz Barata, filha de Barata Filho, com Francisco Feitosa Filho, sobrinho de Guiomar; que Jacob Barata Filho é sócio de Francisco Feitosa de Albuquerque Lima, cunhado do ministro do STF; que o telefone da mulher de Gilmar consta na agenda do celular do empresário e, além destes, que o escritório do advogado Sérgio Bermudes, no qual Guiomar Mendes trabalha, representa empresas de Barata Filho e Lélis Teixeira.
Para a ANPR, “um conjunto sólido e público de circunstâncias indica insofismavelmente a suspeição do ministro para o caso”. A associação repudiou que, em um dos habeas corpus expedidos, Mendes se dirigiu de forma desrespeitosa ao juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelas decisões em primeira instância da Lava Jato no Rio. Ao falar de Bretas, o ministro disse que, “em geral, é o cachorro que abana o rabo”. Além disso, Mendes se referiu aos procuradores da República da Lava Jato no Rio como “trêfegos e barulhentos”.
“Estas declarações trazem, desde logo,  um grave desgaste ao STF e à Justiça brasileira. Nestas críticas, parece ter esquecido o Ministro o dever de imparcialidade”, diz a ANPR. “Adjetivos descabidos lançados às instituições é comportamento comum em excessos cometidos por agentes políticos que confundem o público e o privado. Não são esperados, contudo, de um juiz.”
Gilmar Mendes se defende
Em nota divulgada na última sexta-feira, Gilmar declarou que não há “suspeição alguma” para julgar o caso. O ministro disse que não tem relação pessoal com Barata Filho e que o fato de ser padrinho de casamento da filha dele não se enquadra nas regras legais que determinam o afastamento de um magistrado para julgar uma causa em função de relação íntima com uma das partes.

NO BLOG DO JOSIAS
Transição de Janot para Dodge exclui informações sobre caso Michel Temer
Por Josias de Souza
Sexta-feira, 25/08/2017 03:36
O processo de transição da gestão de Rodrigo Janot para Raquel Dodge na Procuradoria-Geral da República foi contaminado pelo vírus da desconfiança. A apenas 24 dias da troca de comando, a equipe de Janot não compartilhou com a nova procuradora-geral ou com seus futuros auxiliares os dados sobre a investigação que envolve Michel Temer. Mantida a atual política do pé atrás, Dodge só deve tomar conhecimento do que está por vir quando a segunda denúncia contra o presidente da República estiver pronta para ganhar as manchetes.
Janot se equipa para denunciar Temer novamente perante o Supremo Tribunal Federal antes de 17 de setembro, quando expira o seu mandato à frente da chefia do Ministério Público da União. Não é por falta de matéria-prima que sua sucessora vem sendo mantida no escuro. A preparação da peça acusatória está em estágio avançado. Incluirá informações extraídas da colaboração judicial do doleiro Lúcio Funaro. O acordo de delação foi firmado na última terça-feira. Raquel Dodge herdará o acompanhamento do caso. Mas não foi informada dos detalhes.
Na mesma terça-feira, a nova procuradora-geral divulgou os nomes de 12 colegas que ocuparão os principais postos do seu staff. A julgar pela biografia de Dodge e pelo histórico dos seus escolhidos, a desconfiança de Janot é irracional e imotivada. O doutor avisara que, enquanto tivesse bambu, mandaria flechas. A tribo de sua sucessora é feita de procuradores que têm o hábito de molhar a ponta da flecha no curare — um veneno paralisante que os índios extraem de plantas do gênero Strychnos.


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