PRIMEIRA EDIÇÃO DE 1º-5-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO ESTADÃO
Corpo de Belchior chegará em Fortaleza na segunda-feira (1º) e será enterrado no Cemitério Parque da Paz
Cantor e compositor morreu na noite de sábado, 29, em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul; veja o itinerário dos velórios e cerimônias
Pedro Antunes (*) 
O Estado de S. Paulo
Domingo, 30 Abril 2017 | 18h04
(Atualizado às 21h14) FORTALEZA* - O corpo de Belchior, músico morto na noite deste sábado, 29, será velado em Sobral, cidade de nascimento do músico, e Fortaleza, onde viveu entre os 16 e 25 anos, quando se mudou para o Rio de Janeiro. 
De Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, última morada, o corpo seguirá de avião até Fortaleza. A previsão de chegada é às 5h desta segunda-feira, 1º. Em seguida, um novo voo levará Belchior até Sobral, cidade onde ele nasceu e viveu até os 16 anos. O velório será realizado no Teatro São João, entre 7h e 10h.
Foto: TV Cultura
O músico Belchior no programa Ponto de Encontro da TV Cultura, no final dos anos 1970

Na sequência, o corpo será encaminhado para Fortaleza, onde será realizado um velório no Centro Cultural Dragão do Mar, localizado na antiga região portuária da cidade, e local que abriga o festival Maloca Dragão, entre 12h de segunda e 7h de terça-feira, 2. 
No mesmo local, às 7h de terça, 2, ocorre uma missa de corpo presente em homenagem ao cantor, morto aos 70 anos de idade. Em seguida, o corpo segue para o Cemitério Parque da Paz, em carro do corpo de bombeiros. O enterro está marcado para 9h. 
(*) O repórter viajou a Fortaleza a convite do festival Maloca Dragão 
Corpo do músico é transportado por funerária
PORTO ALEGRE - Eram cerca de 15h30 quando o carro da funerária Halmenschlager ingressou na garagem da casa em que ele morava. A frente da residência foi bloqueada pela polícia militar. O preparo do corpo foi feito na cidade vizinha de Cachoeira do Sul, sede da funerária.
Foto: Paola Severo/Portal GAZ
Carro da funerária em frente a casa do cantor Belchior para transportar o corpo até o aeroporto
Em outro carro, a companheira de Belchior e um amigo da família acompanharam o corpo / Lucas Azevedo

Ninguém entendeu Belchior
Dos jovens que adotaram a poesia do cearense aos jornalistas obcecados com o sumiço e as dívidas do cantor, todos parecem passar ao largo do significado da obra que ele deixa
Alexandre Ferraz Bazzan
Domingo, 30 Abril 2017 | 21h34
Pouco depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, algumas pichações viralizaram na internet com a mensagem : “Fora, Temer – Volta, Belchior”. Ao mesmo tempo, as músicas do cantor de Sobral se tornaram obrigatórias em todas as festas frequentadas por jovens progressistas e de esquerda na cidade de São Paulo.
Me parece que nesse caso a mensagem está um pouco fora de lugar. Nos anos 1970, enquanto muitos ainda experimentavam a expansão dos sentidos com as drogas, Belchior dizia: “A minha alucinação é suportar o dia-a-dia e o meu delírio é a experiência com coisas reais”. Em Como Nossos Pais, ele fala de mudança, mas sentencia: “Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”. Uma crítica, mas também uma constatação.
Em uma entrevista, ele disse, certa vez, que a sua obra é biográfica de um personagem que ele criou que não é ele, mas que ele se identifica bastante com esse personagem. Ou seja, são visões em terceira pessoa, mas uma terceira pessoa bem parecida com ele.
As músicas são repletas de tristeza, de niilismo, de vontade de mudança, mas também de desilusão e reconhecimento de algumas derrotas: “Eles venceram e o sinal está fechado para nós, que somos jovens”. É contraditório que sua poesia seja usada como motor de protesto nos bares boêmios das cidades. Faria muito mais sentido ouvir Belchior no escuro do quarto, como consolo, mais que isso, como aquele amigo que entende tudo que deu errado.
Por outro lado, a insistência em colocar o desaparecimento dele como peça de sua obra e o dedo na ferida das dívidas que ele teria deixado, também parece menosprezar a importância de um dos maiores compositores da música brasileira. De que me importa saber onde ele morava ou em quantos mil reais está a dívida de estacionamento de seu Mercedes no aeroporto de Congonhas? Em uma entrevista para o Fantástico, em 2009, ele diz que não é uma celebridade, que não tem interesse na vida pessoal de ninguém e muito menos em expor a dele.
No meio dos anos 1970, Belchior morava de favor na casa em reforma de um amigo. Elis Regina queria gravar jovens artistas para o show Falso Brilhante e convidou o cearense para um jantar. “Eu não posso gravar uma fita para a senhora porque eu não tenho violão, eu não tenho gravador… e não adianta a senhora me convidar para a sua casa porque eu não tenho dinheiro para ir de ônibus”, disse ele para a cantora. Ela mandou um carro apanhar o compositor e, em uma noite, ele fez uma demo com todas as canções do que viria a ser o álbum Alucinação, sua pedra fundamental. Elis ouviu as gravações por uma noite e decidiu que tomaria para si Velha Roupa Colorida e Como Nossos Pais.

'Ele estava bem, mas bastante magro', disse o amigo de décadas, Dogival Duarte
O jornalista, escritor e dono de uma rádio na cidade se encontrou com o cantor há cerca de um mês
Lucas Azevedo - Especial para O Estado  
O Estado de S.Paulo
Domingo, 30 Abril 2017 | 20h06
Porto Alegre: "Ele estava bem, mas bastante magro." Foi essa a impressão que Belchior deixou ao amigo de décadas Dogival Duarte, há cerca de um mês, quando os dois se viram pela última vez. Jornalista, escritor e dono de uma rádio na cidade, Duarte era um dos mais próximos do compositor, morto neste domingo, aos 70 anos. "Ele respondeu que estava magro porque fazia exercícios, mas estava alegre, faceiro."
Segundo Duarte, há mais de um ano e meio Belchior vivia na cidade. A casa em que morava com a companheira, Edna Prometheu, foi conseguida por intermédio dele.
O escritor revela que Belchior vivia com ajuda dos amigos. "Ele não precisava de muito dinheiro e também não fazia questão de ter. Os amigos que sustentavam ele por onde ele estava, era hospedado como visita. Passou um ano na minha casa tendo tudo."
Para Duarte, o auto isolamento de Belchior foi proposital, mas uma fase que acabou se prolongando. "Ele queria passar um tempo isolado. Estava cansado. Só que esse tempo foi demais. Ele parecia um monge, queria ler, se reciclar. Mas acabou passando tempo demais nesse intervalo."
Duarte conta que, na noite desse sábado, Belchior se queixou. "Ele se sentiu mal ontem. Agasalharam bem ele, ele deitou e faleceu." Segundo o amigo, o compositor foi encontrado já sem vida.
Conforme o amigo, Belchior era um homem muito culto. "Ele ficava por horas na minha biblioteca lendo poetas latinos. Gostava muito do gaúcho Simões Lopes Neto. Falava de política e literatura. Chegou a corrigir um livro de poesia que estou terminando."
Duarte revela que Belchior cantava pouco. "Ele tocou algumas vezes, em casa, com meu filho, mas cantava muito pouco. Ele mais me dava conselhos. Era um verdadeiro gentleman."
Conforme o escritor, a atual companheira do músico tinha grande papel em seu isolamento. Belchior era muito pouco visto pela cidade. Ficava mais em casa, com amigos ou saía de carro. "Ela não deixava ninguém fazer uma foto com ele. Ela não queria que ninguém soubesse onde eles estavam. Ela isolava ele totalmente."

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
SEGUNDA-FEIRA,1º DE MAIO DE 2017
No Senado e na Câmara, o temor de parlamentares do PSB é que o partido entre numa espiral de declínio como o PDT, pelas decisões autoritárias da cúpula. A direção do PSB é controlada por sem-votos como o próprio presidente, Carlos Siqueira, que jamais disputou eleição para síndico de prédio, assim como o PDT de Carlos Lupi, sem-votos que fez o PDT diminuir de relevância e de tamanho no Congresso.
O PSB está dividido em grupos, das “viúvas de Lula” aos herdeiros do falecido Eduardo Campos, que por sua vez contém subdivisões.
Lula disse ter “certeza absoluta” de que não será delatado pelo seu ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. Mas convém o ex-presidente se preparar para o pior. Além de contar como dividia as propinas com Lula, Palocci detalhará o rateio de R$128 milhões dos R$ 300 milhões usados pela Odebrecht para bancar o esquema de corrupção do PT. Essas pistas têm sido vazadas por pessoas com acesso ao ex-ministro.
Palocci admitirá o óbvio: ele é o “Italiano” nas planilhas de corrupção da Odebrecht, numa referência ao fato de ter passaporte da Itália.
O ex-ministro deixará Lula muito mal ao revelar suas “demandas” na gestão da conta-propina de R$ 40 milhões reveladas pela Odebrecht.
Palocci promete entregar contas no exterior, negociatas a mando de Lula, favores a empresas e a bancos em troca de propina etc.
Renan Calheiros não ataca as reformas por divergir delas, afinal nem sequer as conhece direito. Sua intenção é tentar desviar as atenções dos 16 inquéritos que avançam contra ele na Polícia Federal.
O prefeito de São Paulo João Dória Jr. está no primeiro mandato, mas nada tem de principiante. Encarna o antipetismo como nenhum outro tucano, escolheu Lula como adversário e se credencia cada vez mais às eleições presidenciais de 2018. Não é opinião, é pesquisa.
Além da disposição para encarar o PT, Dória tem levado sorte. Ativistas da CUT/PT articularam cuidadosa operação para impedi-lo de entrar na prefeitura, mas chegaram tarde: madrugador, ele já estava trabalhando.
Tem gente que admira e os que detestam o ministro Gilmar Mendes, do STF, mas todos concordam: ele tem coragem de mamar em onça, como se diz no Nordeste. Soltar Eike Batista foi mais uma prova disso.
Nesta terça o Congresso vai se reunir à noite em sessão conjunta para analisar 15 vetos presidenciais. Um deles é o veto à liberação total para empresas terceirizarem todas as suas atividades.
José Sarney ainda não respondeu aos apelos dos correligionários do Amapá que o estimularam a candidatar-se em 2018 a uma vaga no Senado. Tem grandes chances. Além de manter enorme popularidade no Estado, seus eventuais adversários têm ficha suja no TRE local.
Aprovada na última quarta (26) pela Câmara dos Deputados, a reforma trabalhista começa a tramitar no Senado nesta terça-feira (2). A expectativa é que seja aprovada ainda na segunda quinzena de maio.
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo, Estado onde magistrados foram assassinados, vai receber em maio os primeiros 28 dos 50 policiais militares da reserva que irão fazer a segurança do Judiciário.
...CUT e PT não imaginavam que os brasileiros fariam greve de greve, provocando o fiasco na promessa de “parar o Brasil”.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
J.R. Guzzo: Acabou nisso
As confissões, inéditas na história nacional, mostraram o Brasil exatamente como ele é ─ e mostraram que esse Brasil é puro Lula
Por Augusto Nunes
Domingo, 30 abr 2017, 17h36 - Atualizado em 30 abr 2017, 17h44
Publicado na edição impressa de VEJA
Muita gente reage com uma espécie de arrepio horrorizado quando ouve algum homem público de destaque usar em relação ao ex-presidente Lula a mesma linguagem que ele usa há anos contra os seus adversários. Chamar Lula de “bandido”, como fez recentemente numa entrevista na televisão o prefeito de São Paulo, João Doria? Não pode. É algo na fronteira do crime de lesa-pátria, do sacrilégio que rende excomunhão perpétua ou de algum outro desatino particularmente horrível. Dizer que alguém é bandido ainda é uma ofensa pesada ─ embora, quando se trata de políticos contumazes, a maioria dos brasileiros considere a definição perfeitamente correta, a começar pelo próprio Lula, que já disse que havia “300 picaretas” no Congresso Nacional. Mas, seja lá como for, querer uma linguagem de cavalheiros entre os frequentadores desse submundo é o mesmo que pedir bons modos à torcida num campo de futebol. Não dá, é claro ─ só que no caso de Lula, segundo as classes intelectuais, os peritos em ciência política, os formadores de opinião e os anexos dessa gente toda, é obrigatório abrir uma exceção. O ex-presidente, como o rei da fábula, está nu há pelo menos uns quinze anos, mas é praticamente um dever constitucional dizer que ele está de terno, gravata, colete, casaco e chapéu, mais um par de sapatos e outro de meias, enquanto não for julgado e condenado ─ coisa que, no entender dos seus devotos, só poderá ocorrer no Dia do Juízo Universal, ou talvez nem aí.
O prefeito Doria disse em público o que uma multidão de pessoas (incluindo os seus admiradores e partidários políticos, voluntários ou forçados) diz em particular: que é contra Lula, e aí é mesmo 100% contra, sem nenhuma atenuante, por não concordar com as suas ideias e por achar que o seu comportamento é criminoso. Doria afirma, simplesmente, que Lula não tem um “lado bom”. E daí? Não é o caso de entrar em estado de choque nervoso porque alguém falou isso. Na verdade, como ficar espantado depois das históricas confissões de corrupção feitas dias atrás na Operação Lava Jato? Ficou demonstrado ali, acima de qualquer dúvida, que durante treze anos e meio não existiram no Brasil os governos de Lula e de Dilma Rousseff, e sim o governo da Odebrecht S.A. ─ em associação com um extenso colar de outras empreiteiras de obras públicas, indústrias químicas e petroquímicas, empresas de construção naval e qualquer tipo de atividade que envolve fornecer alguma coisa ao governo e receber dinheiro público em pagamento.
As confissões, inéditas na história nacional, mostraram o Brasil exatamente como ele é ─ e mostraram que esse Brasil é puro Lula. Apresentava-se como o presidente da República e dos pobres. Era, na vida real, o despachante de empreiteiros e de milionários.
Não foi só Lula, é claro, quem apareceu no seu verdadeiro papel nestes últimos dias de ação da Justiça. Mas por qual lógica o ex-presidente deveria ser considerado diferente de qualquer outro nessa manada de vigaristas se agiu, durante anos, exatamente como eles ou até pior do que eles?
A única diferença é que o seu caso é mais feio ainda ─ foi nisso, então, que o homem acabou dando? Justo ele, Lula, que passou a vida prometendo aos brasileiros ser um exemplo de mudança e de progresso moral? No fim, o político que vinha “mudar tudo” saiu igualzinho aos outros na conduta, e muito mais caro no prejuízo que deu. Dizia que estava promovendo a maior reforma social da história humana, distribuindo renda como “nunca antes”, eliminando milhões de pobres e outras miragens. Estava, mesmo, assinando medidas provisórias para favorecer a Odebrecht e outros magnatas. Sua CUT estava extorquindo dinheiro para não fazer greves. Recebia fortunas, “o mesmo que o Bill Clinton”, por “palestras” que a Odebrecht confessou serem o pagamento de favores. Seus filhos e irmãos receberam dinheiro e “investimentos” da empreiteira. Fez o BNDES dar recursos à Odebrecht para construir um porto em Cuba. Era o “Amigo” na lista de políticos comprados ou alugados pela Odebrecht para servi-­la no governo. A coisa vai daí para pior ─ uma corrupção que “surtou”, definitivamente, e que ficará na história brasileira para sempre.
Se acaso Lula não for candidato na eleição de 2018, ou se perder, a culpa não será do “juiz Sérgio Moro”, ou da conspiração construída em torno dele, como o ex-presidente já diz. A culpa será unicamente do que ele mesmo fez. Não foi Moro quem recebeu 700.000 reais da Odebrecht para reformar o sítio que frequentava ─ nem o prefeito João Doria.

Deonísio da Silva: O beijo de Judas
Nem mesmo Leonardo Da Vinci poupou o traidor, que representou o falso amigo agarrado ao caixa e ainda derrubando o saleiro sobre a mesa da Última Ceia
Por Augusto Nunes
Domingo, 30 abr 2017, 11h32
Um beijo passou a designar a traição desde que os apóstolos tomaram o companheiro, caixa da campanha de Jesus, como bode expiatório.
Carlos Vereza, um dos mais notáveis e criativos atores brasileiros, acaba de estrear Iscariotes: A Outra Face, tomando como referência solar de seu já memorável monólogo, não o beijo de Judas, nem o Judas que passou da Religião à História, mas um Judas de todo original, que relembra o vento nas oliveiras a embalar seus mais antigos sonos de menino que queria adormecer.
Seu personagem emblemático deu muito o que sentir e pensar à plateia que lotou o Teatro Pedro II, em Petrópolis, na serra fluminense, para a estreia nacional, no passado 21 de abril.
Nos terríveis eventos que teve Judas como personagem decisivo, a Última Ceia dá expressão a cada um dos treze e este número reforçou a mística de número do azar, que judeus tinham trazido das crendices da Babilônia, uma vez que o Código de Hamurábi, no século XVII a.C., já pulava do artigo 12 para 14.
Todos os apóstolos falharam, a partir de Pedro, aquele que seria o primeiro Papa, que antes que o galo cantasse negou o Líder por três vezes na noite da prisão, na quinta-feira, depois que o candidato tinha sido aclamado rei no domingo anterior, o de Ramos.
Desde então, ninguém poupou o traidor, nem mesmo Leonardo Da Vinci, que representou o falso amigo agarrado ao caixa e ainda derrubando o saleiro sobre a mesa da Última Ceia.
Assim, os símbolos da traição e do azar percorreram os séculos, até que em 2006 descobriu-se uma cópia do Evangelho de Judas, escrito em copta e logo transformado em estrela dos apócrifos.
É esta a versão abraçada por Carlos Vereza, não apenas como ator, mas também como autor do texto. Ele deslumbra os espectadores com um desempenho formidável, entre terno, arrebatador e trágico, preconizando, como fez questão de acrescentar depois da peça, que não quer fazer proselitismo nenhum, apenas dar a voz a Judas, a outro Judas, àquele Judas que pode ter sido o grande parceiro de Jesus na História da Salvação, pois que se dispôs a cumprir papel indispensável, que nenhum outro ser humano teve coragem de assumir.
Exegetas da Bíblia e da História já lidavam com a hipótese de que Judas tinha sido traído, ele nunca fora o traidor, daí seu desespero ao ver naufragar o projeto da tomada de poder.
Ao enforcar-se, abrindo o ventre sobre pedras quando se fez despencar do galho de uma árvore, Judas acrescentou um outro emblema à sua imagem de traidor, que é o de suicida.
Em nenhum momento no palco, Vereza faz qualquer vinculação explícita ao tema que toma conta do Brasil nos dias de hoje, mas, excelente ator que é, faz com que espectadores de todas as ideologias sintam e pensem sobre questões fundamentais.
A traição é uma delas. Com traições verdadeiras ou falsas, os delatores estão revelando ao distinto público que Judas pode não estar onde sempre esteve. E também pode ser que o descobrimento de quem seja o verdadeiro Judas demore muito mais tempo. O do Judas que dá étimo e mote a todos os significados pejorativos levou quase 2.000 anos, pois sua versão somente foi descoberta em 2006.


NO BLOG DO JOSIAS
Falta de lógica carbonizou a imagem de Temer
Josias de Souza
Segunda-feira, 1º/05/2017 04:45
O curioso da lógica do governo de Michel Temer é que ela tem cara de lógica, tem rugido de lógica, tem rabo de lógica, mas é o mais puro absurdo. Graças à falta de sentido, Temer alcançou uma proeza: tornou-se tão detestado quanto Dilma Rousseff. Antes de ser afastada pela Câmara, no ano passado, Dilma era rejeitada por 63% dos brasileiros. Apenas 13% aprovavam sua Presidência. O Datafolha informa que o prestígio de Temer também roça a sarjeta. Sua taxa de rejeição é de 61%. O índice de aprovação é de irrisórios 9%.
O povo não gosta daquilo que não entende. E o governo capricha na falta de nexo. Por exemplo: reza o discurso oficial que, se Temer trocar os ministros acusados de corrupção, seus aliados darão o troco, travando as reformas no Congresso. Sem as reformas, não haverá prosperidade. Logo, se Temer não for condescendente com a ladroagem, o PIB não sai do abismo. Beleza. O diabo é que uma das incomodações políticas do brasileiro, desde a época em que ainda havia política no Brasil, é a sensação de que, nessa atividade, nada se perde, nada se cria. Tudo se corrompe.
Os indicadores oficiais sinalizam que, sob Temer, o governo parou de cavar o buraco em que Dilma enfiara a economia. Mas a pujança do desemprego esclarece que os resultados, se vierem, demorarão a chegar. Encontram-se no olho da rua 14,2 milhões de patrícios. E o governo, na sua lógica do absurdo, espera que todos compreendam que qualquer um pode perder o contracheque, menos os ministros que respondem a inquérito no Supremo Tribunal Federal. Simultaneamente, Temer pede compreensão para uma reforma da Previdência que 71% dos brasileiros rejeitam e para mudanças na CLT que 60% enxergam como coisa benéfica para os patrões.
Pregoeiro da nova ordem, Temer conserva os pés enfiados no lodo da velha desordem. Em todas as suas entrevistas, o presidente divide-se entre a defesa de suas reformas impopulares e o mantra que elaborou para justificar o convívio com o lixão da Lava Jato. Investigação não é denúncia, argumenta Temer, em defesa dos ministros encrencados. Denúncia tampouco é ação penal. Demissão? Só depois que o ministros virarem réus. Como isso pode demorar uns dois anos, só sai quem quiser, na data que preferir,
Na época em que o presidente deposto se chamava Fernando Collor e o substituto-tampão atendia pelo nome de Itamar Franco, o chefe da Casa Civil foi licenciado do cargo depois que seu nome — Henrique Hargreaves — soou numa CPI. Só retornou à poltrona após demonstrar sua inocência. Agora que ficou sabendo que a política foi comprada pelo departamento de propinas da Odebrecht, o brasileiro tende a ser mais intransigente. Não é que ele seja contra a imbecilidade retórica. Apenas não suporta a ideia de continuar fazendo papel de imbecil.
Na série histórica das pesquisas do Datafolha, a menor taxa de aprovação desde a redemocratização do país pertence a Dilma. Foi alcançada em agosto de 2015, quando apenas 8% dos brasileiros avaliaram o seu governo como ótimo ou bom. Quando o índice ganhou as manchetes, Temer, ainda na pele de vice, fez um vaticínio: ''Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo” de 7% ou 8% de popularidade. Agora, já investido no papel de versa, Temer soma 9% de ótimo e bom.
Com a imagem carbonizada, o substituto constitucional de Dilma talvez sinta a necessidade de interrogar o espelho: como resistir até 2018? E a imagem refletida responderá: sua sorte é não ter um vice.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Domingo, 30 de abril de 2017
Lula usa "delator" Palocci como blindagem?
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Bem que Luiz Inácio Lula da Silva poderia responder à provocação do cientista político Bolívar Lamounier, no Facebook: “Um ex-presidente da República, um homem que se apresenta como reserva moral da Nação, vê uma horda ligada a seu partido depredando patrimônio público e privado, e até tentando atacar a residência do atual presidente, e nada tem a dizer? Mantém-se em silêncio, deixando claro que endossa tais atos? Que nome devemos dar a tal atitude?”
Se o professor quiser uma resposta cínico-pragmática, ela está prontinha: Lula aposta no quanto pior melhor, porque para ele, apesar da Lava Jato, tudo parece cada vez melhor. Quem duvida disto deveria dar uma olhada mais estratégica na mais recente pesquisa Datafolha, feita com 2781 entrevistados, em 172 municípios, na quarta e na quinta que antecedeu à greve geral pré-feriadão. No cenário mais favorável, o poderoso Lula se mantém na liderança na corrida ao Palácio do Planalto em 2018, com 31%. Marina Silva teria 16%, Jair Bolsonaro (13%), João Dória (9%), Michel Temer (2%), Luciana Genro (2%), Ronaldo Caiado (1%) e Eduardo Jorge (1%).
Um outro cenário traçado pelo Datafolha, para um eventual segundo turno, inclui aquele nome que hoje representa uma concreta ameaça jurídica (mas que também poderia ser política. Se fosse candidato (não será), Sérgio Moro venceria Lula por 42% contra 40%. Pela margem de erro de dois pontos do Datafolha, Moro e Lula ficariam tecnicamente empatados na disputa eleitoral. Já na disputa jurídica, a previsão popular é que Lula acabe derrotado por goleada. Lula sabe que perde no “tapetão”. No entanto, confia que ganha na “repescagem” dos superiores e supremos recursos, daqui a uns 10 anos ou mais...
Sabe quem poderia botar mais medo em Lula do que Sérgio Moro? O nome dele seria Antônio Palocci Filho... “Só que não” – como dizem jovens e deslumbradas repórteres televisivas. Lula é tão malandro e estratégico que já usa a suposta “ameaça palocciana” em favor próprio. Lula passou um recadinho apavorante a banqueiros e corretoras que participaram, em 2010, daquela oferta pública de ações da Petrobras que movimentou a merreca de R$ 120 bilhões. Não foi à toa que, no universo de 86 testemunhas de defesa, Lula selecionou 26 nomes de altos funcionários de bancos, advogados especializados no mercado de capitais e auditores (veja os nomes, abaixo). As indicações causaram não só surpresa, mas também certo pavor, porque muitos podem estar relacionados em uma eventual deduragem do Palocci.
Lula é espertíssimo. Verificou que uma poderosa tática de defesa é cutucar e, indiretamente, pedir socorro aos poderosos e diabólicos deuses do mercado – fartamente beneficiados com super-negócios e lucros na Era $talinácio, mas que abandonaram o PT e foram decisivos na derrubada de Dilma Rousseff. A mais recente jogada de craque de Lula só aumenta a expectativa 10 de maio, quando Lula sentará na 13ª Vara Federal do Moro. Até lá, quem agora fica “apertadinha” é a nata do rentismo tupiniquim.
Resumindo: Lula parece ter mais vidas que um Gato Angorá ou outros bichos enrolados na Lava Jato...
No entanto, Lula também sabe, muito bem, que a disputa de 2018 não será ideológica, mas sim dos “honestos x corruptos”.
Por isso, Jair Bolsonaro é o nome que realmente assusta a petelândia e seus rentistas sem-noção...
A listinha de Lula
Confira os nomes dos 86 listados pela defesa de Lula:
A) Políticos e autoridades
1) Renan Calheiros (senador)
2) Romero Jucá (senador)
3) Gilberto Carvalho (ministro)
4) Jaques Wagner (ex-ministro)
5) José Múcio Monteiro Filho (ministro do TCU)
6) Henrique Meirelles (ministro)
7) Henrique Fontana (ex-deputado)
8) Luiz Fernando Furlan (ex-ministro e emprsário)
9) José Sérgio Gabrielli (ex-presidente da Petrobras)
10) Silvio Pettengill Neto (Procurador do MPF)
11) Mariana Fernandes da Silva (advogada da Petrobras)
12) Cláudio Fonteles (ex-Procurador Geral da República)
13) Antonio Fernando Barros e Silva de Souza (ex-Procurador Geral da República)
14) Jorge Hage (ex-ministro da CGU)
15) Aldo Rebelo (ex-ministro)
16) Alexandre Padilha (ex-ministro)
17) Ricardo Berzoini (ex-ministro)
18) Arlindo Chinaglia (deputado federal)
19) Valmir Moraes da Silva (segurança)
20) Marco Edson Gonçalves Dias (General)
21) Geraldo Corrêa de Lyra Júnior (Coronel)
22) Rui Chagas de Mesquita (Brigadeiro)
23) Malu Gaspar (Jornalista)
24) Marcos Leal Raposo Lopes (Embaixador no Peru)
25) Paulo César de Oliveira Campos (Embaixador na França)
26) Walfrido dos Mares Guia (ex-ministro)
27) Tarso Genro (ex-ministro)
28) Paulo Lacerda (ex-diretor-geral da PF)
29) Luiz Fernando Correa (ex-diretor-geral da PF)
30) Eurico Cursino dos Santos (Consultor legislativo do Senado)
31) Francisco Alberto Aires Mesquita (Coronel da FAB)
32) Zeca do PT (deputado)
33) José Paulo Assis (ex-gerente da Petrobrás)
34) Hélio Shiguenobu Fujikawa (ex-secretário geral da Petrobras)
35) Alan Kardec Pinto (ex-diretor de Biocombustíveis da Petrobras)
36) Mário Márcio Catrillon de Aquino (ex-gerente da Petrobras)
37) Fernando Almeida Biato (ex-gerente da Petrobras)
38) Marcelino Guedes Ferreira Mosqueira Gomes (ex-presidente da refinaria Abreu e Lima)
39) José Lima de Andrade Neto (ex-presidente da BR Distribuidora)
40) Paulo Cezar Farah Muniz (empregado da Petrobras)
41) Marcos da Cunha Henriques (empregado da Petrobras)
42) Tarcísio Rossêto (empregado da Petrobras)
43) Paulo Marcelo de Figueiredo Montes (empregado da Petrobras)
44) Alexandre Lugtenburg de Garcia (empregado da Petrobras)
45) Nilo Victor de Oliveira (empregado da Petrobras)
46) Rômulo de Miranda Coelho (empregado da Petrobras)
47) Paulo Tarcísio Okamotto (presidente do Instituto Lula)
48) Clara Levin Ant (Secretária de Lula)
49) Celso Marcondes (diretor Instituto Lula)
50) Luiz Soares Dulci (ex-ministro)
51) Paulo de Tarso Vannucchi (ex-ministro)
52) Marcelo Carvalho Ferraz (sócio da empresa que faria Museu do Trabalhador)
53) Luciano Coutinho (ex-presidente do BNDES)
54) Jorge Gerdau Johannpeter (ex-conselheiro da Petrobras)
55) Fábio Colletti Barbosa (ex-conselheiro da Petrobras)
56) Miriam Belchior (ex-ministra)
57) Maria Lúcia de Oliveira Falcón (ex-presidente do Incra)
58) Almir Guilherme Barbassa (ex-diretor financeiro da Petrobras)
B) Executivos financeiros
59) Bruno Boetger (Bradesco BBI)
60) João Paulo Torres (Merrill Lynch)
61) Paulo Mendes (JP Morgan)
62) Pérsio Dangot (Citigroup)
63) Fernando Fontes Yunes (Itaú BBA)
64) Glenn Mallett (Santander)
65) Marcelo de Sousa Sobreira (Banco do Brasil)
66) Fabio Nazari (BTG Pactual)
67) Graciema Bertoletti (Credit Agricole)
68) Denis Jungerman (TGP Capital)
69) Antonio Pereira (Goldman Sachs)
70) Mikael Malka (HSBC)
71) Patrícia Moraes (JP Morgan)
72) Nicole Rodrigues Canizelo (Societe Generale)
73) Thiago Dias (Safra)
74) Márcio Pepino (BES Investimento)
75) Caio Scatamburlo Costa (Deutsche Bank)
76) Roberto Roma (Votorantim)
C) Advogados
77) Daniel de Miranda Faço
78) Luiz Leonardo Cantidiano (ex-CVM)
79) Nicholas Grabar
80) Sérgio Spinelli Silva Jr.
81) Renato Schermann Ximenes de Melo
82) Stuart K. Fleischmann
83) Robert Ellison
D) Contadores de Auditorias
84) Paulo José Machado (Ernst & Young)
85) Manuel Fernandes Rodrigues de Sousa (KPMG)
86) Bernardo Moreira Peixoto Neto (KPMG)
(...)

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