PRIMEIRA EDIÇÃO DE 10-5-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
10 DE MAIO DE 2016
Os partidos de oposição estão determinados a cassar o mandato do presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), por meio de processo no Conselho de Ética. Ele é acusado de usar o cargo para “melar” o impeachment da presidente Dilma, tentando transformar em minoria a maioria acachapante de 367 deputados (71,5%) favoráveis à abertura do processo, agora sob exame do Senado.
A reputação de Waldir Maranhão o precede, por isso a oposição não duvida que logo descobrirá a suposta negociata que o inspirou.
Jatinho da FAB saiu domingo, 08, de São Luís com o governador Flávio Dino e Maranhão, para encontrar na capital o advogado-geral de Dilma.
Na Câmara, ontem, dizia-se que dificilmente Waldir Maranhão terá lido o texto que assinou, tentando inviabilizar o impeachment em curso.
Contra Maranhão, além da oposição indignada, está o presidente afastado Eduardo Cunha, que deve ajudar no processo de cassação.
O Planalto se surpreendeu com a atitude do presidente do Senado, Renan Calheiros, de manter para esta quarta (11) a votação do relatório do impeachment da presidente Dilma. Um líder governista testemunha que Dilma esperava dele “fidelidade canina”, ou seja, que atendesse ao ato de Waldir Maranhão sem questioná-lo, devolvendo o processo. Mas ele ignorou o ato do presidente interino da Câmara.
Quem conhece Renan diz que ele foi tão surpreendido quanto qualquer pessoa com a presepada que tentou melar o impeachment.
Dilma ontem fingiu surpresa, mas participou de cada passo da armação de domingo, 08, que resultaria na assinatura do ato de Waldir Maranhão.
Waldir Maranhão recebeu de Dilma, domingo, 08, juras eternas de pronto atendimento às suas “demandas políticas”. Do tipo que “furam poço”.
Ministros do Supremo Tribunal Federal acreditam que a decisão de Waldir Maranhão não se sustenta: além de tentar anular uma decisão do plenário soberano, o processo está precluso, é fato vencido.
Nas redes sociais, o governador maranhense Flávio Dino (PCdoB), que mantém o deputado Waldir Maranhão na coleira, não negou sua participação na jogada para melar o impeachment. Até se jactou disso.
Além de ampliar seu “espaço” no governo do Maranhão, o presidente interino da Câmara exigiu recompensas do governo Dilma, segundo a oposição, como o ambicionado controle da Codevasf.
Para o deputado Arthur Maia (PPS-BA), a tentativa de Waldir Maranhão de melar o impeachment “é um ato de abuso de autoridade” que constitui quebra de decoro. E não tem dúvida de que será cassado.
O governo tentará medida no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir o Senado de votar nesta quarta, 11, o relatório do impeachment. Antes disso, a oposição protocolou mandado de segurança no mesmo STF para garantir a validade da votação do dia 17 de abril.
Seguindo cegamente a orientação de Flávio Dino, seu chefe politico no Estado, o deputado Waldir Maranhão nem sequer consultou a Mesa Diretora da Câmara. Que decidiu fazê-lo pagar caro por isso.
“Foi um acordo produzido nas profundezas do Palácio do Planalto”, afirma o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM), sobre a decisão de Waldir Maranhão de tentar anular a sessão do impeachment.
Petistas ajudam a equipe do governo a fazer documentário sobre o “golpe”, em alusão ao impeachment. Os profissionais entram com equipamento de cinema e constrangem apoiadores do processo.
Se Waldir Maranhão poderia reverter atos de Eduardo Cunha e impedir o impeachment, Michel Temer poderia fazer o mesmo com Dilma?

NO DIÁRIO DO PODER
MARANHÃO ANULA ATO DE SUSPENSÃO
MARANHÃO DECIDE REVOGAR SEU ATO QUE ANULAVA O IMPEACHMENT
LEIA A DECISÃO DO PRESIDENTE INTERINO E SEU OFÍCIO AO SENADO
Publicado: 10 de maio de 2016 às 01:01 - Atualizado às 01:55
O presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), decidiu revogar na noite desta terça-feira (10) o ato que assinou nesta segunda-feira (9) anulando o processo de impeachment que tramitou na Câmara. A decisão foi tomada após uma conversa de Maranhão com parlamentares do PP e o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI).
A decisão de Maranhão foi comunicada por ofício a Renan Calheiros, presidente do Senado. E um novo ato, intitulado "Decisão da Presidência", foi enviado para publicação no Diário da Câmara.
O parlamentar disse que não deseja enfrentar processo de expulsão do seu partido, até porque, em consequência, fica sujeito a perda de mandato.
Tão logo souberam da afirmação, políticos governistas praticamente invadiram a casa de Maranhão na tentativa de pressioná-lo a desistir da ideia de revogar o que já fez.
À tarde, após conversar com líderes partidários, o presidente do Senado, Renan Calheiros, desmoralizou o ato de Maranhão ao anunciar a decisão de ignorá-lo, por considerar que não passava de "uma brincadeira contra a democracia".

BASTIDORES DA PRESEPADA
CONVERSA DE ADVOGADO, TRÊS GARRAFAS DE AGUARDENTE, E MARANHÃO TOPOU TUDO
POLÍTICOS CONTAM COMO CARDOZO LEVOU MARANHÃO A UM PAPELÃO
Publicado: 10 de maio de 2016 às 00:08 - Atualizado às 00:20
WALDIR MARANHÃO E CARDOZO: PAPO DE BOTEQUIM E FALSA SENSAÇÃO DE CHAGADA AOS BRAÇOS DO PODER. (FOTOS: BETO BARATA E ANTONIO CRUZ)
O chefe da Advocacia Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, convenceu o presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), a tentar "melar" o processo de impeachment após uma longa conversa, domingo (8) à noite, durante a qual, segundo relatos de parlamentares, teriam bebido juntos três garrafas de aguardente Velho Barreiro, segundo r.
A conversa, típica de mesa de bar, relatada ao vice-presidente Michel Temer por parlamentares, serviu para que Maranhão tivesse uma primeira experiência como suposto integrante do "núcleo do poder" petista. Político do baixo clero, que nunca recebia nem mesmo cumprimentos cordiais de ministros, ficou encantado com os salamaleques.
Naquele mesmo domingo, um jatinho da FAB foi buscar Waldir Maranhão em São Luís, e Cardozo deu um jeito de colocar no mesmo avião o governador maranhense Flávio Dino (PCdoB), aliado do governo contra o impeachment, e aliado do presidente interino da Câmara, a quem ofereceu espaços ainda mais generosos em seu governo e fez ver ao parlamentar as vantagens de estar junto do governo Dilma. Durante o vôo, Dino já alinhavou as "razões" para Maranhão tentar aplicar um golpe no impeachment. 
Um experiente político maranhense que conhece bem o presidente interno da Câmara disse que era difícil resistir. Waldir Maranhão já havia deixado isso claro quando, na votação do impeachment, afrontou o PP, que se posicionara favoravelmente ao afastamento da presidente, e passou de aliado de Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara, neste momento, em um dos mais importantes aliados da presidente Dilma Rousseff.
Ao final da terceira garrafa, relatam deputados próximos dos personagens da conversa, Cardozo deu a cartada final, tentando sensibilizar Maranhão: "Não posso fazer mais nada pela chefa, mas desço a rampa com ela!". Em seguida, o advogado-geral da Dilma, como tem sido chamado, revelou o que estava por trás de toda aquela conversa de cerca-lourenço:
- Eu tenho a solução. Na verdade, você, Maranhão tem a solução - afirmou Cardozo.
E, seguida arrematou, enchendo a bola do novo presidente da Câmara:
- Você pode parar tudo! Entrar para a História! Ganhar o reconhecimento dos brasileiros! Ter a gratidão da Dilma e de todos nós!
Waldir Maranhão, segundo um deputado governista do Ceará, "acreditou na conversa e só perguntou onde deveria assinar". Na manhã seguinte, segunda-feira (9), perpetrou a presepada.

RELATÓRIO ANASTASIA
RENAN CONFIRMA PARA QUARTA VOTAÇÃO DO IMPEACHMENT DE DILMA
GOVERNISTAS GRITAM, TENTAM MELAR, MAS IMPEACHMENT SERÁ VOTADO
Publicado: 09 de maio de 2016 às 22:50 - Atualizado às 22:52
Após um dia marcado por reviravoltas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), confirmou nesta noite de segunda-feira (9) que a sessão para votar o afastamento da presidente Dilma Rousseff começará na quarta-feira (11), a partir das 9h. Ele anunciou que a partir das 15h abrirá o livro para que os senadores se inscrevam para falar a favor ou contra a instauração do processo contra a petista por crime de responsabilidade.
Pelo calendário proposto por Renan, a sessão do afastamento de Dilma terá uma série de intervalos: começa às 9h e há uma pausa ao meio-dia; é retomada às 13h e uma nova paralisação às 18h; retorna às 19h para concluir os debates e começar a votação, que é aberta e deverá ser realizada por meio do painel eletrônico do plenário.
"A expectativa é que tenhamos pelo menos a participação de 60 oradores", disse Renan, estimando que a sessão pode durar até dez horas. Ele e aliados querem concluir a votação ainda na quarta-feira.
O presidente do Senado disse que vai se reunir nesta terça-feira (10) com os líderes partidários a fim de dirimir dúvidas. Entre elas, qual o prazo que haverá para a manifestação, se cinco ou dez minutos para cada um. A defesa de Dilma e o relator da admissibilidade na Comissão Especial do Impeachment, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), também têm direito a se manifestar.

JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA
FUX CRITICA CLASSE POLÍTICA POR JUDICIALIZAR DECISÕES QUE SÃO SUAS
MINISTRO DIZ QUE POLÍTICOS DEVEM RESOLVER OS PRÓPRIOS PROBLEMAS
Publicado: 09 de maio de 2016 às 22:25
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, lamentou a "judicialização da política", nesta segunda-feira, 9, após participar de evento na capital gaúcha. Ele não comentou o processo de impeachment, mas criticou o fato de o Judiciário ter que tomar decisões que, na sua avaliação, cabem na verdade ao Legislativo.
"Eu tenho uma crítica severa à judicialização da política. Entendo que o Parlamento tem que resolver os seus próprios problemas. E ele não o faz, evidentemente, para não assumir nenhuma postura social que desagrade o eleitorado. Ele então 'empurra' esta solução para o Judiciário, que é uma delegação espúria na medida em que nós, juízes, não fomos eleitos", disse a jornalistas.
Segundo Fux, há uma crítica universal sobre "quão deletério" pode ser um sistema de governo baseado em decisões judiciais. "A nossa legitimidade democrática é diferente da legitimidade democrática dos parlamentares", falou. O ministro ressaltou que a jurisprudência do Supremo é "extremamente avessa" a interferir nos outros poderes. "Só ocorre a judicialização da política porque o próprio Parlamento não resolve os seus próprios problemas."
O ministro Luiz Fux negou, na sexta-feira passada, um mandado de segurança do governo que pedia a anulação do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A ação tinha como base o mesmo argumento adotado nesta segunda-feira pelo presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), para suspender as sessões de votação na Casa que deram seguimento à denúncia contra a petista.
Na ação, apresentada semana passada, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) questionava o fato de líderes partidários terem orientado os votos das bancadas durante a votação na Câmara. Segundo ele, esta conduta é proibida pela Lei do Impeachment de 1950 e teria "violentado o direito dos parlamentares à liberdade do juízo subjetivo de apreciação".
Na decisão, o ministro Fux destacou que não cabe ao Supremo decidir sobre uma questão interna da Câmara. "Resta claro que o ato praticado pelo impetrado, diante da situação fática descrita pelo impetrante, envolveu a interpretação de dispositivos regimental e legal, restringindo-se a matéria ao âmbito de discussão da Câmara dos Deputados", escreveu o ministro. O despacho de Fux saiu antes da anulação de Maranhão, mas só entrou no andamento do sistema interno do Supremo nesta segunda-feira (09).
A orientação dos votos por parte dos líderes partidários durante a votação do dia 17 de abril foi um dos motivos apontados por Maranhão para tomar a decisão de suspender o processo de impeachment. Para o presidente interino da Câmara, os deputados deveriam votar "de acordo com as suas convicções pessoais, e livremente".
Nesta segunda-feira, em Porto Alegre, o ministro Fux não quis comentar o caso. Ele esteve na cidade para participar de evento promovido pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) sobre o Novo Código de Processo Civil.

DOIS MOMENTOS CONSTRANGEDORES
Carlos Chagas
O ministério inteiro dos notáveis estava perfilado na sala ao lado do gabinete presidencial quando o primeiro-secretário do Senado atravessou, a pé, a Praça dos Três Poderes, para levar ao presidente Fernando Collor a comunicação de que estava afastado do poder por 180 dias. O chefe do governo, com dignidade, chamou o ministro da Justiça, Célio Borja, para testemunhar sua assinatura no comunicado. Dirigiu-se então para a rampa do palácio do Planalto, de onde acompanhado pela esposa embarcou num helicóptero da FAB para sua residência particular. Uma amarga solenidade, mas impecável e cheia de significado.
Na noite de amanhã (11) ou quinta-feira (12), bem cedo, irá repetir-se o episódio? Vinte anos atrás as manifestações populares de apoio para o afastamento do presidente foram por ele enfrentadas com altivez, seguindo-se depois a posse de Itamar Franco, cujo curto pronunciamento foi marcado pela esperança de que os benefícios da Civilização e da Cultura viessem estender-se a todos os brasileiros.
E agora, como será? O senador encarregado de participar a Dilma o seu afastamento temporário cumprirá a obrigação em escassos momentos, mas Madame, como receberá o comunicado? Imagina-se que cercada pelo seu gabinete pessoal, mas jamais com o ministério ao lado. A maioria dos ministros escafedeu-se, fugindo da solidariedade necessária. Muitos estarão presentes na posse imediata de Michel Temer, de olho na composição do novo ministério. Como à ainda presidente se destinará o palácio da Alvorada, para o interregno, a pequena distância com o palácio do Planalto não se cumprirá pelo ar. Pequena caravana de limousines cobrirá o percurso, isso se a comunicação não acontecer na própria residência oficial.
Dois momentos constrangedores, de significado comum, mas o de agora vazio de conteúdo. A História só se repete como farsa. Assim como se previa que Collor não voltaria após os 180 dias de suspensão, da mesma forma se imagina que Madame não retornará. As causas são as mesmas: arrogância no desempenho das funções, presunção, truculência e falta de cuidados para com o Congresso, além de acusações de irregularidades no exercício do poder.
A partir de quinta-feira (12), começam as diferenças. Michel Temer ainda oscila entre as decisões a tomar. Hesita quanto a formar um ministério de notáveis e um bando de urubus impostos pelos partidos sequiosos de usufruir o poder.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
ENTREVISTA 10/5/2016 À 1:52

DIRETO AO PONTO 09/05/2016 ÀS 19:49

SANATÓRIO GERAL 09/05/2016 ÀS 19:45

SANATÓRIO GERAL 09/05/2016 ÀS 16:42

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
GERAL 10/5/2016 ÀS 4:31

GERAL ÀS 3:50

GERAL À 0:17


NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza 10/05/2016 04:53
A situação do Brasil não está para otimismo. Mesmo assim, uma das frases mais ouvidas do momento é a seguinte: “As instituições estão funcionando.” Será? Há um quê de delírio nessa afirmação. A presença do deputado Waldir Maranhão no comando da Câmara é a penúltima evidência da alucinação coletiva.
Alguém que, em meio à descoberta de que o petrolão é um mensalão hipertrofiado, diante da evidência de que o Estado é saqueado pelos esquemas que o controlam, seduzido pela tese de que o PMDB é o mal menor, informado de que a linha sucessória da Presidência da República está apinhada de malfeitores, desalentado pela constatação de que Waldir Maranhão é o melhor que a Câmara tem a oferecer depois que o STF afastou Eduardo Cunha, ainda consegue conviver com a ideia de que as instituições funcionam ou é um cínico ou é um cego.
O delírio é contagioso. Muito elogiado pela eloquência com que defende Dilma Rousseff no processo do impeachment, o advogado-geral José Eduardo Cardozo convenceu-se de que é uma espécie de Fred Astaire do Direito. Assim como o astro do cinema que dançava até com vassouras, Cardozo imaginou que poderia tirar para dançar Waldir Maranhão, uma espécie de cabide humano que reproduz as ideias que lhe penduram no cérebro baldio.
O resultado da contradança foi o despacho que o mandachuva interino da Câmara assinou para anular a votação em que 367 deputados aprovaram a continuidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff. O acinte durou menos de 24 horas. Anunciada pela manhã, a anulação foi ignorada por Renan Calheiros no meio da tarde e revogada no final da noite. Depois de expor o Brasil ao ridículo em âmbito planetário, o cabide se audodesmoralizou com dois documentos. Num, anulou a anulação do impeachment. Noutro, comunicou o rodopio a Renan (veja abaixo os documentos).

Waldir Maranhão deixou Cardozo sozinho no salão depois que seu partido, o PP, ameaçou expulsá-lo. Lambuzada no óleo queimado da Petrobras, a legenda está na bica de ser premiada no provável governo de Michel Temer com a presidência da Caixa Econômica e dois ministérios graúdos — Saúde e Agricultura. E não admite que um filiado com miolos de cabide coloque em risco os negócios.
A anulação do impeachment não foi o primeiro surto de Waldir Maranhão. Ele especializou-se em anular decisões do Conselho de Ética da Câmara, retardando a tramitação do pedido de cassação de Eduardo Cunha, perto de completar aniversário de seis meses. Cada vez que o personagem dá uma de cachorro louco há vergonha em pelo menos 428 consciências. Foi com essa quantidade de votos que o impensável elegeu-se vice-presidente da Câmara. Poucas vezes um desastre político teve tantos cúmplices disfarçados — 83,4% dos 513 deputados com assento no plenário da Câmara precisam explicar por que votaram tão mal tão bem.
Ainda não surgiu melhor definição para democracia do que a tirada de Churchill: é o pior regime imaginável com exceção de todos os outros. Com o luxuoso auxílio do Planalto, o Congresso parece empenhado em dar razão a todos os que pregam as alternativas piores. A presença de Waldir Maranhão na direção da Câmara como alternativa a Eduardo Cunha não é obra do acaso. É como se o modelo político brasileiro, apodrecido, tentasse um haraquiri.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Terça-feira, 10 de maio de 2016
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
O fato político mais explosivo e importante dos últimos tempos acabou ofuscado ontem pela inútil doideira do inexpressivo deputado Waldir Maranhão em tentar atrasar o ritmo do processo de impedimento da "Presidenta Incompetenta". Na defesa de sua inevitável cassação de mandato, o ex-senador petista e ex-líder do governo Delcídio do Amaral pediu desculpas ao povo brasileiro e deixou claro que promoveu uma obstrução da justiça contra a Lava Jato sob ordens de Luiz Inácio Lula da Silva e da própria Dilma Rousseff.
O Presidentro e a quase ex-Presidenta já estão com a situação complicada pela delação premiada de Marcelo Odebrecht. O ex-presidente da maior transnacional brasileira revelou à Força Tarefa da Lava Jato que Dilma tentou garantir sua liberdade após a prisão em junho de 2015. Marcelo Odebrecht reiterou que a manobra de Dilma foi a nomeação do ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para o Superior Tribunal de Justiça. Na versão de Marcelo, o magistrado "cumpriria a missão" de aliviar a prisão de empreiteiros na Lava Jato. A denúncia de Odebrecht coincidiu com revelação idêntica feita por Delcídio do Amaral.
Submetido ao massacre na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Delcídio do Amaral não foi tão explícito sobre quem teria lhe induzido a cometer o crime. Tentando ser irônico, Delcídio foi ferino: “Curioso. Vossas Excelências, se olharem o processo como um todo, eu não roubei, não desviei dinheiro, não tenho conta no exterior. Estou sendo acusado de quê? De obstrução de Justiça, de obstrução de Justiça quando eu, como líder do governo, inadvertidamente, volto a repetir aqui: peço desculpas, errei, mas agi a mando”.
Na entrevista concedida após o depoimento, Delcídio deu nome aos bois na gravíssima acusação que tem tudo para ferrar, ainda mais, com Lula e Dilma, em futuros indiciamentos na Lava Jato. Delcídio detonou, repetindo o teor de sua delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal: “Eu, como líder do governo, eu agi. O presidente Lula me pediu isso e em outras situações, a própria presidente Dilma. Curioso, eu fui chamado de mentiroso. Um líder de governo ser chamado de mentiroso? Eu fui líder dela aqui no Senado”. 
Depois do pesadelo com a bomba de Delcídio, cabra marcado para ser cassado nesta terça-feira, nada como uma madrugada atrás da outra... O presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, não suportou a pressão e resolveu revogar sua decisão monocrática que incendiou ontem os mercados da política e da economia. Maranhão recuou da maluquice de anular a tramitação do processo de impeachment de Dilma Rousseff. Maranhão caiu no ridículo graças à postura firme do Presidente do Senado, Renan Calheiros, que simplesmente ignorou a doideira do Maranhão e seguiu com o ritual previsto pelo Supremo Tribunal Federal para tirar Dilma do Palácio do Planalto.
O desabafo de Renan na presidência da tumultuada sessão do Senado arrasou com a manobra do Maranhão: "Cabe assinalar a extemporaneidade de tal decisão. O Senado já está com este assunto há várias semanas, sendo discutido diariamente na imprensa nacional. Já houve leitura da autorização no plenário, indicação pelos líderes, eleição dos membros aqui no plenário do Senado Federal, instalação da comissão especial, que fez nove reuniões presidida pelo senador Raimundo Lira, totalizando quase 70 horas de trabalho, apresentação, discussão, defesa, acusação e votação do seu parecer. Essa decisão do presidente em exercício da Câmara agora, portanto, é absolutamente intempestiva. Aceitar essa brincadeira com a democracia seria ficar pessoalmente comprometido com o atraso do processo".
Renan Calheiros escolheu um dos três argumentos mais duros, escritos para ele por assessores, para sepultar, de vez, a armação do deputado Maranhão: "Ao fim e ao cabo, não cabe ao presidente do Senado Federal dizer se o processo é justo ou injusto, mas ao plenário do Senado, ao conjunto dos senadores, foi esta exatamente a decisão do Supremo Tribunal Federal, sem falar, por último, do princípio mais sagrado do parlamento, o da colegialidade. Nenhuma decisão monocrática pode se sobrepor à decisão colegiada, tanto mais quando essa decisão foi tomada pelo mais relevante colegiado da Casa, o próprio plenário, e ainda mais, pelo quórum verificado. Por todo o exposto, deixo de conhecer do ofício nº 635, de 2016, da Câmara dos Deputados, e determino sua juntada aos autos da denúncia nº 1, de 2016, com esta decisão”.
Sempre tido como fiel aliado do Palácio do Planalto, Renan Calheiros ontem deu uma de detonador da Dilma, avançando com o processo de impeachment. Renan até traçou a programação que deverá culminar com o afastamento oficial de Dilma na quinta ou, no máximo, sexta-feira: "A ideia é que a sessão comece a partir das 9h de quarta-feira. Fazemos uma interrupção às 12h, retomarmos às 13h e vamos até às 18h. Fazemos então uma (nova) interrupção e voltamos às 19h. A expectativa é que tenhamos a participação de 60 oradores, e teremos dez horas de sessão, mas o objetivo é concluirmos a sessão ainda na quarta-feira".
A desesperada base desgovernista tentará a inútil manobra de postergar, ao máximo, a decisão final sobre a admissibilidade do processo de impedimento - que necessita do voto de no mínimo 41 senadores. O plano dos 20 senadores completamente fieis a Dilma é fazer longos discursos, para ocupar o máximo do tempo. Já a oposição tentará o contrário. A tática será segurar a língua. O plano consiste em abrir mão dos longos discursos. A orientação é falar menos para que a votação consiga terminar no mesmo dia. A previsão inicial é que a sessão de quarta-feira tenha 20 horas de duração, avançando pela quinta-feira, o que dá mais um dia para Dilma ser oficialmente notificada da decisão de afastamento.
O desgoverno já dá a semana como perdida. A grande dúvida da oposição - e esperança da petelândia - era se, mais adiante, haveria o mínimo de 54 votos para detonar Dilma definitivamente, via impeachment. Na numerologia, o desgoverno teria uns 21 votos fieis à salvação de Dilma. Os indecisos formariam um fiel da balança. Ontem, o pessimista Humberto Costa praticamente jogou a toalha sobre as chances de retorno de Dilma, depois que Michel Temer tomar o poder. Também alvo da Lava Jato, Costa tentou posar de bonzinho, minimizando uma previsível futura reação radical dos petistas:
"Depois que sai e o cara tem a caneta, apoio da mídia, não é muito fácil ela voltar. Não vamos incendiar o Brasil, mas não faz sentido isso. O cara fez parte do nosso projeto, do governo, exerceu influência dentro do governo, e, ao mesmo tempo, fez uma aliança com nosso maior adversário para nos derrubar”.
Para variar, como petista contumaz, Humberto Costa mentiu descaradamente. Nesta terça-feira, movimentos sociais, com práticas urbanas de terror, promovem uma ilegítima e ilegal interdição das principais vias de São Paulo. Interrompem o direito de ir e vir dos cidadãos de bem colocando fogo em pneus e madeiras para fechar a via pública. É a reação bolivariana ao impedimento da Dilma - que vai se intensificar.
Neste clima de tensão e cagaço do desgoverno do crime organizado, um desabafo do senador Renan Calheiros à companheira comunista Vanessa Graziotim (PC do B do Amazonas) adverte sobre o perigo da radicalização para a própria sobrevivência dos políticos:
"No Brasil, a História mostra que, quando todos brigam, todos perdem"...
Procurando por um Presidenciável
A petelândia já dá como enorme a chance de não contar com Lula como candidato a Presidente da República em 2018.
Na visão dos estrategistas do PT, Lula ficará de fora se for atingido por algum indiciamento ou eventual condenação na Operação Lava Jato.
Por isso, vale a pena prestar a atenção em recente declaração à Folha de São Paulo do senador petista Humberto Costa (outro cotado a ser lavado a jato), avaliando quem pode e quem não deve ser uma alternativa a Lula:
“Até o momento não vejo um nome que desponte no campo da esquerda com capacidade de ganhar, mas tem gente boa aí na área, você pega um cara como o Fernando Haddad, se ganhar a eleição em São Paulo, vai se tornar um nome nacional, principalmente num momento de dificuldade. Um nome que respeito na esquerda é o Ciro Gomes, mas não é o perfil que vejo para ganhar. Marina Silva não vejo no campo da esquerda”.
Rombo elétrico 
A jornalista Miriam Leitão chamou a atenção ontem que o governo vai modificar a Medida Provisória 706 para colocar na conta do Tesouro e dos contribuintes os custos da ineficiência da Eletrobras.
Os contribuintes vão assumir a dívida gigantesca das distribuidoras de energia da Região Norte com a Petrobras pelo fornecimento de combustível para as usinas térmicas, e o passivo da Eletrobras com a Reserva Global de Reversão, que financia programas como o Luz para Todos.
Indústrias e consumidores vão arcar com um rombo que pode chegar ao montante de R$ 11,8 bi em 10 anos - segundo cálculos de Paulo Pedrosa, presidente da Abrace (associação que congrega os maiores consumidores de energia).
(...)


NO O ANTAGONISTA
Brasil 10.05.16 07:59
Michel Temer jurou que não vai atrapalhar a Lava Jato.
Ele até pensou em fazer um pronunciamento na TV para assegurar os brasileiros de que não pretende interferir nas investigações.
O Antagonista tem uma sugestão muito melhor: ele pode revogar imediatamente a MP da Leniência editada por Dilma Rousseff...
Brasil 10.05.16 07:55
A agonia indecorosa de Dilma Rousseff está perfeitamente representada por esta imagem:
Brasil 10.05.16 07:50
A Folha de S. Paulo desistiu de Dilma Rousseff:
“Personagens burlescos como Waldir Maranhão até podem servir a um governo em desespero; ao país, porém, interessa que sejam contidos...
Brasil 10.05.16 07:33
Depois que Waldir Maranhão, sozinho, paralisou o Brasil, meia dúzia de milicianos do PT resolveram imitá-lo...
Brasil 10.05.16 07:18
Michel Temer tem sorte demais.
Primeiro, o STF eliminou seu maior fardo, Eduardo Cunha. Agora José Eduardo Cardozo jogou-lhe no colo Renan Calheiros e mais um naco do Senado...
Brasil 10.05.16 07:05
Depois de se desmoralizar no Congresso Nacional com a manobra bananeira de José Eduardo Cardozo e Waldir Maranhão, agora Dilma Rousseff bloqueia as cidades, atazanando a vida das pessoas que ainda não perderam o emprego.
Veja a 23 de Maio, interditada pelos milicianos do PT com madeiras e pneus queimados:
Brasil 10.05.16 06:57
Os adoradores de Waldir Maranhão não interditam apenas a marginal Pinheiros.
Eles interditam também duas rodovias na região metropolitana de Porto Alegre: a BR-116 e a BR-290...
Brasil 10.05.16 06:42
A marginal Pinheiros está interditada pelos adoradores de Waldir Maranhão, que protestam contra o impeachment de Dilma Rousseff.
Todos juntos cabem num quarto do Golden Tulip.
Brasil 10.05.16 06:37
A patetice de José Eduardo Cardozo, que armou um golpe desesperado com Waldir Maranhão, o herói do Golden Tulip, deu meia dúzia de votos a mais para o impeachment.
Dilma Rousseff será esmagada no Senado...
Brasil 10.05.16 06:13
Renan Calheiros “se recusou a atender o telefonema de Dilma Rousseff antes de anunciar que iria ignorar o ato de Waldir Maranhão e manter o rito do impeachment”...

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