PRIMEIRA EDIÇÃO DE 27-01-2017 DO "DA MÍDIA SEM MORDAÇA"
NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
SEXTA-FEIRA, 27 DE JANEIRO DE 2017
Investigadores temem que Eike Batista fuja para a Alemanha, onde tem cidadania, para tentar a proteção da constituição local, que proíbe a extradição de nacionais. O Brasil observa o mesmo princípio. Em 2005, a Alemanha negou a extradição de um acusado de terrorismo com cidadania alemã. E ainda alterou a lei da União Europeia que obrigava o país a extraditar o criminoso, em nome do combate ao terrorismo.
O parágrafo 2º do artigo 16 da Constituição alemã é claro: “nenhum cidadão alemão pode ser extraditado para o estrangeiro”.
A Grundgesetz, conjunto de leis básicas alemãs, pode ser usada para garantir a Eike permanência na Alemanha até o fim do seu processo.
A Constituição da Alemanha prevê a perda de cidadania após a Justiça decidir pelo seu cancelamento, a título de punição. Mas cabe recurso.
Foragido, o ex-banqueiro Salvatore Cacciola vivia sem problemas na Itália, sob proteção das leis locais, até ser preso numa visita a Mônaco.
O Senado gastou R$684 mil com a compra de passagens aéreas para as “missões oficiais” no exterior, em 2016. Nessa conta não estão incluídas as despesas com diárias e hotéis. A farra também não inclui os deslocamento dos senadores por avião de carreira, que somaram R$ 5,94 milhões de janeiro a dezembro. Para o Fórum Parlamentar do Brics, em Moscou, foram desembolsados R$16,86 mil só em diárias.
Para viajar a Moscou, Lindbergh Farias (PT-RJ) embolsou R$4.080, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), R$5.457 e Renan Calheiros R$3.359.
No geral, Lindbergh Farias foi o que mais gastou com passagens, em 2016. Pediu o reembolso de R$ 285.445,80. E a gente, ó, só pagando.
Em “missão oficial”, as passagens podem ser emitidas pelo Senado ou compradas pelo próprio parlamentar, para posterior ressarcimento.
Impressiona como Eike Baptista vinha sendo poupado desde 2013, quando iniciou o declínio do seu império de US$30 bilhões. Acusado de aplicar golpe bilionário em investidores de todo o mundo, nunca foi incomodado nem por repórteres na sua porta pedindo-lhe explicações.
O ex-Governador Sérgio Cabral passa o aniversário nesta sexta (27), bem distante dos locais que frequentava, no exterior, gastando a grana roubada do povo do Rio de Janeiro: a penitenciária de Gericinó.
Confirmada sua eleição para a Presidência do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) tem sido aconselhado a, na pátria dos grampos, mandar fazer varredura rigorosa no gabinete e na resistência oficial do Senado.
O ex-Presidente Lula tem motivo de sobra para se preocupar com o pedido de prisão de Eike Batista. Foi no Governo Lula que o grupo empresarial de Eike faturou como nunca com recursos públicos.
Na lista tríplice para desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF-5), no Nordeste, Luciano Guimarães (AL) tem currículo muito elogiado, mas seu problema é o padrinho: Renan Calheiros.
Também disputam vaga no TRF da 5ª Região, Leonardo Carvalho (CE), apoiado pelo futuro Presidente do Senado, Eunício Oliveira, e Silvana Barreto (PE), ligada ao Ministro Francisco Falcão (STJ).
Em nota, os tributaristas paulistas Humberto Gouveia e Marcelo Knopfelmacher defenderam a indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal, alegando que o Ministro Justiça tem fortalecido e prestigiado a Polícia Federal na investigação da Lava Jato.
O portal Diário do Poder foi que descobriu a inclusão de Eike Batista na lista de procuradores da Interpol. O empresário acusado de pagar propina a Sérgio Cabral se junta a outros 160 brasileiros foragidos.
...pouca gente duvida que o muro entre Estados Unidos e México fique pronto antes de outro muro da vergonha, o de Alcaçuz.
NO DIÁRIO DO PODER
TENSÃO NO PIAUÍ
CHEGADA DE AGENTES DA PF EM TERESINA PREOCUPA POLÍTICOS DA REGIÃO
JATO DA PF DEIXA 20 FEDERAIS EM TERESINA, CAUSANDO APREENSÃO
Publicado: quinta-feira, 26 de janeiro de 2017 às 18:50 - Atualizado às 22:04
Redação
Movimentação da Polícia Federal em Teresina, Piauí, acendeu alerta entre políticos da região. Cerca de 20 policiais federal desembarcaram na madrugada desta quinta-feira, 26, no Aeroporto Petrônio Portela.
A PF diz que não há nenhuma operação no Estado e afirma que a presença do jatinho da corporação seja apenas para escala técnica. No entanto, especula-se que possa estar em curso alguma diligência da Operação Lava Jato em Teresina.
Segundo informações do Portal AZ, a Superintendência Regional da Polícia Federal sequer sabia dessa movimentação. Nas operações nacionais os Estados nem sempre são informados, o que pode estar ocorrendo diante da presença da aeronave e dos agentes federais na Capital piauiense.
A SOMBRA DA ESFINGE
Carlos Chagas
Sexta-feira, 27-01-2017
Apesar do sigilo imposto pelo falecido Ministro Teori Zavaski e religiosamente mantido pela Ministra Carmem Lúcia, continuam sendo pinçados nomes de políticos importantes como alvo das 77 delações premiadas feitas por ex-diretores da Odebrecht. Dentro de mais uns dias, no Congresso e na mídia, os mais de cem implicados nas denúncias serão conhecidos, iniciando-se as investigações pelo Ministério Público e a Polícia Federal e, em seguida, o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal.
Por nossa conta e risco, já que nada foi oficializado, vamos fixar-nos em dois deles, conforme corre na Câmara e no Senado: Eunício Oliveira e Rodrigo Maia.
Ignora-se de que são acusados, ainda que o leque esteja aberto. Caixa Dois, recebimento ilegal de recursos, dinheiro irregular, peculato e outros enquadramentos, apesar de nada estar comprovado.
O diabo é que o Senador e o Deputado encontram-se no meio da fogueira. São os favoritos para se tornar Presidentes do Senado e da Câmara. Contam com votos de sobra para se elegerem no começo de fevereiro. Só não se sabe se antes ou depois de conhecida a lista da Odebrecht. Eleitos antes, poderão suas posses ser contestadas por seus próprios eleitores? Depois, não deixariam em má situação as respectivas casas legislativas?
Pode ser que se trate de injustiça, exagero ou excesso por parte dos denunciantes. Gastos de campanha, feitos de acordo com a lei, podem ser confundidos com irregularidades. Tanto Eunício quanto Rodrigo terão todas as prerrogativas para defender-se. Mas se não conseguirem? Aparecerão candidatos de última hora para substituí-los? E se forem condenados pelo Supremo Tribunal Federal?
A sombra da desmoralização paira sobre pelo menos a metade do Congresso, tornando-se uma questão de dias, quem sabe de horas, decifrar o enigma da esfinge que sobrevoa a Praça dos Três Poderes.
COMIGO MESMO!
Sexta-feira, 27-01-2017
Convidada pelo colega Ney Suassuna (PMDB-PB) para acompanhá-lo no jantar oferecido ao Príncipe Philippe, da Bélgica, na embaixada de seu país em Brasília, a então Senadora Íris Araújo (PMDB-GO) pilheriou:
- Só se for para entrar de mão dada com o senhor. É para dar o que falar!
Ney Suassuna topou na hora:
- Dar o que falar é comigo mesmo!
NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Lula é Eike Batista amanhã
O ex-Presidente e o empresário falastrão nasceram um para o outro: ambos são vendedores de nuvens
Por Augusto Nunes
Quinta-feira, 26 jan 2017, 17h50 - Atualizado em 26 jan 2017, 19h22

Lula é Eike amanhã
Lula é o Eike Batista da política e Eike é o Lula do empresariado, constatou na primeira linha o texto que evocou, em outubro de 2013, um punhado de semelhanças entre os dois destaques do elenco da Ópera dos Vigaristas. Um era o inventor do Brasil Maravilha, que só existe na papelada registrada em cartório. Outro era o fundador do Império X ─ no caso, X é igual a nada.
O pernambucano gabola que inaugurava uma proeza por dia se elogiava de meia em meia hora por ter feito o que não fez. O mineiro mitômano que ganhava uma tonelada de dólares por minuto se cumprimentava o tempo todo pelo que disse que faria e não fez.
O Presidente onisciente, onipresente e onipotente, entre outros colossos, prometeu inaugurar em 2010 a transposição das águas do São Francisco. O rio permanece no mesmo leito. O empreendedor milagreiro driblava o tempo com gerúndios e verbos no futuro, vivia fazendo superportos e plataformas marítimas de assustar engenheiro inglês. Não saiu da maquete sequer a reforma do Hotel Glória.
Lula se intitulou o maior dos governantes desde Tomé de Souza sem ter produzido uma única obra física visível a olho nu. Eike entrou e saiu do ranking dos bilionários da revista Forbes sem que alguém conseguisse enxergar a cor do dinheiro.
Lula berrava em 2007 que a Petrobras tornara autossuficiente em petróleo o País que, graças às jazidas do pré-sal, logo estaria dando as cartas na OPEP. A estatal foi destruída pelo maior esquema corrupto do mundo e o Brasil importa combustível. Eike não parava de encher barris com o produto de jazidas que continuaram intocadas nas funduras do Oceano. Os lucros que extraiu vieram dos cofres assaltados pelo bando do Petrolão.
Político de nascença, Lula enriqueceu como camelô de empreiteiros. Filho de um empresário muito competente, Eike adiou a falência graças a empréstimos fabulosos do BNDES (com juros de mãe extremosa e prestações a perder de vista), parcerias com estatais (sempre prontas para financiar aliados do PT com o dinheiro dos pagadores de impostos) e adjutórios obscenos do Governo Federal.
Lula só poderia chegar ao coração do poder num lugar onde tanta gente confia em eikes batistas. Eike só poderia ter posado de gênio dos negócios num país que acredita em lulas.
É natural que tenham viajado tantas vezes no mesmo jatinho. É natural que se tenham entendido tão bem. Nasceram um para o outro. Os dois são vendedores de nuvens. Mentem mais que espião de cinema. Enquanto festejavam a fortuna da Petrobras guardada no fundo do Mar, saquearam a empresa em terra firme. Era previsível que tivessem o mesmo destino.
Nesta quinta-feira, 26, o Brasil soube que o empresário apresentado pelo ex-Presidente como exemplo para o País vai purgar na cadeia seus incontáveis pecados. O ex-Presidente promovido pelo empresário a estadista do século logo percorrerá o caminho que passa por um tribunal e termina numa cela. Lula é Eike amanhã.
NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Cabral, o imodesto: MPF já recuperou R$ 270 milhões
O ex-Governador do Rio surpreende até aqueles que o investigam e esperam dele o pior. A força-tarefa apostava num desvio da ordem de R$ 224 milhões
Por Reinaldo Azevedo
Sexta-feira, 27 jan 2017, 07h36
Que coisa!
O Ministério Público Federal informa que já conseguiu recuperar R$ 270 milhões da roubalheira praticada por Sérgio Cabral, ex-Governador do Rio. Parte disso está em barras de ouro e diamantes. E a força-tarefa está certa de que ainda não encontrou todo o tesouro da caverna. Que coisa espantosa!
Bem, o arquivo do meu blog revela o que penso sobre este senhor. Sempre o considerei um oportunista vulgar e um falastrão inconsequente. Mas daí a imaginar que pudesse se dedicar ao assalto aos cofres públicos com a sanha que ora se verifica? Bem, vamos ser claros: ninguém se espanta ao saber que Cabral se meteu em sujeira. Mas todos se surpreendem com a magnitude do esquema criminoso.
Atenção! O MP diz ter recuperado, até agora, a fábula de R$ 270 milhões. E está certo de que isso é apenas parte do que o valente conseguiu amealhar. A ser como diz o MPF, o Rio não tinha um Governador na cadeira do chefe do Poder Executivo, mas um gatuno.
Não! Não foi apenas a corrupção que levou o Estado do Rio à falência. Mas certamente não seria com tipos como Cabral que se enfrentaria a contento um momento difícil. O resultado está aí, aos olhos de todos.
E não pensem que a carreira de milionário de Cabral começou só depois de ter assumido o Governo do Rio (de 2007 a abril de 2014). Não! Entre 2002 e 2007, informa o MP, ele enviou a bagatela de US$ 6 milhões ao exterior. O que ele fez nesse período? Ah, foi Presidente da Assembleia Legislativa do Rio e Senador da República. Como se nota, o homem sabe fazer com que um cargo público renda dinheiro.
Para o Ministério Público Federal, Eike Batista foi um dos grandes ocultadores da sujeira que Cabral fazia.
O ex-Governador do Rio surpreende até aqueles que o investigam e esperam dele o pior. A força-tarefa apostava num desvio da ordem de R$ 224 milhões. Como se vê, o que já foi recuperado supera esse montante. Agora os investigadores apostam num novo teto para a sem-vergonhice de Cabral: US$ 100 milhões — ou R$ 340 milhões.
Ele nunca foi um homem modesto e de ambições pequenas.
Quem tem boa memória sabe: o homem chegou a ser cotado para vice de Dilma em 2014, e se falava nele, nessa perspectiva, como um futuro presidenciável.
Propina e Caixa Dois É claro que Caixa Dois e propina são igualmente condenáveis. Mas é certo que não são a mesma coisa, embora a segunda costume ser feita com dinheiro da primeira.
O que acho notável em Cabral é que nem mesmo se percebe nele a centelha de alguma convicção inclinada para o bem comum ou partidário. Estava disposto a se tornar um milionário. E atuou com determinação.
Sim, há gente que se enrolou na Lava-Jato em razão do dinheiro de campanha que não foi declarado, mas que não roubou um alfinete para si mesma. E há Sérgio Cabral.
Ele criou a sua própria estrutura criminosa, da qual era comandante máximo. As circunstâncias vividas pelo Rio — Copa do Mundo e Olimpíada — lhe deram a oportunidade de ouro de delinquir.
E ele não se fez de rogado.
NO BLOG DO JOSIAS DE SOUZA
Lava a Jato deve explicação sobre viagem de Eike
Josias de Souza
Sexta-feira, 27/01/2017 03:26
A ordem de prisão de Eike Batista consta de um despacho assinado pelo Juiz Federal Marcelo Bretas em 13 de janeiro de 2017. Mas só nesta quinta-feira (26), 13 dias depois da expedição do mandado judicial, os agentes federais foram à mansão do ex-bilionário, no Rio. Não o encontraram. Informou-se que decolara para Nova Iorque dois dias antes, na noite de terça-feira.
Tacio Muzzi, Delegado da Polícia Federal, saiu-se com uma explicação singela: “Em relação à viagem do senhor Eike Batista, não havia prévio conhecimento. Estava-se acompanhando a movimentação dos investigados e, na madrugada de hoje (26), chegou ao conhecimento que poderia ter saído para fora do País na data do dia 24, na parte da noite.” Hummmm.
A fala do doutor contém um paradoxo que resulta num déficit de explicação. Ora, se “estava acompanhando a movimentação dos investigados”, por que a Polícia Federal não teve “prévio conhecimento” do deslocamento do investigado-mor? Por que a força policial precisou de quase duas semanas para executar a ordem que os investigadores requisitaram ao Juiz?
Advogado de Eike, Fernando Teixeira Martins, que trabalhou como agente da Polícia Federal de 2004 a 2015, acompanhou a batida de busca e apreensão na mansão do seu cliente. Disse que ele deseja retornar ao Brasil “o mais rápido possível” e tem a disposição de colaborar. Pode ser. Entretanto, se não for alcançado pelo Interpol, Eike só retorna se quiser. Leva no bolso um passaporte alemão. E não lhe faltam recursos.
A exemplo da Polícia Federal, também a Procuradoria renderia homenagens aos contribuintes se dissesse meia dúzia de palavras sobre a mobilidade de Eike. Afinal, o Juiz Marcelo Bretas anotou em seu despacho: “Caberá ao MPF [Ministério Público Federal] as providências devidas à execução das medidas.” Entre elas a prisão de Eike Batista.
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