PRIMEIRA EDIÇÃO DE 19-3-2017 DO "DA MÍDIA SEM MORDAÇA"

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
DOMINGO, 19 DE MARÇO DE 2017
Acusado de rosário de crimes vinculados a corrupção em número maior que Paulo Maluf, o ex-presidente Lula já se habilita à herança do ex-prefeito paulistano. Há décadas mantido sob suspeita, Maluf não pode sair do País sob o risco de receber voz de prisão, mas divulgou mensagem nas redes sociais lembrando que não está na “lista de Janot”, a exemplo de Lula, assim como não esteve no Mensalão.
Maluf foi absolvido no caso “frangogate” e condenado em dois casos. Lula é réu por corrupção, lavagem, quadrilha, enriquecimento ilícito...
Assim como Maluf, Lula já se beneficia entre eleitores mais pobres e desinformados, como o líder da bancada do “rouba, mas faz”.
Em várias campanhas, como candidato ou “padrinho” de candidatos, o ex-prefeito Paulo Maluf, a exemplo de Lula com Dilma, foi imbatível.
Lula mostrou que nada o separava de Maluf ao pedir seu apoio, em 2012, à candidatura de Fernando Haddad (PT), em São Paulo.
O PT retomou a estratégia de tentar escapar do lamaçal do “Petrolão” acusando operação Lava Jato de “proteger o PSDB”. O governo era do PT e o PSDB estava na oposição, lembrou ontem o procurador Deltan Dallagnol. PP é o partido com o maior número de políticos denunciados na Lava Jato, e que PT e PMDB, parceiros na rapina, têm igual número de larápios acusados. Além disso, há vários tucanos já enrolados.
A estratégia principal do PT, determinada pela executiva do partido, é evitar o tema Lava Jato e focar em críticas às reformas em curso.
O assalto à Petrobras iniciou de maneira organizada no governo Lula, em 2004, e interrompido pela Lava Jato no governo Dilma, em 2014.
Lava Jato concluiu, com provas e confissões, que os governos do PT nomearam diretores ligados a partidos para roubar a Petrobras.
Economistas advertem: o escândalo das carnes adulteradas será uma catástrofe para o Brasil, muito pior que os danos causados pela Lava Jato. A começar pelo provável banimento do País no mercado mundial.
Se o Brasil for mesmo banido do mercado mundial de carnes, poderá levar décadas para se recuperar, segundo estimam especialistas. Hoje, o Brasil é considerado o segundo maior produtor de carnes do mundo.
Uma das principais preocupações com a operação Carne Fraca é o mercado chinês, o segundo maior importador de frangos e o terceiro principal destino das carnes suína e bovina do Brasil.
Assim que soube da operação Carne Fraca, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ligou para o embaixador da União Europeia no Brasil, João Gomes Cravinho, para detalhar as providências do governo.
Mesmo condenado à pena mínima de 31 anos, pelos crimes que lhe são atribuídos até agora na Lava Jato, dificilmente o ex-presidente Lula permaneceria em cana muito tempo, segundo especialistas.
O governo federal deve superar os R$ 3,4 trilhões em receitas este ano, segundo o Portal da Transparência. Será o novo recorde histórico de arrecadação de impostos, tributos, multas, decisões judiciais etc.
O jornal britânico The Guardian divulgou informações sobre um plano em caso de morte da Rainha Elizabeth II. A mensagem inicial para a cúpula do governo é simples e direta: “the London bridge has fallen”.
Mais de 40 veículos de comunicação nacionais e internacionais pediram informações ao STF e à Procuradoria-Geral sobre as delações da Odebrecht, mas apenas os queridinhos de sempre foram atendidos.
...em vez de “Lista de Janot”, a relação de políticos delatados na Lava Jato mereceria ser chamada de “Lista do Mal”.

NO DIÁRIO DO PODER
TROCA DE ACUSAÇÕES
CIRO DIZ PREFERIR BOLSONARO COMO PRESIDENTE E DÓRIA REBATE: 'DESEQUILIBRADO'
POLÍTICO CEARENSE HAVIA AFIRMADO QUE PREFERE BOLSONARO A ELE
Publicado: sábado,18 de março de 2017 às 18:11 - Atualizado às 00:07
Redação
Pré-candidato à Presidência da República em 2018, o ex-ministro Ciro Gomes afirmou neste sábado, 18, que prefere mil vezes o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) como presidente do Brasil do que o atual prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), a quem chamou de "farsante". Na avaliação de Ciro, o gestor tucano tem feito um governo de "factoide", de "papo furado".
"Prefiro mil vezes, discordando de tudo como eu discordo do Bolsonaro, um cara como ele do que um farsante como o Dória. Se apresentar como 'não político' tendo sido chefe da Embratur no governo Sarney e tendo enriquecido bastante fortemente com dinheiro público dos governos do PSDB. Você tem obrigação de informar os seus leitores com isso. Isso é grave", afirmou o ex-ministro, em entrevista após convenção nacional do PDT.
Ciro disse sentir "vergonha" de ter Dória como prefeito de São Paulo. "A gente, numa eleição majoritária, vale pelo que é e pelo que nega. Então, se você acha possível fazer um cara como o Dória presidente do Brasil, vote nele. Agora eu, francamente, tenho vergonha. Vergonha de um camarada como esse ser prefeito de São Paulo", afirmou o ex-ministro, que foi eleito primeiro vice-presidente nacional do PDT neste sábado.
"Eu, por exemplo, sei o que está sendo feito em Fortaleza em matéria de escola, de qualificação da gestão da saúde, em matéria de políticas públicas gerais para a comunidade. E em São Paulo é só factoide, só papo furado. Um camarada daqueles no Ceará jamais seria eleito a coisa nenhuma. Porque lá a gente chama isso de palhaçada", disse o pedetista, chamando a imprensa de "descuidada" por não informar os leitores sobre Dória. Procurado via assessoria, Dória ainda não comentou as declarações de Ciro.
O nome do prefeito de São Paulo passou a ser cogitado para ser o candidato do PSDB à Presidência em 2018 após pesquisas revelarem boa avaliação da sua gestão. Além disso, há entre os tucanos uma avaliação de que, com o avanço da Operação Lava Jato sobre outros pré-candidatos tucanos ao Palácio do Planalto, como o senador Aécio Neves (MG), Dória seria o nome do partido com mais chances de ser eleito presidente da República.
Temer
Na entrevista, Ciro também disparou contra o presidente Michel Temer (PMDB), a quem chamou de "canalha". "Esse governo está propondo tudo contra o povo. E eles querem isso aí. Porque? Porque está no meio da Lava Jato. Esse é um governo de canalhas, isso afirmo categoricamente, chefiado por um canalha, um governo de canalha, de ladrões, de marginais que conheço a mil anos", afirmou o ex-ministro.
Para o pedetista, o governo Temer não tem legitimidade para tratar de nenhuma reforma estrutural no País. Na convenção deste sábado, o PDT decidiu fechar questão contra as reformas da previdência e trabalhista. Ciro disse ser favorável a sistema eleitoral de lista fechada e financiamento público de campanha, mas afirmou ser contra fazer essas mudanças neste momento, em meio à Operação Lava Jato.
"Eles querem agora fazer uma anistia ao caixa 2, inclusive com um magistrado da mais alta corte do País elaborando tese sobre isso, em linha com que políticos estão falando, os políticos que estão inquinados. O que é isso? O País está vivendo uma anarquia completa", afirmou, referindo-se ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
Na última quarta-feira, 15, o ministro se reuniu no Palácio do Planalto com o presidente Michel Temer e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), para tratar da reforma política. No mesmo dia, Gilmar ofereceu um jantar em comemoração ao aniversário do senador José Serra (PSDB-SP), um dos tucanos citados na Jato. Para Ciro, o jantar é uma "aberração".
Resposta
O prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), afirmou por meio de sua assessoria que o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) foi desrespeitoso com a população e "confirmou" sua "instabilidade emocional e desequilíbrio político" ao criticar o tucano. "Ciro Gomes, além de desrespeitoso com a população de São Paulo, confirma sua instabilidade emocional e desequilíbrio político", disse.

NO ESTADÃO
Reforma política de verdade
Diante da ameaça da Lava Jato de ceifar parte considerável do Congresso e das lideranças partidárias, ganham espaço propostas de reforma política que incluem lista fechada e fundo público eleitoral
Domingo, 19 Março 2017 | 05h00
Não é mera coincidência que em meio a escândalos de corrupção prosperem ideias para uma reforma política sob medida para garantir sobrevida eleitoral de caciques partidários enrolados na Justiça e para ampliar o financiamento público de campanhas. Foi assim em 2007, quando o caso do Mensalão fazia seus estragos e o PT passou a defender formalmente uma reforma política que incluísse o voto para deputado e vereador em lista fechada – em que o eleitor não vota num candidato, mas em uma relação oferecida pelo partido – e a criação de um fundo público para bancar as campanhas. É assim agora, quando, diante da ameaça da Lava Jato de ceifar parte considerável do Congresso e das lideranças partidárias, novamente ganham espaço propostas de reforma política que incluem lista fechada e fundo público eleitoral.
Nem bem a Procuradoria-Geral da República entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) os 83 pedidos de abertura de inquérito contra uma constelação de políticos das mais variadas extrações, o presidente da República, Michel Temer, reuniu-se com os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) – ambos citados na lista da Procuradoria –, além do ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, para discutir com eles a necessidade urgente de uma reforma política.
Tanto em 2007 como agora as boas intenções abundam. Na época do Mensalão, os petistas alegavam que sua proposta de reforma política serviria para “coibir o poder econômico do capital no processo eleitoral, fortalecer os partidos políticos, enfrentar a crise de representação institucional que hoje atinge índices alarmantes e combater as fontes da corrupção sistêmica”, conforme se lê na resolução do 3.º Congresso do PT sobre Reforma Política e Constituinte.
Do mesmo modo que não havia Poliana capaz de engolir as lorotas pseudodemocráticas dos petistas, é difícil imaginar que a discussão atual sobre reforma eleitoral, nos termos em que ela vem sendo proposta, não seja apenas uma tentativa de reduzir danos.
“Há amplo consenso sobre a necessidade e a urgência de reforma do sistema político-eleitoral brasileiro. Essa realidade incita os Poderes da República e a sociedade civil a se unirem para a efetivação das mudanças que levem a uma melhora expressiva na representação política nacional”, diz a nota conjunta resultante da reunião de Temer com a cúpula do Congresso e o ministro Gilmar Mendes, a quem é atribuída a paternidade da ideia de deflagrar o debate.
Gilmar Mendes se disse “extremamente preocupado” com o “mau desenvolvimento do sistema político-eleitoral”. Para ele, o remédio está na mudança do modelo de financiamento de campanha, que, por sua vez, passa pela alteração do próprio sistema eleitoral. “Não adianta nada falar-se de criar um sistema público de financiamento, por exemplo, com o sistema que temos hoje de lista aberta”, disse o ministro do STF, dando a deixa não apenas para a criação do fundo de financiamento público para eleições, como também a adoção da lista fechada.
Nesses termos, o debate sobre a reforma política destina-se muito mais a permitir a sobrevivência de partidos e líderes lanhados pelos escândalos do que a devolver ao eleitor o poder de seu voto. Uma reforma política digna desse nome poderia começar simplesmente por algum dos projetos ora em tramitação no Congresso que criam cláusula de barreira, para impedir que partidos de aluguel possam existir, e acabam com as coligações nas eleições proporcionais, que se formam em razão de interesses meramente eleitoreiros e elegem candidatos sem voto.
Esse seria o caminho mais rápido e racional para melhorar o sistema. Aparentemente, contudo, a preocupação maior é aliviar a agonia de partidos que antes viviam da fartura das doações empresariais, além de permitir que políticos envolvidos em falcatruas continuem a se eleger.
Na nota assinada pelos principais dirigentes da República, diz-se que a intenção não é “apagar o passado”, e sim construir um sistema “mais adequado aos tempos atuais”, atendendo melhor “aos desígnios de nossa democracia e às expectativas de nosso povo”. Se for essa a intenção, o debate começou muito mal.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
J.R. Guzzo: Ideia Fixa
Gasto público significa "distribuição de renda". Distribuição para quem? Para os pobres, com certeza, não tem sido
Por Augusto Nunes
Sábado,18 mar 2017, 18h01
Publicado na edição impressa de VEJA
Uma das lendas mais bem-sucedidas da história do Brasil, que há décadas tem vencido a inteligência comum, a experiência prática e a aritmética, sustenta que cortes nos gastos do governo prejudicam “os pobres”. Quaisquer cortes? Sim, quaisquer cortes. Não daria para cortar nada – nem reduzir de 150 000 para 140 000 reais, por exemplo, o salário mensal de um desembargador federal, ou mesmo estadual? Não, não daria. Quem garante isso, naturalmente, é a prosa dos que mandam e influem neste país, de um jeito ou de outro – e que, ao mesmo tempo, são os encarregados de gastar e receber o dinheiro. Os brasileiros não sabem, mas tudo isso é feito em seu próprio bem. Você é pobre? Então cuidado: sempre que ouvir alguém dizendo que é preciso cortar despesas numa máquina pública que arrecada 2,5 trilhões de reais em um ano, gasta até o último tostão disso tudo e ainda fica devendo uma enormidade, pode ter certeza de que estão querendo tirar o pouco que você tem. É curioso, porque os que pregam com mais paixão a fábula segundo a qual não se pode cortar nada, nem colocar um teto para o gasto público, não são os pobres – são, justamente, os mais ricos. Não fazem isso, tanto quanto se saiba, porque querem prejudicar a si próprios.
Estariam apenas querendo ajudar os mais desvalidos, então? É o que dizem, mas desde que não tenham de transferir a eles nem um níquel daquilo que ganham do governo e de seus subúrbios. Na prática, como em tantas outras coisas no Brasil, grita-se a favor de alguma decisão de elevado mérito público, enquanto se trabalha em silêncio para enfiar dinheiro, benefícios e vantagens em bolsos privados. Como a Constituição brasileira garante a plena liberdade de crença, todos têm o direito legal de acreditar que a cantoria contra a diminuição das despesas do governo é um procedimento generoso. Não se pode cortar, Deus do céu, dinheiro que vai pagar os “gastos sociais” – nosso maravilhoso sistema de saúde pública, por exemplo, que segundo o ex-presidente Lula causa “inveja” ao resto do mundo (embora ele mesmo, em pessoa, jamais ponha os pés ali dentro). Ou o confortabilíssimo serviço de transporte coletivo nas cidades. Ou o nosso aparelho de segurança pública, que consegue manter os casos de homicídio em apenas 60 000 por ano. Também não se pode, asseguram os campeões do pró-gasto, diminuir a “capacidade de investimento do Estado brasileiro” – talvez a melhor piada de todas, considerando-se que o Estado brasileiro, há anos, não tem dinheiro para investir nem na construção de um mata-burro no interior do Piauí. Gasto público, ainda por essa ideia fixa, significa “distribuição de renda”. Distribuição para quem? Para os pobres, com certeza, não tem sido. Se fosse, o número de pobres estaria diminuindo a cada hora. Fora em algumas cifras incompreensíveis, suspeitamente parecidas com estatísticas argentinas do estilo Kirchner, não foi possível até hoje observar esse fenômeno no Brasil.
Na verdade, o governo só consegue distribuir renda a si mesmo – e só seus donos, não “os pobres”, perderiam com a redução da despesa pública. Dos 2,5 trilhões de reais que vai tirar da população em 2017 (de janeiro até agora já se foram mais de 450 bilhões), o governo vai queimar 40% com sua folha de pagamento; em áreas como o Judiciário os gastos com pessoal chegam a 90% das despesas totais. O grosso desse dinheiro todo fica com uma minoria ridícula – talvez uns 50 000 peixes gordos, se tanto, num total de 12 milhões de funcionários públicos nos três níveis de governo. Em matéria de concentração de renda, é um espetáculo de categoria mundial – só comparável ao da Previdência Social, em que 1 milhão de aposentados do serviço público, civis e militares, consomem mais dinheiro que os outros 25 milhões de brasileiros que se aposentaram no setor privado. Há, para os nababos, os mais exóticos tipos de benefício: auxílio-moradia, vale-refeição, bolsa de estudo para os filhos até a universidade, licenças prêmios, abonos, diárias, autorização para faltar ao serviço e mais ou menos tudo que se possa imaginar em matéria de roubar legalmente o público pagante. Outros 40% do bolo, ou pouco mais, vão para pagar juros da dívida – pois, com tudo o que arrecada, o governo não consegue cobrir suas despesas e tem de tomar dinheiro emprestado, o que, obviamente, só gera mais dívida e mais lucro para quem empresta. Tiram-se ainda as verbas de manutenção e vai sobrar o quê?
Só mesmo aumentando os impostos. É a única proposta dos nossos gênios.

NO BLOG DO JOSIAS
Serraglio era protetor do fiscal da ‘Carne Fraca’
Josias de Souza
Domingo,19/03/2017 04:33
Não foi por acaso que Osmar Serraglio recorreu ao fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, para pedir que acudisse o dono de um frigorífico sob fiscalização no Paraná. No exercício do seu mandato de deputado federal, Serraglio notabilizou-se como um ferrenho protetor político do personagem. Agora, na pele de ministro da Justiça, Serraglio tenta se desvencilhar do seu protegido, acusado pela Polícia Federal de liderar a “organização criminosa” desbaratada na Operação Carne Fraca.
O blog apurou que Serraglio pegou em lanças para tentar impedir que o “grande chefe”, como se referia a Daniel Gonçalves Filho, fosse afastado do comando da superintendência do Ministério da Agricultura no Paraná. Última titular da pasta da Agricultura na gestão de Dilma Rousseff, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) recebeu Serraglio em seu gabinete no ano passado, antes do impeachment da ex-presidente petista. O visitante estava acompanhado do deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), outro anteparo político do fiscal da Carne Fraca.
Numa deferência à dupla de apoiadores do fiscal tóxico, Kátia Abreu informou que recebera da Consultoria Jurídica do Ministério da Agricultura uma recomendação para suspender Daniel Gonçalves do posto de autoridade máxima da pasta no Estado do Paraná. Explicou que o afastamento ocorreria como resultado de um Processo Disciplinar Administrativo. Inconformado, Serraglio pediu à então ministra de Dilma uma cópia do processo. Embora o pedido fosse inusual, foi atendido.
Mesmo depois de folhear o processo, Serraglio não se deu por achado. Insistiu para que Kátia Abreu mantivesse Daniel Gonçalves no comando da representação da Agricultura no Paraná. O processo administrativo tratava de um caso de furto na superintendência paranaense do ministério. Daniel livrara um subordinado da acusação de surrupiar combustível. O problema é que ele não tinha poderes para inocentar o colega. Para complicar, as evidências do desvio eram eloquentes.
De resto, o protegido de Serraglio respondia a vários outros processos administrativos. Àquela altura, Daniel Gonçalves já se encontrava também sob investigação da Polícia Federal. Mas o inquérito que desaguaria na Operação Carne Fraca corria em segredo. Sem saber, Kátia Abreu tomou distância de uma encrenca.
Dois meses antes, em fevereiro de 2016, o ainda deputado Serraglio, também alheio à movimentação dos agentes federais, tocara o telefone para Daniel Gonçalves. Por mal dos pecados, aproximara-se da radiação. Sua voz soara num grampo que a Justiça autorizara a PF a instalar, para ouvir as conversas vadias do então superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná. Agora, convertido em Ministro da Justiça por Michel Temer, Serraglio encontra-se na constrangedora posição de superior hierárquico de uma Polícia Federal que chama seu ex-protegido de corrupto.
Segundo a Polícia Federal, a “quadrilha” liderada por Daniel Gonçalves cobrava propinas de frigoríficos. Em troca, fechava os olhos da fiscalização. E permitia que chegassem às gôndolas dos supermercados carnes com prazo de validade vencido — por vezes, muito vencido.
O juiz Marcos Josegrei da Silva, que cuida do caso, anotou no despacho em que autorizou a deflagração da Operação Carne Fraca: “É estarrecedor perceber que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Paraná, um dos órgãos mais importantes para garantir a qualidade dos alimentos consumidos diariamente por milhões de pessoas não apenas neste Estado, como também em outras partes do Brasil, e fora das fronteiras nacionais em alguns casos de exportação, foi tomado de assalto — em ambos os sentidos da palavra — por um grupo de indivíduos que traem reiteradamente a obrigação de efetivamente servir à coletividade.”
O magistrado prosseguiu: “O exame dos indícios que emergem das centenas de horas de ligações telefônicas captadas ao longo de mais de um ano de incessante investigação, dos relatórios policiais e do cruzamento de dados bancários e fiscais realizado minuciosamente pela Receita Federal apontam para a perturbadora conclusão acerca da presença de uma organização criminosa há muito enraizada em diversos escalões da unidade do MAPA/PR.”
Num dos telefonemas captados pelas escutas autorizadas pelo juiz Marcos Josegrei, Serraglio chama o fiscal Daniel Gonçalves de “grande chefe”. O então deputado federal pedia informações sobre uma fiscalização num frigorífico chamado Larissa, assentado na cidade de Iporã (PR). Pertence a Paulo Rogério Sposito, que também teve a prisão decretada. Seguiu-se o seguinte diálogo:
Osmar Serraglio: Grande chefe, tudo bom?
Daniel Gonçalves: Tudo bom?
Serraglio: Viu, tá tendo um problema lá em Iporã. Cê tá sabendo?
Daniel: Não.
Serraglio: O cara lá….que o cara que tá fiscalizando lá…apavorou o Paulo lá…disse que hoje vai fechar aquele frigorífico…botô a boca..deixou o Paulo apavorado. Mas para fechar tem o rito, não tem? Sei lá…como funciona um negócio deste?
Daniel: Deixa eu ver o que está acontecendo..tomar pé da situação de lá…falo com o senhor.
Daniel Gonçalves ligou para uma subordinada, a fiscal Maria do Rocio, também encrencada na Carne Fraca. Pediu-lhe que verificasse o que sucedia nas instalações do frigorífico Larissa. A interlocutora informou que não havia nada de errado na empresa. A informação foi repassada a Serraglio.
Abalroado pelo noticiário, Serraglio mandou divulgar uma nota. Nela, sua assessoria escreveu: “Se havia alguma dúvida de que o ministro Osmar Serraglio, ao assumir o cargo, interferiria de alguma forma na autonomia do trabalho da Polícia Federal, esse é um exemplo cabal que fala por si só. O ministro soube hoje, como um cidadão igual a todos, que teve seu nome citado em uma investigação. A conclusão tanto pelo Ministério Público Federal quanto pelo Juiz Federal é a de que não há qualquer indício de ilegalidade nessa conversa degravada.”
Acomodado na poltrona de ministro da Justiça há cerca de um mês, Serraglio, de fato, não foi informado previamente sobre a Operação Carne Fraca. Não ignorava, porém, o risco de contágio que a proximidade com Daniel Gonçalves propiciava. O fiscal foi alçado pela primeira vez ao cargo de superintendente da Agricultura no Paraná em 2007, sob Lula. Indicou-o o ex-deputado federal Moacir Micheletto, morto num acidente automobilístico em 2012. Nessa época, Serraglio endossou o apadrinhamento, junto com outros parlamentares paranaenses.
Em 2014, sob protestos de Serraglio, Daniel Gonçalves foi apeado do cargo. O afastamento chegou com pelo menos dois anos de atraso. Em outubro de 2012, quando respondia pela pasta da Agricultura o peemedebista gaúcho Mendes Ribeiro, já falecido, o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), enviou-lhe um requerimento de informações (leia a íntegra aqui).
Bueno indagava ao ministro de então que providências ele havia tomado para esclarecer denúncias contra Daniel Gonçalves enviadas ao Ministério da Agricultura pelo Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários. De acordo com essas denúncias, já naquela época o mandachuva da superintendência paranaense convivia com a suspeita de afrouxar fiscalizações e proteger infratores.
Mendes Ribeiro mandou abrir um processo disciplinar para apurar as suspeitas. Mas ele adoeceu. E o processo foi enviado às calendas gregas. Só em 2014 o protegido de Serraglio perdeu o posto. Por pouco tempo. Retornaria à chefia da superintendência no Paraná em 2015. E lá permaneceria até ser afastado por Kátia Abril, em abril de 2016.
Em matéria de fiscalização agropecuária, o interesse público está desassistido no Paraná há muito tempo. Durante toda a Era do PT, a chefia da superintendência da pasta da Agricultura no Estado foi compartilhada entre Daniel Gonçalves, o preferido do PMDB, e outro fiscal de carreira, Gil Bueno de Magalhães, um apadrinhado do PP, Partido Progressista.
Nesse vaivém, Gil Bueno retornou ao posto máximo da Agricultura em julho de 2016, já sob a presidência-tampão de Michel Temer. Apadrinharam-no, novamente, deputados paranaenses do PP, campeão no ranking de enrolados do Petrolão. Entre eles Dilceu Sperafico, Nelson Meurer e Ricardo Barros, hoje ministro da Saúde. Na última sexta-feira, Gil Bueno engordou a lista de suspeitos que tiveram a prisão decretada nesta primeira fase da Operação Carne Fraca.

NO O ANTAGONISTA
Barroso multa filha de Fachin
Brasil Domingo,19.03.17 08:44
Melina Fachin, filha de Edson Fachin, foi condenada por um colega do pai no STF, Luís Roberto Barroso, por prática de “litigância de má-fé”. A pena aplicada ao escritório Fachin Advogados Associados é de um salário mínimo.
Segundo o Estadão, Barroso não gostou de erros cometidos pelo escritório em uma reclamação apresentada ao STF em nome da usina de Itaipu, cliente de Melina.
O ministro apontou duas derrapadas: a Fachin Advogados perdeu o prazo para ingressar com a queixa, e, quando o fez, não apresentou peças importantes para uma eventual decisão.
Ou acaba o foro, ou acaba a Justiça
Brasil 19.03.17 08:21
Diante do volume de pedidos que chegarão ao STF, cresce o consenso entre magistrados, ex-ministros da corte e advogados: ou o foro privilegiado, do jeito que é hoje, acaba, ou a Justiça entrará em colapso e a ORCRIM vencerá por decurso de prazo.
Nós já escolhemos nossa opção. E você?
21 ministros de Temer vão se candidatar ao foro privilegiado
Brasil 19.03.17 08:04
Segundo o Estadão, 21 dos atuais 28 ministros de Temer pretendem deixar o gabinete até abril de 2018 para disputar as eleições. Do total, 14 são deputados federais e dois, senadores.
A sacrificada vocação para a vida pública tem suas compensações. O foro privilegiado, por exemplo.
Lula não vai tomar banho hoje
Brasil 19.03.17 07:49
Em tempo: aconselhado por seus marqueteiros, o petista desistiu de entrar nas águas do São Francisco, como pretendia, segundo a Folha.
Hoje tem showzinho de Lula no São Francisco
Brasil 19.03.17 07:46
Lula vai tirar uma casquinha da transposição do rio São Francisco. Hoje, o petista será recebido por sua claque nas cidades pernambucanas de Monteiro e Sertânia. Preparem-se para a mesma ladainha de sempre.
Funaro, um despachante de luxo da Gol
Brasil 19.03.17 07:31
Lúcio Funaro realmente se empenhou para que a Caixa liberasse R$ 300 milhões do FI-FGTS para a Gol. Veja a troca de mensagens entre o doleiro e o então vice-presidente de loterias do banco, Fábio Cleto:
Funaro, em 11 de junho de 2012: “Recebi um e-mail aqui da BR-Vias (empresa da família Constantino) com todos os documentos já entregues (na Caixa), com exceção de um que foi anexado ao protocolo de entrega. Qual o prazo agora para estar na conta deles o dh (dinheiro) disponível para saque? Consegue liberar isso amanhã?”
Fábio Cleto, em 14 de junho de 2012: “Br.Vias. Valor integral foi creditado hoje para o cliente.”
E você, leitor, aí na fila para liberar seu FGTS...
Os candidatos velhos
Brasil 19.03.17 07:16
Lula, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra e Marina Silva desabaram com a Lava Jato.
Carlos Melo, do Insper, disse a O Globo:
“Há um descontentamento muito grande com os nomes que estão postos”.
O caso de Lula é emblemático. Apesar de aparecer em primeiro lugar em algumas pesquisas, ele despencou em dois anos:
“Em fevereiro de 2014, um mês antes de a Lava Jato chegar às ruas, o petista tinha entre 51% e 54% no Datafolha. Sua rejeição era de apenas 17%. No último levantamento do instituto, em dezembro do ano passado, o petista, réu em cinco ações ligadas à operação, tinha metade das intenções de voto: apenas 25%. A rejeição era de 44%”.
Gol: R$ 3 milhões para Cunha e quase R$ 500 mil para Funaro
Brasil 19.03.17 07:15
O acerto da Gol com o ex-presidente da Câmara e o doleiro envolvia a liberação de recursos do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal.
Segundo a Lava Jato, Eduardo Cunha recebeu R$ 3 milhões. No caso de Funaro, foram encontrados pelo menos dois depósitos de R$ 246 mil. Os pagamentos foram feitos em 2012. A liberação dos R$ 300 milhões da Caixa ocorreu no mesmo ano.
As informações são do Estadão.
Propina a Eduardo Cunha garantiu R$ 300 milhões a dono da Gol
Brasil 19.03.17 07:09
Henrique Constantino, um dos donos da Gol, afirmou aos procuradores da Lava Jato que os pagamentos acertados com Eduardo Cunha e Lúcio Funaro garantiram a liberação de R$ 300 milhões para a ViaRondon, uma das empresas da família, segundo o Estadão.
União Europeia já fala em embargar carne do Brasil
Brasil 18.03.17 20:31
O embaixador da União Europeia no Brasil, João Cravinho, afirmou à Folha que os europeus já cogitam suspender a entrada de carne brasileira no bloco. A situação será analisada por eles na segunda-feira, 20.
"Se os esclarecimentos forem insuficientes, a pressão da opinião pública e nossas obrigações em relação à proteção ao consumidor podem, nesse caso, levar a medidas que tenham efeito sobre o comércio entre União Europeia e Brasil", disse.
Quem vai tratar da carne podre com Temer
Brasil Sábado,18.03.17 20:17
A reunião marcada por Temer para amanhã, para tratar do escândalo da carne podre, contará com os presidentes das seguintes entidades:
ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne): Antonio Camardelli
ABPA (Associação Brasileira da Proteína Animal): Francisco Turra
CNA (Confederação Nacional da Agricultura): João Martins
Temer também convidou os embaixadores dos países que importam carne brasileira.
É domingo. Vai servir um churrasquinho, Temer?
Henrique Alves testemunhou acerto de propina da Gol
Brasil 18.03.17 18:54
O ex-ministro do Turismo de Dilma e Temer, Henrique Eduardo Alves, testemunhou o acerto da propina da Gol a Eduardo Cunha e Lúcio Funaro.
A declaração foi dada por Henrique Constantino, um dos donos da companhia aérea, aos procuradores da Lava Jato.
As informações são do Estadão.
Ministério Público quer Lourdinha de volta à prisão
Brasil 18.03.17 16:56
A força-tarefa da Lava Jato no Rio apresentará, segunda-feira, 20, um recurso contra a decisão do juiz Marcelo Bretas, que concedeu liminar para que Adriana Ancelmo passe para a prisão domiciliar.
As informações são de Lauro Jardim, no Globo.

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