PRIMEIRA EDIÇÃO DE 21-5-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'
NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
DOMINGO, 21 DE MAIO DE 2017
O clã Batista, que controla o Grupo JBS, não está e talvez nunca tenha estado em Nova York, após deixar o Brasil às vésperas da divulgação da delação-bomba, que pode derrubar o governo de Michel Temer. Após sair do País, segundo amigos, os Batista seguiram para uma propriedade da família em Greeley, no estado do Colorado, pertinho da sede da JBS nos EUA, onde fatura US$20 bi (R$66 bilhões) ao ano.
Em princípio, o clã Batista vai viver entre o Colorado, novo local de residência, e Miami (Flórida), para compras e passeios de iate.
Dias antes de explodir a delação-bomba, a família fez festa de despedida em um churrasco regado a champanhe. Só para rapazes.
A JBS iniciou a operação nos Estados Unidos em 2007, após a compra da Swift & Company, financiada pelo BNDES. Custou US$1,5 bilhão.
Joesley tem apartamento no Olympic Tower, em Nova York, que foi do publicitário Nizan Guanaes. Estaria avaliado hoje em US$30 milhões.
O “rei do gado”, Joesley Batista detalhou, em delação, o acordo para repassar 1% do valor investido pelos fundos de pensão da Petrobras (Petros) e da Caixa (Funcef) aos seus presidentes. Em depoimento, Joesley explica que tudo começou com o PROT, fundo de US$ 1 bilhão criado para aquisição de empresas nos EUA e Austrália com US$ 250 milhões de cada um dos fundos e outros US$ 500 milhões do BNDES.
O fundo para garantir a aposentadoria dos funcionários da Caixa teve prejuízo de R$ 534 milhões com a parceria na aventura junto à JBS.
O ex-presidente do Petros, Wagner Pinheiro recebeu R$ 2,7 milhões. O sucessor, Luís Afonso, US$ 1,5 milhão e mais um apartamento em NY.
Para viabilizar investimentos, a JBS dava 1% a João Vaccari para atuar nos sindicatos, que têm 50% do conselho de administração nos fundos.
Com centenas de políticos denunciados nos diversos assaltos aos cofres públicos, não houve nenhum suicídio até agora. No Japão, um escândalo nas proporções da Lava Jato geraria uma onda de harakiris equivalente a uma terceira bomba atômica.
A base de apoio ao governo Temer no Congresso passa por rápida lipoaspiração. Se não renunciar, a tendência é sobrar apenas o PMDB em torno do presidente, mesmo assim parcialmente.
O vice-líder do governo, Darcisio Perondi (PMDB-RS), disse à coluna que é “zero” a chance de Rodrigo Maia aceitar um dos oito pedidos de impeachment contra o presidente Michel Temer”.
Michel Temer tenta tocar a vida priorizando uma máxima que acompanha sua carreira política: “cada dia sua agonia”, amanhecendo no cargo sem saber se nele anoitecerá.
Pesou na decisão de Raul Jungmann, de permanecer no Ministério da Defesa, o fato de sua vaga na Câmara não estar garantida. Jungmann é suplente de deputado federal e ficaria ao léu, sem mandato.
Tinha razão o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), relator da reforma trabalhista, quando anunciou a suspensão dos debates. “Todo o resto agora é secundário”, disse ele, com a delação-bomba. Era mesmo.
O Sindipetro-RJ atribuiu a Renato Duque, em 2010, o prejuízo de US$1 bilhão no afundamento da plataforma P-36, que matou 11 pessoas, e ainda apontou os negócios do ex-diretor da Petrobras, nomeado no governo Lula supostamente com a missão de roubar para petistas.
O PCdoB não vê problema na PEC da reforma política, cuja cláusula de barreira prevê o mínimo de 1,5% dos votos válidos, em todo o País, para o partido continuar a receber fundo partidário e outras benesses.
Joesley superou a extensão da corrupção confessada por Marcelo Odebrecht. Mas, ao contrário do dono da JBS, este continua preso.
NO DIÁRIO DO PODER
NO CASO EIKE
CÁRMEN ENVIA AÇÃO DO PGR A MENDES PARA QUE SE DEFENDA DE IMPEDIMENTO
AÇÃO PEDE QUE O MINISTRO SEJA DECLARADO IMPEDIDO DE JULGAR HABEAS CORPUS DE EIKE BATISTA
Publicado: sábado, 20 de maio de 2017 às 18:13 - Atualizado às 19:08
Redação
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, encaminhou ao ministro Gilmar Mendes, também do STF, uma cópia da ação da Procuradoria-Geral da República (PGR) a qual pede que o ministro seja declarado impedido de julgar habeas corpus do empresário Eike Batista.
"Nos termos do despacho proferido nos autos em referência, encaminho a Vossa Excelência cópia da petição inicial para que, querendo, manifeste-se sobre a alegação do arguente", disse a ministra Cármen Lúcia na comunicação encaminhada ao ministro. Abrir espaço para a manifestação é algo previsto no regimento interno do STF em casos de arguições de impedimento, como se chama o tipo da ação apresentada pela PGR contra Gilmar Mendes.
Após a manifestação de Gilmar Mendes - ou a ausência dela, já que é opcional -, Cármen Lúcia decidirá se admite a ação da PGR e leva à votação no plenário, entre os demais ministros, ou se rejeita monocraticamente o pedido. Caso a decisão de Cármen seja pautar o julgamento, será a primeira vez na história da Corte que isso acontece. Nenhuma das 44 ações anteriores teve admissão imediata - os únicos cinco casos julgados o foram já na fase de recurso contra rejeição inicial.
Gilmar Mendes tem sustentado que não há impedimento.
"O habeas corpus 143.247 não tem como advogado o escritório Sérgio Bermudes. Não há impedimento para atuação do ministro Gilmar Mendes nos termos do artigo 252 do Código de Processo Penal", diz nota enviada pela assessoria de imprensa do ministro disse, na terça-feira (9), após o pedido da PGR.
O advogado Sérgio Bermudes, que dá nome ao escritório, também argumentou que Eike é cliente cível e não na área criminal - classe em que os habeas corpus estão incluídos. No dia 10 de maio, Marco Aurélio Mello declarou-se impedido de ser o relator ou mesmo votar em processos que envolvem clientes do escritório Sérgio Bermudes Advogados, por ter uma sobrinha trabalhando na banca de advogados. Marco Aurélio descartou julgar não apenas os casos em que o escritório atue, como também aqueles em que um cliente seja defendido por um advogado que não integre o escritório, nas áreas administrativa, civil e criminal.
Acatada por Marco Aurélio, a hipótese de impedimento em processo "mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório", prevista no inciso VII do artigo 144 do Código de Processo Civil, não foi admitida por Gilmar Mendes como motivo para declarar seu próprio afastamento no caso Eike.
Pedidos
Desde que assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro do ano passado, sem contar com a de Gilmar Mendes, a ministra Cármen Lúcia rejeitou nove arguições de impedimento apresentadas contra ministros da Corte, sem levar os casos ao plenário. Uma outra ação ainda não teve resposta.
Dez arguições de impedimento que foram encaminhadas a Cármen Lúcia antes da contra Gilmar Mendes tinham como alvos os ministros Marco Aurélio Mello (6), Luiz Fux (2), Ricardo Lewandowski (1) e Alexandre de Moraes (1). Em cinco casos, Marco Aurélio se declarou impedido de julgar, antes mesmo de a ministra tomar uma decisão; ela, então, apontou que o pedido estava prejudicado, já que o objetivo do autor da ação já havia sido alcançado.
Nos quatro casos em que enfrentou as ações em si, Cármen Lúcia afirmou que "não se há cogitar de impedimento" dos ministros. Dois desses pedidos eram contra Fux, um contra Marco Aurélio e um contra Ricardo Lewandowski. Ela pediu a manifestação de alguns dos ministros antes de tomar uma decisão - o que pode vir a acontecer no caso de Gilmar Mendes.
Moraes
A única arguição de impedimento de ministro que está pendente no gabinete de Cármen Lúcia, fora a contra Gilmar Mendes, é de autoria do PSOL contra o ministro Alexandre de Moraes, pedindo que ele fosse declarado impedido de julgar uma arguição de descumprimento de preceito fundamental de autoria do próprio partido.
Esta ação era contra um ato da Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo, que admitiu a "reintegração de posse de imóveis estaduais, como escolas públicas, ocupados mediante o exercício do desforço imediato. À época, Moraes era o secretário de Segurança do Estado e autorizou o ato. Por ter autorizado o ato, o PSOL diz que ele não poderia decidir sobre este pedido.
Mesmo sem resposta de Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes decidiu arquivar a ação do PSOL que questionava a desocupação das escolas. (AE)
NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
J.R. Guzzo: O futuro em jogo
No próximo ano, os eleitores vão resolver se o Brasil continuará a ser uma colônia saqueada por escroques ou se poderá ter outra aspiração
Por Augusto Nunes
Sábado, 20 maio 2017, 19h58
Publicado na edição impressa da Exame
Qual a importância que terá para os brasileiros, daqui a um ano ou um ano e meio, a agonia política desesperada dos dias de hoje? É lá, entre maio e outubro de 2018, que estará sendo decidida a questão verdadeiramente essencial: o que o Brasil pretende ser não no próximo mandato presidencial ou no seguinte, mas em que tipo de país seus cidadãos vão viver no futuro, e por muitos anos. O primeiro interrogatório do ex-presidente Lula pelo juiz Sérgio Moro, as ameaças que suas tropas fazem todos os dias à Justiça, a derrama sem limites de mentiras que definem o debate político de hoje ─ tudo isso estará longamente esquecido e o jogo para valer, a eleição presidencial de 2018 entrará em sua fase realmente decisiva. Os eleitores vão resolver, então, se o Brasil continuará sendo uma colônia do século 18, saqueada sistematicamente por uma máquina pública a serviço de escroques, ou se tem a aspiração de tentar algum outro futuro.
Nos dois mandatos de Lula e nos dois de Dilma Rousseff, o último deles interrompido por seu impeachment e sucedido por um bando de políticos atordoados, sem autoridade e com medo de tudo, o Brasil do atraso, da trapaça política e do roubo permanente ao Erário viveu seu grande momento na história deste País. Ameaçado agora como nunca foi antes, vai fazer de tudo para continuar agarrado ao cofre público. Se a coisa for por aí, pode-se deixar de fora qualquer esperança. Os últimos dias são uma amostra do que o bloco dos parasitas, da intolerância ao ponto de vista alheio, da adoração ao “Estado” quer fazer com o Brasil. Chamam a si próprios de forças “progressistas”, “populares” e “de esquerda” e assim são considerados pela mídia em geral e pela ciência social vigente. Chamam todos os demais de “fascistas”. Não são nada disso ─ como não são malfeitores sociais, maus brasileiros ou inimigos da democracia os que têm pontos de vista diferentes dos seus. Hoje em dia, mais do que nunca, a separação verdadeira é entre os que precisam mandar numa máquina pública cada vez maior, mais invasiva e mais cara, para sobreviver, prosperar e acumular privilégios; e os que trabalham para manter o bem-estar dos primeiros, pagando em impostos 40% ou mais do que ganham.
Tudo a que se assiste agora são os primeiros movimentos da guerra política que vem aí no próximo ano. O campo “popular-progressista” sabe que não vai sobreviver sem Lula na presidência da República. Não tem absolutamente ninguém que disponha de 1% de sua capacidade eleitoral e de sua liderança; corre o risco de tornar-se irrelevante no Brasil durante anos a fio. Lula, por sua vez, sabe que, se não for presidente, não será mais nada ─ e terá de passar o resto da vida metido com a pilha de processos por corrupção que tem contra si, numa luta miserável para ficar fora da cadeia. Para se salvar, entretanto, ele precisa vender ou jogar para frente as questões penais a que responde no presente momento; do contrário não poderá ser candidato. É nisso que se concentra tudo o que interessa hoje ao Brasil e ao seu futuro. O cidadão poderá fazer considerável economia de seu próprio tempo se esquecer toda essa conversa de braveza indignada que ouve diariamente ao lado de Lula. O ex-presidente não vai mandar “prender” ninguém se voltar ao cargo que tinha. Não vai fazer caravana nenhuma “pelo Brasil afora” para juntar o povo em sua defesa. Não está em “julgamento político” ─ não quando em todos os processos que tem contra si não é acusado de nenhuma ideia, discurso ou proposta, mas, sim, de atos concretos de corrupção a serviço de empreiteiras de obras públicas. Não levou multidões a Curitiba para enfrentar “o Moro” em seu interrogatório.
Todos os problemas de Lula se resumem a ganhar prazo para não ser condenado antes de validar sua candidatura e, depois, convencer a maioria dos eleitores a lhe entregar de novo o Brasil, que virá junto com a Petrobras, as empreiteiras e tudo o mais que se sabe. São problemas dele e de todos.
NA VEJA.COM
Fachin manda fazer perícia pedida por Temer, mas mantém inquérito
Ministro determina que PF avalie gravação de reunião entre presidente e Joesley Batista e envia ao plenário da Corte a decisão sobre suspender investigação
Por Da Redação
Sábado, 20 maio 2017, 21h22
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin atendeu ao pedido do presidente Michel Temer (PMDB) e mandou a Polícia Federal realizar uma perícia no áudio gravado pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, em reunião com o presidente no dia 7 de março, no Palácio do Jaburu.
Em pronunciamento neste sábado – o segundo desde que o escândalo veio à tona – Temer disse que o conteúdo do áudio foi manipulado e que tem mais de 50 cortes, amparando-se em perícia feita pelo jornal Folha de S. Paulo. “Essa gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos e, incluído no inquérito sem a devida e adequada averiguação, levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil”, afirmou.
Fachin, no entanto, negou a suspensão imediata do inquérito, como queria Temer, e determinou que o plenário do STF, que tem 11 ministros, decida sobre o pedido. O julgamento não tem data para acontecer, mas o colegiado máximo da Corte costuma se reunir às quartas e quintas-feiras. O inquérito apura os crimes de corrupção passiva, obstrução da Justiça e pertencimento a organização criminosa – Temer nega todos os crimes.
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Antes da decisão de Fachin, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou parecer ao STF concordando com a realização da perícia, mas defendendo a continuidade da investigação. “Em primeiro lugar, cabe destacar a flagrante contradição do pedido, visto que o inquérito existe justamente para a apuração dos fatos e para a produção de evidências, dentre elas perícias técnicas”, escreveu.
Janot disse, ainda, que a gravação passou por avaliação técnica de um setor da Procuradoria-Geral da República, “que constatou que o material, em uma análise preliminar, é audível, inteligível e apresenta uma sequência lógica e coerente, com características iniciais de confiabilidade”, diz Janot no parecer. “Ademais, a referida gravação é harmônica e consentânea com o relato da colaboração de pelo menos quatro colaboradores”, se referindo a Joesley e seu irmão Wesley Batista e os executivos da JBS Ricardo Saud e Florisvaldo Caetano de Oliveira.
(Com Agência Brasil)
Justiça bloqueia mansão do doleiro Lúcio Funaro; veja fotos
Imóvel nos Jardins, bairro de alto padrão em São Paulo, tem 1.900 metros quadrados e está avaliada em R$ 20 milhões; ele é alvo de três operações da PF
Por Da Redação
Sábado, 20 maio 2017, 21h52
Mansão do doleiro Lúcio Funaro, nos Jardins, em São Paulo, que foi bloqueada pela Justiça (Imovelweb/Divulgação)
A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, através do Grupo de Operações Especiais de Combate à Fraude Fiscal Estruturada, conseguiu liminar judicial para bloquear os bens e ativos financeiros de Lúcio Funaro, conhecido como operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
É a ele que Joesley Batista, dono da JBS, se refere ao conversar com o presidente Michel Temer (PMDB), em diálogo gravado no Palácio do Jaburu, em março – o empresário disse em delação que tem sido o responsável por, com pagamento de propinas, manter em silêncio Funaro e Cunha, ambos presos – o primeiro na Papuda (Brasília) e o segundo, em Curitiba, pela Operação Lava Jato.
Funaro é investigado também em outras três operações da Polícia Federal: Sépsis, Greenfield e Cui Bono, todas elas desmembramentos da Lava Jato. Ele foi também colaborador na ação penal do Mensalão durante o governo Lula.
O bloqueio ocorreu em uma ação que tramita na 19ª Vara Federal de Brasília e visa recuperar débitos na ordem de R$ 15 milhões, segundo a Procuradoria. O bloqueio foi estendido aos bens em nome da esposa de Funaro, Raquel Albejante Pitta, e de uma empresa sua, a Albej Administração de Bens e Participações Eireli.
Um dos bens bloqueados é uma mansão de 1.900 metros quadrados no Jardim América, bairro de alto padrão na região dos Jardins, em São Paulo, avaliada em R$ 20 milhões. Veja abaixo fotos do imóvel.
Mansão do doleiro Lúcio Funaro, nos Jardins, em São Paulo, que foi bloqueada pela Justiça (Imovelweb/Divulgação)
NO BLOG DO JOSIAS
‘Não era nada disso!’, diria Tancredo para Aécio
Josias de Souza
Domingo, 21/05/2017 06:19
A caminho da sexta cirurgia, aquela que o levaria à morte, privando-o de assumir a Presidência da República, Tancredo Neves disse para Aécio Neves: “Eu não merecia isso!”
Vivo, Tancredo poderia repetir o mesmo comentário para o neto, agora um senhor de 57 anos, enroscado em oito enredos penais. A velha raposa talvez emendasse uma segunda frase: “Não era nada disso!”
O barulhinho que se ouve ao fundo é o som de Tancredo se revirando no túmulo.
É hora de tirar o código de barras da democracia
Josias de Souza
Domingo, 21/05/2017 05:29
Antigamente, o Brasil era um país de corruptos sem corruptores. Hoje, com o advento da delação premiada, virou uma nação de corruptores sem corruptos. Roçando as grades de Curitiba, Lula não sabia de nada. Recém-chegada ao pântano, Dilma continua estalando de pureza moral. Com a reputação reduzida à soma de palavrões que inspira nos botecos, Aécio é a virtude que terceirizou o xadrez à irmã. Ao jurar que não fez nada, Temer tornou-se um revolucionário do léxico, provando que nada é uma palavra que ultrapassa tudo.
Tanta inocência eliminou até o benefício da dúvida. Aos olhos da opinião pública, os políticos agora são culpados até prova em contrário. Se perdem o mandato e o foro privilegiado, como Eduardo Cunha, vão em cana como prova em contrário. Desde março de 2014, quando a Operação Lava Jato começou, a banda dinheirista da política cultiva a ilusão de que a sangria será estancada. Para o bem da Nação, deu-se o oposto. A política virou uma atividade hemorrágica.
A má notícia é que o sistema político morreu. O comportamento de risco e a tendência à autodesmoralização levaram o modelo ao suicídio. A boa notícia é que a morte pode ser um enorme despertar. Num instante em que a faxina invade os salões do Palácio do Jaburu, fica claro que o País necessita de um movimento que acabe com o suborno, o acobertamento, o compadrio, o patrimonialismo… Em suma, precisa-se de uma articulação qualquer que acabe com os valores mais tradicionais da política brasileira.
O primeiro passo é eliminar dos costumes nacionais a praga do quase. A higienização quase foi alcançada quando as ruas escorraçaram Collor do poder. A assepsia quase foi obtida quando cassaram-se os mandatos de meia dúzia de anões do Orçamento. A purificação quase chegou quando o Supremo Tribunal Federal mandou para a cadeia a turma do Mensalão. Temer é uma evidência de que o impeachment de Dilma não eliminou a síndrome do quase. Chegou a hora de levar a faxina às últimas consequências.
Neste sábado, Temer discursou por 12 minutos para informar ao país que Joesley Batista, seu ex-amigo do Grupo JBS, não vale nada. Depois de limpar os cofres do BNDES nos governos Lula e Dilma, armou uma delação fraudulenta para produzir turbulência econômica capaz de lhe propiciar lucros extraordinários comprando dólares na baixa e vendendo ações na alta. Quer dizer: para Temer, Joesley é um patife. E não será a plateia que irá discutir com um especialista. Melhor passar a Presidência de Temer no detergente e seguir em frente.
A honestidade é como a gravidez. Nenhuma mulher pode estar um pouquinho grávida, como não pode haver governo um pouco honesto, com oito ministros investigados e um presidente que confraterniza com corruptos no palácio residencial. A esse ponto chegamos: o Brasil terá de cair para que Temer se mantenha no cargo de presidente. Só a desmoralização nacional salva Temer.
A velha sacada do Churchill ensina que a democracia é o pior regime possível com exceção de todos os outros. Mas no Brasil os políticos parecem eternamente engajados num esforço para implementar as alternativas piores. De erro em erro, chegou-se à cleptocracia atual. É chegada a hora de arrancar o código de barras da democracia brasileira. A entrada do processo é a saída de Temer. O limite é a Constituição. O desafio é encontrar um nome capaz de gerir um programa mínimo e zelar pelo calendário eleitoral de 2018.
NO O ANTAGONISTA
Exclusivo: Os peritos da Folha de S. Paulo
Brasil 21.05.17 01:42
O Antagonista obteve o laudo integral da perícia encomendada pela Folha de S. Paulo sobre o grampo de Michel Temer.
Como é que o jornal publica um negócio desses?
Trata-se de uma simples transcrição, usando Media Player. Cheia de erros lógicos e de Português.
Jornal Nacional mostrou o que se tentou esconder
Brasil Sábado, 20.05.17 20:59
O Jornal Nacional mostrou o que a Folha tentou esconder: que o perito contratado pelo jornal não encontrou evidência de edição ou montagem nos trechos da gravação de Joesley Batista que incriminam Michel Temer.
Temer tenta frear investigações, avaliam procuradores
Brasil Domingo, 21.05.17 07:52
Leia, por favor, mais este trecho da matéria do Estadão que confirmou O Antagonista:
"A notícia de cortes no orçamento da PF colocou em alerta procuradores da Lava Jato, em Curitiba, Brasília e Rio. Em reservado, eles avaliam que as medidas caracterizam interferência direta do governo Temer para tentar frear os avanços das investigações.
As descobertas da Operação Patmos, deflagrada na quinta-feira, 18, que encurralou o presidente e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), confirmariam a movimentação. Os dois são investigados por tentativas de obstrução à Lava Jato".
Para o presidente da ADPF, as tentativas de interferência são explícitas.
“No ano passado foi a vez do PT manifestar que tinha interesses de fazer pressão para interferir na Polícia Federal. Nós temos agora o presidente do PSDB, ou seja a cúpula do mundo político partidário, manifestando que tem interesse em nomear ministro da Justiça para interferir na Polícia Federal… Para mim, está mais claro e cristalino que há uma ameaça real de interferência”, disse Carlos Eduardo Sobral.
O jornal acrescenta:
"Para procuradores da Lava Jato, não se deve esquecer outras operações contra a corrupção, como a Castelo de Areia e a Faktor, que foram encerradas 'sob alegações frágeis de ocorrência de nulidade' no Supremo Tribunal Federal (STF)."
O Antagonista não esquece.
Confirmado: Temer estrangula a PF e prejudica a Lava Jato
Brasil 21.05.17 07:00
Michel Temer está estrangulando a Polícia Federal e prejudicando a Lava Jato.
O Estadão confirma neste domingo o que antecipou O Antagonista na terça-feira, 16.
O presidente cortou 44% do orçamento de custeio de 2017 previsto para a PF, que teve de reduzir a equipe destacada para a força-tarefa em Curitiba.
De nove delegados federais atuantes até o início do ano, ela passou a ter apenas quatro para cuidar dos cerca de 180 inquéritos em andamento e "há a intenção de se acabar com a atuação exclusiva deles".
“Será o fim da Lava Jato”, disse um membro ao jornal, sob a condição de anonimato.
O Antagonista havia considerado o corte um ataque sorrateiro contra os responsáveis pelas operações que prometem levar os amigos de Temer para a cadeia.
Diante dos acontecimentos da última semana, nota-se que o movimento para barrar as investigações é sobretudo em causa própria.
OAB pedirá impeachment de Temer
Brasil 21.05.17 00:08
A OAB acaba de decidir, em reunião extraordinária, que apresentará à Câmara dos Deputados um pedido de impeachment de Michel Temer.
CVM instaura cinco processos contra a J&F
Brasil Sábado, 20.05.17 21:28
A CVM abriu cinco processos em decorrência das notícias de que a JBS teria lucrado com a manipulação do mercado, de posse da informação de homologação da colaboração premiada e deflagração da Operação Patmos.
Segue a lista:
(i) Processo Administrativo 19957.004476/2017-03: Aberto em 18/5/2017, busca esclarecimentos adicionais relativos às notícias e especulações envolvendo delação de acionistas controladores da JBS S.A.
(ii) Processo Administrativo 19957.004543/2017-81: Aberto em 19/5/2017, trata da comunicação de indícios de eventual prática do crime de insider trading ao Ministério Público Federal, detectados em operações realizadas no mercado de dólar futuro e em negócios com ações de emissão da JBS S.A. realizados no mercado à vista.
(iii) Processo Administrativo 19957.004545/2017-71: Aberto em 19/5/2017, analisa a atuação da JBS S.A. no mercado de dólar futuro.
(iv) Processo Administrativo 19957.004547/2017-60: Aberto em 19/5/2017, analisa a atuação do Banco Original S.A., controlada pela J&F Participações Ltda., no mercado de derivativos.
(v) Processo Administrativo 19957.004548/2017-12: Aberto em 19/5/2017, analisa negociações do acionista controlador da JBS S.A. (a FB Participações S.A.) com ações de emissão da companhia.
Romário muda de partido para se candidatar ao governo do Rio
Brasil 20.05.17 19:01
O senador Romário (PSB-RJ) quer se candidatar ao governo do Estado do Rio de Janeiro.
Para isso, também acertou sua filiação ao Podemos, que desembarcou nesta semana do governo Temer.
Segundo o Estadão, um dos motivos do desembarque foi a filiação de Romário e Álvaro Dias, que já adotavam postura independente em relação o Palácio do Planalto.
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