PRIMEIRA EDIÇÃO DE 16-02-2017 DO "DA MÍDIA SEM MORDAÇA"

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
QUINTA-FEIRA, 16 DE FEVEREIRO DE 2017
Militares, policiais militares e até bombeiros disputam a tapa, em todo o País, oportunidades de serem colocados à disposição de governos municipais, estaduais e até federal, em razão de uma portaria bizarra de 2012, do Comando do Exército. Pela portaria 871, é transferido automaticamente para reserva remunerada (aposentadoria) quem ocupar por mais de 2 anos cargos fora da sua unidade militar.
Se a ideia era inibir a transferência para trabalhar fora dos quartéis, a portaria bizarra acabou criando outra mamata no serviço público.
Gabinetes de políticos policiais ou militares como Jair Bolsonaro são os mais procurados por milicos para antecipar aposentadoria integral.
Um major lotado no gabinete de Bolsonaro esfrega as mãos: no domingo (19) completa 2 anos fora da PM e vai ganhar aposentadoria.
No Distrito Federal, a Casa Militar do governo vive sob grande pressão para apressar processos de cessão de PMs para outros órgãos.
A Petrobras vai divulgar no dia 22, véspera de Carnaval - quando tudo acaba em samba - as duas agências de propaganda que vão dividir sua verba anual de R$500 milhões por cinco anos. Uma das favoritas é a carioca NBS, que no governo do PT se chamava “Quê” e cujo diretor, Dudu Godoi, foi marqueteiro de Lula. A outra deve ser a paulista Fischer, da Trindade Investimentos, cujo sócio figura na Lava Jato.
Tanto quanto a Fischer, NBS tem reputação de agência criativa. Sua denominação são as iniciais de “No Bull Shit”.
Danilo Amaral, da Trindade, é citado 18 vezes na delação de Sérgio Machado, ex-Transpetro, por receber R$ 30 milhões do Petrolão.
Em 2015, Danilo Amaral, ganhou fama com imagens nas redes sociais constrangendo o ex-ministro petista Alexandre Padilha em restaurante.
Chantageada por WhatsApp pelo hacker Silvonei José de Jesus Souza, a primeira-dama Marcela Temer deixou de utilizar o aplicativo em 11 de maio de 2016, mesmo dia em que o bandido foi preso.
Já são 106 os policiais sequelados por “disparos acidentais” de armas da Taurus que resolveram processar a empresa. Mas a Taurus celebra o recorde da venda de 2 mil pistolas. Uma lei marota obriga nossas polícias a comprar armas “made in Brasil”, que só a Taurus produz.
Aécio Neves levou até Michel Temer a sugestão de Carlos Velloso para ministro da Justiça, mas sabe que o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal não é o “nome do PSDB”. De Minas Gerais, certamente.
Procurador-geral de Justiça do RS, Marcelo Dornelles se enrolou para explicar ao competente repórter Guilherme Baumhardt por que só os procuradores não recebem salários em parcelas, ao contrário dos demais. Ficou parecendo que se acham servidores de primeira classe.
Findo o impacto inicial, a CPI da Lei Rouanet, prorrogada ontem, caiu mesmo no esquecimento. É comum reuniões com apenas dois deputados: o presidente, Alberto Fraga (DEM), e Izalci (PSDB), do DF.
A imprensa costuma criticar governos que nomeiam ministros que não garantem votos no Congresso, mas fingiu “choque” com o 'sincericídio' do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), revelando que é o número de votos do partido no Congresso que determina a escolha do ministro.
José Carlos Aleluia (DEM-BA) apresentou emenda à Medida Provisória 766/17, que regulariza débitos de pessoas e empresas, para que municípios também possam parcelar os débitos junto à União.
Em 7 anos, detentos de quatro prisões de segurança máxima de quatro Estados (PR, MS, RN e RO) produziram 6 mil resenhas de livros. A cada obra lida e resenhada, eles reduzem quatro dias da pena.
...permanecendo preso, Eduardo Cunha ao menos não vai apanhar de senhoras indignadas no aeroporto.

NO DIÁRIO DO PODER
LAVA JATO
MAIORIA NO SUPREMO REJEITA LIBERDADE A EDUARDO CUNHA
MINISTROS DO STF SE NEGAM A SOLTAR CUNHA
Publicado: quarta-feira,15 de fevereiro de 2017 às 18:16 - Atualizado às 18:28
Redação
Por 8 votos a 1, o Supremo Tribunal Federal (STF) negou um pedido de liberdade apresentado pela defesa do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso desde outubro do ano passado.
Apenas o ministro Marco Aurélio Mello não acompanhou o voto do relator da Operação Lava Jato na Corte, ministro Luís Fachin, e votou pela liberdade do peemedebista. O ministro Ricardo Lewandowski não estava presente na sessão desta tarde.
A defesa de Cunha recorreu ao Supremo para derrubar a ordem de prisão imposta pelo juiz federal Sérgio Moro. "Com os mesmíssimos argumentos o juiz Sérgio Moro revalora a decisão do Supremo, revê a decisão do Supremo e prende Eduardo Cunha sem nenhum fato novo, a não ser a perda do mandato", afirmou o advogado Ticiano Figueiredo.
Em seu voto, porém, o relator do caso, Edson Fachin, reproduziu decisão do ministro Teori Zavascki – antigo relator da Lava Jato, que morreu no mês passado –, que já havia negado o pedido de liberdade. Em dezembro, Teori considerou que o STF não decidiu sobre a prisão, mas somente sobre o afastamento.
“Voto pela manutenção da decisão agravada e pelo não conhecimento de concessão do pedido de habeas copus”, decidiu Fachin. "Esse Supremo Tribunal Federal não se manifestou sobre requisitos da prisão. É equivocada a conclusão de que magistrado ao não decretar prisão decide que não estão presentes requisitos. O reclamante no ponto confunde ausência de análise com ausência de motivo", disse Fachin.
No âmbito da Lava Jato, Eduardo Cunha responde a diversas ações penais por suposto recebimento de propina oriunda de contratos da Petrobras.

POR UNANIMIDADE
SUPREMO MANTÉM AÇÃO PENAL CONTRA ANÍBAL GOMES NA LAVA JATO
ACUSAÇÕES SÃO DE SUPOSTA PRÁTICA DOS CRIMES DE CORRUPÇÃO ATIVA, CORRUPÇÃO PASSIVA E LAVAGEM DE DINHEIRO
Publicado: quarta-feira,15 de fevereiro de 2017 às 16:59 - Atualizado às 17:01
Redação
Por unanimidade de votos, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal rejeitou um recurso, embargos de declaração, contra acórdão do colegiado que recebeu denúncia criminal contra o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) no Inquérito (INQ) 3984, no qual o parlamentar, aliado do senador Renan Calheiros (PMDB/AL), é acusado pela suposta prática dos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato. Com isso, foi determinada a imediata reatuação dos autos como ação penal, independentemente da publicação da decisão tomada nesta terça-feira, 14.
As informações foram divulgadas no site do Supremo.
De acordo com o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, os embargos de declaração 'não são meio hábil para a reforma do julgado, sendo cabível somente quando houver, no acórdão, ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão, nos termos do artigo 619 do Código de Processo Penal'.
"No caso, não se constata a existência de qualquer das deficiências apontadas pelo embargante (Aníbal Gomes), que tão somente invoca fundamentos já esgotados no acórdão impugnado", afirmou Fachin.
Também foram rejeitados embargos semelhantes apresentados pela defesa do engenheiro Luiz Carlos Batista Sá, acusado no mesmo processo contra Aníbal.
Segundo a denúncia, em 2008, Aníbal Gomes teria recebido vantagem indevida do escritório de advocacia que representava empresas que prestam auxílio à navegação (praticagem) para interceder junto ao então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, visando à celebração de acordo extrajudicial, tendo em vista que a Petrobrás estava inadimplente desde 2004.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, o deputado teria oferecido a Costa R$ 800 mil para 'facilitar as negociações'.
O acordo, assinado em agosto de 2008, envolvia o montante de R$ 69 milhões, dos quais R$ 3 milhões teriam sido entregues a Aníbal Gomes e ao engenheiro Luís Carlos Sá, por meio da estrutura de outro escritório de advocacia.
Nos embargos de declaração, a defesa do peemedebista apontou supostas omissões nas quais teria incorrido o acórdão que recebeu a denúncia, alegando que a Turma do Supremo não se pronunciou sobre o argumento de que o fato denunciado neste inquérito não teria relação com o cartel de empreiteiras investigado na Lava Jato, 'uma vez que nestes discute-se crimes supostamente cometidos no âmbito de um acordo celebrado entre a Petrobrás e a categoria dos práticos’. Os ajustes teriam acarretado ‘grande vantagem à sociedade de economia mista'.
Quanto ao crime de corrupção ativa, a defesa de Aníbal Gomes sustenta que, durante a instrução do inquérito no STF, não teria sido apresentado qualquer elemento de prova capaz de dar credibilidade às declarações de Paulo Roberto Costa, no sentido de que o deputado teria lhe prometido R$ 800 mil, caso houvesse uma composição amigável entre as partes.
Para a defesa, seria necessária uma análise 'mais cautelosa', de modo a explicitar se o depoimento prestado por Costa pode ou não ser visto como elemento mínimo de prova a justificar o recebimento da denúncia.
Outro argumento da defesa, rejeitado pelos ministros da Segunda Turma, foi de que não foi levado em conta no acórdão recorrido o fato de Paulo Roberto Costa ter afirmado que eventual êxito na negociação entre a Petrobrás e a categoria dos práticos não dependia de sua interferência, não havendo com isso o 'ato de ofício' do crime que lhe está sendo imputado.(AE)


NO BLOG DO FAUSTO MACEDO
Cometi essa ‘sandice’, diz Delcídio sobre suposta ordem de Lula para comprar silêncio de Cerveró
Ex-senador, um dos delatores da Operação Lava Jato, depôs na Justiça Federal em Brasília em ação penal contra o ex-presidente pela suposta trama para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras
Fábio Fabrini, de Brasília
Quarta-feira,15 Fevereiro 2017 | 21h10
O senador cassado Delcídio Amaral (ex-PT-MS, sem partido) reiterou nesta quarta-feira, 15, à Justiça, acusações de sua delação premiada contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em depoimento de cerca de três horas, prestado à 10.ª Vara Federal, em Brasília, ele disse ter sido uma ‘sandice’ procurar a família do pecuarista José Carlos Bumlai, supostamente a pedido de Lula, e pedir pagamentos com o objetivo de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró, que considerava colaborar com a Lava Jato.
O interrogatório de Delcídio foi no âmbito de ação penal que avalia se Lula e outros seis réus, entre eles o próprio ex-senador, atuaram para obstruir as investigações da Lava Jato. O ex-congressista reiterou que numa reunião no Instituto Lula, em maio de 2015, na qual teria tratado com o ex-presidente a possibilidade de Cerveró comprometer Bumlai, seu amigo, numa eventual delação. Lula teria pedido, então, para ele ‘ver essa questão do Bumlai’.
Segundo Delcídio, a partir dessa ordem, foi montado um esquema por meio do qual a família de Bumlai pagou R$ 50 mil mensais de ajuda financeira a Cerveró. “Cometi a sandice de tomar essa atitude”, declarou.
Delcídio foi preso em novembro de 2015, depois que o filho do ex-diretor da Petrobrás, Bernardo Cerveró, o gravou numa conversa na qual revelava parte do plano para evitar a colaboração do pai e até financiar uma fuga dele para a Espanha. Depois disso, o ex-senador decidiu fazer sua própria delação e, então, implicou Lula.
Delcídio admitiu que, na suposta conversa ocorrida no Instituto Lula, só estavam presentes ele e o ex-presidente, não havendo testemunhas. “Tive muitas conversas solitárias com o presidente Lula”, explicou, acrescentando que muitas delas versavam sobre questões políticas, em geral.
Delcídio contou que as tratativas com a família de Cerveró começaram no início de 2015 e que seu objetivo era evitar que seu nome fosse citado pelo ex-diretor, já que recebera dinheiro proveniente do esquema da Petrobrás para quitar, por exemplo, dívidas de campanha.
Contudo, alegou o ex-senador, entre março e abril daquele ano, a imprensa divulgou informações sobre a delação de Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB na estatal, que já dava conta de sua participação nas ilegalidades. A partir daí, explicou, a estratégia de se blindar de acusações de Cerveró perdeu um pouco de sentido. “O Fernando Baiano abduziu a delação de Cerveró”, disse. Mesmo assim, acrescentou Delcídio, foi levado adiante o plano para evitar a colaboração de Cerveró, a mando de Lula.
Conforme a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), Bumlai obteve no Banco Schahin um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões, cujo real objetivo era custear despesas do PT. Como o empréstimo não foi pago, a Petrobrás foi usada para compensar o grupo credor, firmando com a Schahin Engenharia contrato de R$ 1,6 bilhão para operar o navio-sonda Vitória 10.000 .
Questionado sobre o assunto, Delcídio declarou que a fraude era conhecida por parte do meio político e entre pessoas que ajudaram a viabilizá-la: “Essa história das sondas do José Carlos Bumlai até a torcida do Flamengo sabia”.
Delcídio também disse que, em meio à crise gerada pela Lava Jato, se reuniu com o ex-presidente no Instituto Lula em maio de 2015, juntamente com os senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Renan Calheiros (PMDB-AL). O objetivo, segundo ele, seria formar um grupo de senadores para reagir às denúncias frequentes que surgiam na operação. Esse encontro é objeto de um inquérito em curso pelo MPF, que suspeita de que o episódio foi mais uma tentativa de atrapalhar investigações.
Delcídio, que era líder do governo à época, explicou que havia um grupo no PT mais preocupado com os impactos da Lava Jato para o partido e o governo, no qual se incluía Lula. Outro grupo, alinhado com a então presidente Dilma Rousseff, acreditava que a operação chegaria ao fim e parte dos quadros da legenda sairia dela fortalecida. “Lamentavelmente, deu no que deu.”
COM A PALAVRA, A DEFESA DE LULA:
A defesa do ex-presidente Lula informou que as declarações de Delcídio do Amaral revelaram ‘de forma inequívoca’ que o ex-senador tinha ‘interesse próprio no processo de delação premiada de Nestor Cerveró’. “Delcídio Amaral admitiu que se sentiu ameaçado em conversas com familiares de Cerveró diante da possibilidade de o ex-diretor da Petrobras delatar supostos recebimentos de propina por ele, Delcídio, em contratos que a Petrobras firmou com a Alston e a GE, e, ainda, por supostas contribuições ilegais relativas à campanha de 2006 para o governo do Estado do Mato Grosso do Sul”, informa nota divulgada pelos advogados do ex-presidente.
A defesa ressaltou que Cerveró reconheceu em depoimento que as investidas de Delcídio tinham interesse de ‘dissuadi-lo de delatar o próprio Delcídio’ e que a advogada Alessi Brandão, que assessorou o ex-diretor da Petrobrás, confirmou o que foi dito pelo seu cliente, assim como Bernardo Cerveró.
A defesa de Lula alegou que Delcídio admitiu em seu interrogatório fazer uso recorrente de ‘bazofia’ (fanfarrice), “usando de afirmações que não correspondem à realidade”. “É nesse contexto que entendemos ter ele atribuído ao ex-presidente Lula uma frase para que verificasse o que poderia ser feito para ajudar a família de José Carlos Bumlai. Essa afirmação, além de não comprovada, não configura qualquer tentativa de obstrução à justiça. Delcídio ainda admitiu não haver testemunha dessa narrativa”, sustenta a nota, acrescentando que “todos os demais depoimentos” colhidos na ação penal “colidem com a versão de Delcídio e deixaram claro que Lula jamais fez direta ou indiretamente qualquer intervenção no processo de delação premiada” de Cerveró.

NO BLOG DO JOSIAS
Padilha não é bom exemplo, mas é ótimo aviso
Josias de Souza
Quinta-feira,16/02/2017 05:05
Na Era petista, a Casa Civil da Presidência da República foi ocupada por seis personagens. Dois estão presos em Curitiba (Dirceu e Palocci), uma foi fisgada na Operação Zelotes (Erenice), dois encrencaram-se nas franjas da Lava Jato (Mercadante e Gleisi) e uma outra foi vendida ao eleitorado como gerente impecável e terminou sua carreira moída pelo impeachment (Dilma). O histórico recomenda comedimento. Mas Eliseu Padilha pisa nas evidências, distraído.
É preciso reconhecer que o todo-poderoso da Casa Civil de Michel Temer tem razão. Se aquela gravação em que ele foi pilhado explicando como o Ministério da Saúde saiu das mãos de um médico insigne para cair no colo de um deputado insignificante significa alguma coisa, é o triunfo a rendição do governo Temer à mesmice que sempre foi tratada como algo “absolutamente normal”. Vale a pena desperdiçar um pedaço de tempo ouvindo Padilha:
“Todos os governos que fazem composição com vários partidos colocam a participação de outros partidos no governo. Foi o que nós fizemos. O PMDB sozinho não iria governar. Aliás, a história política brasileira depois da reabertura democrática, tem mostrado que o presidencialismo é de coalizão. Vários partidos sempre vão apoiar o governo. E com isso eles têm participação no governo, o que é mais do que normal, absolutamente normal.”
Do jeito como as coisas sucedem, sob absoluta normalidade, o país vive um período de hedionda expectativa: qual será o primeiro escândalo da Era Temer? No assanhamento que toma conta dos partidos, no desassombro com que Padilha opera o balcão, no entrechoque do patrimonialismo com o interesse público, está sendo gerado o primeiro escândalo. Não se sabe onde ele explodirá. Por enquanto, é apenas um descalabro esperando para ganhar as manchetes, um fantasma precoce de uma operação que a Polícia Federal batizará com um nome criativo.
Não se sabe o nome e o partido do futuro réu. Mas o escândalo que o projetará toma forma, vem vindo. Depois, Padilha e Temer dirão que não sabiam de nada. E lamentarão os malfeitos. Farão a promessa de que o governo cortará na própria carne. Talvez digam que não ficará pedra sobre pedra. Mas realçarão que o aliado merece o benefício da dúvida. Que diabo, ele ainda não foi denunciado. O Supremo Tribunal Federal não o converteu em réu. Não há uma sentença! Por que afastá-lo?
No episódio que Padilha considerou “absolutamente normal”, o Planalto fritou o respeitado cirurgião Raul Cutait para entregar a pasta da Saúde ao deputado-engenheiro Ricardo Barros, do PP, partido campeão no ranking dos enrolados na Lava Jato. Mal comparando, José Dirceu fez coisa parecida quando passou pela cadeira hoje ocupada por Padilha. Ao lotear o Ministério de Minas e Energia, Dirceu determinou à então titular da pasta, Dilma Rousseff, que acomodasse o engenheiro Silas Rondeau na presidência da Eletronorte.
Formado na escolha de graduação de José Sarney, Rondeau (pronuncia-se Rondô) seria guindado pouco depois ao posto de presidente da Eletrobras. Para promovê-lo, o Planalto orientou Dilma a levar à frigideira o engenheiro nuclear Luis Pinguelli Rosa. Súbito, o Mensalão derrubou Dirceu. Dilma foi alçada por Lula à Casa Civil. E Rondeau a substituiu na pasta de Minas e Energia..
Em maio de 2007, um auxiliar de Rondeau foi preso por agentes federais numa operação chamada Navalha. Acusado pela PF de receber de uma empreiteira um envelope com R$ 100 mil, Rondeau viu-se compelido a deixar o ministério. A Procuradoria o denunciou por corrupção passiva. Depois, sumiu pelo caminho, soterrado por escândalos maiores, como o Mensalão.
Hoje, há outros rondeaus rondando as páginas policiais. Cedo ou tarde darão o ar da graça. E muitos lamentarão não ter percebido que Eliseu Padilha, esse notável operador de normalidades, não era propriamente um bom exemplo, mas um extraordinário aviso.

Romero Jucá desiste da emenda da ‘blindagem’
Josias de Souza
Quarta-feira,15/02/2017 22:23
Durou menos de quatro horas a proposta do presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), sobre a blindagem dos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal contra processos judiciais por crimes praticados antes do início dos respectivos mandatos. A proposta de emenda constitucional havia sido protocolada às 18h12. Em nota distribuída às 22h01, a assessoria de Jucá informou sobre a desistência.
Eis o teor da nota: “O senador Romero Jucá solicitou a retirada da tramitação da PEC 3, de 2017, que altera o artigo 86. A retirada do projeto que trata da linha sucessória foi feita após pedido do presidente do Senado, senador Eunício Oliveira.” Afora a alegada contrariedade de Eunício, colegas de Jucá que haviam subscrito a proposta avisaram que retirariam suas assinaturas. Jucá recolhera 29 rubricas, apenas duas além do mínimo necessário. Sua emenda cairia por falta de apoiadores. Para evitar o vexame, o pajé do PMDB antecipou-se.
Mais cedo, Jucá dissera que seu propósito não era o de blindar Eunício e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ambos mencionados nas delações da Odebrecht. Algo difícil de crer, já que sua proposta estende à dupla de comandantes do Legislativo a prerrogativa constitucional já assegurada ao presidente da República de não ser processado por crimes dissociados do exercício do mandato. “Vamos ao debate”, dissera Jucá mais cedo. Nas palavras do senador, quem votasse contra iria se “agachar”.
A repercussão da emenda de Jucá foi extraordinariamente negativa. Ao perceber que haviam enfiado suas assinaturas numa proposta radioativa, os apoiadores começaram a bater em retirada. E as justificativas de Jucá caíram no vazio: “Não há intenção de blindar ninguém”, havia declarado o senador. “Só estamos dando o mesmo tratamento constitucional do presidente da República aos presidentes dos outros Poderes.”
Na versão de Jucá, “um presidente de Poder não pode, por vontade única de um procurador, ser sacado do cargo. Não entra na minha cabeça que um presidente, a qualquer momento, possa sair da linha sucessória pela vontade individual de alguém. Isso não é democrático.”
Protagonista de oito inquéritos relacionados à Lava Jato, Jucá frequenta as planilhas da Odebrecht associado ao apelido de ‘Caju’. Com a emenda da blindagem, desceu à crônica da resistência como autor de um presente para Eunício, o ‘Índio’, e Maia, o ‘Botafogo’. Se a proposta vingasse, a dupla só poderia ser processada depois de fevereiro de 2019, quando terminam seus mandarinatos.
A emenda constitucional de Jucá começaria a tramitar pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, presidida por Edison Lobão (PMDB-MA), outro astro da Lava Jato. Prevalecendo ali, iria ao plenário do Senado com o apoio do líder do maior partido, Renan Calheiros (PMDB-AL), batizado de 'Justiça' no papelório da Odebrecht. Por ora, não colou.

Junto com Cunha, STF mantém presa a respiração dos poderosos da República
Josias de Souza
Quarta-feira,15/02/2017 19:07
Por um placar de 8 a 1, o Supremo Tribunal Federal manteve Eduardo Cunha na cadeia. Ao negar o pedido de liberdade ao ex-presidente da Câmara, a Suprema Corte manteve presa também a respiração de alguns dos mais poderosos políticos da República. O ex-amigos de Cunha tornaram-se prisioneiros do medo.
A liberdade funcionaria para Cunha como um fabuloso antidepressivo. Atrás das grades, o personagem continuará trocando o sono por divagações noturnas sobre o seu futuro penal. A qualquer momento, pode concluir que a delação também funciona como um barbitúrico. Passaria a dormir bem. E seus ex-companheiros é que teriam pesadelos.
Quanto mais longeva for a cana, maior será o risco de Cunha tornar-se um delator. Ele já usufrui das facilidades da hospedaria carcerária de Curitiba há três meses e 26 dias. Na semana passada, ao negar um pedido de habeas corpus formulado pela defesa de Cunha, Sergio Moro enfiou dentro do seu despacho uma recordação curiosa.
Moro recordou que, no curso do processo, Cunha arrolou Michel Temer com sua testemunha de defesa. O juiz da Lava Jato lembrou que teve de vetar algumas das perguntas que o ex-deputado dirigira ao presidente. Eram itens “absolutamente estranhos ao objeto da ação penal”, escreveu Moro. “Tinham por motivo óbvio constranger o Exmo. Sr. Presidente da República e provavelmente buscavam com isso provocar alguma espécie intervenção indevida da parte dele em favor do preso.”
São claros os propósitos das palavras incluídas por Moro no despacho em que manteve Cunha preso. O juiz quis sinalizar que não está alheio aos movimentos da turma do torniquete, que trabalha para “estancar a sangria”. Ao manter a situação inalterada, o Supremo como que desafiou involuntariamente a resistência do preso.
Eduardo Cunha é um outro nome para frieza. Mas o que está em jogo é a sua capacidade de sopesar custos e benefícios, não o seu poder de resistência. O ex-deputado pode concluir que a delação é um bom negócio. E se há algo que seus ex-amigos não ignoram, é que Cunha entende de negócios como poucos. Daí a respiração presa.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
O risco Lula para 2018 é concreto?
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Enquetes usadas para induzir opinião de incautos (divulgadas exaustivamente) e outras pesquisas empregadas para definir estratégias políticas (nem sempre reveladas ao grande público) coincidem em um ponto: Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro despontam como “nomes fortes” para a ainda distante sucessão presidencial de 2018. Os levantamentos divulgados ou sigilosos indicam que o Presidente Michel Temer segue no fundo do poço da impopularidade. Com 10% de aprovação, ainda continua inviabilizado para uma reeleição. Especula-se que ele apoie um tucano na sucessão.
No meio do caminho das pretensões presidenciais tem alguns problemas. Um deles é o “Efeito Lava Jato” (que pode mandar presidenciáveis para cadeia ou, se não chegar a tanto, pode queimar o filme do candidato por desmoralização). O segundo óbice é o desempenho da economia (se melhorar muito, beneficia um candidato governista; do contrário, contamina e inviabiliza quem estiver temerariamente junto de Temer). O terceiro é o extremo desgaste dos partidos políticos, tanto da base governista quanto da “oposição” petista, que prejudica demais qualquer candidato.
O fantasma de Lula já começa a apavorar os opositores. O ex-Presidente aposta que vence o desgaste imposto pelos processos na Lava Jato. Lula tira bom proveito das bobagens cometidas por Michel Temer, sobretudo com a escolha de aliados enrolados com corrupção. Lula também segue na ofensiva contra o juiz Sérgio Moro e a Força Tarefa – o que alegra muitos supostos “opositores”. Lula aposta que conseguirá posar de vítima de “perseguição política”, viabilizando o nome para 2018. O risco Lula é concreto, por falta de opções possíveis na próxima disputa ao Palácio do Planalto.
Embora faça um trabalho impressionante nas redes sociais, sobretudo mobilizando jovens com viés conservador (público que cresce cada vez mais), Jair Bolsonaro corre alto risco de morrer na praia poluída da sucessão. O deputado pode nem conseguir a indicação de seu partido – o PSC – para entrar na disputa. A tendência é que seu nome – se realmente se torna viável – acabe providencialmente sabotado pelos demais partidos – que lhe fecharão as portas. Lula já não tem este problema, porque a Petelândia brinca do que ele mandar. 
2018 ainda está longe... Mas as especulações já assustam muita gente que desenha estratégias políticas e empresariais. Enquanto isso, o Brasil segue na mesma de sempre, sem definir, claramente, qual o projeto de Nação... Assim, o Crime Institucionalizado segue hegemônico, apesar dos esforços das Lava Jatos da vida...
(...)

NO O ANTAGONISTA
O homem é o Lobão
Brasil 16.02.17 08:51
Leviatã é uma homenagem a Edison Lobão.
"O nome escolhido pela PF se inspira na obra do filósofo político Thomas Hobbes. Nela, ele afirmou que o 'homem é o lobo do homem'”.
O homem é o Lobão do homem.
142 milhões de reais divididos entre PT e PMDB
Brasil 16.02.17 09:08
O PT, em 2010, roubou 30 milhões de reais em Belo Monte para a campanha de Dilma Rousseff.
Mas o valor da propina aumentou enormemente ao longo dos anos.
Delcídio Amaral e os delatores da Andrade Gutierrez descreveram alguns dos principais pagamentos.
Releia dois de nossos posts:
Belo PT e Belo PMDB
Brasil 16.02.17 08:43
PT e o PMDB receberam 1% de propina em Belo Monte.
É o que investiga a Lava Jato.
Entre os alvos da Leviatã, além do filho de Edison Lobão, está também o ex-senador Luiz Otávio, apadrinhado de Jader Barbalho.
Belo selfie

Fuja, Lobinho
Brasil 16.02.17 08:37
O Antagonista mandou Edison Lobão fugir.
Na verdade, porém, quem tem de fugir é seu filho Marcio Lobão, alvo da Leviatã.
A propina de Janete
Brasil 16.02.17 08:33
Belo Monte rendeu 30 milhões de reais em propinas para o PT e o PMDB.
Antonio Palocci repassou o dinheiro roubado para a campanha de Dilma Rousseff. Mas envolveu também Erenice Guerra e a cúpula do PMDB do Senado.
Releia o depoimento de Delcídio Amaral:

Operação Leviatã
Brasil 16.02.17 08:25
O nome da operação é Leviatã.
Foi autorizada por Edson Fachin - é a primeira dele.
A PF cumpre 4 mandados de busca no Rio de Janeiro, 1 no Distrito Federal e outro no Pará.
PF busca provas
Brasil 16.02.17 08:05
A PF está cumprindo apenas mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e no Pará, segundo a rádio Bandeirantes.
Ninguém vai preso, infelizmente.
URGENTE: LAVA JATO NA RUA
Brasil 16.02.17 08:02
A Lava Jato está nas ruas.
A operação é de Brasília, não de Curitiba.
Os bois voltaram para o curral
Brasil 16.02.17 06:49
O Nordeste ainda é o curral eleitoral de Lula.
Entre os nordestinos, ele tem 58,2% dos votos, de acordo com a pesquisa CNT/MDA.
No Sul e no Sudeste, ele já foi enterrado.
Marcela sem censura
Brasil Quarta-feira,15.02.17 23:00
A Folha publicou a íntegra da matéria que havia sido censurada pela Justiça a pedido do presidente Michel Temer (leia aqui, aqui e aqui).
Com o título <Hacker ameaçou jogar nome de Temer ‘na lama’> com divulgação de áudio, a reportagem é baseada no processo de extorsão de Marcela Temer contra o hacker Silvonei de Jesus Souza, que teve o sigilo suspenso recentemente.
Souza clonou todo o conteúdo de um celular e das contas de e-mail da primeira-dama, e tentou extorqui-la em R$ 300 mil.
O objeto da ameaça, segundo o jornal, foi um áudio de WhatsApp enviado por Marcela a seu irmão, Karlo Augusto Araújo.
Os diálogos entre Marcela e o hacker ocorreram por mensagens de texto, em abril de 2016, e foram anexados ao processo. No entanto, nenhum arquivo roubado pelo hacker -- nem o áudio que ele ameaçou divulgar -- foi anexado ao processo.
Leia a troca de mensagens entre Souza e Marcela reproduzidas pela Folha:
Souza:
"Pois bem como achei que esse vídeo [na verdade, áudio] joga o nome de vosso marido [Temer] na lama.
Quando você disse q ele tem um marqueteiro q faz a parte baixo nível... pensei em ganhar algum com isso!!!
Por isso sou do MAL??? Não...
Tenho uma lista de repórteres que oferecem [R$] 100 mil cada pelo material que somente comentei por texto o tem no vídeo [áudio, segundo a Folha]."
Marcela: 
"Você acha que isso prejudicaria alguém?
Então, você quer dinheiro por causa desse áudio?
Você faz uma interpretação de um áudio e acha que tem algo errado aí?
Será que sou eu mesma falando?".
De acordo com a Folha o marqueteiro mencionado pelo hacker é Arlon Viana, assessor de Temer.
Câmara aprova repatriação -- ou pressionar é preciso
Brasil 15.02.17 20:50
A Câmara acaba de aprovar o texto-base do projeto que reabre o prazo de repatriação de bens e recursos mantidos no exterior.
Os deputados derrubaram o dispositivo que permitia que parentes de políticos pudessem aderir ao programa.
Agora o projeto vai para o Senado.
Pressionar é preciso.




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