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SEGUNDA EDIÇÃO DE 10-8-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Valentina de Botas: Esse credo esquerdista nasceu dogmático, cresceu totalitário, caducou na idade adulta e deu errado somente onde foi tentado
As imoralidades dos políticos de oposição, se provadas, fazem-nos iguais perante a lei, mas não os igualam à substância aberrante e anômala do PT, partido que rouba nossa grana por um projeto de poder e saqueia a institucionalidade para se manter impune
Por: Augusto Nunes 
Quarta-feira, 10/08/2016 às 9:46
Desde que me entendo por gente interessada em política, li pichado nos muros do país o comando “Fora Figueiredo” no Brasil asfixiado pela ditadura; depois, vieram o “Fora Sarney” para o coronel arcaico que foi um péssimo presidente, mas representava a solução constitucional depois da morte do Tancredo; o “Fora Collor” para o coronel repaginado que me fez votar pela única vez em Lula acreditando que separava o joio do joio; o “Fora Itamar” contra o presidente que não fazia mal (ou bem!) nem a uma passista sem calcinha e concretizou o Plano Real, a melhor e maior janela que tivemos para o futuro; o “Fora FHC” lançado pelo PT que ama odiar Fernando Henrique; e agora o “Fora Temer”.
Contudo, o que sempre caiu fora foi a pobre coitada da vírgula requerida entre o verbo e o vocativo. Os Brasis de cada “Fora, Fulano” variaram e todos se encontram na crescente e avassaladora pichação contra a língua portuguesa. Há casos em que a vírgula é poderosa questão de escolha e é preciso compreendê-los para escolher; sei não, mas país que não sabe escolher quando usar a vírgula, talvez não saiba escolher governantes. Ainda que uma coisa, claro, não garanta a outra.
Caetano Veloso sabe usar vírgulas, seus tons e outros tons geniais na própria grande arte; fora dela, ele devota tudo ao credo traduzido na placa com erro gramatical (a vírgula ausente), no rompimento da institucionalidade (o desrespeito à Constituição que exige a posse do vice) e na vigarice intelectual (negando a legitimidade de Temer validada na eleição da chapa com Dilma). O grande artista, feito pensador num país intelectualmente desvitalizado e sucateado, professa o credo que, quase sem devotos na população brasileira, tem devoção quase unânime entre intelectuais, na academia e fora dela, e entre os artistas tornados crentes fanáticos.
O sombrio grupo de intelectuais e de artistas que submete a verdade – não a intangível verdade absoluta, mas aquela verificável na realidade observada – ao credo esquerdista é patética quando situa o PSDB no espectro ideológico de direita. Ora, só mesmo abaixo do Equador a social-democracia do hesitante PSDB não é considerada esquerdista; mas, de fato, o PT e Lula não são de esquerda, nem de direita – são oportunistas, a roupagem populista e carismática de que as “esquerdas puras” precisavam para finalmente chegar ao poder.
Assim, o PT, sem uma teoria política definida, mas com uma práxis política anômala e aberrante, amalgamou os esquerdismos mais rombudos nessa igreja de credo arcaizante – e, por isso e não por ser direitista, o PSDB como um partido democrático e sem tais deformações ficou de fora. Esse amálgama floresce com um protuberante antissemitismo, reforçada pelo antiamericanismo bocó e contemplando bandeiras estranhas à esquerda tradicional, como o feminismo e a igualdade racial, que se valem delas quando ficou claro que o proletariado se unia, sim, mas para comprar a casa própria e viajar nas férias com os pacotes da CVC. Preferindo o credo à liberdade, a academia coagulou o pensamento, imolando-o num altar das imposturas ideológicas que aboliu a especulação intelectual e a investigação sobre a verdade.
Esse credo esquerdista não seria problema se não fosse um credo, mas ele nasceu dogmático, cresceu totalitário, caducou na idade adulta e deu errado somente onde foi tentado. Como credo, está a salvo da realidade, imune à empiria e alheio ao contraditório. Os respectivos devotos submetem as artes, o gosto, a beleza e até mesmo o sexo a ele. Tudo bem, isso é lá com eles, só que também submetem a política/gestão pública à ética interna do credo. Aí não dá. Ora, a moral interna desse credo não só redime os governantes a ele alinhados das imoralidades na gestão pública regida por moral mais ampla e contrária (a legislação, a Constituição, valores consolidados ainda que não escritos, etc.), mas espera deles justamente essa conduta porque cobra ao mundo exterior que se se abra em devoção.
Daí o “Fora Itamar/FHC/Temer”; daí pretenderem que os eventuais crimes de Temer, Serra e Aécio na delação anunciada de Marcelo Odebrecht redimam os crimes provados de Lula, Dilma e do resto da súcia que, sustentando o credo que a sustenta, erigiu-se seita guardiã cujo sacerdote expandiu a catequese autoritária para o que o Brasil tinha de pior numa elite capitalista avessa a um dos fundamentos do capitalismo – a concorrência – e numa elite política marcada pela ideologia do atraso.
As imoralidades dos políticos de oposição, se provadas, fazem-nos iguais perante a lei, mas não os igualam à substância aberrante e anômala do PT, partido que rouba nossa grana por um projeto de poder; saqueia a institucionalidade para se manter acima da lei; castra o debate público atrelando-o àquele credo; aparelha o Estado para dobrá-lo ao credo; demoniza a dissidência; é autoritário; e faz tudo isso e mais impondo-se como tradução do bem.
Na infância, fiz da literatura meu refúgio contra muitas privações; era criança e não questionava causas ou consequências, só queria sonhar com outra realidade. Na adolescência, o questionamento incendiou minha rebeldia e o desejo de compreender; era jovem e, na minha prepotência juvenil, capacitava-me para a minha singela ambição recém adquirida de mudar o mundo, começando pelo Brasil.
A leitura de alguns intelectuais do século 20 os revelava, para mim, como transformadores políticos da realidade no combate a tiranos e, portanto, na defesa da liberdade e de um mundo mais justo. Muitos deles foram marxistas militantes nos diversos perfis da doutrina e, por isso, me afeiçoei a ela. O que durou pouco até eu me dar conta de que se trata de uma tirania brutal e minha desilusão com a intelectualidade só não foi generalizada porque os intelectuais alinhados com a tirania foram denunciados por outros intelectuais. É clássica, por exemplo, a obra do intelectual Julien Benda “A traição dos intelectuais”, de 1927, para quem o intelectual alinhado é traidor da liberdade com que deve se dar a especulação do pensamento.
Curada das doenças da juventude, me engano comigo mesma e ainda consigo me iludir e me desiludir com uma ou outra coisa, mas não com os artistas e intelectuais que preferem defender uma súcia a se libertar de um credo. Nem me espanta registrarem isso numa plaquinha moral e gramaticalmente mutilada.

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