PRIMEIRA EDIÇÃO DE 06-7-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
QUINTA-FEIRA, 06 DE JULHO DE 2017
Após a visita a Oslo, no fim de junho, quando a comitiva do presidente Michel Temer foi humilhada pelos anfitriões, o Ministério das Relações Exteriores finalmente tomou uma atitude: convocou a embaixadora da Noruega em Brasília, Aud Marit Wiig, para uma queixa formal pelo tratamento mal-educado a Temer pelos noruegueses. Em diplomacia, convocar embaixador é um dos sinais mais graves de desagrado. Mas o governo neutralizou a bronca mantendo a convocação sob sigilo.
Procurada, a embaixadora Aud Marit Wiig se recusou a falar: “Não há comentários a fazer sobre o assunto”, informou por sua assessoria.
Além de registrar repúdio do governo, a convocação da embaixadora sinaliza a deterioração das relações entre os dois países.
Na visita de Temer, o governo norueguês acusou o “aumento” do desmatamento. Fato que, admitiu depois, não havia confirmado.
A mineradora Hydro polui rios e devasta a Amazônia. É do governo da Noruega, o que autoriza a matança de baleias (999, só este ano).
Em decisão unânime, o Tribunal de Contas da União (TCU) rechaçou a possibilidade de Joesley Batista se livrar – com base em uma cláusula do acordo de delação premiada fechado com a Procuradoria-Geral da República – de ressarcir os cofres públicos pelo prejuízo na maracutaia que viabilizou a compra do frigorífico americano Swift Foods & Co. pelo grupo JBS, mediante investimento milionário e irregular do BNDES.
Em 2007, durante o governo Lula, Joesley conseguiu que o BNDES pagasse R$0,50 a mais por uma das 139.470.610 ações da Swift.
O §3º da Cláusula 19 do acordo da PGR impede o uso contra Joesley de provas de sua própria delação até para ressarcir danos ao erário.
Joesley, Guido Mantega e o ex-presidente do BNDES, Coutinho têm 15 dias para se defender e/ou devolver R$ 125 milhões (valor corrigido).
O ministro Gilberto Kassab espera ser isentado, nas citações da Lava Jato, para encarar a disputa pelo governo de São Paulo, em 2018. Está otimista. Ressalva: se José Serra (PSDB) for candidato, ele está fora.
Continua a lorota de “falta de dinheiro” para passaportes. O que falta é apenas a previsão orçamentária. Até porque cobrando abusivos R$257 por passaporte emitido, dinheiro é o que não falta ao governo.
Curiosa pesquisa em Alagoas melhorou a posição de Renan Calheiros na disputa pelo Senado, em 2018. O truque foi excluir do levantamento os favoritos Ronaldo Lessa (PDT) e Heloísa Helena (Rede).
Além da americana Shell (Raízen), a estatal BR Distribuidora ganha muito dinheiro com o álcool podre, à base de milho, importando dos Estados Unidos. A importação é predatória porque não paga impostos, como os concorrentes do Nordeste, e o etanol podre polui o ambiente.
Chega a ser engraçada a ginástica de comentaristas tentando desqualificar ou minimizar a recuperação da economia. Parecem ter medo de admitir que ao menos isso tem funcionado no governo.
Dirigente do Zoológico de Brasília iniciou entrevista ao telejornal “Bom dia, DF”, nesta quarta (5), com um “primeiramente, fora, Temer”. Sem medo de encarar porralouquices, o governador Rollemberg demitiu o sujeito, apesar da cara feia da turma da Secretaria do Meio Ambiente.
O Ministério da Ciência e Tecnologia garante que o cronograma para utilização plena do satélite brasileiro para uso civil segue dentro do prazo. A banda X, de uso militar, já é utilizada no Ministério da Defesa.
O Senado aprovou um projeto que dá prioridade especial às pessoas com mais de 80 anos. Ou seja, além da prioridade para aquelas com mais de 65 anos, haverá a prioridade dos prioritários.
...os políticos estão aliviados com o recesso da Justiça, mas é sempre bom lembrar que a Polícia Federal não tem recesso.

NO DIÁRIO DO PODER
CASO JBS
SERRA É O NOVO ALVO DE JANOT COM BASE NA DELAÇÃO DE JOESLEY
ELE DIZ, EM NOTA, QUE AS CAMPANHAS FORAM BANCADAS PELO PARTIDO
Publicado: quarta-feira, 05 de julho de 2017 às 21:10 - Atualizado às 23:24
Redação
José Serra (PSDB-SP) é o novo alvo do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que pediu ao Supremo Tribunal Federal abertura de inquérito para investigar o senador, com base nas delações premiadas de executivos da JBS. Ele pediu também que o caso seja sorteado para um novo relator por não ter relação com a Lava Jato, que apura irregularidades na Petobras.
O tucano divulgou a seguinte nota: "O senador José Serra reitera que todas as suas campanhas eleitorais foram conduzidas dentro da lei, com as finanças sob responsabilidade do partido. E sem nunca oferecer nenhuma contrapartida por doações eleitorais, como aliás confirma o senhor Joesley Batista."
O pedido foi feito pela PGR na semana passada, mas o documento só foi tornado público no sistema do Supremo nesta quarta-feira (5).

DEPOIMENTO
JUSTIÇA DÁ 10 DIAS PARA TEMER RESPONDER PERGUNTAS DE CUNHA
RELACIONADO COMO TESTEMUNHA DO EX-DEPUTADO, TEMER PRESTARÁ DEPOIMENTO ESCRITO À 10ª VARA
Publicado: quarta-feira, 05 de julho de 2017 às 19:13 - Atualizado às 19:20
Faby Rufino
O presidente Michel Temer terá 10 dias para prestar depoimento escrito à 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, e responder as 22 perguntas enviadas pela defesa do ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba pelas investigações da Lava Jato.
Temer foi relacionado como testemunha de Cunha nas acusações de cobrança e recebimento de propina em empresas que tinham interesse em empréstimos do FI-FGTS. Além do presidente, a lista de testemunhas também conta com os ministros Moreira Franco (Secretaria Geral) e Dyogo de Oliveira (Planejamento).
Entre as perguntas entregues, a desefa pergunta se o presidente tinha algum conhecimento de possíveis vantagens solicitadas ou recebidas por Moreira Franco, no âmbito do DFI-FGTS, para liberação de projetos.
Os advogados do ministro Moreira Franco (Secretaria Geral), também relacionado como testemunha, pediram nesta quarta (5) que o ministro também responda por escrito. No entanto o juiz Vallisney de Sousa Oliveira, da 10ª Vara, negou o pedido após manifestação do Ministério Público Federal que afirmou presença “indispensável” do ministro.
Leia abaixo as 22 perguntas encaminhadas ao presidente:
1. Vossa Excelência foi presidente do PMDB em que período?
2. Vossa Excelência foi apontado como o responsável pela nomeação do Sr. Moreira Franco para a vice-presidência da Caixa, de Fundos e Loterias. O sr. era presidente do PMDB à época? Quando foi isso?
3. Em 2010, Moreira Franco teve de deixar a Caixa para ocupar a representação do PMDB na coordenação da campanha presidencial. Vossa Excelência indicou o então gerente de Moreira, Joaquim Lima, como seu substituto?
4. Vossa Excelência conheceu o Sr. André da Souza, representante até 2012 no conselho FI/FGTS dos trabalhadores ou do PT?
5. Vossa Excelência fez alguma reunião para tratar de pedidos para financiamento com FI/FGTS, junto de Moreira Franco e André de Souza? Se sim, quando? Com quem?
6. Vossa Excelência conhece Benedicto Júnior e Léo Pinheiro?
7. Vossa Excelência participou de alguma reunião com eles e Moreira Franco para doação de campanha para os pleitos eleitorais de 2010, 2012 ou 2014?
8. Se a resposta for positiva, estava vinculada a alguma liberação do FI-FGTS?
9. André de Souza participou de alguma dessas reuniões?
10. Onde se deram essas reuniões?
11. Joaquim Lima continuou como vice-presidente da Caixa, em outra área, a partir de 2011. Quem foi o responsável pela sua manutenção?
12. Vossa Excelência conheceu Fábio Cleto?
13. Teve alguma participação na sua nomeação?
14. Houve interferência do então prefeito Eduardo Paes visando à aceleração do projeto Porto Maravilha para as Olimpíadas?
15. Vossa Excelência teve conhecimento de alguma vantagem indevida, seja à época de Moreira Franco, seja posteriormente, para liberação de financiamento do FI-FGTS?
16. Vossa Excelência conhece Henrique Constantino? Esteve alguma vez com ele? Qual foi o tema? Tinha a ver com algum assunto ligado ao financiamento do FI-FGTS?
17. A denúncia trata da suspeita do recebimento de vantagens indevidas do consórcio Porto Maravilha (OAS, Carioca e Odebrecht), da Haztec, da Aquapolo e Odebrecht Ambiental, Saneatins, Eldorado Participações (Grupo JBS), Lamsa (Linha Amarela S.A.), Brado, Moura Debeux, BR Vias. Vossa Excelência tem conhecimento, como presidente do PMDB até 2016, se essas empresas fizeram doações a campanhas do PMDB? Se sim, de que forma?
18. Alguma delas fez doação para a campanha de Gabriel Chalita em 2012?
19. Se positiva a resposta, houve a sua participação? Estava vinculada à liberação desses recursos da Caixa no FI-FGTS?
20. Como vice-presidente da República desde 2011, Vossa Excelência tem conhecimento da participação de Eduardo Cunha em algum fato vinculado a essa denúncia de cobrança de vantagens indevidas para liberação de financiamentos do FI-FGTS?
21. Vossa Excelência tem conhecimento de algum pagamento de vantagem indevida pelo senhor Benedicto Junior a Moreira Franco para liberação de financiamento do FI-FGTS à Odebrecht Transportes para associação no Porto de Santos?
22. Vossa Excelência tem conhecimento de qualquer vantagem indevida solicitada ou recebida pelo senhor Moreira Franco para liberação, no âmbito do FI-FGTS, em qualquer projeto, incluindo o Porto Maravilha?

CARA NA POEIRA
TRF-4 NEGA DOIS NOVOS RECURSOS DE LULA; PROCESSOS HAVIAM SIDO REJEITADOS, EM JUNHO
ZANIN PEDIA DILIGÊNCIAS À PRODUÇÃO DE PROVAS NO INQUÉRITO DO TRIPLEX NO GUARUJÁ...
Publicado: quarta-feira, 05 de julho de 2017 às 18:58 - Atualizado às 19:01
Weudson Ribeiro
Por unanimidade, a 8ª turma do TRF 4 negou dois novos recursos da defesa de Lula, no fim da tarde desta quarta-feira (5). No início de junho, os processos haviam sido rejeitados monocraticamente pelo desembargador Gebran Neto.
Em um dos pleitos, o advogado Cristiano Zanin pedia o deferimento de diligências complementares para produção de novas provas no inquérito que apura a propriedade do triplex no Guarujá. Ele também solicitou o processamento de um incidente de falsidade indeferido pela 13ª Vara Federal referente a um e-mail apresentado pelos advogados de José Aldemário Pinheiro. O e-mail teria “visível adulteração”, pois é datado de 2012 e faz menção a uma notícia postada, em 2016, no blog do jornalista Fausto Macedo. “A simples postulação da defesa não lhe assegura a produção de toda e qualquer prova, sobretudo quando muitos fatos que pretende comprovar já estão esclarecidos nos autos de outro modo”, avaliou Gebran.
No segundo recurso, o desembargador afirmou que o habeas corpus não é o "instrumento processual adequado" para pedir o processamento de um incidente de falsidade, havendo recurso próprio na lei processual penal. Na avaliação do magistrado, o incidente deve ser protocolado em primeiro grau e, em caso de indeferimento, pode uma reconsideração ser requerida. “A simples análise do documento deixa claro que não se está diante de falsificação, mas de meros comentários sobrepostos pela defesa de José Aldemário Pinheiro Filho”, apontou.

CAOS NA VENEZUELA
CHAVISTAS ARMADOS INVADEM ASSEMBLEIA E FEREM DEPUTADOS
PARLAMENTARES FAZIAM SESSÃO ESPECIAL QUANDO ACONTECEU O ATAQUE
Publicado: quarta-feira, 05 de julho de 2017 às 18:29
Redação
Um grupo de chavistas armados com paus e bombas artesanais invadiu nesta quarta-feira, 5, a Assembleia Nacional do país, que é controlada pela oposição. O Parlamento deve votar à tarde um referendo informal contra a Assembleia Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro. Ao menos três deputados ficaram feridos no ataque.
Dezenas de pessoas vestidas de vermelho invadiram com violência a sede do Parlamento, onde deputados realizavam uma sessão especial pelo Dia da Independência. 
Américo de Grazia, Nora Bracho e Armando Armas foram golpeados na cabeça. De Grazia foi levado a um hospital e passará por exames.
Os coletivos faziam um plantão de rechaço à Assembleia Nacional previsto para durar seis horas, quando algumas forçaram os portões e entraram. Jornalistas que estavam no prédio foram intimidados e proibidos de tirar fotos da invasão. Um dos homens portava arma de fogo e havia sinais de tiros nas paredes.
"O governo sempre recorre à violência", disse o deputado opositor Stalin González. "Vamos seguir enfretando esses selvagens."
Mais cedo, membros do governo chavistas suprenderam o Parlamento e organizaram um ato surpresa na Assembleia Nacional, capitaneado pelo vice-presidente Tareck El Aissami, que chegou acompanhado do ministro da Defesa e chefe da Força Armada, Vladimir Padrino López, assim como de membros do gabinete e de partidários chavistas.
Durante o evento, expôs-se a ata de Independência do país, firmada há 206 anos.
El Aissami fez um discurso de cerca de 15 minutos, no qual acusou a oposição de "sequestrar" o Poder Legislativo. Os adversários de Maduro dominam a Casa, com folga, desde sua esmagadora vitória nas urnas em dezembro de 2015.
"Estamos precisamente nas instalações de um poder do Estado que foi sequestrado pela mesma oligarquia que traiu Bolívar e sua causa", disse o vice-presidente, deflagrando aplausos dos convidados.
Maioria na Casa, a oposição reagiu, chamando o ato de "assalto" e "provocação para gerar violência".
"Foi um assalto ao Palácio Federal. Isso podia ter sido feito em coordenação com a mesa-diretora da Assembleia", criticou o deputado Tomás Guanipa, antes da cerimônia parlamentar especial. (AE)

NA VEJA.COM
Janot diz que ‘sentiu náusea’ quando ouviu gravação de Temer
Procurador-geral da República relata que ficou enjoado ao ouvir a conversa do presidente com Joesley Batista e defende denúncia: 'A narrativa é fortíssima'
Por Da Redação
Quinta-feira, 06 jul 2017, 00h17 - Publicado em 5 jul 2017, 23h57
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta quarta-feira, 05, que ficou enjoado ao ouvir a gravação da conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS. “Fiquei chocado e senti náusea”, contou em entrevista à Globonews. “Foi minha reação física. Enjoado mesmo.”
Na gravação, que foi uma das bases da denúncia da PGR contra o peemedebista por corrupção passiva, Joesley relata a Temer em um encontro sem registro oficial no Palácio do Jaburu que “está bem” com o ex-deputado Eduardo Cunha, preso na Lava Jato, e que cooptou um procurador que o investigava.
Questionado sobre as críticas à denúncia, Janot defendeu a peça e lembrou que o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, flagrado recebendo uma mala de 500 mil reais de um diretor da JBS, foi indicado pelo próprio Temer a Joesley como seu intermediário. “Se isso é fraco, não sei o que é forte.”
“Um empresário investigado tem uma conversa que ele grava com um ex-deputado acertando a ida dele à residência do Presidente da República à noite, sem testemunhas. Chega ao palácio, não é sequer identificado na porta e tem uma conversa muito pouco republicana com o presidente”, disse Janot. “A narrativa é fortíssima.”
O procurador-geral negou que o Ministério Público tenha orientado Joesley a gravar a conversa com Temer. “Essa gravação foi feita espontaneamente por aquele que seria o delator. [A PGR] Não combinou absolutamente nada.”
Fatiamento
Janot também descartou qualquer motivação política na decisão de dividir as denúncias contra Temer, o que renderia maior desgaste ao peemedebista. Segundo o procurador-geral, as outras duas linhas de investigação continuam abertas e “têm o seu tempo próprio”. “São três fatos distintos – corrupção, obstrução e organização criminosa. As denúncias têm de correr separadas.”
Raquel Dodge
Na entrevista, Janot minimizou sua rivalidade com Raquel Dodge dentro do Ministério Público. A procuradora foi a escolhida por Temer para assumir o comando da PGR a partir de setembro, com o fim do mandato de Janot. Ela ainda precisa ser aprovada pelo Senado. “Minha forma de trabalho é diferente da dela, mas somos todos Ministério Público”, afirmou. E desejou sucesso à provável sucessora: “A responsabilidade será enorme. Ela vai ter muito trabalho”.
Ameaças
O procurador-geral também revelou que ele e sua família já sofreram ameaças. “Ando com sistema de proteção. Eu, minha mulher e minha filha”, afirmou. “Não tenho medo. Trato profissionalmente.”

NO BLOG DO JOSIAS
Aliados articulam pós-Temer e presidente resiste
Josias de Souza
Quinta-feira, 06/07/2017 02:06
Intensificaram-se as conversas entre aliados do governo sobre a hipótese de substituição de Michel Temer pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Alheio aos sinais de fragilidade, Temer reuniu 26 ministros na noite desta quarta-feira (22 titulares e quatro interinos). Reiterou sua disposição de lutar pelo cargo. Distribuiu cópias da defesa entregue horas antes à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara pelo advogado Antonio Cláudio Mariz. Pediu apoio e mobilização para assegurar os votos necessários à rejeição da denúncia que o acusa de corrupção. Tachou a acusação de inepta. E disse estar convicto de que prevalecerá sobre o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Temer viajará nesta quarta-feira para a reunião do G-20, na Alemanha. Às vésperas do embarque, acumularam-se ao seu redor os sinais de deterioração do apoio congressual do governo. Enquanto o Planalto cantava vitória, Rodrigo Maia dizia em privado que Temer ainda não dispõe de votos para barrar na Comissão de Justiça a denúncia da Procuradoria. Faltam-lhe inclusive os votos dos pseudoaliados do PSDB. Dos sete tucanos com assento na CCJ, apenas Paulo Abi-Ackel está propenso a salvar Temer.
O movimento da infantaria do tucanato na Câmara levou o presidente em exercício do PSDB, senador Tasso Jeressati, a elevar o tom. Um dia depois de Aécio Neves ter defendido o apoio a Temer em discurso no Senado, Tasso referiu-se à possibilidade de o tucanato finalmente desembarcar do governo como algo inevitável: “Não se pode brigar com os fatos. Certas coisas a gente não controla”, disse ele ao comentar os humores do ninho. Mesmo no Senado, sete dos 11 integrantes da bancada tucana já torcem o bico para Temer.
Em conversa com o blog, o tucano Cássio Cunha Lima, vice-presidente do Senado, traduziu o drama vivido por Temer: “Impopular, o presidente está perdendo o seu grande trunfo, que é o apoio congressual. Escolheu-se para relatar a denúncia da Procuradoria na CCJ um deputado (Sérgio Zveiter) que é do PMDB e deve apresentar um parecer contrário aos interesses do presidente. Ou seja: Temer já não conta nem com o apoio integral do seu partido. Sua situação vai ficando insustentável.”
Cunha Lima prosseguiu: “O principal capital político de Temer é a capacidade de cultivar um bom relacionamento com o Congresso. Mas o deputado Rodrigo Maia, que pode vir a ser o seu substituto, também desfruta de excelentes relações na Câmara. Na prática, instalou-se no Brasil uma espécie de parlamentarismo informal. E Temer está sob o risco de receber um voto de desconfiança do Parlamento.” Na reunião com os ministros, Temer soou confiante. Mas declarou a certa altura que, se a Câmara autorizar a abertura do processo, o Supremo Tribunal Federal o absolverá da acusação de corrupção passiva.
Ironicamente, Temer sofre o mesmo processo de erosão que fez ruir o apoio de Dilma Rousseff no Congresso. Nesse enredo, Rodrigo Maia está para Temer assim como Temer estava para Dilma. Ou seja, o presidente da Câmara, ''Botafogo'', nas planilhas da Odebrecht, virou candidato natural ao trono. A exemplo da antecessora petista, Temer alimenta seus apoiadores à base de cargos e verbas. Entretanto, até os seus aliados mais fisiológicos começam a enxergar em Maia uma opção de poder que lhes garante o mesmo tipo de ração sem o desgaste de ter que grudar a imagem à figura radioativa de Temer, hoje um grande anti-cabo eleitoral. Partidos do chamado centrão perceberam que podem trocar de presidente sem mudar a estrutura do governo.
Com um pedido de reserva quanto à divulgação do seu nome, um deputado que costuma ser tratado no noticiário como membro do chamado “baixo clero” disse ao blog: “Eu gosto muito do Temer. Ele trata os deputados com um respeito que a Dilma não tinha. Mas preciso me reeleger no ano que vem. Será uma eleição dura. Não dá para carregar nas costas um presidente com 7% de popularidade. Se fosse para rejeitar uma denúncia, vá lá. Mas parece que haverá outras duas. É difícil absorver tanto desgaste perto da eleição.” O autor desta avaliação integra os quadros do PR, um partido controlado pelo mensaleiro e ultrafisiológio Valdemar da Costa Neto, com quem Temer reuniu-se reservadamente há três dias.
Também no meio empresarial o apoio a Temer começa a migrar do estado sólido para o gasoso. Nas últimas 48 horas, o repórter conversou com um industrial de São Paulo e um dirigente de banco de investimentos. Ambos já incluíram a hipótese de queda de Temer no rol de suas previsões. Um deles disse que começa a enxergar em Rodrigo Maia um mal menor. Afirmou que o próprio presidente da Câmara sinaliza ao mercado a intenção de manter as reformas econômicas.
O outro empresário, anotou numa mensagem de WhatsApp: “A queda de Temer já está precificada pelo mercado. Se cair, não muda nada. Temer perdeu muito do apoio que tinha do empresariado, cansado, desiludido e que já está aceitando o Maia. A PEC do teto foi um tiro no pé. Se não passar qualquer coisa palatável na reforma da Previdência, só os gastos da própria Previdência ultrapassarão o limite de gastos da PEC, o que configuraria crime de responsabilidade.”
Curiosamente, na reunião com os ministros, Temer voltou a se jactar dos avanços econômicos obtidos durante a sua gestão. Disse que enfrenta uma guerra pelo poder. Insinuou que seus detratores prejudicam o País. Não criticou apenas o procurador-geral Rodrigo Janot. Mimetizando o comportamento do PT, Temer bateu duramente na TV Globo. Para o presidente, a emissora faz campanha por sua queda. Na GloboNews, disse ele, a campanha dura “24 horas por dia.” Temer esqueceu de lembrar (ou lembrou de esquecer) que é ele próprio o responsável pelo fornecimento da matéria-prima que empurrou sua Presidência do noticiário político para o policial.
Enquanto Temer se reunia por três horas com seus ministros, Lula participava da posse da senadora Gleisi Hoffmann na presidência do PT federal. Ao discursar, o pajé do PT também falou sobre a Globo e sobre a crise que engolfa o mandato de Temer (...).


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