PRIMEIRA EDIÇÃO DE 05-3-2017 DO "DA MÍDIA SEM MORDAÇA"

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
DOMINGO, 05 DE MARÇO DE 2017
Não há um só dia que deixe de chegar ao presidente Michel Temer algum novo “jabuti em cima de árvore”, no governo federal – de privilégios para grupos de servidores, de custo insuportável ao Tesouro Nacional, à aprovação de leis e medidas provisórias para atender ao lobby de empresários amigos. Temer desabafou em conversa com esta coluna: “O mal que os governos do PT fez a este país é incalculável!”.
O adágio popular ensina que jabuti (ou cágado) não sobe em árvore, por isso, se está lá, “é enchente ou mão de gente”.
Impressionam Michel Temer as revelações sobre a compra e venda de medidas provisórias no balcão de negócios dos governos Lula e Dilma.
Em depoimento esta semana, Marcelo Odebrecht disse ter comprado a MP do Refis por R$ 50 milhões, para beneficiar sua empresa Braskem.
A venda de medidas provisórias para beneficiar empresas do setor automotivo já apareceu na Operação Zelotes, que investiga o Carf.
O foro privilegiado nasceu durante o regime militar para resguardar o direito e a vida de congressistas que faziam oposição à ditadura. Na ocasião, fez sentido. Mas, décadas depois do fim do regime, o foro privilegiado virou instrumento de proteção para autoridades acusadas de crimes de corrupção. O presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais), Roberto Veloso, espera o fim do foro ainda para este ano.
A Ajufe defende o fim da prerrogativa de foro inclusive para juízes. Essa prerrogativa fez do Supremo Tribunal Federal uma corte criminal.
Para Roberto Veloso, “todos devem ter foro na primeira instância a partir da competência dos crimes cometidos”.
Políticos são contra o fim do foro privilegiado, claro. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) até disse que a “suruba” tem de valer para todos.
Enquanto a previsão de crescimento de 0,48% no PIB brasileiro para 2017 é vista por aqui como “tímida recuperação”, a Itália comemora a alta de 0,9% em 2016, o maior crescimento desde 2010.
Apesar da Lava Jato, das prisões de seus principais executivos e até da seu ex-presidente, a empreiteira Odebrecht continua faturando, e muito. Levantamento do diário americano Wall Street Journal coloca a empreiteira brasileira como a 6ª maior construtora do mundo.
O mega-acordo de leniência que livrou a empreiteira Odebrecht de punição mais severa, também permitiu que a empresa voltasse a contratar com o poder público. Basta pagar as multas.
O desembargador Francisco Cavalcanti, que no STF pede auxílio-moradia mesmo sendo aposentado, ainda na ativa foi acusado de usar carro oficial durante um feriado, na praia de Boa Viagem, Recife.
Os mais de 3 milhões de ações trabalhistas no Brasil representam 98% de ações do gênero em todo o planeta. É que no Brasil virou um ótimo negócio. E permite aos ativistas promover o “justiçamento” social.
Caso consiga emplacar na Casa Civil do governo Michel Temer, Rodrigo Loures será substituído pelo segundo suplente de Osmar Serraglio, Teruo Kato, também do PMDB. Mas isso é improvável.
O Ministério da Educação gastou R$ 7,3 milhões com propaganda só em dezembro de 2016. Em novembro, o gasto com a área havia sido de R$ 2,2 milhões. Em dezembro de 2015, foram R$ 2,735 milhões.
O secretário de Educação do Acre, Marcos Brandão, pretende implantar ensino em tempo integral em sete escolas de ensino médio. A ideia é que os alunos permaneçam na escola de 7h30 até 17h.
... em época de declaração de imposto de renda, os 12,3 milhões de desempregados estão com dificuldade de achar renda para declarar.

NO DIÁRIO DO PODER
OPERAÇÃO CALICUTE
SÉRGIO CABRAL ERA ‘PATRÃO’ EM ESQUEMA, DIZ DELATOR
ERA COMO A QUADRILHA SE REFERIA AO EX-GOVERNADOR SERGIO CABRAL
Publicado: sábado, 04 de março de 2017 às 12:03 - Atualizado às 22:28
Em um dos esquemas de lavagem de dinheiro atribuídos pela Procuradoria da República ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral, o peemedebista era o “patrão”. Um dos delatores da Operação Calicute, o empresário Adriano José Reis Martins, dono de concessionárias de carro, detalhou ao Ministério Público Federal como “esquentou” dinheiro em espécie para Sérgio Cabral entre 2007 e 2014.
O ex-governador está preso desde novembro de 2016 em Bangu 8. O esquema de lavagem de dinheiro por meio das concessionárias de Martins é alvo da quinta denúncia da Procuradoria contra o peemedebista. Sérgio Cabral e seus aliados já são réus em três ações penais na Justiça Federal no Rio e em uma ação na Justiça Federal no Paraná.
Martins relatou que “foi procurado em 2006 por Ary Ferreira da Costa Filho (‘Aryzinho’), que informou que, a pedido de Sérgio Cabral (‘patrão’), deveria fazer pagamentos a empresa Gralc’, ligada a Carlos Miranda, este apontado como o ‘homem da mala’ do peemedebista. Teriam sido pagos R$ 3,4 milhões à Gralc a título de consultoria”.
Ary era servidor da Secretaria de Estado da Fazenda do Rio, cedido à Secretaria da Casa Civil e foi exonerado em 6 de dezembro de 2016. Aryzinho foi preso em fevereiro na Operação Mascate, desdobramento da Calicute, que prendeu Sérgio Cabral.
O delator disse que “atendeu o pedido, haja vista que não teria qualquer prejuízo com a operação, bem como poderia manter um bom relacionamento com o Governo Estadual”. Segundo o delator, não houve prestação de serviço.
“Os valores em espécie e a nota fiscal eram entregues em mochilas pelo próprio Ary ao depoente mensalmente; que quando não eram entregues mensalmente eram entregues posteriormente, mas sempre com uma periodicidade”, relatou. “A partir de 2014 as entregas de dinheiro em espécie e notas fiscais pararam de ocorrer.”
A defesa de Sérgio Cabral não retornou ao contato da reportagem. O advogado Julio Cezar Leitão, que defende Ary Ferreira da Costa Filho, informou que vai se manifestar nos autos.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Seis Notas de Carlos Brickmann
O Supremo não é um tribunal penal; dificilmente terá condições de julgar, em prazo aceitável, todos que caírem em suas malhas
Por Augusto Nunes
Domingo, 05 mar 2017, 06h56
Ó ladroeira, por que estás tão triste?
A divulgação das delações premiadas dos diretores da Odebrecht tumultuou a estratégia dos políticos já condenados pela Operação Lava Jato, e por três motivos. Primeiro, porque confirma mais uma vez seu envolvimento em práticas sem amparo legal, no financiamento de campanhas, na estruturação do partido e na rápida ascensão das fortunas pessoais. Segundo, porque, embora toque também em dirigentes de outros partidos hoje no poder, deixa brechas para que se alegue que, nesses casos, tudo foi feito dentro da lei (quem levou os principais tiros foram políticos importantes, de alto escalão, mas que podem ser descartados e substituídos – o processo de fritura dos amigos, aliás, já começou). Terceiro, porque se esperava que as delações provassem que político é tudo igual, permitindo que se tentasse a libertação dos poucos presos diante da impossibilidade de investigar, julgar, condenar e prender as multidões de suspeitos de iguais crimes.
A estratégia dos condenados e seus aliados não está totalmente errada: suas diferenças morais diante dos demais delatados, se as há, são de gradação, não de comportamento. Mas, para efeito político, a gradação ganha força; e os crimes, digamos, menores, deixam de justificar os maiores. Mesmo assim, não há motivo para a tristeza dos corruptos já julgados. O Supremo não é um tribunal penal; dificilmente terá condições de julgar, em prazo aceitável, todos que caírem em suas malhas. Se a lei for mudada, para que ninguém deixe de ser julgado, os condenados terão boa chance de recorrer. Para eles, talvez amanhã vá ser outro dia.
O Brasil, como é
Em seu depoimento, Marcelo Odebrecht diz que a empresa entregou ao PT, nos Governos de Lula e Dilma, um total de R$ 300 milhões. Destes, 150 milhões foram para a campanha de reeleição de Dilma. Mais R$ 50 milhões foram pagos para que o Governo Dilma editasse uma medida provisória modificando o Refis. A medida provisória foi assinada por Dilma e pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Marcelo Odebrecht disse que também repassou dinheiro a Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, mas sem esclarecer se a doação foi legal ou para o Caixa 2. Citou um jantar com o vice-presidente Michel Temer, companheiro de chapa de Dilma, mas negou ter tratado de valores para a campanha. Pelo que disse, pode até ter prometido contribuir, mas os detalhes – quantia, modo de repasse – seriam tratados por outras pessoas. Segundo o advogado José Yunes, amigo de Temer, quem cuidava disso era Eliseu Padilha.
Opinião de jurista
Do portal jurídico Migalhas (www.migalhas.com.br), sobre o depoimento de José Yunes que aparentemente dinamitou o ministro Eliseu Padilha:
“De duas uma: ou alguns comentaristas políticos são ingênuos, ou são venais. Só isso explica a análise que fazem do depoimento espontâneo de José Yunes, aquele que confessou ter recebido o “envelope gorducho” do doleiro. Ninguém duvide, o que aconteceu é que ele teve acesso à delação (ou da Odebrecht, ou de Lucio Funaro, ou, ainda, de ambos) e se antecipou. Ou seja, criou sua versão para os fatos que inexoravelmente vão surgir. E mais, isso foi combinado com todos os partícipes. Fim de papo.”
De volta…
Um grupo de 400 pessoas, que se apresentam como intelectuais, artistas e ativistas, fez um apelo ao ex-presidente Lula para que lance sua candidatura à Presidência da República em 2018, “porque é preciso incluir muita gente e reincluir aqueles que foram banidos outra vez”. Há alguns nomes já esperados – Leonardo Boff, Fernando Morais, Chico Buarque, Beth Carvalho; outros, menos militantes, mas tradicionalmente petistas – Marieta Severo, Dira Paes, Tássia Camargo. A partir do dia 6, segunda, o manifesto estará aberto a quem quiser aderir.
A razão do lançamento de Lula à Presidência é clara: se ele for preso, parecerá que estão tentando barrar sua candidatura. Mas Lula ainda não se manifestou.
…ao passado
Ah, Chico Buarque! Na opinião deste colunista, divergir das opiniões de Chico Buarque é uma coisa, deixar de admirar um dos maiores letristas que o Brasil já gerou é outra. Mesmo quem ache que Lula é a encarnação do mal absoluto deve evitar que sua repulsa ao político se estenda a seus seguidores; e lembrar que Chico tem obras notáveis no campo da música. Pois muitos anos antes da Lava Jato, em 1990, ele lançou a excelente “Vai Passar” (e foi dessa letra que o ótimo jornalista Augusto Nunes, que não compartilha nem de longe o pensamento político de Chico, foi buscar o “Sanatório Geral”, título de uma de suas colunas).
E veja esses versos, escritos no final do século passado, antes que alguém imaginasse que dirigentes partidários e empresários pudessem ir para a cadeia:
“Num tempo/Página infeliz da nossa História,/Passagem desbotada na memória,/das nossas novas gerações./ Dormia/a nossa Pátria mãe tão distraída,/Sem perceber que era subtraída/Em tenebrosas transações.”
Acabou para você
No Congresso, o Carnaval não acabou. A folga só acaba na terça-feira próxima, 07.

Dora Kramer: Doutrina da Orgia
Adeptos do vício pregam virtude
Por Augusto Nunes
Sábado, 04 mar 2017, 20h12
“Padilha me ligou falando: ‘Yunes, olha, eu poderia pedir para que uma pessoa deixasse um documento em seu escritório? Depois, outra pessoa vai pegar’. Eu disse que podia, porque tenho uma relação de partido e convivência política com ele.” (Sergio Dutti/VEJA)
Publicado na edição impressa de VEJA
A pretexto de manifestar repúdio à hipocrisia, determinados personagens costumam render homenagens à franqueza. Nesse tipo de comportamento se expõe com nitidez quanto a transgressão travestida de retidão reside arraigada na raiz da transgressão.
Dias atrás, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, pôs-se a ensinar fisiologismo a diretores da Caixa Econômica Federal e o líder do governo, senador Romero Jucá, tentou ampliar à sorrelfa o alcance do foro especial de Justiça, para depois advogá-lo na forma de orgia generalizada. Fizeram-no nas barbas do Palácio do Planalto, sob o silêncio indulgente da grei brasiliense – a residente nos intramuros do poder -, cuja sensibilidade para o que se passa fora de sua vizinhança se encontra enfraquecida por obra dos próprios excessos.
Afetar indiferença ali é sinônimo de inclusão na roda dos peritos da política. Estranheza é coisa de amador. Ou pior, de hipócrita. E, como sabemos, excelências experimentadas têm horror à dissimulação. Primam pela sinceridade em seus atos e palavras inconvenientes tornadas aceitáveis pelo uso do critério que mede as querências pela mesma régua das “poderências”. Fazem-se de cegos e surdos à evidência de que o querer é regido pelo arbítrio do desejo e o poder, limitado às fronteiras da legalidade, da decência, entre outros atributos.
De quanto mais poder é detentora a autoridade, mais cuidado a democracia aconselha que tenha com o uso da força inerente à função. Isso no plano ideal. No terreno real ocorre justamente o oposto. Não de hoje.
Inesquecível, por didática, a participação de Paulo César Farias, o decano e ao mesmo tempo pioneiro da carreira criminosa dos tesoureiros, na CPI que derrubaria seu chefe Fernando Collor 25 anos atrás. Com a cara lisa peculiar ao tipo, consignou ante deputados e senadores: “Somos todos hipócritas”. Falava em defesa do uso do Caixa Dois nas campanhas eleitorais como parte dos costumes correntes e contra os que tentavam condená-lo em foro político. Não escaparia, mas naquele momento obteve a concordância de um plenário emudecido e nivelado por baixo.
PC Farias foi preso e, mais tarde, assassinado. A ele sobrevive a tese segundo a qual hipócritas são todos aqueles que defendem a observância dos bons costumes nos aspectos da vida em geral, particularmente no ato de governar. Anos depois, João Santana, o marqueteiro, viria a repetir o dístico: “É preciso rasgar o véu da hipocrisia nas relações político-eleitorais no Brasil”, em depoimento à Justiça, já na condição de preso pela Operação Lava Jato.
Baseado nesse catecismo, o então presidente Lula qualificou como “hipócritas” as restrições ao uso da máquina pública para fins eleitorais, os protestos a determinados atos do Congresso, as críticas ao modo petista de se locupletar. Profissionais do cinismo não rendem homenagens sinceras à hipocrisia. Apenas desqualificam os críticos na tentativa de vestir a trapaça em figurino de lisura.

NA VEJA.COM
Temer confirma Jucá como líder do governo no Senado
O deputado André Moura (PSC-SE) será o novo líder do governo no Congresso
Por Da redação
Sábado, 04 mar 2017, 17h52 - Atualizado em 4 mar 2017, 18h05
O presidente Michel Temer decidiu nomear o deputado André Moura (PSC-SE) como novo líder do governo no Congresso e confirmou o senador Romero Jucá (PMDB-RR) na liderança do governo no Senado.
As mudanças ocorrem em meio à transferência do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) para o Ministério das Relações Exteriores no lugar de José Serra (PSDB-SP), que pediu demissão no dia 22 de fevereiro alegando problemas de saúde que o impedem de “manter o ritmo de viagens internacionais inerentes à função de chanceler.
Ao escolher Moura para liderar no Congresso, Temer tenta acalmar a turma do ‘centrão’ na Câmara, na tentativa de aprovar a Reforma da Previdência na Casa ainda no primeiro semestre. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, citando um assessor de Temer, a escolha tem como objetivo “curar as feridas” da última eleição para a presidência da Câmara, no mês passado, quando o PTB e o PSD acusaram o Planalto de ter trabalhado para reeleger Rodrigo Maia (DEM-RJ).

NO BLOG DO JOSIAS
Sergio Moro: o problema são os ‘presos ilustres’
Josias de Souza
Domingo, 05/03/2017 01:35
Sergio Moro veio à boca do palco para contestar os críticos que o acusam de cometer abusos na decretação de prisões preventivas. O juiz da Lava Jato reagiu por meio de um artigo veiculado na edição mais recente da revista Veja. Atribuiu as queixas não a fatores como a quantidade de prisões — 79 desde março de 2014 —, mas à presença de “presos ilustres” atrás das grades.
“A questão real — e é necessário ser franco sobre isso — não é a quantidade, a duração ou as colaborações decorrentes, mas a qualidade das prisões, mais propriamente a qualidade dos presos provisórios”, escreveu Moro. “O problema não são as 79 prisões ou os atualmente sete presos sem julgamento, mas sim que se trata de presos ilustres.”
Sem mencionar-lhes os nomes, Moro deu quatro exemplos de “presos ilustres” da Lava Jato. Três estão hospedados na carceragem de Curitiba. Outro desfruta das facilidades do sistema penitenciário carioca: “…um dirigente de empreiteira [Marcelo Odebrecht], um ex-ministro da Fazenda [Antonio Palocci], um ex-governador [Sergio Cabral] e um ex-presidente da Câmara dos Deputados [Eduardo Cunha].”
Na opinião do magistrado, “as críticas às prisões preventivas refletem, no fundo, o lamentável entendimento de que há pessoas acima da lei.” Sinalizam também “que ainda vivemos em uma sociedade de castas, distante de nós a igualdade republicana.”
A certa altura, Moro realçou algo que os críticos costumam negligenciar: os resultados da Lava Jato. “Mesmo considerando-se as 79 preventivas e o fato de elas envolverem presos ilustres, é necessário ter presente que a operação revelou, segundo casos já julgados, um esquema de corrupção sistêmica, no qual o pagamento de propinas em contratos públicos consistia na regra do jogo.”
Moro acrescentou: “A atividade delitiva durou anos e apresentou caráter repetido e serial, caracterizando, da parte dos envolvidos, natureza profissional. Para interromper o ciclo delitivo, a prisão preventiva foi decretada de modo a proteger a ordem pública, especificamente a sociedade, outros indivíduos e os cofres públicos da prática serial e reiterada desses crimes.”
Sem citar a Odebrecht, o juiz mencionou o caso da empreiteira para como um dos que inspiraram críticas que se revelariam injustificadas. “Foi decretada, em junho de 2015, a prisão preventiva de dirigentes de um grande grupo empresarial”, anotou Moro. “Os fundamentos foram diversos, mas a garantia da ordem pública estava entre eles. Posteriormente, tais dirigentes foram condenados criminalmente, embora com recursos pendentes.”
Moro prosseguiu: “As críticas contra essas prisões foram severas, tanto pelas partes como por interessados ou desinteressados, que apontaram o suposto exagero da medida diante da prisão de ‘pessoas conhecidas’. Posteriormente, dirigentes desse grupo empresarial resolveram colaborar com a Justiça e admitiram o pagamento sistemático de propinas não só no Brasil, isso por anos, mas também em diversos países, bem como a participação em ajustes fraudulentos de licitações da Petrobras.”
Os delatores da Odebrecht revelaram “mais do que isso: confirmaram a existência no grupo empresarial de um setor próprio encarregado do pagamento de propina (Departamento de Operações Estruturadas) e que este permaneceu funcionando mesmo durante as investigações da Lava Jato…”
Para Moro, o caso da Odebrecht “é bem ilustrativo do equívoco das críticas, pois o tempo confirmou ainda mais o acerto da prisão. Foi a prisão preventiva, em junho de 2015, que causou o desmantelamento do departamento de propinas do grupo empresarial, interrompendo a continuidade da prática de sérios crimes de corrupção. Assim não fosse, o departamento da propina ainda estaria em plena atividade.”
Ao longo do artigo, o magistrado diz o que pensa sobre as prisões preventivas em termos genéricos. “São excepcionais e devem ser longamente justificadas”, diz logo no primeiro parágrafo do texto. Depois de discorrer sobre o acerto das ordens de prisão expedidas contra executivos da Odebrecht, Moro ponderou: “Isso não significa que a prisão preventiva pode ser vulgarizada, mas ilustra que, em um quadro de corrupção sistêmica, com a prática serial, reiterada e profissional de crimes sérios, é preciso que a Justiça, na forma do Direito, aja com a firmeza necessária e que, presentes boas provas, imponha a prisão preventiva para interromper o ciclo delitivo, sem importar o poder político ou econômico dos envolvidos.”
No encerramento do artigo, Sergio Moro insinua que há entre os seus críticos pessoas movidas por interesses subalternos. “As críticas genéricas às prisões preventivas na Lava Jato não aparentam ser consistentes com os motivos usualmente invocados pelos seus autores”, escreveu o juiz, sem dar nomes aos bois. “Admita-se que é possível que, para parte minoritária dos críticos, os motivos reais sejam outros, como a aludida qualidade dos presos ou algum desejo inconfesso de retornar ao status quo de corrupção e impunidade.”
Com esse tipo de crítico, arrematou Sergio Moro, “nem sequer é viável debater, pois tais argumentos são incompatíveis com os majestosos princípios da liberdade, da igualdade e da moralidade pública consagrados na Constituição brasileira.”

NO O ANTAGONISTA
A pior derrota da história
Brasil Domingo, 05.03.17 07:59
Lula está em primeiro lugar nas pesquisas.
Contra os atuais candidatos, ele venceria com folga.
Isso deve mudar nos próximos meses, com o prosseguimento da Lava Jato e com a entrada de novos concorrentes na disputa presidencial.
Se Lula puder se candidatar em 2018, porém, o Brasil sofrerá a maior derrota de sua história. Independentemente do resultado final.
O comandante máximo da ORCRIM tem de ser extirpado da vida pública pelos tribunais – e não pelo voto.
3 pedidos de impeachment de Temer nas mãos de Maia
Brasil 05.03.17 07:57
Sem alarde, Rodrigo Maia arquivou um pedido de impeachment de Temer no fim de fevereiro. Mas ainda restam três em sua mesa, segundo a Folha.
O Brasil bananeiro
Brasil 05.03.17 07:50
Há quem atribua à Lava Jato o desempenho de Lula nas pesquisas.
Mas a Lava Jato não foi feita para derrotar Lula nas urnas. Ela foi feita para desmantelar a ORCRIM que saqueou o país e, consequentemente, para colocar seu comandante máximo na cadeia.
Qualquer outro resultado será uma derrota da democracia. Qualquer outro resultado será fatal para o Brasil.
Congresso empaca fim do foro privilegiado
Brasil 05.03.17 07:35
Nada menos que 12 PECs que tratam do fim do foro privilegiado estão emperradas no Congresso.
Não é, portanto, por falta de propostas para banir essa excrescência jurídica que a matéria não avança. É por medo mesmo da Lava Jato, segundo o Estadão.
O príncipe será preso?
Brasil 05.03.17 06:53
“Lula será preso?”
A pergunta, segundo Lauro Jardim, foi feita por um interlocutor de Sergio Moro.
Ele não respondeu, é claro.
Disse apenas o seguinte:
“Numa democracia pressupõe-se que o príncipe também se submeta às leis”.
O melhor espetáculo de todos os tempos
Brasil 05.03.17 06:24
O fim do mundo será o melhor espetáculo de todos os tempos.
A lista de Janot, que será conhecida nos próximos dias, segundo a Folha de S. Paulo, inclui Lula, Dilma Rousseff, Guido Mantega, Antonio Palocci e João Santana.
A PGR pedirá o desmembramento de seus casos e o envio dos depoimentos da Odebrecht aos juízes Sergio Moro, Marcelo Bretas e Vallisney de Souza.
Dois ministros de Temer na lista de Janot (e um terceiro em estudo)
Brasil 05.03.17 06:22
Rodrigo Janot pedirá a abertura de inquérito contra dois ministros de Michel Temer, segundo a Folha de S. Paulo.
Quem?
Dois nomes conhecidos: Eliseu Padilha e Moreira Franco.
“Outros ministros podem aparecer. Por exemplo, Gilberto Kassab – a Procuradoria, por enquanto, estuda esse caso”.
Peemedebistas e tucanos na lista de Janot
Brasil 05.03.17 06:21
Rodrigo Janot, nos próximos dias, pedirá a abertura de inquérito contra os peemedebistas Eunício Oliveira, Renan Calheiros, Edison Lobão e Romero Jucá.
Os tucanos José Serra e Aécio Neves também estarão em sua lista, segundo a Folha de S. Paulo.
O fim do mundo chegou
Brasil 05.03.17 06:17
O mundo vai acabar nas próximas horas.
A Folha de S. Paulo informa que os detalhes sobre os inquéritos baseados nos depoimentos da Odebrecht “devem ser concluídos até esta segunda-feira”.
A Folha de S. Paulo informa também que “a estratégia de Rodrigo Janot é tentar entregar, na próxima semana, todos os pedidos de uma vez a Edson Fachin”.
Pichadora de Direito é suplente de vereador do PT
Brasil Sábado, 04.03.17 20:15
Pichadora e estudante de Direito, Maira Machado Frota Pinheiro é filiada ao PT e concorreu ao cargo de vereadora no ano passado. Com 1.294 votos, acabou como suplente.
Aos 26 anos, define-se, em sua página no Facebook, como “feminista, socialista, doula, empreendedora e candidata a vereadora em SP pelo Partido das Trabalhadoras e mais um monte de coisa.”
Já pode incluir a honraria de ser a primeira pessoa multada em São Paulo por pichação.
Eduardo Cunha é o “pior preso da Lava Jato”
Brasil 04.03.17 19:57
Há uma unanimidade entre os agentes carcerários que lidam com os presos da Lava Jato, no Complexo Médico-Penal de Pinhais: Eduardo Cunha é o mais rabugento e intratável de todos. É o que mostra a Veja desta semana. Leia um trecho:
“Os protestos começam logo no café da manhã. Às 6 horas, o ex-deputado Eduardo Cunha acorda e reclama, por exemplo, que o pão francês está velho, ou amassado. As queixas prosseguem e ficam mais estridentes na hora do almoço. O ex-presidente da Câmara dos Deputados reputa como de péssima qualidade a comida servida no Complexo Médico-Penal de Pinhais (PR), onde cumpre prisão preventiva desde dezembro de 2016. Em 10 de fevereiro, ao receber sua marmita de isopor, disse que não iria comer “aquilo” (o cardápio do dia: arroz, feijão, tomate, mandioca, alface e um bife de alcatra), embora minutos depois tenha mudado de ideia.”
Está difícil para Cunha engolir a Lava Jato.
Odebrecht pagava mensalidade às Farc na Colômbia
Brasil 04.03.17 18:45
Nos últimos 20 anos, a Odebrecht manteve um esquema de pagamentos mensais às Farc, na Colômbia. A mensalidade variava de US$ 50 mil a US$ 100 mil, segundo a Veja.
O objetivo da empreiteira era garantir a segurança de seus funcionários e das obras que tocava no país. O pagamento começou depois que dois empregados foram sequestrados pelos guerrilheiros, nos anos 90.

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