TERCEIRA EDIÇÃO DE 03-7-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA FOLHA DE SÃO PAULO
Pós-Copa, hotéis demitem, fecham e viram até clínica médica
Raul Spinassé/Folhapress 
Hotel Pestana, considerado o primeiro grande cinco estrelas de Salvador, fechou neste ano
MARCELO TOLEDO
DE RIBEIRÃO PRETO - 03/07/2016 - 02h00
Em Salvador, 12 hotéis já foram fechados, e 16 mil pessoas, demitidas no setor hoteleiro como um todo. Em Belo Horizonte e em Cuiabá, nem metade dos leitos é ocupada. Após dois anos, o legado da Copa do Mundo na hotelaria é marcado por ociosidade, falências e demissões.
Para tentar reduzir o impacto da ociosidade, hotéis têm tentado abrigar eventos, seminários, alugado salões para festas e fomentado restaurantes. Um deles, em Cuiabá, será transformado em clínica médica.
Em Manaus, o setor hoteleiro obteve isenção do ICMS de energia elétrica.
Prevendo demanda excessiva para o Mundial, capitais elevaram muito a oferta de quartos. Como resultado, a taxa de ocupação sustentável – superior a 60%, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – está longe de ser alcançada.
REFLUXO GERAL
Há problemas em Belo Horizonte, Cuiabá, Manaus e Recife, mas a situação mais dramática é a de Salvador, que tem mais de 40 mil leitos e taxa de ocupação de 53%.
A crise não poupou nem o hotel Pestana Bahia, ícone do setor, que neste ano encerrou uma trajetória de 36 anos.
"De legado da Copa, só ficou a Fonte Nova, além de dívidas", diz Glicério Lemos, presidente da associação de hotéis no Estado.
Após uma lei que incentivou o surgimento de hotéis, Belo Horizonte também vive superoferta de quartos – de 8.700 para 14 mil –, com taxa de ocupação de 48%. Sem os novos leitos, seria de 77%.
A diária média caiu a valores abaixo dos de 2010, diz Patrícia Coutinho, 38, presidente da ABIH-Minas e diretora da associação nacional.
Já em Cuiabá, dois hotéis fecharam e outros três devem parar, segundo Bruno Delcaro, novo presidente da associação dos hotéis do Estado. Para a Copa, 5.000 novos quartos surgiram e foram somados aos 7.000 já existentes. São 80 hotéis, dos quais 12 novos para o Mundial.
RISCO OLÍMPICO
No Rio de Janeiro, a preocupação é com a superoferta após os Jogos Olímpicos, que começam em 5 de agosto.
Segundo a RioNegócios, agência municipal de fomento, a capital chegou a 267 hotéis, com 33,4 mil quartos, no mês de maio. Em 2010, eram 19.800. Com albergues, motéis e flats, são 58 mil quartos disponíveis, segundo a associação dos hotéis.
Assim como ocorreu na capital mineira, o Rio ofereceu incentivos fiscais ao setor, o que fez o total de quartos deslanchar. "O crescimento foi meteórico. Sobreviver [depois] é lei de mercado", afirmou Alfredo Lopes, presidente da ABIH-RJ.
Ele espera que a vinda de grupos estrangeiros, porém, ajude a estabilizar o setor.

Auditorias apontam 'esqueletos' que somam R$ 24,6 bilhões na Caixa
Richard Wagner/Futura Press/Folhapress 
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO - 03/07/2016 - 02h00
O TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu que a Caixa Econômica Federal terá de vender sua participação em uma empresa que, desde 2012, presta serviços ao banco sem licitação. O caso é o mais recente de uma série de esqueletos descobertos por órgãos de controle na Caixa, em negócios que já movimentaram R$ 24,6 bilhões.
Em maio, o TCU deu um ultimato: o banco não pode continuar como sócio na CPM Braxis, hoje controlada pela francesa Capgemini.
A sociedade começou em 2012, quando a CaixaPar, braço de investimento da Caixa, comprou 22% da companhia por cerca de R$ 320 milhões. Só um dos softwares vendidos depois ao banco, sem licitação, custou R$ 518 milhões.
A empresa desenvolveria um sistema de processamento das operações de crédito imobiliário da Caixa que seria incorporado pelo banco, o que ainda não aconteceu.
Enquanto isso, a carteira de crédito continua "rodando" em um sistema da americana Unisys. A empresa era o braço de tecnologia da própria Caixa e foi vendida em 1999 por R$ 258,5 milhões (em valores corrigidos).
SEM LICITAÇÃO
Com a justificativa de que não havia empresa "similar", a vice-presidência responsável pelas compras contratou a Unisys sem licitação repetidas vezes, e os reajustes sempre foram para mais, mesmo com o volume crescente de operações de crédito – que dariam margem para negociar descontos. É o que dizem relatórios do TCU.
A discussão se arrasta até hoje. Há cerca de um mês, já sob comando do novo presidente, Gilberto Occhi, a renovação do contrato da Unisys chegou ao conselho do banco, mas não houve decisão.
Ainda segundo o TCU, a Caixa fez "cálculos errôneos" que geraram sobrepreços. De lá para cá, esse contrato rendeu R$ 1,2 bilhão à Unisys.
Essa situação se repetiu na área de cartões que era atendida pela processadora Orbitall desde 2002. Em 2005, a concorrente CSU venceu a disputa para substituí-la com a missão de desenvolver um sistema próprio para a Caixa.
A Folha apurou que os executivos do banco criaram tantas dificuldades para a CSU que a multinacional rompeu o contrato, após receber cerca de R$ 1 bilhão. A Caixa nega.
A Orbitall voltou, em 2009, e, enquanto prestou serviços, acumulou cerca de R$ 1,5 bilhão. Foi substituída em 2010 pela espanhola Indra.
Nas loterias, ocorreu algo parecido com a Gtech. Em 2004, a empresa foi pivô da CPI dos Bingos e, sob pressão, a Caixa acelerou a incorporação do sistema e encerrou o contrato. Naquela época, o então presidente do banco, Jorge Mattoso, afirmou no Senado que tentava evitar que a Caixa continuasse "refém" desses fornecedores.
Hoje, essas duas linhas de negócio podem ser privatizadas, o que traria pelo menos R$ 20 bilhões ao governo.
PREJUÍZOS
O Banco Central também está atento ao uso, pela Caixa, desses sistemas de processamento de crédito. O regulador questiona a vulnerabilidade de "rodar" quase 70% de seus empréstimos em sistemas de terceiros.
Outro problema apontado pelo BC são as agências deficitárias. Desde 2010, o banco abriu cerca de 1.300 agências. Avaliações da própria Caixa indicam que muitas estão em lugares sem potencial comercial e pelo menos 150 dão prejuízo. O BC ainda não recebeu justificativas da vice-presidência de varejo do banco.
Outro foco de tensão apontado por auditores da Caixa é o contrato com a seguradora francesa CNP Assurances, no qual o banco estatal libera seus balcões para a venda de seguros e títulos de capitalização da CNP em troca de 10% do valor da venda.
O rompimento chegou a ser ventilado, mas não prosperou por pressão de executivos do banco. O contrato rendeu à Caixa R$ 20 bilhões, mas no mercado estima-se que o retorno poderia ser o dobro.
OUTRO LADO
Por meio de sua assessoria, a Caixa disse que busca a independência tecnológica de todos os seus sistemas de informática. Por isso, decidiu adquirir participação societária na CPM Braxis, em 2012.
"A Caixa prossegue avaliando o assunto [venda de sua participação na empresa], mas ainda não há decisão final a esse respeito", disse o banco em nota.
A parceria "visa o desenvolvimento de um software [sistema de processamento de dados], e não a prestação de serviço de processamento de dados".
Em relação à Datamec (hoje Unisys), a venda da empresa não foi uma decisão da Caixa, mas, sim, uma decisão estratégia [de privatização] do governo federal. "Trata-se de um processo tecnológico complexo [incorporação do sistema], em fase final de implementação."
A Caixa diz que as contratações [de fornecedores] "observaram fielmente os preceitos legais da Lei de Licitações" e "os valores envolvidos nos referidos contratos são compatíveis com os praticados no mercado".
Sobre a divisão de cartões, a Caixa informa que abriu licitação em 2004 para a incorporação do sistema. A CSU foi contratada em maio de 2005, e o contrato, rescindido pelo banco em fevereiro de 2008.
Houve um procedimento administrativo instaurado e apreciado pelo Poder Judiciário Federal favoravelmente à Caixa. Duas licitações foram lançadas, em dezembro de 2008 e em julho de 2009, mas não obtiveram sucesso.
Um novo certame aconteceu logo depois e foi vencido pela espanhola Indra.
Contratada em 2010, a empresa concluiu o processo em março deste ano.
AGÊNCIAS
Iniciada em 2001, a sociedade da Caixa com a seguradora francesa CNP Assurances tem vigência até 2021 e é "exitosa", diz o banco. "Possíveis encaminhamentos visando a renovação do contrato serão tempestivamente comunicados ao mercado."
Sobre as agências deficitárias, o banco disse que não existe "determinação normativa" obrigando o envio dessas informações ao BC.
A Caixa informou que está implementando um processo de expansão de agências e que, como qualquer outro projeto, ele prevê um "tempo de maturação para o ponto de retorno do investimento em cada unidade". O banco afirmou que o projeto como um todo é superavitário. 

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