PRIMEIRA EDIÇÃO DE 31-7-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

DOMINGO, 31 DE JULHO DE 2016
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decepou metade das esperanças da equipe econômica para aprovar o rol de reformas ainda em 2016, ao programar duas sessões semanais da Casa, por causa das eleições municipais. De toda a agenda apresentada pelo ministro Henrique Meirelles (Fazenda) deve ser votado e aprovado só o novo teto de gastos dos estados e municípios.
No período eleitoral, haverá sessões às segundas e terças, e não os três dias habituais de votação. E não serão em todas as semanas.
Rodrigo Maia promete cortar o ponto dos deputados faltantes, mas ninguém acredita na ameaça do novo presidente da Câmara.
Maia não é um “caxias”: faltou a três das quatro votações em agosto e setembro de 2014. Em 2012, só apareceu em dois dos seis dias.
O primeiro-secretário da Câmara, Beto Mansur, admite dificuldade em votações de reformas. “Votações polêmicas só após as eleições”, diz.
Aprovada a destituição definitiva de Dilma, a primeira vez que o presidente Michel Temer usará a faixa presidencial, e com pompa, será no desfile cívico-militar de 7 de Setembro. Aparecerá com ela no Rolls-Royce presidencial, no qual percorrerá a Esplanada dos Ministérios diante de uma plateia estimada em 70 mil pessoas. Ao final, receberá honras de Chefe de Estado. Ou vaias, a depender do clima na ocasião.
Além de presidentes no dia da posse, o Rolls-Royce já foi usado para recepcionar chefes de governo e de Estado em visita ao Brasil.
A versão oficial é que o Rolls-Royce presidencial foi doado por Assis Chateaubriand, fundador dos Diários Associados, a Getúlio Vargas.
De fato, o Rolls-Royce Silver Wraith 1952 foi usado pela primeira vez por Getúlio Vargas em 1953, num 1º de Maio, em Volta Redonda (RJ).
O ministros do Planejamento, Dyogo de Oliveira, e de Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim, encimam a lista dos que serão substituídos tão logo Michel Temer seja efetivado no cargo.
O definhamento do PT ocorre simultaneamente à derrocada de Dilma Rousseff. Em 2014, ano da reeleição da petista, o partido elegeu 88 deputados federais, a maior bancada na Câmara. Hoje tem 59.
A partir da eleição de outubro, segundo as avaliações internas mais otimistas, o PT deve diminuir muito de tamanho. A direção petista acha que talvez eleja metade dos 633 prefeitos eleitos em 2012.
O PCdoB, aliado dos petistas, que crescia em número de prefeituras desde o ano 2000, também diminuirá de tamanho de maneira mais acentuada. Corre até o risco de não sobreviver à cláusula de barreira.
Sempre que sabe da presença de político no Planalto, para conversar com algum ministro, o presidente Michel Temer faz questão de convidá-lo para meio dedo de prosa no gabinete. Dilma nunca fez isso, queria distância de todos, sobretudo dos políticos. Deu no que deu.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) prevê uma derrota expressiva de Eduardo Cunha no processo de cassação do mandato. “Estimo 320 votos pela aprovação do parecer do Conselho de Ética”, afirma.
Ainda há quem critique a prisão de candidatos a terroristas no Brasil por serem supostamente “amadores”, como se fosse possível existir homens-bomba profissionais. Afinal, quantas vidas de “experiência” seriam necessárias para um terrorista ser considerado “profissional”?
“Não vai existir voto escondido, envergonhado, e distinção de cardeais ou do baixo clero. Todos terão a marca da indignação”, diz Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), sobre o processo contra Eduardo Cunha.
...acusado de tantas maracutaias, será inevitável para Lula “transformar problemas pessoais em coletivos”, que ele diz não pretender.

NO DIÁRIO DO PODER
RECADO PARA LULA
‘A CONTA CHEGA PARA TODO MUNDO’, AFIRMA DELCÍDIO
RECADO DO RÉU DELCÍDIO PARA O RÉU LULA: NINGUÉM VAI ESCAPAR
Publicado: Sábado, 30 de julho de 2016 às 10:44 - Atualizado às 11:03
Redação
Autor da delação que levou à denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) disse na última sexta-fera (30) que "um dia a conta chega para todo mundo".
Delcídio se referia ao fato de Lula ter se tornado réu em ação criminal na Justiça Federal em Brasília por tramar contra a Operação Lava Jato.
O próprio Delcídio também é réu na mesma ação, ao lado de outros cinco acusados de envolvimento em um plano para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró.
Delcídio foi preso no dia 25 de novembro, por determinação do Supremo Tribunal Federal. Em fevereiro, ele foi solto. Seus depoimentos deram sustentação a várias denúncias da Procuradoria-Geral da República e abertura de inquéritos no âmbito da Lava Jato.
Para o senador cassado, a decisão judicial que recebeu a acusação da Procuradoria contra Lula "só fortalece" suas revelações.
— Isso só fortalece a minha colaboração, mostra a efetividade da minha colaboração. O juiz, assim como a Procuradoria, se aprofundaram com relação a esse episódio da obstrução. As provas foram consideradas suficientes e levaram à denúncia e ao recebimento pela Justiça.
Em troca de sua delação, o ex-senador deverá se livrar de uma eventual pena de prisão, mesmo que condenado na ação por tentativa de obstrução da Lava Jato.
Delcídio disse que está cumprindo todos os termos do acordo de colaboração que firmou com a Procuradoria-Geral da República, que em parecer afirmou que ele não estaria comparecendo quinzenalmente à Justiça e nem morando no endereço declarado.
'Absolvição'
A defesa de André Esteves disse que o juiz Ricardo Leite, da Justiça Federal em Brasília, "deve ainda examinar se é caso de absolvição sumária ou mesmo de rejeição da denúncia".
— Nós vamos lutar por isso, pois estamos convencidos de que nosso cliente não cometeu nenhuma irregularidade. Não há justa causa para abrir processo penal em bases tão fracas.
O advogado Damian Vilutis, que defende Maurício Bumlai, negou que seu cliente entregou dinheiro a Delcídio para ser enviado a Cerveró ou para os familiares do ex-diretor.
O criminalista Conrado de Almeida Prado, que defende José Carlos Bumlai, afirmou que a aceitação da denúncia já era esperada e que vai se manifestar sobre o caso perante o juiz.
— Vamos pleitear que ela [denúncia] seja rejeitada e, caso seja mantida, a defesa vai provar que José Carlos Bumlai nunca deu dinheiro a Nestor Cerveró ou sua família a fim de comprar silêncio ou impedir o acordo de delação premiada. Tanto isso é verdade que a delação aconteceu, e que o próprio Nestor admitiu em outro processo que não tratou com Bumlai a respeito de nenhuma irregularidade.
Edson Ribeiro disse que "tanto o Ministério Público quanto o juiz foram induzidos a erro por Bernardo, filho de Nestor Cerveró". "Eu jamais tentei obstruir de qualquer forma a Justiça."
A reportagem não conseguiu contato ontem com a defesa de Diogo Ferreira Rodrigues.(AE)

ATAQUE
DESCONTROLADO, CIRO CHAMA TASSO JEREISSATI DE 'ASSASSINO'
EX-GOVERNADOR DISPARA CONTRA TASSO E DEPUTADO EUNÍCIO OLIVEIRA
Publicado: Sexta-feira, 29 de julho de 2016 às 21:51
Ceará News
O ex-ministro Ciro Gomes demonstrou, nesta sexta-feira (29), todo o ódio e ressentimento com a perspectiva de o irmão Ivo Gomes ser derrotado nas eleições para prefeito de Sobral, cidade natal dos Ferreira Gomes. Em entrevista à rádio Tupinambá AM, Ciro qualificou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como "assassino", por ter, segundo Ciro, determinado que os grevistas da Polícia Militar "fossem executados" durante greve ocorrida no Governo Tasso, há mais de 15 anos.
"Tasso, quando era governador, houve um motim da Polícia Militar, e eu estava junto com o Tasso quando ele mandou atirar nos grevistas. O coronel disse assim: 'mas governador, pode morrer gente'. E ele disse assim: 'Que morra'".
Contraditoriamente, Ciro denuncia que "seu amigo" Tasso faz parte hoje de uma "coalizão do ódio". Diz ainda que: "Tasso Jereissati, meu velho amigo, perdeu qualquer veleidade de espírito público, de amor ao povo, acho que ficou magoado com a derrota e agora é ódio só".
Em seguida, Ciro afirma ainda que o ex-governador Cid Gomes (PDT) deveria ter mandado prender, quando ainda era governador, o deputado estadual Capitão Wagner (PR). "Devia ter mando prender esse vagabundo. É mancomunado com tudo que não presta. Vive de explorar o terror, vive de emular a dificuldade. Participa ou pelo menos é conivente com essas milícias que estão entranhadas dentro da Polícia", voltou a atacar Ciro sem apresentar nenhum tipo de prova.
Wagner é pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza contra o apadrinhado de Ciro, o atual prefeito Roberto Cláudio (PDT), e conta com o apoio das lideranças da oposição no Estado, o PMDB e o PSDB.
Eunício
Assumindo a função de metralhadora que vem exercendo há anos na família, Ciro atira ainda no senador Eunício Oliveira (PMDB). Ciro acusa o parlamentar de lucrar com a falta de segurança no Ceará. "Eunício vende segurança privada".
"Se você vivesse o seu negócio, a sua fortuna, o seu helicóptero, o seu jatinho, sua mansão com lago em Brasília, suas fortunas de apartamento em Nova Iorque, tudo você tira de vender segurança particular, se você acabar com a violência, acaba o negócio".

NO BLOG ALERTA TOTAL
Domingo, 31 de julho de 2016
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
A politicagem treme. O povo volta às ruas novamente neste 31 de julho de 2016. O volume da manifestações importará menos que a qualidade dos desejos cidadãos sinceramente manifestados em recados diretos. Na prática, o efeito é desopilante. O (ainda) impopular 'Presidento' interino Michel Temer ouvirá, claramente, que corre o risco de dançar rapidinho, se não destravar a economia. A tarefa não será fácil com conceitos errados (juros altos e impostos mais caros). O grito de "Fora, Temer" já está prontinho para ser solto. As pessoas estão vigilantes.
No domingão pré-'olim-piada', as motivações dos manifestantes serão variadas. A maioria vai apenas confirmar seu desejo pela saída definitiva de Dilma Rousseff - cujo julgamento no Senado deve ocorrer entre 29 de agosto e 2 de setembro. Um número grande de pessoas vai alvejar Lula e sua petelândia. Muitos vão gritar contra a corrupção, cobrando o fim da impunidade na política. Outros tantos vão exigir mudanças por um Brasil melhor: menos intervenção estatal, menos impostos e melhor gestão da coisa pública, sobretudo nas áreas de educação, saúde e segurança.
Independentemente da motivação, a rua fala grosso. A politicagem brasileira só entende as coisas desta forma. No entanto, o Brasil ainda tem um problema gigantesco, cultural, a ser superado. A maioria dos brasileiros ainda sonha com o socorro estatal para a solução de problemas. Historicamente, o brasileiro foi acostumado a ser Estado-dependente. Essa distorção civilizatória - que torna o Poder Estatal mais importante que o potencial cidadão - trava a evolução do País, asfixia a Ação Política e praticamente inviabiliza a livre iniciativa econômica.
O filósofo Olavo de Carvalho, em comentário para seus quase 275 mil seguidores no Facebook, soltou a boca contra o vício do brasileiro em se institucionalizar, estatizando, burramente, as soluções que dependem fundamentalmente da legítima pressão cidadã: "Nesta MERDA de país, cada um que quer interferir na política já pensa em "se candidatar". Que porra! Ninguém pensa em criar núcleos de poder NA SOCIEDADE CIVIL. No Brasil, até liberal só acredita no Estado. Assim não dá, caraio".
A "Estadodependência" do brasileiro ainda é nossa mais perigosa doença - complicadíssima de ser curada. A maioria continua esperando a salvação cair do céu - ou melhor, ser promovida pelo "Estado Salvador-Interventor". Desde que foi achado pelos navegadores portugueses, o Brasil funciona assim, com a cidadania passiva. Não foi à toa que movimentos de libertação do cidadão, ao longo de 500 anos de História, sempre terminaram violenta e facilmente inibidos pelo Poder Estatal em vigor.
Reclamar do passado trágico pouco resolve. O único jeito é agir corretamente no presente, para que o futuro chegue melhor - ou, no caso brasileiro, "menos ruim". Os brasileiros têm muito a definir. Queremos mudanças. Mas não definimos, claramente, quais, quando e como, podemos e devemos mudar. A única solução efetiva para o Brasil será reproclamar a República, redefinindo o modelo estrutural de Estado, em um amplo debate constitucional. Em resumo: o Brasil necessita, para ontem, de uma redefinição Política e Estratégica: o que fazer e como fazer.
O retumbante fracasso de gestão nazicomunopetralha, que não conseguiu implantar aqui um bolivarianismo comuno-socialista do Foro de São Paulo, foi extremamente bom para a construção do processo de mudanças. O problema é o alto custo pago pela sociedade brasileira - que ao menos acordou para a necessidade de exercer a cidadania livremente. O passo seguinte será descobrir como se livrar das dependências estatais - culturalmente arraigadas.
Por isso, é preciso festejar as pessoas nas ruas, em família, exigindo "mudanças" (mesmo que ainda não tenham plena clareza sobre o que e como precisa ser mudado). No entanto, temos de evoluir para um amplo debate que começa a acontecer no frenesi emocional, quase nunca racional, das redes sociais. Estamos interligados, juntos e misturados, porém ainda longe do nível de discussão cidadã com a qualidade necessária para facilitar o processo (inevitável) de mudança.
Eis o nosso dilema ou paradoxo tupiniquim. Quem pode muda para Miami e adjacências. Quem não pode se sacode por aqui, na internet e nas ruas. Protestar é preciso! Mudar o Brasil corretamente, mais ainda. Vamos debater mais e melhor os problemas e soluções viáveis. Vamos agir corretamente, com legitimidade, democracia, legalidade, inteligência e ética. Vamos promover a Intervenção Cívica Constitucional que Tiradentes e a turma dele sonharam no final do distante século 18. "Liberdade, Liberdade" não pode ser apenas uma novela da Rede Globo - que a maioria não assiste porque vai no ar muito tarde da noite...
Reinventemos o Brasil, ou nada vai mudar de verdade!
Enquanto isso, vem chegando agosto - o mês do desgosto para a politicagem canalha e corrupta... Tomara que sim...
(...)

NO O ANTAGONISTA
Brasil 31.07.16 07:32
Os movimentos de rua venceram. O ato deste domingo é a festa da vitória.
O que há para festejar?...
Brasil 31.07.16 08:00
O recurso de Lula à ONU repete os argumentos de todos os políticos ladrões, disse Modesto Carvalhosa ao Estadão...
Brasil 31.07.16 07:53
“PT já não acredita na volta de Dilma”.
É a manchete de O Globo...
Brasil 31.07.16 07:29
O velho e-mailantagonistasnasruas@gmail.com está funcionando.
Por favor, envie para cá seus comentários e suas imagens sobre o Dia da Vitória.
Brasil 31.07.16 07:05
A candidatura a presidente de Michel Temer em 2018 vai arrebentar o Brasil...
Brasil 31.07.16 07:04
Rodrigo Maia defende a candidatura de Michel Temer em 2018.
Não é o único...
Brasil 30.07.16 22:15
O Estadão informa que o adolescente de 17 anos preso em Morrinhos, a 129 km de Goiânia, pode ser Ismail Abdul-Jabbar Al-Brazili, ou "O Brasileiro", um importante recrutador do Estado Islâmico, segundo a Abin...
Brasil 30.07.16 22:08
A Veja informa que José Ricardo Antoni, assessor especial da Presidência, foi demitido hoje depois que a revista revelou que o funcionário repassava informação privilegiada para a Borghi Lowe, enrolada na Lava Jato...
Brasil 30.07.16 21:56
Veja onde estarão os movimentos de rua amanhã na Av. Paulista.
Brasil 30.07.16 21:50
A Polícia interditou mais cedo os acessos ao estádio do Maracanã por suspeita de bomba no local. Uma mochila deixada perto das bilheterias foi detonada pelo Esquadrão Antibomba, mas não havia artefatos explosivos.
Brasil 30.07.16 21:38
Lauro Jardim diz que ex-funcionários do governo Dilma estão há quase três meses à espera da decisão sobre se recebem ou não a quarentena. Alguns precisaram recorrer a empréstimos para pagar suas contas...
Brasil 30.07.16 21:26
A Polícia Militar de São Paulo prendeu o bósnio Nikola Ceranic, condenado por crimes contra a Humanidade na guerra dos Bálcãs, em 1992...
Brasil 30.07.16 21:19
Depois da queda da ciclovia em abril, fortes ondas destruíram hoje a rampa construída na Marina da Glória, no Rio, para as provas de Vela nos Jogos Olímpicos...


NO ESTADÃO
A vida no mundo dos juros negativos
Em países como Suíça e Dinamarca, correntistas pagam para deixar o dinheiro no banco e são orientados a não quitar suas dívidas
Jamil Chade CORRESPONDENTE / GENEBRA,
O Estado de S.Paulo
Domingo | 31 Julho 2016 | 05h00
Foto: Reuters
Na Suíça, em vez de receber por suas poupanças, grandes correntistas precisam pagar para deixar o dinheiro aplicado nos bancos

“Madame, venha! Aqui é mais barato que grátis.” A frase é ouvida nos mercados populares árabes e africanos com a insistência própria de vendedores tentando atrair clientes. Agora, no mundo das finanças, a expressão ganha contornos de realidade com a introdução de taxas de juros negativas pelos bancos centrais, na esperança de relançar economias.
Dos empréstimos para pequenas empresas aos correntistas de bancos, de hipotecas de casas a empréstimos para pagar carros, o mundo dos juros negativos mudou o cenário comercial de alguns países europeus e inverteu a relação entre credor e devedor. Quem empresta não recebe mais pelo risco de dar dinheiro. Quem só poupa, corre o risco de sair perdendo.
Na Suíça, por exemplo, os clientes do banco BAS receberam no fim do ano passado uma carta surpreendente. Em vez de ganharem dinheiro com taxas de juros ao depositarem suas economias na instituição, eles perderiam. Na prática, o correntista precisa pagar para deixar o dinheiro no banco.
Depois que o Banco Central local passou a praticar taxas negativas, a instituição financeira informou aos seus correntistas com mais de 100 mil francos suíços que passaria a retirar de suas contas 0,125% ao ano. Para as empresas, a taxa começa a valer a partir de 1 milhão de francos. Em todas as outras contas, incluindo a poupança, a taxa de juros é zero. A carta ainda sugeria aos clientes: procurem seus gerentes para avaliar alternativas.
Outros bancos, não querendo anunciar a novidade dessa forma aos clientes, passaram a criar taxas de serviços que, na prática, servem para compensar os juros negativos.
O UBS indicou em maio que poderia também introduzir taxas negativas para seus clientes “ultrarricos”, aqueles com ativos acima de US$ 10 milhões. Aos grandes clientes comerciais, a taxa negativa já foi instaurada pelo maior banco da Suíça desde 2015, com um “imposto” de 0,75% sobre o valor dos ativos depositados. O mesmo caminho foi adotado pelo banco Lombard Odier.
Mais saques 
As consequências já começam a ser notadas. No país dos bancos, as instituições registraram um aumento nos saques dos correntistas que não estavam dispostos a pagar. No país, circulam notas de mil francos, o que facilita a retirada de grandes somas por correntistas sem fazer volume. Os clientes passaram a alugar cofres para guardar o dinheiro vivo. No ano passado, chegou a faltar cofres nos bancos do país. O Banco Central também admitiu que, desde 2012, a circulação de notas de mil francos aumentou 40%.
Outro levantamento da consultoria Capgemini aponta que os clientes de alta renda na Suíça (com ativos acima de US$ 1 milhão) estão diversificando a forma de guardar suas fortunas por conta das taxas negativas. Desse grupo de milionários, apenas 21% mantêm seus ativos em dinheiro nos bancos. No ano passado, o número era de 28%. “Como não estão recebendo nenhum juro por esses depósitos, esses correntistas estão procurando alternativas para investimentos”, diz o relatório da Capgemini.
Imobiliário 
Outra consequência tem sido no mercado imobiliário. Com a taxa negativa fixada pelo Banco Central na Suíça, bancos têm feito empréstimos a clientes que queiram adquirir uma casa a taxas que podem chegar a 0,8% ao ano, dependendo das condições propostas e do pagamento inicial. Para uma hipoteca de dez anos, por exemplo, a média de juros é de 1,5%.
Agências imobiliárias usam justamente esse “dinheiro barato” para convencer clientes a sair às compras. E ainda sugerem: não antecipem o pagamento de suas dívidas.
Na pitoresca cidade de Vevey, os conselheiros do escritório da Imobiliária Naef, uma das maiores da Suíça, insistem que esse é o momento para comprar imóveis. “As taxas de juros estão em níveis historicamente baixos”, afirma a empresa. Um dos conselheiros indicou que, pela lei, uma entrada de 20% é exigida para qualquer compra. “Mas, depois disso, é de interesse fixar uma taxa de juros nesse momento em que elas estão em seu patamar mais baixo”. Em reação, os bancos têm se mobilizado para tentar limitar a duração de alguns dos empréstimos.
As novas condições de empréstimo levaram a professora primária Stephanie Birchmeier a optar por abandonar um aluguel e se aventurar na compra de um apartamento de 65 metros quadrados no bairro de Servette, em Genebra. Com 32 anos, ela não tinha planos de comprar um imóvel neste momento. Mas, diante dos juros baixos e da possibilidade de não ter de acelerar pagamentos, optou pela aquisição.
“Pago o mínimo possível por mês na hipoteca. Não há motivo para tentar se desfazer imediatamente da dívida. É quase como pegar algo emprestado e não ter de pagar ou pagar muito pouco por isso”, explicou. Ela paga 1,1% em juros.
Dinheiro de volta 
Na Dinamarca, essa realidade de juros negativos acabou criando uma outra situação inusitada. Famílias que haviam pego empréstimos a taxas variadas acabaram recebendo dinheiro de volta em 2015 por conta dos juros negativos. No total, 758 clientes do Realkredit acabaram recebendo um desconto no valor que precisariam pagar mensalmente em suas hipotecas.
Na Holanda, em abril, a decisão de uma agência reguladora de produtos financeiros, a Kifid, estipulou que bancos teriam de pagar retroativamente aos clientes que tinham hipotecas pelo fato de que não acompanharam a queda de taxas de juros.
O risco, porém, tem sido o de um aquecimento exagerado do mercado imobiliário, criando as condições para uma eventual bolha. Os fundos de pensão na Suíça também têm aplicado seus recursos no setor de construção, na esperança de não perder dinheiro. Com 40 bilhões de francos em liquidez, os fundos acumulam ativos de 730 bilhões de francos no país. Sem um investimento que gere algum tipo de ganho, as pensões poderiam perder cerca de 300 milhões de francos em apenas um ano.
O crédito ao consumo também viu suas taxas despencarem. Por lei, as autoridades em Berna reduziram o teto máximo de juros de 15% para 10% ao ano. Mas alguns bancos chegam a praticar 4,9%.
Na Atra Automobiles, em Genebra, leasings são propostos para marcas como BMW a uma taxa de 5,5% de juros ao ano. Segundo a concessionária, essa é a taxa mais baixa em anos. “Normalmente, a taxa era de 8% ou 9%”, confirmou um dos vendedores.

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