TERCEIRA EDIÇÃO DE 22-3-2017 DO "DA MÍDIA SEM MORDAÇA"

NO O GLOBO
Janot quer investigar nove ministros de Michel Temer
Blairo Maggi, da Agricultura, é um dos auxiliares do presidente que integram pedidos de inquérito da PGR
POR GABRIELA VALENTE, JAILTON DE CARVALHO E TIAGO DANTAS
Quarta-feira, 22/03/2017 4:30 / atualizado 22/03/2017 7:49
BRASÍLIA e SÃO PAULO - A delação dos ex-executivos da Odebrecht vai atingir quase um terço do primeiro escalão do governo Michel Temer, o que deve agravar a crise política na Esplanada. O peemedebista já determinou, porém, que seus ministros só deixarão o governo caso sejam tornados réus em ações penais. Nove deles são alvo de pedido de abertura de inquérito junto ao Supremo Tribunal Federal por conta dos depoimentos dos colaboradores da empreiteira.
Na terça-feira, 21, o jornal “Valor Econômico” revelou que entre os nove ministros estaria o titular da Agricultura, Blairo Maggi. A informação foi confirmada pelo GLOBO. Além dele, estão na lista de pedidos de inquérito do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral), Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Bruno Araújo (Cidades), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia), e Marcos Pereira (Desenvolvimento). Outros dois ministros também estão na lista, mas os nomes deles ainda não foram divulgados.
Na terça-feira, em viagem ao Paraná, onde foi inspecionar o frigorífico alvo de outra operação da PF, o ministro da Agricultura negou que tenha sido beneficiado pela Odebrecht.
— A chance de estar nesse negócio é zero. Não tem a mínima chance. Nunca tive negócio com esses caras. Minha única relação com eles (Odebrecht) foi pagar pedágio na rodovia que eles construíram. Para mim, seria ótimo se tirasse o sigilo. Tão certo que não tem nada como amanhã é outro dia — afirmou o ministro ao GLOBO.
TUCANOS NEGAM
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que também figura entre os governadores que a PGR quer investigar por causa da delação da Odebrecht, disse que suas campanhas eleitorais foram feitas com “rigor ético” e que leva uma vida pública “modesta” há mais de 40 anos. Ele garantiu que não recebeu doações de caixa 2.
— Essas informações não são oficiais. Sempre fizemos as campanhas eleitorais com rigor ético e legalidade — afirmou o governador, ao ser questionado sobre a investigação. — São 40 anos de vida pública e pessoal modesta. Isso foi desde a vez em que fui prefeito da minha cidade natal, Pindamonhangaba.
Ao ser questionado se poderia garantir que em sua campanha não houve caixa 2, Alckmin foi direto:
— Claro, óbvio.
Já o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, se esquivou ao ser questionado sobre a possibilidade de punição partidária aos dois ministros tucanos que estão na “lista Janot”.
— Esta é uma questão afeita ao presidente da República. Ele saberá como resolver da melhor forma.
Ontem, o GLOBO revelou que o ex-diretor da Odebrecht, Cláudio Melo disse em depoimento que Moreira Franco fez pedidos de dinheiro em reuniões na Secretaria de Aviação Civil, cargo que o peemedebista ocupou no governo Dilma Rousseff. Chefe do lobby da Odebrecht em Brasília, Melo teria transmitido o pedido imediatamente ao superior hierárquico, Benedicto Junior, o segundo homem mais importante na Odebrecht, naquele período.
“Transmiti essa demanda a Benedicto Junior, já que, evidentemente, um pedido de ministro para realizar um pagamento de dinheiro poderia nos trazer prejuízos em caso de não atendimento ou, ainda, vantagens em caso de atendimento. O fato é que pagamentos ocorreram em razão de um pedido feito por um ministro de Estado em ambiente institucional e por ocasião de uma reunião de trabalho”, relatou o executivo.
INTERESSE NO GALEÃO
No mesmo encontro do pedido de dinheiro, Moreira e o executivo trataram dos interesses da empreiteira, especialmente no Galeão. Mais tarde, Moreira foi substituído por Padilha no cargo, mas os negócios foram mantidos. “Algumas vezes fui cobrado por Eliseu Padilha a respeito do pagamento que havia sido solicitado por Moreira Franco. Novamente transmiti a Benedicto Junior o pedido. Ficou clara a existência de correlação entre a quantia em dinheiro almejada e o cargo de ministro de Estado ocupado pelas duas pessoas que, em momentos distintos, fizeram o mesmo pedido”, afirmou o ex-executivo.
Moreira Franco disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que já contratou advogado e “prestará todos os esclarecimentos na esfera judicial tranquilamente”. Padilha não retornou o recado deixado com uma de suas secretárias.
Janot pediu só no Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de investigação contra 83 deputados, ministros e senadores. O procurador também sugeriu investigações contra mais de dez governadores e outras autoridades. Entre os políticos a serem investigados estão os os ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, os senadores Aécio Neves e José Serra.

NA COLUNA DO ELIO GASPARI
Blairo Maggi sabe tudo
Os barões do agronegócio estão contaminados pela arrogância dos empreiteiros no nascedouro da Lava-Jato
O ministro da Agricultura, doutor Blairo Maggi, chamou de “idiotice” a acusação, apresentada pela Polícia Federal, de que um frigorífico do grupo BRF estivesse usando papelão nas suas salsichas. Faz sentido.
Maggi bate duro. É um bilionário do agronegócio, já foi chamado de Rei da Soja (título que herdou do pai) e a ONG Greenpeace presenteou-o com a “Motosserra de Ouro”. Conhece o mundo dos negócios e o da política. Chegou ao Senado pela gambiarra da suplência e ao governo de Mato Grosso pelo voto popular.
Representa como ninguém o agronegócio brasileiro com seu efeito modernizador do campo e sua importância para a economia. Quando estourou a Operação Carne Fraca, ele era o homem certo no lugar certo. Em poucos dias, verificou-se que adulterara o próprio produto.
Maggi ameaçou desnecessariamente o governo chileno, mas esse talvez seja o seu viés de senhor das terras. O ministro tornou-se patético quando acompanhou o coral dos agromandarins. Trata-se de uma casta capaz de gastar os tubos para publicar um manifesto “em defesa da proteína nacional”. Essa charanga considera o desastre uma coisa pontual, produto de “desvios de conduta” que “devem ser repudiados e combatidos”. Intitulam-se “associações de proteínas.”
A economia internacional modernizou o agronegócio brasileiro, obrigando-o a respeitar padrões de qualidade. Contudo, quando operam no mundo do poder brasileiro, os empresários fogem do século XXI e aninham-se na primeira metade do XX, quando seus antecessores administravam matadouros.
O “desastre” começou há três anos, quando o auditor Daniel Gouvêa Teixeira foi afastado das suas funções depois de ter denunciado malfeitorias ocorridas no Paraná. Em seguida, ele foi à Polícia Federal, contou o que sabia, e assim nasceu a Carne Fraca. Na sua narrativa das excelências do governo, Maggi revelou que exonerou os superintendentes do ministério no Paraná (Gil Bueno) e em Goiás (Júlio César Carneiro).
Tudo bem, mas quem nomeou os dois foi Blairo Maggi. O doutor Gil Bueno foi apadrinhado pela base de apoio do governo, mesmo sabendo-se que o Ministério Público dizia o seguinte a seu respeito: “recebeu para si, 67 vezes, em razão do cargo de fiscal federal agropecuário (...) vantagem indevida para deixar de praticar ato de ofício”. Nomeá-lo, vê-se agora, foi “idiotice”.
Em Goiás, na região do interesse de Maggi, foi nomeado outro filho da base. Quadro do PTB, Carneiro disputa eleições desde 2004, sem sucesso. Ele não é do ramo, mas o ex-diretor do serviço de inspeção era. Está preso preventivamente. Não há nada de pontual em situações desse tipo. São esquemas.
Os grandes grupos exportadores respeitam as exigências impostas pelo mercado internacional, mas convivem com o atraso que Blairo Maggi conhece de cor e salteado.
A Operação Carne Fraca começou com um lastimável grau de amadorismo megalômano e espetaculoso da Polícia Federal, mas isso não convida empresários, mandarins e ministros a adotarem a postura arrogante dos empreiteiros no nascedouro da Lava-Jato. Como ensina um velho provérbio napolitano, “seja honesto, até mesmo por esperteza”.

NO O ANTAGONISTA
FHC: reforma política tem o "objetivo de evitar que a Lava Jato vá adiante"
Brasil Quarta-feira, 22.03.17 10:45
No Facebook, Fernando Henrique Cardoso diz que falar de reforma política, com voto em lista fechada, é coisa de quem tem o "objetivo de evitar que a Lava Jato vá adiante agora".
"Quem errou deve pagar, depende do que fez. Fez corrupção? Ganhou dinheiro porque tirou dinheiro da Petrobras? Ou porque recebeu dinheiro para fazer uma lei a favor desta empresa? É crime na verdade de corrupção. E não declarou? É falsidade ideológica. E caixa 2 também é crime, mas é outro tipo de crime, capitulado no Código Penal. Deixa que a Justiça separe: o que é caixa 2, o que é crime de corrupção. O que pode ser punido com a não-eleição, o que vai para a cadeia."
Eles tramam um golpe de Estado
Brasil 22.03.17 10:36
Afundar a Lava Jato não é um golpe contra a Justiça.
É um golpe de Estado destinado a manter no poder uma casta corrupta.
"Meirelles continua ministro?"
Economia 22.03.17 10:27
Desde o início do debate da reforma da Previdência, Henrique Meirelles defendia que a proposta apresentada pela equipe econômica do governo não poderia sofrer mudanças.
A "inflexibilidade" do ministro da Fazenda, assim interpretada por muitos deputados, incomodou quem o escutou ontem numa reunião na Câmara. Horas depois, Michel Temer anunciou que os servidores estaduais ficariam de fora da reforma.
"Meirelles continua ministro? O ministro não disse que 'ou era daquele jeito ou o Brasil quebrava'? O que Temer anunciou desautoriza Meirelles", comentou com O Antagonista o deputado Jerônimo Goergen.
Nós contra eles
Brasil 22.03.17 09:41
O Congresso Nacional está preparando mais um pacote salva-ORCRIM.
Os próximos dias serão decisivos.
Os parlamentares que receberam propina da Odebrecht devem aprovar a anistia ao caixa 1 e ao caixa 2. Eles devem aprovar também uma lei contra o abuso de autoridade para tentar calar o Judiciário.
No domingo, a sociedade pode reagir enchendo as ruas contra essa corja.
A fonte do blogueiro petista
Brasil 22.03.17 09:33
O blogueiro petista soube que Lula seria alvo da PF através de “uma mulher ligada à Receita Federal”, disse a Folha de S. Paulo.
A questão é outra: descobrir se, antes de publicar a história, o blogueiro petista alertou os investigados e se eles aproveitaram o alerta para destruir provas.
Temer é inútil
Economia 22.03.17 08:51
A reforma previdenciária desmoronou.
É uma calamidade para a economia.
Ao mesmo tempo, Michel Temer já pode ser cassado pelo TSE, porque seu mandato não representa mais nada.
Eles não desistem. Nós também não
Brasil 22.03.17 08:37
O petista Vicente Cândido, que agora defende uma "anistia criminal" para aqueles que receberam propina da Odebrecht, foi o autor da emenda salva-ORCRIM que o Congresso Nacional tentou aprovar no ano passado, de madrugada.
Eles não desistem. Nós também não.
A anistia criminal
Brasil 22.03.17 08:32
O petista Vicente Cândido quer “distencionar o país”.
De que maneira?
Enterrando a Lava Jato.
Ele disse isso abertamente à Folha de S. Paulo:
"Temos de ter pensamento estratégico. O que é melhor para a sociedade nesse momento? Até aprovar uma anistia, seja criminal, financeira, tudo isso é possível, não é novidade no mundo".
O plano é o seguinte:
“Delação só com o réu solto, pena pesada para vazamento de informações, não repercussão penal dos acordos de leniência”.
Além da “anistia criminal”, é claro.




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