PRIMEIRA EDIÇÃO DE 28-11-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
SEGUNDA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2016
O juiz Sergio Moro faz História, condenando executivos de poderosas empreiteiras como Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Correa à prisão, mas escapam de fininho os donos das empreiteiras, que se locupletaram dos lucros obtidos com os contratos bilionários, inclusive com a Petrobras, Eletrobras e outras estatais, sempre superfaturados, adquiridos no submundo da corrupção governamental.
Marcelo Odebrecht, Ricardo Pessoa (UTC) e Gerson Almada (Engevix) são sócios de suas empresas, mas foram presos por serem executivos.
Os sócios das empreiteiras que roubaram a Petrobras, inclusive majoritários, nem sequer são citados nas investigações da Lava Jato.
Até agora, a única ameaça aos sócios das empreiteiras é do Tribunal de Contas da União, que examina o bloqueio dos seus bens.
Não se aplicou o princípio do “domínio do fato” nos milionários proprietários da OAS, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez etc.
O ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero não esquenta lugar e tem muita sorte: estava no lugar certo, na hora certa, e muito cedo chegou ao primeiro escalão de um governo. Diplomata em início de carreira, ficou poucos meses no México, em 2011, porque logo cavou uma vaguinha na conferência ambiental Rio+20. Depois descolou um cargo no cerimonial da Prefeitura do Rio, e aí sua vida mudou em definitivo.
Já no cerimonial, Marcelo Calero conseguiu atuar nos preparativos dos 450 anos do Rio, credenciando-se ao olhar do prefeito Eduardo Paes.
Calero se ligou a artistas e a movimentos de minorias e logo acabaria secretário de Cultura do Rio, e tirou a sorte grande 15 meses depois.
Apesar de sua turma ser hostil a Temer, a vaidade falou alto e Calero aceitou ser ministro na crise da recriação do Ministério da Cultura.
Mesmo com o nome de Garibaldi Alves (PMDB-RN) dado como certo para presidência da Comissão de Constituição e Justiça, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o atual líder do PMDB e provável próximo presidente da Casa, mantém cautela: “Não definimos ainda na bancada”, disse.
Em encontro com prefeitos do PSDB, o senador José Aníbal (SP) levou o salão às gargalhadas ao agradecer o senador Pinto Itamaraty (MA): “Levanta aí, Pinto, para as pessoas te conhecerem”. Ninguém segurou.
Não falta quem lembre a Michel Temer, na crise, que os países ganhadores de Nobel de Literatura têm em comum que nenhum deles gasta dinheiro com a burocracia de um Ministério da Cultura.
As comissões de Direito Eleitoral e de Estudos Constitucionais da Ordem dos Advogados do Brasil vão sugerir ampla reforma eleitoral no País, que passaria a valer já para a eleição presidencial de 2018.
As comissões da OAB discutem o fim do voto obrigatório, a redução drástica do número de partidos e a redução do número de deputados e senadores. São presididas por Erick W. Pereira e Marcus V. Coelho.
A secretária de tantos segredos cabralinos atende pelo nome de Nelma. Não deve ser a mesma Nelma Kodama, doleira amante da operação Lava Jato. Mas a coincidência dos nomes é inquietante.
Nem sequer um pedido de grampo foi negado pela Justiça dos Estados Unidos no ano de 2015. Lá, onde a bandidagem não tem trégua, foram instalados 4.148 grampos, em 2015. No Brasil, só a operadora Vivo recebeu 2 milhões de ordens judiciais para instalar grampos neste ano.
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) acusa o governo Temer de tentar viabilizar a anistia ao “Caixa 2” de campanhas eleitorais. Mas ele se recusou a assinar o pedido para realizar essa votação nominalmente
...com a megadelação da Odebrecht, o ex-presidente Lula deve lembrar que há muito mais entre o Céu e a Terra do que um triplex e um sítio.

NO DIÁRIO DO PODER
NEM PENSAR
TEMER, RENAN E MAIA AFIRMAM QUE NÃO HAVERÁ ANISTIA AO CAIXA 2
TEMER DISSE QUE HÁ CONSENSO ENTRE EXECUTIVO E LEGISLATIVO
Publicado: domingo, 27 de novembro de 2016 às 12:30 - Atualizado às 19:26
Francine Marquez
Durante entrevista coletiva neste domingo (27), o presidente da República, Michel Temer (PMDB), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) reiteraram que não será aprovada a anistia ao Caixa 2.
Segundo Temer, há uma "unanimidade" entre os líderes do Executivo e do Legislativo sobre o tema. "É preciso ouvir a voz das ruas", disse. O presidente garantiu que o governo está atento as manifestações de rua e “vai atendê-las”.
Maia negou que exista qualquer tentativa de anistiar crimes. "Há uma falha de comunicação", afirmou. Segundo ele, nunca aconteceu debate entre ele e líderes para anistiar crimes. " Começamos a discutir algo que não existe".
O presidente da Câmara afirma que como essa emenda não foi assinada por nenhum líder, "Formalmente, ela não existe".
Na mesma linha de pensamento, Renan destacou que ele e Rodrigo Maia concordam que "a matéria não deve tramitar". Já que a pauta não é prioridade, e que as matérias econômicas são prioritárias e devem ser votadas para acelerar a retomada do crescimento nacional.


O PLANO DIABÓLICO DE MARCELO ODEBRECHT PARA ENTERRAR A LAVA JATO
Por Jorge Oliveira
Segunda-feira, 28-11-2016
Maceió - Marcelo Odebrecht, presidente licenciado da empreiteira, montou uma estratégia prodigiosa que pode livrar ele da cadeia e mais os seus 70 diretores que também fizeram deleção premiada em troca de penas menores ou do perdão pelos crimes da Lava Jato. Ao denunciar mais de 200 pessoas, dos quais mais de 100 políticos, como cúmplices da sua empresa nos atos de corrupção das estatais brasileiras, Marcelo pretende travar o processo, pois sabe que o STF vai demorar muito tempo para julgar os acusados.
Ora, se a principal Corte do País precisa de anos para analisar o processo de apenas um político é de supor que outras dezenas de anos deverão ser necessários para que o tribunal comece a julgar o primeiro da lista dos delatados pela Odebrecht. Desde o dia 31 de dezembro de 2015, primeiro ano da Lava Jato, já existem na mesa de Teori Zavascki, 7.423 processos. E em todo tribunal dormem outros 61.962. Os mais de 100 advogados da empreiteira já entregaram a defesa dos seus executivos aos procuradores, em pendrive. Convertido em outra montanha de papeis, os processos vão se acumular nos porões do STF. 
Ao oferecer ao Ministério Público a delação premiada de todos os diretores da sua empresa, Marcelo pretende engabelar os procuradores que não terão como estabelecer o critério de prioridade para ir fundo nas investigações tal a quantidade de informações recebidas. Apelidada de “Delação do fim do mundo”, esse processo da Odebrecht corre o risco de ficar na gaveta do STF até prescrever e os saqueadores das empresas públicas impunes, a exemplo de outros que estão por lá até hoje.
A papelada vai ocupar salas e mais salas do tribunal e exigir do ministro Teori Zavascki um esforço hercúleo para oferecer denúncias aos mais de 100 políticos envolvidos na caixinha da empreiteira. Antes, porém, terá que começar a ouvir as testemunhas de acusação e de defesa. Como todos conhecem a leniência do STF, é de imaginar o longo caminho que percorrerá esse processo a ter o seu desfecho final. 
Os procuradores, que acharam estar diante da maior delação do mundo, não imaginaram o tamanho do abacaxi ao aceitar que Marcelo incluísse na sua delação premiada todos os diretores da sua empresa. A esmola era grande e o cego não desconfiou. Assim, diante de tantos nomes revelados pela Odebrecht como envolvidos no esquema, é difícil saber por onde o STF deverá começar a operação do desmonte da gigantesca delação.
A estratégia de Marcelo foi traçada meticulosamente com seus advogados. Ele sabe que se entregasse apenas a cabeça dos ex-presidentes da república envolvidos na maracutaia e as dos políticos mais importantes, ainda atuantes no País, sua empresa e ele próprio estariam mais vulneráveis a retaliações, pois muitos deles não só tem mandatos como ainda dão as cartas no País. Assim é que ele decidiu embaralhar o jogo. Apresentou uma lista com centenas de nomes para dar a todos eles o mesmo peso na denúncia e distanciar também os notáveis dos julgamentos já que todos fazem parte dessa lista quilométrica.
O plano de Marcelo deu certo. Condenado a 19 anos de prisão, a sua pena deverá ser reduzida e ele irá para casa onde se submeterá a atos disciplinares até sair livremente às ruas. Pelo acordo, seus diretores não serão punidos. E muitos deles ainda receberão milhões de reais da empresa como compensação indenizatórias pela delação a pretexto de se protegerem do desemprego.
Enquanto isso, no STF, todos os processos da Lava Jato vão se acumulando até os fatos caírem no esquecimento da opinião pública. Não seria exagero dizer aqui que o processo da Lava Jato vai passar de mãos em mãos por anos a fio quando então os atuais ministros já teriam deixado o tribunal pela compulsória. Muitos dos réus jamais serão julgados, pois alguns serão beneficiados pela idade, outros pela prescrição de pena e a maioria terá seus processos arquivados.
Assim, os procuradores e o juiz Sérgio Moro, tão eficientes nas investigações da Lava Jato, um dia contarão aos seus netos que tentaram colocar o Brasil nos eixos, mas certamente esconderão dessa história a parte em que foram ludibriados por um tal Marcelo que os envolveu em um plano diabólico para transformar a operação Lava Jato em um amontoado de papeis inúteis e obsoletos.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Viúvo inconsolável
Lula revela que Fidel inventou a tirania democrática
Por: Augusto Nunes 
Domingo, 27/11/2016 às 22:31
“Nos piores momentos, quando ditaduras dominavam as principais nações de nossa região, a bravura de Fidel Castro e o exemplo da revolução cubana inspiravam os que resistiam à tirania. (…) Sinto sua morte como a perda de um irmão mais velho, de um companheiro insubstituível, do qual jamais me esquecerei. (…) Hasta siempre, comandante, amigo e companheiro Fidel Castro”. (Lula, aproveitando a nota publicada no Facebook sobre a morte de Fidel Castro para revelar que: 1) arranjou um assessor que sabe escrever “Até sempre” em espanhol”, 2) Fidel inventou a ditadura democrática e 3) a existência de presos políticos em Cuba é outra invenção de FHC.

NA VEJA.COM
Calero: “Me choca que interesses particulares ainda prevaleçam”
Em entrevista ao "Fantástico" neste domingo (27), o ex-ministro da Cultura confirma que gravou conversas com o presidente Temer e alguns de seus ministros
Por Da Redação
Domingo, 27 nov 2016, 22h26 - Atualizado em 27 nov 2016, 23h16
“Ficou patente que altas autoridades da República perdiam tempo com um assunto absolutamente paroquial.” Com esse desabafo, o diplomata Marcelo Calero justificou a decisão de pedir demissão do cargo de ministro da Cultura, detonando uma crise aguda que já se arrasta há mais de uma semana no governo do presidente Michel Temer. Em entrevista ao Fantástico deste domingo, Calero deu sua versão sobre os fatos que cercaram a saída do governo, motivada pela pressão que teria sofrido do colega Geddel Vieira Lima para liberar a construção de um edifício de alto padrão em Salvador, no qual Geddel teria adquirido um imóvel.
O empreendimento foi embargado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por estar localizado em área tombada como Patrimônio Cultural da União. A denúncia acabaria envolvendo o nome do próprio presidente e resultaria na demissão de Geddel do cargo de ministro da Secretaria de Governo.
No programa da Globo, Calero confirmou que fez gravações de conversas com nomes importantes da cúpula do governo – inclusive o presidente. Calero pediu demissão na sexta-feira (18) e, na quarta-feira (23), prestou depoimento à Polícia Federal e disse que o presidente Michel Temer o havia “enquadrado” e sugerido uma saída por meio da Advocacia-Geral da União para o caso. Por meio do porta-voz Alexandre Parola, Temer disse que buscou “arbitrar conflito” entre ministros e negou ter pressionado Calero por uma saída para o caso. Temer voltou a falar sobre a questão em entrevista coletiva concedida na manhã deste domingo, quando já estavam no ar as chamadas anunciando a entrevista de seu ex-ministro no Fantástico. Temer classificou de “indigno” um possível ato de gravar suas conversas.
Na conversa com a repórter Renata Lo Prete, o ex-ministro Calero disse que, “até por sugestão de alguns amigos na Polícia Federal”, gravou várias ligações telefônicas para se municiar de elementos nas denúncias que faria. Só uma dessas gravações – de conteúdo “protocolar”, nas suas palavras – teria sido com Temer. “Foi a conversa da minha demissão”, disse. Quando questionado pela jornalista se também teria gravado Geddel e o ministro-chefe da casa Civil, Eliseu Padilha, Calero foi evasivo: “Não posso responder a essas perguntas” – segundo ele, para não prejudicar a investigação em curso.
Calero se queixou de ser alvo do que chamou da “boataria” de que teria pedido uma segunda audiência com Temer no mesmo dia só para gravar a conversa. “Por ser diplomata, eu jamais entraria no gabinete presidencial para fazer isso”, declarou.
Segundo Calero, em uma conversa inicial com o presidente, ele teria saído contente por achar que Temer havia lhe dado razão. Num segundo encontro menos de 24 horas depois, no entanto, ele teria se decepcionado ao ouvir o presidente falar em outro tom: “Marcelo, eu tenho muito apreço por você, mas essa decisão do Iphan nos causou bastante estranheza.” De acordo com Calero, o presidente reclamou que a decisão do Iphan teria causado “dificuldades operacionais” ao governo. A repórter então perguntou o que queriam dizer as tais “dificuldades operacionais”. “Ele não explicou, disse apenas que decorriam do fato de que o ministro Geddel teria ficado muito irritado.” Temer teria recomendado, ainda, que o caso fosse encaminhado à Advocacia-Geral da União. E ensinou: “Marcelo, a política tem dessas coisas.”
Na entrevista, Calero rejeitou insinuações de que teria sido desleal. “O servidor tem de ser leal, mas não cúmplice”, disse. “Me choca ver que interesses particulares ainda prevaleçam”, adicionou. Por fim, ele deu sua interpretação para as razões da crise: “Eles acharam que eu faria qualquer coisa para preservar meu cargo de ministro. Mas não faria nada que não concorde, por cargo nenhum.”

NO BLOG DO JOSIAS
STF admite gravações camufladas como prova
Josias de Souza
Segunda-feira, 28/11/2016 03:27
Gravações clandestinas como as que o ex-ministro Marcelo Calero fez para documentar conversas que teve com Michel Temer e outas autoridades podem ser usadas como prova em processos judiciais. Esse entendimento foi adotado em várias decisões do Supremo Tribunal Federal. Num julgamento realizado há sete anos, em novembro de 2009, a Suprema Corte consolidou sua jurisprudência, atribuindo ‘repercussão geral’ à matéria. Apenas o ministro Marco Aurélio Mello votou contra (...).
O caso envolvia um recurso da Defensoria Pública do Rio de Janeiro contra decisão judicial que proibira o uso de uma conversa gravada clandestinamente como prova. Relator do processo, o então ministro Cezar Peluso, hoje aposentado, sustentou que a gravação era, sim, uma prova lícita. Ele citou decisões anteriores do Supremo, segundo as quais “a gravação pode ser usada como prova, no caso do registro de áudio de uma conversa feito por um dos interlocutores.”
Assim, embora Michel Temer considere que o ex-ministro da Cultura foi “indigno” ao gravá-lo às escondidas, o áudio captado por Marcelo Calero em diálogos com o presidente e outros ministros tem serventia legal. Pode ser aproveitado como matéria-prima para uma investigação e também como prova para reivindicar condenações.
Aplicada nesse processo de 2009, a ‘repercussão geral’ é uma ferramenta que o Supremo utiliza sempre que deseja sinalizar que determinada decisão, já consolidada pela reiteração, deve ser seguida pelas instâncias inferiores do Judiciário em processos semelhantes. Com isso, evita-se que casos repetidos subam até o Supremo, engarrando desnecessariamente seus escaninhos.

Perguntas que Temer é obrigado a ouvir constrangem mais que suas respostas
Josias de Souza
Domingo, 27/11/2016 19:52
Percebe-se que um país está em apuros quando o presidente convoca uma entrevista e, depois de ouvi-lo atentamente por mais de uma hora, as pessoas chegam à conclusão de que ele não tem nada a dizer. A conversa que Michel Temer teve com os jornalistas neste domingo foi constrangedora.
O embaraço foi maior pelas perguntas que o presidente teve que ouvir do que pelas respostas que ele não conseguiu oferecer. Numa das indagações, uma repórter mostrou a que ponto Temer chegou: “O senhor teme as delações da Odebrecht? Teme alguma outra baixa no primeiro escalão? Teme que essa delação atinja o governo federal?”
Com a queda de Geddel Vieira Lima, subiu para seis o número de ministros que saíram do governo pela porta de incêndio. E os delatores da Odebrecht apontam o dedo duro na direção de pelo menos mais dois amigos e auxiliares de Temer: Eliseu Padilha e Moreira Franco.
Acossado, Temer respondeu com a sinceridade dos apavorados: “Olha, dizer que não haveria preocupação, eu estaria sendo ingênuo, não é? Claro que, quando se fala que [a delação] vai alcançar 150 pessoas da classe política, há uma preocupação de natureza institucional.”
Temer prosseguiu: “ No tocante aos ministros, eu vou verificar o que é que vem, não é? […] Quando vier, nós vamos verificar caso a caso. Não posso falar genericamente o que vai acontecer ou o que não vai acontecer. Agora, a sua pergunta, enfim, a força da sua pergunta é: há precoupação? Há, claro! Não há dúvida que há. Não podemos ser ingênuos.”
Outra repórter foi à jugular do entrevistado: “Em relação ao Geddel, quero saber se não demorou demais para ele sair do governo. Em relação ao Padilha, quero saber se o senhor vai mantê-lo no cargo, se não considera que ele cometeu crime de advocacia administrativa.” Numa pergunta, insinuou-se que Temer foi inepto. Noutra, sugeriu-se que o presidente pode reincidir na lentidão.
E Temer: “…Eu sei como conduzir esses diálogos de molde, muitas vezes, a gerar um pedido de demissão. Então, isso levou alguns dias. É claro, ganhou uma dimensão extraordinária, porque colocou, se me permite a expressão, no meu colo, não é? Como se eu fosse advogado de uma causa: a história do apartamento [de Geddel, na Bahia].”
O presidente acrescentou: “Sou obrigado a concordar com a senhora que realmente a demora não foi útil. Não tenho a menor dúvida disso. Se tivesse demorado menos seria melhor. Mas também não causa prejuízos de monta.''
E quanto a Eliseu Padilha? “O que o Padilha fez foi exatamente o que, de alguma maneira, eu disse quando… porque ele [o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero] conversou com o Padilha e disse que tinha esse conflito [entre o Iphan da Bahia e o Iphan nacional em relação ao embargo do prédio em que Geddel adquirira um apartamento]. E o Padilha sugeriu aquilo que a lei determina: ‘olhe, mande ouvir a Advocacia-Geral da União. Não há nenhuma razão, nesse momento, para qualquer medida dessa natureza [o afastamento de Padilha da Casa Civil].”
A alturas tantas, uma terceira repórter submeteu Temer a uma situação muito parecida com um xeque-mate, aquela posição do jogo de xadrez em que o rei fica vulnerável, impossibilitado de ser defendido por outra peça no tabuleiro ou de fugir do ataque adversário.
Disse a repórter: “O senhor deu a sua versão da história [do embargo à construção do edifício de apartamentos que interessa a Geddel]: tinha um conflito. E deveria, então, ser arbitrado pela Advocacia-Geral da União. Alguns juristas têm apontado uma certa inconsistência nessa versão pelo seguinte: o Iphan é um órgão só. O Iphan nacional teria hierarquia sobre o Iphan da Bahia. Não haveria um conflito de órgãos para ser dirimido. E, por outro lado, o senhor falou que estava arbitrando um conflito entre ministros… A questão é que, aparentemente, não era um conflito institucional entre a pasta da Secretaria de Govenro [chefiada por Geddel] e a da Cultura [comandada por Calero].”
Encerrado o preâmbulo, a repórter fez o movimento fatal: “Era um conflito de natureza particular, interesse particular do ministro [Geddel]. Queria que o senhor me apontasse por que o presidente deveria arbitrar conflitos de natureza particular. O que justificaria o envolvimento do presidente nessa questão?”
Temer vagou a esmo pelo tabuleiro: “Em primeiro lugar, vou consertar sua pergunta. Se você estiver gravando —isso é muito comum, hoje, não é?—, verá que eu disse que estava arbitrando um conflito de natureza administrativa entre órgãos da admisnitração pública: o Iphan da Bahia tinha uma posição, o Iphan nacional tinha outra posição [sobre o embargo da obra em Salvador]. …Eu disse: mande para a AGU, a Advocacia-Geral da União. Ela arbitra essa questão.”
Ficou sem resposta a indagação sobre a ausência de conflito entre órgãos públicos, já que o Iphan é um só e a unidade nacional tem supremacia hierárquica sobre o núcleo baiano. Mas Temer engatou uma segunda marcha. E seguiu adiante: “…Sempre que houver conflito, entre quem quer que seja, mesmo entre ministros, eu vou arbitrá-los. Foi o que eu fiz ao longo da vida. Eu não estava patrocinando nenhum interesse privado, data venia. Não há razão para isso. Se você disser: mas não foi útil, não foi conveniente. De fato, eu disse até ao ministro: foi uma inadequação [Geddel ter usado o seu prestígio para defender um interesse privado]. A conduta inadequada não pode ser feita.”
Ai, ai, ai… Se a conduta de Geddel era “inadequada”, bastava eliminar a inadequação. Desnecessário meter a Advocacia-Geral da União na causa. Se “há preocupação” em relação às revelações que a turma da Odebrecht joga no ventilador, convém antecipar-se ao problema. Melhor chamar os amigos alvejados para uma conversa do que esperar para “verificar o que é que vem”.
Temer passa a impressão de que já não preside os fatos, é presidido por eles. O presidente não chegou a essa situação inadvertidamente. Sabia muito bem quem estava nomeando. Parece agora decidido a subverter o brocardo. Quer provar que é errando que se aprende… A errar.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Militares viram alvo na onda anti-corrupção, enquanto Temer, Renan e Maia firmam união contra MP e Judiciário
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Nenhuma instituição parece livre dos fluxos e impactos da onda tsunâmica de combate à corrupção no Brasil. O Procurador-Geral da Justiça Militar, Jaime de Cássio Miranda, criou um Núcleo de Combate à Corrupção que trabalhará ligado ao Centro de Pesquisa, Análise, Desenvolvimento de Sistema e Apoio à Investigação do Ministério Público Militar. O instrumento foi criado pela portaria 175 do MPM, publicada no último dia 21 de novembro. Miranda frisou que a “corrupção que assola o País e atinge várias esferas da administração pública, inclusive a administração militar, envolvendo ou não agentes públicos”.
A cúpula militar é a favor da medida, porém não fará declarações públicas que coloquem mais fogo na guerra de todos contra todos os poderes. Burocraticamente, o Núcleo do Combate à Corrupção da Justiça Militar acompanhará diligências e a análise de provas. Também poderá orientar quanto às providências cabíveis em casos de crimes contra o patrimônio público e de improbidade administrativa. São considerados crimes militares de competência do Ministério Público Militar os praticados por integrantes das Forças Armadas no exercício de suas funções, bem como aqueles praticados contra a ordem administrativa militar, o patrimônio das Forças Armadas, fraudes previdenciárias ou irregularidades em licitações. 
Enquanto o "Efeito Lava Jato" chega à área militar, os poderes Executivo e Legislativo firmam um claro pacto de sobrevivência contra o Judiciário e o Ministério Público. A incomum entrevista coletiva conjunta, em pleno domingão, entre o Presidente Michel Temer, e os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Rodrigo Maia, foi o sinal da união entre aqueles que são alvos de ações anti-corrupção. Temer teve até de admitir sua "preocupação institucional" com a versão de que 74 dirigentes da Odebrecht tenham firmado delações premiadas que comprometem 130 deputados, senadores e ministros, além de 20 governadores e ex-governadores.
A nova estratégia de comunicação do Palácio do Planalto, tentando dar respostas mais rápidas a temas que afetam negativamente o governo, não teve resultado imediato. A culpa foi do Fantástico da Rede Globo. Editorialmente, o programa moeu Michel Temer no episódio da demissão, a contragosto do Presidente, de seu amigo e ministro de confiança, Geddel Vieira Lima, depois de uma estúpida interferência palaciana para beneficiar o baiano em um negócio particular - a construção de um prédio luxuoso em Salvador, com mais andares que o permitido pela legislação local e pelo Instituto Histórico do Patrimônio Cultural (Iphan).
O episódio comprovou a fragilidade de Michel Temer. O Presidente da República agora é, indiretamente, investigado pela Polícia Federal. Agentes fazem a transcrição de conversas com Temer, Geddel e o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) - tudo indiscretamente gravado pelo ex-ministro da Cultura, Alexandre Calero. Ao Fantástico, o "gravador" se justificou: "Eu vi algumas declarações dizendo que eu teria sido desleal. Eu acho que o servidor público tem que ser leal, mas não pode ser cúmplice. Leal, mas não cúmplice".
Na entrevista do meio do domingo (27), Temer reagiu com indignação ao "grampo" feito por Calero: "Com toda franqueza, gravar clandestinamente, sempre algo desarrazoável, é indigno. Um ministro gravar o presidente da República é gravíssimo. Se gravou, eu espero que essa gravação logo venha à luz, vou exigir que venha à luz. Vocês sabem que sou cuidadoso nas palavras, jamais diria algo inadequado. Eu não estava patrocinando nenhum interesse privado, data venia".
Se Temer ficou na defensiva, Renan Calheiros aproveitou a coletiva para se manter na ofensiva. Quase réu no STF, Renan justificou sua luta em favor do novo regramento que trata do Abuso de Autoridade: "Vamos votar essa matéria no dia 6 de dezembro. A lei vigente no Brasil foi editada em 1965, sob o governo Castelo Branco. Ela estabelece penas brandas, o que estimula o abuso de autoridade. Não é contra o abuso em algum lugar. É contra abuso em qualquer lugar. As leis têm que ser atualizadas no tempo da sociedade e não no tempo das corporações. O Brasil não pode caracterizar sua democracia pelo abuso de autoridade".
No mesmo embalo, Renan tocou na questão dos super salários, com o cinismo tático costumeiro: "Essa é uma pauta de sempre do Congresso. Outro dia alguém me perguntou se eu não sabia da existência de super salários no Judiciário e no Ministério Público. Respondi com a maior sinceridade: "não sabia". Eu sabia da existência no Legislativo. E os enfrento desde de 2013. Não fui criticado pelo Judiciário, mas por entidades do Judiciário que não conseguem sair dessa visão corporativa. Mas isso é um acinte. O País, com tanta desigualdade, num momento de controle de gastos, conviver com super salários?".
Temer, Renan e Maia só faltaram jurar que firmaram um pacto para rejeitar qualquer proposta de anistia aos crimes de Caixa 2. A Velhinha de Taubaté, que assistiu à entrevista inteirinha, proclamou, imediatamente: "Acredito neles, e no Negão da Chatuba fantasiado de Papai Noel"...
(...)

NO O ANTAGONISTA
Eike é jóia
Brasil Segunda-feira, 28.11.16 08:30
A mulher de Sérgio Cabral, “Lourdinha”, ganhou anéis de 600 mil reais.
Ela ganhou também dinheiro de Eike Batista.
Segundo a coluna de Lauro Jardim, o MPF suspeita que os pagamentos da EBX ao escritório de Adriana Ancelmo estejam “relacionados à vitória do consórcio Odebrecht/IMX na licitação do Maracanã”.
O Rei do Gado na PF
Brasil 28.11.16 08:10
A PF pegou Marcelo Miranda, governador de Tocantins.
Ele é alvo de mandado de condução coercitiva na Operação Rei do Gado.
A estratégia "Lourdinha"
Brasil 28.11.16 08:08
Márcio de Freitas, um dos mais importantes assessores de Michel Temer, recebeu 109 mil reais em salários durante a campanha presidencial.
O dinheiro saiu da conta de Dilma Rousseff.
Ele disse à Folha de S. Paulo:
"A estratégia da defesa [de Michel Temer] sempre foi baseada na separação da arrecadação, não na separação dos gastos".
A reportagem perguntou se, com isso, ele estaria admitindo a possibilidade de seu salário ter sido pago por fontes ilegais.
Ele respondeu:
"Só a Justiça eleitoral poderá responder a essa pergunta".
A estratégia de Michel Temer junto ao TSE é igual à de “Lourdinha”, a mulher de Sérgio Cabral: ela ganhou um anel de rubi, mas não sabia que havia sido comprado com dinheiro roubado.
Caixa comum de Dilma e Temer
Brasil 28.11.16 07:55
A campanha de Dilma Rousseff, em 2014, pagou o salário de quatro assessores pessoais de Michel Temer.
De acordo com os dados publicados pela Folha de S. Paulo, a chefe de gabinete, dois assessores de imprensa e o assessor jurídico do atual presidente “receberam, juntos, 543 mil reais de julho a outubro de 2014”.
Se o TSE cassar Dilma Rousseff, terá de cassar também Michel Temer.
Nordeste reage
Economia 28.11.16 07:47
A Folha noticia que governadores do Nordeste se rebelaram contra o pacote de medidas de austeridade que o Ministério da Fazenda apresentou na semana passada como contrapartida para que os Estados fiquem com R$ 5 bilhões referentes à parcela de multas pagas no programa de repatriação de recursos mantidos no exterior.
Paulo Câmara, governador de Pernambuco, virou porta-voz do grupo:
"A gente tinha feito a reunião para acertar compromissos gerais com o ajuste fiscal, apoio às reformas como a da Previdência e, na hora da coletiva, Meirelles veio com um detalhamento de questões que nunca vão ser unificadas entre os 27 Estados. É impossível."
As jóias da imprensa
Brasil 28.11.16 07:43
Por favor, releia o que O Antagonista publicou antes de ontem sobre a fortuna acumulada por Lulinha.
E releia também o que publicamos nos últimos meses sobre o assunto.
Os outros jornais não deram uma linha sobre esses relatórios da PF. Mas isso vai mudar em breve.
A imprensa é como a H. Stern: só emite nota fiscal depois da prisão dos criminosos.
GAMECORP, DE LULINHA, FATUROU 317 MILHÕES
Brasil 26.11.16 09:31
A Lava Jato chegou ao núcleo empresarial da família Lula da Silva. Laudo técnico da Polícia Federal, obtido por O Antagonista, revela que a Gamecorp, de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, embolsou mais de R$ 317 milhões entre 2005 e 2016.
O dinheiro circulou por 12 diferentes contas bancárias.
MAIS 20 MILHÕES
Brasil 26.11.16 10:19
A quebra do sigilo bancário da G4 Entretenimento mostra que essa outra empresa de Lulinha faturou mais R$ 19,7 milhões, elevando a quase R$ 350 milhões o total de recursos embolsados pelo primogênito de Lula.
O Laudo da PF mostra que a maior parte desse valor teve origem no Grupo Gol, de Jonas Suassuna e no próprio Instituto Lula.
QUEM PAGOU O APARTAMENTO DE LULINHA?
Brasil 25.10.16 09:06
Lulinha ganhou um apartamento de Jonas Suassuna.
Você está cansado de saber disso. Já leu trezentas matérias a esse respeito.
Mas você não sabe o aspecto mais espantoso desse negócio. Um aspecto que só foi revelado agora, por meio de um laudo da PF.
Jonas Suassuna registrou o apartamento em seu nome, mas não pagou por ele. Ou, pelo menos, não há sinal desse pagamento. Isso mesmo: o dinheiro não saiu de suas contas.
Quem pagou? E de que maneira?
É o que a PF quer descobrir.
JONAS SUASSUNA, O MECENAS
Brasil 21.10.16 18:08
As quebras dos sigilos bancário e fiscal da Editora Gol e da Gol Mídia também revelam pagamentos altíssimos de Jonas Suassuna a Lulinha e seus sócios, Fernando e Kalil Bittar.
A PDI Processamento Digital, de Kalil, recebeu 35 repasses num total de R$ 4,17 milhões da Editora Gol e mais R$ 1,4 milhão da Gol Mídia. A PDI foi usada por Kalil para comprar equipamentos (geladeira, coifa etc.) para o apartamento de Lulinha (que está em nome de Suassuna).
A Coskin, de Fernando Bittar, recebeu outros R$ 2,28 milhões. A Gamecorp e a G4, ambas de Lulinha, foram destinatárias de outros R$ 1,1 milhão da Gol Mídia.
Lula é o próximo "João Cabra"
Brasil 28.11.16 07:23
Sérgio Cabral comprava jóias com dinheiro vivo.
Os laranjas de Lula compravam cozinhas e terrenos com dinheiro vivo.
A mesma PF que desvendou o esquema de “João Cabra” e “Lourdinha” na joalheria Antonio Bernardo, desvendou também o esquema do “Amigo” na Odebrecht e a fortuna acumulada por Lulinha e seu operador Jonas Suassuna, cujas empresas, como mostrou O Antagonista, faturaram 350 milhões de reais.
Quando o caso de Lula for detonado, vai acontecer com ele exatamente o que está acontecendo com Sérgio Cabral.
A ruína será completa.
Lavanderia de rubis
Brasil 28.11.16 06:53
Sérgio Cabral e sua mulher gastaram mais de 7 milhões de reais em jóias, pagas com dinheiro vivo.
O Fantástico mostrou algumas delas, como o anel de rubi de 600 mil reais.
A H. Stern só emitiu notas fiscais das jóias depois da prisão de Sérgio Cabral. A joalheria Antonio Bernardo não emitiu notas fiscais nem depois da prisão.
EXCLUSIVO: CÚPULA DO BNDES QUE AJUDOU BUMLAI TEM BENS BLOQUEADOS
Brasil Domingo, 27.11.16 21:00
A Justiça Federal em Dourados determinou a indisponibilidade de bens e recursos financeiros de Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES, e de outros 19 diretores e empresários, num total de R$ 665,7 milhões.
O Antagonista revelou o bloqueio em agosto e agora teve acesso exclusivo à ação de improbidade, que responsabiliza a cúpula do banco pela concessão de empréstimos sem garantias à Usina São Fernando, de José Carlos Bumlai, o amigão de Lula.
Além de Coutinho, são alvos da ação o próprio Bumlai e seus filhos Maurício e Guilherme, além do BTG, Banco do Brasil e a Usina São Fernando.
Os demais réus são: Gil Bernardo Borges Leal, Carlos Eduardo de Siqueira Cavalcanti, Maurício dos Santos Neves, Júlio César Maciel Raimundo, Plínio Bastos de Barros Netto, Bernardo Bueno Bastos de Barros, Maria Alves Felippe, Anita Rabaca Feldman, Victor Emanoel Gomes de Moraes, Armando Mariante Carvalho Júnior, Claudia Pimentel Trindade Prates, Gustavo Lellis Pacifico Peçanha, Daniel Schaefer Denys, Renata Soares Baldanzi Rawet, Evandro da Silva, Luiz Fernando Linck Dorneles, João Carlos Ferraz, Eduardo Teixeira e Borges e Anna Clements Mannarino.

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