SEGUNDA EDIÇÃO DE 13-5-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO O ANTAGONISTA
Dilma Rousseff de volta à clandestinidade
Brasil 13.05.17 09:14
Dilma Rousseff escolheu o codinome Iolanda para seu e-mail clandestino por causa da mulher do general Costa e Silva, Iolanda Barbosa.
Iolanda Barbosa foi primeira-dama do Brasil de 1966 a 1969. Naquela época, Dilma Rousseff estava na clandestinidade, na luta contra o regime militar.
O e-mail secreto para se comunicar com João Santana, na luta contra a Lava Jato, certamente recordou-lhe os tempos da clandestinidade.
Na luta armada, Dilma Rousseff participou do assalto ao cofre de Adhemar de Barros. No poder, ela participou do assalto ao cofre da Petrobras.
Um mês depois que Iolanda Barbosa saiu do Palácio do Planalto, Dilma Rousseff foi presa. Ela será presa novamente agora, 47 anos mais tarde, por causa do e-mail em nome de Iolanda Barbosa.
Os marxistas gostam de dizer que a História se repete como farsa. Nunca houve um caso mais flagrante do que esse.
As reações preventivas do PT à delação de Palocci
Brasil 13.05.17 09:43
Diante da potencial delação-bomba de Antônio Palocci, o PT faz jogo duplo:
Uma ala ataca preventivamente o ex-ministro e suas motivações, fazendo Lula de vítima da Lava Jato.
As alegações estão dispersas em uma matéria do Estadão que O Antagonista aqui organiza:
– Lula é o único alvo que a Lava Jato ainda não conseguiu alcançar;
– Palocci iria entregar Lula em troca do acordo com o MPF;
– Palocci, dada a proximidade com Lula, poderia preencher lacunas que dariam mais solidez às denúncias contra o "Nine";
– Palocci, em vez de roubar só para o partido, roubou também para enriquecimento pessoal;
– Palocci quer preservar seu patrimônio, em grande parte acumulado no período dos governos do PT.
Outra ala continua afagando o ex-ministro, na esperança de que ele fique em silêncio ou entregue apenas os tubarões do empresariado, especialmente do setor financeiro.
Exemplos disso:
– Palocci, Vaccari e Dirceu são tratados como “presos políticos” em texto aprovado pelo PT estadual de São Paulo;
– Um ex-auxiliar do círculo mais próximo a Lula disse esperar que Palocci diga somente a “verdade”;
– A "verdade", segundo essa fonte do Estadão, é que "Lula sempre disse para ele cuidar desse negócio (de dinheiro para campanhas), que não queria saber de onde veio o dinheiro e que o PT que se virasse para financiar seus candidatos”.
O desespero petista é evidente.
Dilma 2606
Brasil 13.05.17 09:17
O número contido no e-mail clandestino 2606iolanda@gmail.com, usado por Dilma Rousseff para avisar João Santana e Mônica Moura sobre os avanços da Lava Jato, é tão emblemático quanto o nome da mulher do general Costa e Silva, Iolanda Barbosa.
Foi em 26 de junho de 1968 – 26/06, portanto – que o seu grupo, a Vanguarda Popular Revolucionária, acelerou um carro-bomba, com vinte 20 quilos de dinamite, para dentro de um Quartel General em São Paulo, despedaçando o corpo do soldado Mário Kozel Filho, de 18 anos, e ferindo mais seis militares.
Kozel foi somente o primeiro dos oito assassinados pela VPR nos tempos de Dilma e ainda haveria mais cinco pela VAR-Palmares e três pelo Colina, os outros dois grupos que ela integrou na luta armada.
Em mais uma amostra de como a História se repete como farsa, a data da morte de Kozel poderá selar, também, a "morte" de Dilma, no sentido de cadeia que o código terrorista lhe confere.
A personalidade de Dilma, segundo Mônica Moura
Brasil 13.05.17 08:35
João Santana ganhou a confiança de Dilma Rousseff após eleger a candidata "poste" de Lula em 2010.
Mônica Moura descreveu a relação da petista com o marqueteiro como uma exceção em seu círculo político.
A razão alegada diz muito sobre a personalidade de Dilma e confirma o que O Antagonista sempre soube sobre as pessoas a seu redor:
"O João tinha um acesso constante, a hora que ele quisesse falar com a Dilma ela atendia ele. Ela tinha uma consideração e um respeito muito grande por ele. Como profissional, como cabeça pensante. Como eu disse, ela se cercava de uma monte de gente – não quero ser grosseira, mas – de gente sem capacidade, porque aquele tipo de pessoa [Dilma] que não confia nas pessoas não se cerca de gente brilhante porque tem medo de ser ofuscada, entendeu? Era isso. Então ela confiava muito nele."
Como se alguém precisasse ser brilhante para ofuscar Dilma Rousseff.
Dilma por dentro e por fora
Brasil 13.05.17 08:25
Mônica Moura disse que o valor total da campanha de Dilma Rousseff de 2010 ficou em R$ 54 milhões, sendo que de R$ 25 milhões a R$ 30 milhões seriam pagos por fora, como queria Antônio Palocci.
Como também ocorreu em 2006 e 2008, segundo a Folha, Mônica foi orientada a procurar a Odebrecht para acertar o recebimento de parte do caixa dois; e o restante caberia ao PT pagar.
As mentiras custavam caro aos petistas. As verdades, custarão mais ainda.
O petismo é repetitivo
Brasil 13.05.17 08:13
No Mensalão, todas as decisões envolvendo a compra de apoio parlamentar tinham de ser autorizadas e "homologadas" por José Dirceu.
Foi o que disse o então procurador-geral da República, Roberto Gurgel durante o julgamento, citando cada episódio narrado por testemunhas.
Já para autorizar os pagamentos do caixa dois das campanhas de Lula e Dilma, o ex-ministro Antonio Palocci sempre afirmava que as "decisões definitivas" dependiam da "palavra final do chefe", referindo-se a Lula.
Foi o que contou o marqueteiro João Santana, corroborado por sua mulher Mônica Moura.
O petismo é repetitivo. Mas os chefes seguem soltos.
Vinte anos de prisão para Lula
Brasil 13.05.17 07:32
A IstoÉ resumiu o cronograma da condenação de Lula no caso do tríplex, incluindo a estimativa de sua pena.
Leiam, por favor:
"O petista foi o último dos sete réus da ação do tríplex a ser ouvido pelo juiz Sergio Moro. O magistrado abriu prazo de cinco dias para que os advogados das partes anexem os últimos documentos necessários.
No próximo dia 16, Moro vai abrir prazo para que a defesa e o Ministério Público Federal façam as considerações finais. O prazo termina no dia 31 de maio. A partir daí, o juiz estará pronto para a sentença, possivelmente até o final de junho.
Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter recebido R$ 3,7 milhões da OAS – para a aquisição do tríplex e para o pagamento da Granero pela mudança a São Paulo, quando deixou a Presidência.
A estimativa de advogados especialistas na Lava Jato é que ele possa ser condenado a 20 anos de prisão.
O depoimento, as circunstâncias que o cercaram, bem como as estratégias adotadas pelo petista para não encarar a realidade dos fatos, deixaram claro: Lula não é inocente.
Confirmada a condenação por Moro, Lula poderá recorrer à segunda instância. Em geral, o TRF4 leva de seis meses a um ano para despachar sobre um recurso. Por isso, a tendência é que até junho do ano que vem Lula possa ter a pena confirmada.
Condenado em segunda instância, torna-se automaticamente um 'ficha-suja', razão pela qual não poderá disputar as eleições em 2018. Seu destino pode ser a cadeia.
Por isso, o réu Luiz Inácio é um político que busca alcançar a todo custo o Palácio do Planalto. Não para governar um País e fazê-lo retomar a trilha da prosperidade, mas para servir-lhe de refúgio jurídico, tornando-o imune a processos criminais, condenações e prisões. E saciar sua vingança contra opositores, agentes públicos e a imprensa.
Como dizia Voltaire, no entanto, quem se vinga depois da vitória é indigno de vencer."
O Antagonista considera Lula indigno de viver em liberdade.
Lula "combatia a realidade"
Brasil 13.05.17 07:07
Lula está a caminho da condenação.
Para a IstoÉ, "um réu sem argumento é como um rei despido". O "rei está nu, sua alma desvelada, exposta ao constrangimento".
A revista resumiu a atuação do comandante máximo na quarta-feira, 10:
"Na última semana, numa tentativa de livrar-se de uma condenação cada vez mais próxima, o petista assentou sua estratégia em três pilares: o tapetão, a procrastinação e o circo. Foi mal sucedido. Antes, durante e depois do interrogatório conduzido pelo juiz Sergio Moro, Lula escancarou a todos sua carência de argumentos e, sobretudo, sua fragilidade moral. Flagrantemente aturdido, agindo como quem realmente tem culpa no cartório, o réu mentiu, recorreu a evasivas, ao já clássico 'não sei de nada' e transferiu a responsabilidade pelo tríplex à falecida esposa, Dona Marisa."
Mais:
"Enquanto o juiz Sergio Moro estava munido de agendas e de uma fartura de documentos, Lula, movido por uma espécie de compulsão pela mentira, combatia a realidade. Por exemplo, quando insistiu que não tinha ascendência sobre o PT."
Onde está o dinheiro de Franklin Martins?
Brasil 13.05.17 06:44
Mônica Moura cuidava da parte financeira do trabalho do marido João Santana.
Sua xará Mônica Monteiro, segundo ela, fazia o mesmo em relação ao ex-ministro Franklin Martins.
Moura disse ter repassado a Monteiro parte do pagamento que recebeu pela campanha de Hugo Chávez, na qual atuaram ambos os casais.
Agora a Lava Jato quer descobrir, segundo a Época, se o dinheiro da mulher de Franklin ficou no exterior ou veio para o Brasil.
"A CineGroup, empresa de Mônica Monteiro, enviou vários prepostos à Venezuela naquele período. Entre eles, Alex Mesquita. Aliás, em nome de Alex foi alugada uma casa em bairro nobre de Brasília onde funcionou um site lançado em 2014 para atacar adversários da candidata do PT à reeleição, Dilma Rousseff."
Quem é o açougueiro?
Brasil Sexta-feira, 12.05.17 21:11
Considerando que o diretor da JBS, Francisco de Assis e Silva intermediou doação de R$ 40 milhões à cúpula do PMDB, é conveniente questioná-lo sobre e-mail de Hilberto Silva, do departamento de propina da Odebrecht, sobre repasse de R$ 37 milhões a MT.
É preciso saber quem é "o açougueiro" mencionado na mensagem e se JBS e Odebrecht fizeram algum acerto de doações ao PT e ao PMDB em 2014.
MÔNICA REPASSOU A FRANKLIN MAIS DE US$ 2 MILHÕES
Brasil 12.05.17 19:40
Mônica Moura deu detalhes da participação de Franklin Martins e sua mulher na campanha de Hugo Chávez. Ela contou à Lava Jato que o ex-ministro cobrou US$ 8 milhões e US$ 10 milhões.
"O Maduro disse: você vai receber dinheiro diretamente comigo e eu não quero esse contato com muita gente. Então, eu pago a você a sua parte e a do Franklin Martins. Quem fazia essa parte administrativa era a mulher dele, a Mônica Monteiro."
Xepa contou ainda que Maduro lhe fez pagamentos semanais, na própria Chancelaria e até no Palácio de Miraflores. Ele mandava buscá-la no hotel em carro blindado. Eram malas com US$ 300 mil, US$ 500 mil. "Cheguei a receber US$ 800 mil"
Depois, ela distribuía a parte de Franklin a Mônica Monteiro. "Ela tinha uma coordenadora de produção que ficava em Caracas ou (entregava para) o rapaz, Laerte, o diretor da parte de internet que trabalhava com o Franklin."
Segundo a delatora, Franklin não recebeu todo o valor. Nem ele nem João Santana.
"Chávez morreu seis meses depois de tomar posse e tomamos um calote histórico. A gente tomou um calote de mais ou menos US$ 15 milhões. Franklin também não recebeu tudo. Eu repassei a ele cerca de US$ 2,4 milhões."

NO BLOG DO JOSIAS
Comitês se unem para enganar TSE, diz marqueteiro do PT em delação premiada
Josias de Souza
Sábado, 13/05/2017 04:00
João Santana, o marqueteiro das campanhas eleitorais do PT, disse em depoimento à Lava Jato que as tesourarias de candidatos rivais promovem acordos subterrâneos para enganar o Tribunal Superior Eleitoral. Combinam os valores que irão declarar na prestação de contas oficial. Com isso, dão aparência de normalidade à contabilidade. E se esbaldam no caixa dois, “uma prática generalizada.”
Santana insinuou que esse tipo de acerto foi feito na campanha de 2014 entre os comitês da petista Dilma Rousseff e do tucano Aécio Neves (veja no vídeo acima, a partir de 12min57s). “O oponente direto também é obrigado. Quando se declara um preço, ele não pode se afastar tanto desse preço, para não ter disparidade, desconfiança. E o que acontece? Existe um acordo informal entre as campanhas. Mesmo campanhas que vão se digladiar, arrancar sangue. Os coordenadores financeiros conversam entre si. ‘Olha, o meu preço vai ser esse’. E o outro chega perto ou passa.”
O marqueteiro acrescentou: “Existia esse tipo de acordo. Não só entre essas campanhas [presidenciais], como campanhas de governadores, de prefeitos. Os tesoureiros de campanha conversavam entre si. Isso eu sei porque conversavam. Todos vão me desmentir, mas é verdade.”
Durante o depoimento, Santana vangloriou-se de ter conseguido puxar para o alto a escrituração do valor que cobrou do comitê de Dilma: coisa de R$ 70 milhões, noves fora a verba que transitou por baixo da mesa, no caixa dois — uma parte depositada pela Odebrecht em conta secreta na Suíça.
O procurador da República que interrogava João Santana enxergou nas declarações do delator uma tentativa de tratar como normal algo que é criminoso. Lembrou ao depoente que, se os marqueteiros não admitissem receber dinheiro sujo no exterior, as campanhas seriam “mais limpas, honestas e democráticas.” Disse mais: “Financiamento em caixa dois torna a campanha desigual, principalmente quando é reeleição e o candidato já está no poder.”
O marqueteiro não deu o braço a torcer: “…Torna desigual, mas essa que se chama de violar a democracia, todos violam. Pequenos e grandes. Cada um à sua maneira. E se associam para violar. É uma prática generalizada o caixa dois.” O procurador insistiu: “[…] O senhor tem que ter essa consciência de que praticou uma ilicitude e faz parte de uma engrenagem muito nociva.”
E João Santana se enquadrou: “Sem dúvida alguma. E me arrependo profundamente. Inclusive pelo sofrimento pessoal, o sofrimento político, moral, familiar e empresarial que eu estou sofrendo. Isso sem dúvida. Eu não me isento disso. O senhor tem toda razão nesse aspecto.”
– Pressionando aqui, você chega a todos os vídeos que compõem a delação de João Santana e de Mônica Moura, sua mulher e sócia.

Temer festeja 1º ano fingindo não ver corrupção
Josias de Souza
Sexta-feira, 12/05/2017 22:51
Michel Temer e seus auxiliares falaram sobre quase tudo na festa de aniversário de um ano do governo. Só não trataram de um tema que preocupa a maioria dos brasileiros: corrupção. O governo preferiu concentrar o discurso no esforço para recuperar a economia. Guiando-se por autocritérios, Temer avalia que seu governo é um sucesso.
Considerando-se que há sobre a mesa duas grandes crises — a econômica e a ética — é inevitável concluir que o governo Temer está ignorando metade do problema. A crise econômica colocou 14 milhões de brasileiros no olho da rua. A crise moral mantém nos cargos oito ministros investigados no STF. Qualquer brasileiro pode ser demitido, menos os ministros sob suspeição.
Indicadores como inflação e juros sinalizam uma melhora do ambiente econômico. Sob Temer, o governo parou de cavar o buraco. Mas o caminho de volta até a beira do abismo será demorado. Até aqui, o resultado não justifica tanta festa. Só no dicionário o sucesso vem antes do trabalho. E o brasileiro tem enorme dificuldade para entender que um presidente que promote uma nova ordem econômica abraçado a ministros e aliados que estão atolados no lodo da velha ordem política. Esse filme é conhecido. E a Lava Jato mostra que não tem um final feliz.

NO BLOG DO NOBLAT
O Fim da Nova República
Por Ruy Fabiano
Sábado, 13/05/2017 - 01h30
Entre os múltiplos espantos da Era PT, nenhum supera a circunstância anômala de, ao longo de treze anos, não ter havido uma oposição, nem de fato, nem de fachada. O PT reinou, absoluto.
Mesmo no período do regime militar, com todas as limitações ao livre exercício da política (não havia pluripartidarismo e os mandatos podiam ser cassados pelo Executivo), vicejou uma oposição aguerrida, centrada no extinto MDB.
E foi essa oposição que acabou por conquistar a sociedade civil, minar a credibilidade do regime militar e, por fim, derrubá-lo, sem enfrentamento. Surgiu então o que se convencionou chamar de Nova República, que, como se veria, não era nem nova, nem muito menos republicana - e sai de cena agora, com a remoção do PT.
Os militares voltaram para a caserna e os políticos, numa expressiva amostragem, para a cadeia. Mas esse não é o ponto. O essencial é entender por que se estabeleceu o vazio oposicionista.
A Lava Jato vem esclarecendo, gradualmente. A roubalheira promovida pelo PT não excluiu a dos adversários. De certa forma, a ocultou, pela desproporção entre ambas. A escala petista extrapolou a convencional, dos milhões. Ultrapassou até a dos bilhões. O TCU examina, presentemente, contratos irregulares do BNDES que somam a singela quantia de R$ 1,3 trilhão. Nada menos.
Ontem, a Polícia Federal, em operação denominada Bullish, revelou que uma fração dessa dinheirama – R$ 8 bilhões – atendeu a um único frigorífico, o Grupo J & F, dono da marca Friboi.
Mas o que são R$ 8 bilhões diante de R$ 1,3 trilhão, que, além de atender empresários amigos, como os da Friboi, providenciaram obras de infraestrutura em países bolivarianos e ditaduras africanas? Entre outras, porto e malha aeroportuária em Cuba, metrô em Caracas, porto no Uruguai, estradas na Bolívia etc.
O Brasil, não tendo problemas de infraestrutura, empenhou-se generosamente em resolver os dos vizinhos. Não todos, claro: só os com assento no Foro de São Paulo. A auxiliá-lo, o braço laborioso das empreiteiras patriotas: Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez etc.
A oposição não foi esquecida, como revelou a delação da Odebrecht; ficou com as migalhas do banquete. Mas roubo é roubo. Se alguém rouba um Mercedes-Benz e outro um Fiat Uno, ambos são ladrões e estão inclusos no mesmo artigo do Código Penal.
Pois bem: a oposição optou pelo Fiat Uno, e agora começa a aparecer sua frota de calhambeques, que mostra que pelo menos não ficou a pé. Isso explica a pouca ênfase dos tucanos no curso do impeachment (efetuado por imposição das megamanifestações de rua) e a insistência em sustentar a honestidade da ex-presidente Dilma Roussef, desmentida nas delações da Odebrecht – e confirmada pelos marqueteiros João Santana e Mônica Moura.
A delação dos marqueteiros, tornada pública na quinta-feira, 11, um dia após o depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro, confirma o termo “organização criminosa”, cunhado pelo ministro Celso de Mello, do STF, ao tempo do Mensalão, para definir o PT e seus aliados.
A questão é: quem não era aliado? É claro que há exceções, mas no plano individual. Há, sim, gente honesta no Congresso, mas impotente para se sobrepor aos tentáculos da sofisticada organização criminosa, carinhosamente apelidada de Orcrim.
O que, pois, hoje, está em jogo é a busca desesperada de uma “saída política” que reduza ao mínimo o universo de sentenciados. Anistia-se o pessoal do Fiat Uno (caixa dois e delitos menores), pune-se uma parcela dos ladrões de Mercedes-Benz (admite-se a esta altura o próprio Lula, o Chefe) e poupa-se a organização. A Orcrim.
Há empenho quanto a isso nos três Poderes, o que explica os recentes atritos entre ministros do STF – e destes com procuradores do Ministério Público. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na segunda turma do STF, foi voto vencido na soltura de José Dirceu. E, para evitar novo revés, decidiu remeter o pedido de habeas corpus de Antonio Palocci ao plenário da Corte.
Palocci, diante do panorama com que a semana se encerrou – fechamento do Instituto Lula, depoimento desastroso do ex-presidente a Sérgio Moro, delação de Mônica Moura e João Santana e Operação Bullish -, decidiu reativar sua delação premiada.
A Lava Jato sai fortalecida de uma semana que se iniciou na sequência do revés representado pela soltura de José Dirceu. Vem aí o strip-tease do sistema financeiro, diante do qual tudo o que se viu até aqui é apenas aperitivo para o banquete que se descortina.

NO BLOG DO MERVAL PEREIRA
Iolanda em Obstrução
POR MERVAL PEREIRA
Sábado, 13/05/2017 08:00
Há tantas possibilidades de provas nos depoimentos dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura que não é exagero dizer que a ex-presidente Dilma corre o risco de ser presa por obstrução da Justiça a qualquer momento, em prisão preventiva decorrente da investigação policial que foi desencadeada a partir dos relatos agora liberados para divulgação.
A prisão em flagrante não cabe neste momento, passado tanto tempo do ocorrido. Dilma Rousseff avisou por telefone que João Santana seria preso, numa clara ação de obstrução da Justiça, agravada pelo fato de que Dilma era a presidente da República na ocasião e recebia informações diretamente do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.
Ele confirmou que, “por dever de ofício”, comunicava a presidente do andamento das investigações à medida que recebia os informes da Polícia Federal. Mesmo que esse dever de ofício o obrigasse a esses relatórios, eles não deveriam ser feitos com tanta antecedência que permitisse avisos aos procurados pela Justiça com 48 horas de antecedência.
E, no limite, a presidente da República não poderia nunca usar as informações que recebia para alertar seus amigos marqueteiros. A maneira como a presidente Dilma Rousseff se comunicava com eles, e os conselhos que dava de acordo com as informações que recebia sobre as investigações, agravam mais ainda a situação.
Mônica Moura relatou, por exemplo, que um dia recebeu um e-mail clandestino da presidente, que se assinava para tais fins com o codinome Iolanda do Carmo Ribeiro, pedindo um telefone seguro para conversar. Passaram-lhe então o número da produtora em que se encontravam, na República Dominicana, e “Iolanda” avisou então que a Lava Jato já havia obtido um mandado de prisão contra eles.
Anteriormente, já enviara um aviso pelo tal email fake criado para comunicações clandestinas, através de linguagem figurada, de que um amigo estava em fase terminal e o pior era que a mulher dele também estava seriamente doente, advertindo que os dois já estavam na mira da Operação Lava-Jato.
Mas a “presidenta honesta” já atuara em outras ocasiões para obstruir a Justiça. Sugeriu que os marqueteiros transferissem uma conta da Suíça para Cingapura, que seria um lugar mais seguro. Como se vê, a então presidente Dilma tinha mesmo preocupações com as contas na Suíça dos envolvidos no esquema de propinas da Odebrecht, tanto que comentou com o ex-presidente Lula que soubera que Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, tinha uma conta na Suíça.
Foi o que bastou para que Lula convocasse Duque para uma conversa, e seu relato do encontro está cheio de contradições. Duque disse que Lula o orientou a não ter contas na Suíça relacionadas aos pagamentos da Odebrecht. Na sua ingênua versão, o ex-presidente disse que ao receber a resposta de Duque de que não tinha conta na Suíça (o que era mentira), ficou tranqüilo e encerrou o assunto.
Tanto o ex-presidente quanto a então presidente Dilma não estavam preocupados com a corrupção em si, que, pelos relatos, comandavam, mas com os sinais de corrupção que uma conta na Suíça deixava pelo caminho.
Dilma Rousseff pode pegar de três a oito anos de prisão pelo crime de obstrução à Justiça, segundo o professor Thiago Bottino, da FGV Direito Rio. Não será difícil identificar tanto o IP do computador de onde saíram as mensagens para a dupla Santana e Mônica, como também o telefone de onde foi feita a ligação para o Panamá com o aviso de que seriam presos.
Mais contradições
O ex-presidente Lula, em seu depoimento ao Juiz Sérgio Moro, isentou-se de responsabilidade por tudo o que aconteceu na Petrobras, dizendo que não tinha ingerência na empresa.
Pois está circulando na internet um vídeo de 2010 em que o então presidente Lula vangloria-se, em uma cerimônia em Angra dos Reis, de que a Petrobras deixou de ser uma “caixa preta”, como nas gestões anteriores ao seu governo:
“No nosso governo, ela é uma caixa branca e transparente. Nem tão assim, mas é transparente. A gente sabe o que acontece lá dentro, e a gente decide muitas das coisas que ela vai fazer”.
A ressalva irônica sobre a transparência “mas nem tanto”, tirou gargalhadas dos presentes, entre eles o presidente da Petrobras José Gabrielli, que está com seus bens indisponíveis.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 10/12/2023 - DOMINGO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 1ª EDIÇÃO DE 05/8/2023 - SÁBADO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - 2ª EDIÇÃO DE 08/4/2024 - SEGUNDA-FEIRA