PRIMEIRA EDIÇÃO DE 14-4-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
SEXTA-FEIRA, 14 DE ABRIL DE 2017
Na delação de Emilio Odebrecht, presidente do Conselho de Administração do grupo, foi revelado que o Tesouro Nacional brasileiro deu o aval final que viabilizou a construção do Porto de Mariel, em Cuba. A decisão era atípica à época e, segundo Emílio e seus advogados, “ficou claro” que uma operação desse tamanho não seria possível sem “interferência política”. Dos US$ 954 milhões, do custo da obra do porto, o BNDES bancou US$ 687 milhões (R$ 2,1 bilhões).
Emilio conta ter sido chamado a Caracas pelo semi-ditador Hugo Chávez, que o pediu para “viabilizar” a obra do porto cubano.
Emílio contou em sua delação que, após a reunião com Chávez, foi procurado por Lula, que já estava “a par” do negócio e o autorizou.
O BNDES relutava na aprovação do financiamento, temendo um esperado calote de Cuba. Foi quando Lula mandou o Tesouro avalizar.
Em troca do Porto de Mariel, a Odebrecht faturou contratos na área de petróleo da Venezuela, que é um dos maiores produtores do mundo.
Quando embarcava para verificar a chegada das águas do rio São Francisco ao Açude Boqueirão, na Paraíba, nesta quinta (12), o ministro Helder Barbalho (Integração) soube que o governador Ricardo Coutinho (PSB) havia ordenado uma molecagem à sua agência de águas: reduzir à metade a vazão da barragem de Camalaú para retardar a chegada de água ao açude, para “melar” a visita do ministro. O governo da Paraíba não respondeu às nossas tentativas de contato.
Antônio de Pádua, secretário de Recursos Hídricos, informou Barbalho da pegadinha do governo paraibano, e mandou abrir toda a válvula.
O objetivo de Ricardo Coutinho seria constranger o senador Cássio Cunha Lima (PSDB), seu adversário político e anfitrião de Barbalho.
A redução da vazão pouco afetaria a visita do ministro da Integração, mas prejudicaria o abastecimento da população de Campina Grande.
Em 2015, Marcelo Odebrecht encontrou Dilma no México e “mostrou tudo” a ela, incluindo valores de propinas para o PT. Ele contou que ela sempre soube das tratativas do propinoduto.
O delator Benedicto Júnior explicou que o Departamento de Operações Estruturadas, o setor de propina, só passou a existir mesmo a partir de 2008. Antes disso, diz ele, a corrupção era “pontual”, obra a obra.
De acordo com um dos depoimentos de delação do ex-executivo da Odebrecht, Benedicto Júnior, o atual prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), era um “arrecadador proeminente do PT”, em 2010.
Sobre o marqueteiro Duda Mendonça, o procurador que acompanha a sessão do depoimento interfere: “Curioso que em 2010 já estava... o evento do Mensalão e o Duda Mendonça era réu e mesmo assim ocorreu o fato”? O executivo da Odebrecht responde: “reincidiu”.
O ministro Edson Fachin destacou o direito constitucional à informação, ao retirar o sigilo dos inquéritos na Lava Jato. Mas, em Alagoas, prevalece a decisão de um juiz proibindo o site Diário do Poder de publicar notícias sobre um dos deputados acusado de diversos crimes.
Emílio Odebrecht contou em sua delação premiada que em 2007/2008 Hugo Chávez vendia de 60 a 80 mil barris de petróleo ao governo cubano de Fidel Castro a “precinho bem camarada”.
Faltando poucos dias para encerrar o prazo, cerca de 19 milhões de brasileiros ainda não fizeram declaração do Imposto de Renda. Apenas nove milhões foram entregues à Receita Federal até agora.
A Liderança do PMDB entregou a Hélio José (DF) – que disse ter poder para nomear “até melancia” – a Comissão Senado do Futuro. Virou piada. Maldade. Agora, o senador poderá produzir melancias, no futuro.
...com autoridades do Rio de Janeiro na Lista de Fachin, logo chegará a hora de mudar a sede do governo para Bangu.

NO DIÁRIO DO PODER
OCASO DE UM ENGANADOR
REVISTA APONTA 'O FIM DE LULA' APÓS DELAÇÕES DEVASTADORAS DA ODEBRECHT
'ISTOÉ' VÊ O FIM DA 'ALMA MAIS HONESTA' QUE SE LOCUPLETOU
Publicado: quinta-feira, 13 de abril de 2017 às 23:27 - Atualizado às 23:46
A revista IstoÉ que circula a partir desta quinta-feira (12) conclui que, sob os escombros das delações da Odebrecht chega ao fim o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que "nunca mais será o mesmo". A revista acha que disso tudo talvez sobre um Silva ou um Luiz Inácio, mas "nunca mais um Lula". Acabou.
A reportagem de capa da revista reflete a repercussão dos impactantes vídeos mostrando empresários e executivos da empreiteira Odebrecht contando como corrompeu o ex-presidente Lula, todos os seus antecessores ainda vivos, parlamentares de situação e oposição, governadores, políticos de todos os partidos.
"Para o petista, as delações dos executivos da Odebrecht foram acachapantes. Restaram claro que a autoproclamada “'alma mais honesta', a quem um dia milhares de brasileiros confiaram a missão de mudar radicalmente a maneira de fazer política no País, se beneficiou pessoalmente dos ilícitos – e estendeu as benesses aos seus familiares. Sem sequer corar a face, o petista abandonou ao léu sua principal bandeira, a da ética – se é que um dia foi verdade", publica a revista.

BALCÃO DE NEGÓCIOS
JUCÁ E RENAN RECEBERAM R$ 4 MILHÕES POR PROJETO QUE BENEFICIOU BRASKEM
TRÊS DELATORES COMPLICAM A VIDA DOS DOIS SENADORES DO PMDB
Publicado: Quinta-feira,13 de abril de 2017 às 19:05 - Atualizado às 21:31
Redação
Episódio importante da história da indústria petroquímica brasileira, a “Guerra dos Portos” rendeu R$ 4 milhões em propinas para os senadores Romero Jucá (PMDB-AL) e Renan Calheiros (PMDB-AL). É o que afirmam os delatores da Odebrecht, Claudio Melo Filho, Carlos Fadigas e Marcelo Bahia Odebrecht – o presidente afastado do grupo, que está presos desde junho de 2015, pela Operação Lava Jato, em Curitiba.
O episódio da “Guerra dos Portos”, que faz parte de um anexo específico com base nas revelações dos três delatores da Odebrecht, remonta o ano de 2010, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrava seu segundo mandato de governo e elegeria sua sucessora, Dilma Rousseff.
“Desde antes de 2010, a importação de produtos estrangeiros por Estados conferiam incentivos fiscais de ICMS à importação vinha afetando a competitividade da indústria nacional. Esses incentivos também prejudicavam a Braskem e seus clientes”, registra o Anexo 11, da delação de Marcelo Odebrecht.
Homem do Congresso
Considerado o lobista da Odebrecht no Congresso, por investigadores da força-tarefa da Lava Jato, Claudio Melo Filho confessou que tratou com senadores, em especial Romero Jucá, e ministros sobre o tema, que foi assumido por Marcelo Odebrecht para ser levado ao governo federal.
Segundo Melo Filho, a indústria brasileira amargava impactos negativos dos incentivos dos Estados e muitas vezes o produto feito no Brasil ficava mais barato comprado em território nacional quando era comprado através da China.
“Marcelo Odebrecht, com o objetivo de enfrentar esse problema, manteve reunião com Guido Mantega e encaminhou o tema junto ao Poder Executivo. Guido Mantega teria dito a ele, na oportunidade, que o governo federal entendia o problema e estava mobilizado para resolver a questão até o fim do ano, e que pediria ao senador Romero Jucá para tratar diretamente do assunto”, explicou o delator em um anexo específico de sua delação, sobre o projeto no Senado e a participação de Jucá, Renan e o ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT, atual sem partido-MS).
O delator afirmou que “o pagamento que o senador Romero Jucá solicitou foi aprovado por Carlos Souza (da Braskem), que autorizou junto a área de operação estruturadas, conforme e-mail datado de 27 de abril de 2012”. Melo Filho anexou cópia dessa mensagem de e-mail, em sua delação – que gerou um inquérito específico autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Lava Jato.
“Esse pagamento foi feito em contrapartida ao decisivo apoio dado pelo senador Romero Jucá durante o trâmite do PRS 72/2010. Acredito que o valor total desses pagamentos seja da ordem de R$ 4 milhões”, disse Melo Filho.
“Esses pagamentos, segundo me foi dito por Romero Jucá, não seriam apenas para ele, mas também, como já havia ocorrido em outras oportunidades, para Renan Calheiros.”
O ex-senador petista teria cobrado e recebido R$ 500 mil nessa negociação.
Em outro termo de delação, o lobista da Odebrecht no Congresso afirmou que o núcleo de comando do PMDB no Senado era Jucá – espécie de homem de frente do grupo -, Renan e o atual presidente da Casa, Eunício Oliveira.
Contradição
O anexo 33 da delação do empreiteiro Marcelo Odebrecht à Procuradoria-Geral da República aponta para a ‘Guerra dos Portos’ e influência política na aprovação de resolução do Senado beneficiando a Braskem, braço petroquímico do grupo. Seu depoimento, no entanto, tem um ponto de contradição com o que foi dito por Claudio Melo.
“Não houve, como foi no Refis da crise, um pedido explicito. Para a gente, na relação que eu criei, não houve, mas entra naquela…apesar de não ser como o Reiq, entra naquele favorzinho que ele acha que prestou pra gente e na hora que ele for lá vai dizer ‘ó, mas aquele assunto que eu resolvi’. Tudo que você pede, mesmo que seja legítimo e justo, e que foi em, função de problema criado em função do governo ele vai lembrar na época que…”
“Esse acabou sendo resolvido, também acabou sendo mais um daqueles temas que foi resolvido Medida Provisória, foi resolvido dentro do Congresso. Foi um dos temas também que junto com outras empresas foram feitas compromissos de maneira implícita ou explícita, junto ao Congresso e novamente coordenado por Jucá. Um dos temas que houve coordenação do Jucá para resolver.” (AE)

SOBRE OBRAS DO METRÔ
DELATOR DA ODEBRECHT APONTA R$ 4,67 MILHÕES PARA SERRA, O ‘VIZINHO’
VALOR ERA PARTE DE ‘COMPROMISSO’ DE 3% DAS OBRAS DO METRÔ
Publicado: quinta-feira,13 de abril de 2017 às 14:29 - Atualizado às 21:33
Redação
O executivo Fabio Gandolfo, um dos delatores da Odebrecht na Operação Lava Jato, afirmou que o senador José Serra (PSDB-SP) recebeu R$ 4,67 milhões em 2004 sobre obras da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo. O valor, repassado sob os codinomes ‘vizinho’ e ‘careca’, era parte de um ‘compromisso’ de 3% do contrato do transporte paulista.
“O vizinho eu consegui detectar só R$ 4,67 milhões”, afirmou o delator. “Esse codinome vizinho, estou falando de 2004, 2006, ele ficou meio conhecido dentro da empresa nas pessoas que tinham atividade complementar, de fazer programação. O vizinho ficou meio conhecido como Serra. A gente sabia.”
A Procuradoria questionou Fabio Gandolfo se ‘compromisso’ era sinônimo de propina.
“Propina, propina”, disse o executivo.
Segundo Gandolfo, o ‘compromisso’ havia sido assumido pelo executivo Romildo José dos Santos, então assessor de Benedicto Júnior em São Paulo. Benedicto Júnior, o BJ, foi diretor da Odebrecht Infraestrutura e também é delator do grupo.
Fabio Gandolfo prestou depoimento em 15 de dezembro do ano passado na sede da Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul.
“Logo do início do contrato da Linha 2, ele (Romildo) me veio dizendo que tinha um compromisso da empresa com uma determinada pessoa. E que a gente deveria pagar 3%. Não seriam pagamentos regulares, mensais. Seriam pedidos a medida que fosse necessário. Foi dado o codinome para essa pessoa de careca. No começo não teve nenhum pagamento. Em 2004, teve algum pagamento”, declarou.
“Eu vim a descobrir que esse codinome não era o usual que se usava dentro da empresa. O codinome que se usava era vizinho. Por quê? Porque ele morava perto do diretor na época-presidente da Odebrecht, Pedro Novis. Era vizinho do Pedro Novis, por isso vizinho. Eu imaginava que era careca, porque ele era careca. É o José Serra. Foi me dito depois que era o José Serra. Nunca me disseram que era o José Serra na pessoa física. Disseram que era o José Serra que coordenava a parte de arrecadação ou tinha relação. Esse é diferente. Esse eu programava, eu nunca pagava.”
O delator afirmou que saiu do contrato da Linha 2 do Metrô em 2006. “O contrato do lote 2 terminou quando eu estava lá. O do lote 3 se estendeu. Eu não sei se foi pago (a José Serra) depois mais coisa.”
Gandolfo declarou que o contrato do metrô de São Paulo, linha 2 – verde, foi assinado na década de 90, mas ‘nunca teve eficácia’. O executivo afirmou que foi transferido para São Paulo em 2001 para ‘tentar viabilizar que esse contrato se tornasse realidade’.
De acordo com o delator, em cima do contrato havia diferentes porcentuais a serem pagos.
“Era como se fosse assim, você fechava: eu tenho direito a um limite de 4%. É o que eu posso gastar. No caso dos 3% (a José Serra), como não era eu que determinava quanto, eles me pediam. Eu só programava. Agora esse ano precisa de cinco parcelas de R$ 500 mil. Eu programava e esse dinheiro era entregue não sei a quem”, afirmou.
COM A PALAVRA, JOSÉ SERRA
“O senador José Serra reitera que não cometeu irregularidades em sua longa vida pública, que sempre foi pautada pela lisura, ética e transparência.
A abertura do inquérito pelo Supremo Tribunal Federal servirá como oportunidade para demonstrar que as acusações e o conteúdo das delações são fantasiosos e infundados.
Assessoria de imprensa do senador José Serra” (AE)

MÉDICOS QUEREM FICAR
CUBA CANCELA ENVIO DE MÉDICOS PARA TRABALHAR NO PROGRAMA MAIS MÉDICOS
MOTIVO DA SUSPENSÃO É A GRANDE QUANTIDADE DE MÉDICOS QUE NÃO QUEREM VOLTAR
Publicado: quinta-feira,13 de abril de 2017 às 17:55
O governo de Cuba suspendeu o envio para o Brasil de 710 profissionais treinados para trabalhar no Programa Mais Médicos. O grupo deveria desembarcar no País ainda neste mês. A decisão do governo cubano, comunicada ao Ministério da Saúde na terça-feira, 11, é reflexo do descontentamento com a grande quantidade de médicos que se recusam a voltar para Cuba, terminados os 3 anos de trabalho no programa. Há atualmente 88 profissionais que recorreram à Justiça para permanecer no Brasil e garantir o direito de continuar no programa do governo federal.
O governo cubano argumenta que a permanência dos profissionais no Brasil não estaria em conformidade com o acordo de cooperação firmado. Diante desse impasse, o governo brasileiro deve enviar uma comitiva ao país para discutir o assunto nas próximas semanas.
O maior receio do governo cubano é de que um novo grupo de médicos resista em voltar para o país quando chamados de volta e que isso acabe afetando também o comportamento de profissionais que já estão atuando em outros países. Além do Brasil, Cuba tem outros acordos de cooperação, baseados no envio de profissionais de saúde. Esse tipo de cooperação é também uma forma de renda para Ilha. No trato firmado entre Brasil e Cuba, parte dos salários dos médicos é paga diretamente para o governo cubano.
O Ministério da Saúde já havia anunciado a intenção de limitar o número de cubanos integrantes do Mais Médicos. A redução da participação de profissionais estrangeiros, no entanto, deveria ser feita de forma gradual, para não provocar vazios assistenciais, sobretudo em regiões onde há grande dificuldade de se garantir a permanência de médicos brasileiros.
Justamente por isso, o governo se apressou em organizar uma comitiva para discutir o assunto em Cuba e evitar que a participação de médicos daquele país caia numa velocidade maior do que considerado ideal. Os profissionais chegam ao Brasil por meio de um acordo firmado com a Organização Pan-Americana de Saúde e governo cubano.
Ano passado, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciou a intenção de reduzir em 4 mil o número de cubanos no Brasil. A ideia é substituí-los de forma gradual por profissionais brasileiros, em editais trimestrais.
Atualmente, trabalham no programa 10,4 mil cubanos – mil a menos do que no ano passado. Embora em número menor, eles continuam representando a grande força do Mais Médicos, programa criado em 2013 numa resposta às manifestações populares que reivindicavam melhoria de acesso à saúde.
Há três semanas, o Estado divulgou uma reportagem em que mostrava haver 84 ações de médicos cubanos reivindicando o direito de permanecer no Brasil e no programa. Entre elas, a cubana Yolexis Jaramillo que, em liminar, obteve também o direito de não apenas permanecer no programa, mas de receber do Ministério da Saúde. A liminar havia sido concedida em dezembro, mas a pasta resistiu durante meses em efetuar o pagamento. Em março, no entanto, também por força de decisão judicial, o Ministério efetuou o pagamento das mensalidades atrasadas.
O convênio firmado entre governo brasileiro, governo cubano e Organização Pan-Americana de Saúde previa que profissionais recrutados para trabalhar no programa ficariam no País três anos. Na renovação do acordo, em setembro de 2016, ficou determinado que, embora a lei permitisse ao grupo ficar mais três anos no Brasil, a maior parte dos 4 mil recrutados no primeiro ciclo do convênio deveria regressar ao país de origem para dar lugar a novos profissionais. A estratégia tem como objetivo evitar que cubanos estreitem os laços com o Brasil e, com isso, resistam a regressar para Cuba, quando o contrato chegar ao fim.
Pelo acordo, a permissão de prorrogar o prazo desses profissionais por mais três anos seria dada apenas para aqueles que tivessem estabelecido família no Brasil ou criado vínculos. Há três semanas, Erfen Ribeiro Santos, advogado de Yolexis, comemorava o desfecho. “O pagamento feito pela União representa um pequeno buraco numa verdadeira muralha”, comparou. “É mais um passo, um bom indício.”
A reportagem procurou a Opas e a Embaixada de Cuba no Brasil para comentar o assunto. Até o momento, no entanto, não obteve resposta.(AE)

NA COLUNA DA ELIANE CANTANHÊDE
De jararaca a crocodilo
Não sobra pedra sobre pedra, mas Lula tinha cartão pré-pago milionário fora de campanha
Eliane Cantanhêde
Sexta-feira, 14 Abril 2017 | 03h00
O ex-presidente Lula tem razão ao dizer que “cai a máscara” de todo o mundo político, porque tudo é realmente esclarecedor, além de estarrecedor, nas delações da cúpula da Odebrecht. Mas que adjetivo usar para a “conta Amigo” da Odebrecht? Era uma saco sem fundo, um cartão pré-pago em favor de Lula e gerenciado pelo ex-ministro Antonio Palocci.
Na versão de Marcelo Odebrecht, tanto para o juiz Sérgio Moro quanto para os procuradores, eram R$ 40 milhões à disposição de Palocci, o “Itália” das planilhas, que enviava emissários com sacolas para sacar R$ 1 milhão, R$ 2 milhões, R$ 3 milhões – em espécie!
Mesmo quando entravam em campo ministros como Guido Mantega e Paulo Bernardo, quem dizia “sim” a operações, negociatas, pagamentos e saques era Palocci. Está claro que ele agia como tesoureiro pessoal de Lula. E, aliás, jamais revelou quem era o proprietário real do apartamento de R$ 7 milhões que foi o pivô de sua queda da Casa Civil.
Nos demais envolvidos, havia caixa 2 e/ou relação de causa e efeito entre doações de campanha e favorecimento à empresa em licitações ou votações no Congresso, mas Lula tinha um tratamento muito diferenciado, com um saldo livre, independentemente de campanhas, mais uma ajudazinha para seu filho, seu irmão, seu sítio... A Odebrecht comprou não um mandato, mas o próprio Lula.
Ao atingir tão profundamente Lula, que já é réu em cinco processos, as delações têm impacto decisivo em 2018. Com Lula na disputa, o cenário é um, excluindo outros candidatos à esquerda e deixando os demais girando em torno dele. Sem Lula, o cenário é outro, com um estouro da boiada à esquerda, ao centro e à direita, repetindo aquela multidão de candidatos de 1989, quando se deu o desastre Collor.
Aliás, o que é a Odebrecht? Um conglomerado empresarial, uma empreiteira, um banco ou uma fábrica de corrupção? Sabe-se agora onde foram parar R$ 450 milhões que fluíram para os políticos, mas falta explicar de onde vieram. E ainda tem OAS, Camargo Corrêa...
Os vídeos e áudios, transmitidos incansavelmente, são a maior aula de política brasileira jamais vista ou imaginada neste País, mas vocês já repararam a tranquilidade, a coloquialidade, com que Emílio e Marcelo Odebrecht descrevem esse roteiro macabro? Eles falam as coisas mais absurdas como se fosse um palitar de dentes, assim como os executivos da empresa se referem ao tal Setor de Operações Estruturadas como se fosse normal como o almoxarifado. Isso revela décadas de compra do poder, tanto que são listados todos os ex-presidentes vivos, Sarney, Collor, FHC, Lula e Dilma.
Não há um governo, um dos maiores partidos, um dos principais líderes que escapem do terremoto. Não parece sobrar pedra sobre pedra nas pré-candidaturas petistas nem tucanas nem peemedebistas para 2018, nem legitimidade para os atuais e ex-presidentes da Câmara e do Senado tocarem a reforma da Previdência.
A estratégia do Planalto e do mercado de tentar separar duas pautas para o País, uma da Lava Jato, outra do “Brasil real”, parece não ter resistido dois dias. Se o presidente Michel Temer cumpriu agenda normal na quarta-feira, 12, ontem já gravou um vídeo para negar que tenha participado de um pedido de US$ 40 milhões para o PMDB em uma reunião em São Paulo: “Jamais colocaria minha biografia em risco”. Ele acusou o golpe.
Piada
Em nota, assessores de Dilma dizem que “todas as decisões do seu governo foram voltadas ao desenvolvimento do País, buscando o bem-estar da população, a partir do programa eleito nas urnas”. Uma frase, três piadas.
Guerra 
Como as delações são em vídeos, as reações dos políticos (FHC, Temer, Renan...) também passaram a ser. É vídeo contra vídeo.

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