1ª EDIÇÃO DE HOJE DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
18 DE DEZEMBRO DE 2015
A presidente Dilma atuou diretamente no esforço para devolver a liderança do PMDB ao deputado Leonardo Picciani (RJ), hoje o principal aliado do Planalto na Câmara, porque sabe que a adesão dele ao governo desestabiliza Eduardo Cunha, seu maior adversário. Nesse sentido, a presidente considera demitir ministros do PMDB que não se posicionem claramente distantes de Cunha e do vice Michel Temer.
Estão ameaçados Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Helder Barbalho (Portos), Henrique Alves (Turismo) e Marcelo Castro (Saúde).
Um conselheiro de Dilma nessa nova atitude é o presidente do Senado, Renan Calheiros. Ela ameaça também cortar emendas parlamentares.
Dilma só não quer demitir a ex-adversária e nova amiga Kátia Abreu (Agricultura), que se desentendeu dias atrás com o tucano José Serra.
“A própria presidente telefonou para os deputados”, conta Osmar Terra (RS) sobre a atuação de Dilma por Picciani. Ele avisou: haverá troco.
Desde a última investida da Polícia Federal, na terça (15), o Senado engrossou o coro pela cabeça do ministro José Cardozo (Justiça). O PMDB na Casa, até agora resistente ao impeachment da presidente Dilma, acena pelo avanço do processo caso a PF não seja “domada”. O problema é que Cardozo, que já esteve demissionário após ser preterido para o Supremo Tribunal Federal, nunca esteve tão forte.
Entre os ministros de Estado, José Eduardo Cardozo é apontado como o maior aliado de Dilma: é dele a função de monitorar a Lava Jato.
Estimulados pelo ex-presidente Lula, petistas também querem Cardozo fora. Lembram das prisões de quadros do partido, como José Dirceu.
Senadores dão razão a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao questionar falta de ação contra petistas. Citam a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
A cúpula do PT não sabe se comemora a decisão do Supremo que condicionou o impeachment ao Senado: o papel do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi muito enfraquecido mas, em contrapartida, fortalece (e demais), o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).
Dilma compartilhou com Lula e ministros sua irritação com a posição dos ministros Edson Fachin e Dias Toffoli sobre o rito do impeachment. Devem achar que magistrado tem de pagar a nomeação com a toga.
O ex-ministro do Turismo Vinícius Lages, atual chefe de gabinete do senador Renan Calheiros, baixou a ordem: qualquer papel só pode ser colocado sobre a mesa do chefe depois de passar pelo seu crivo.
O deputado Marcos Rogério (PDT-RO), relator do processo no Conselho de Ética contra Eduardo Cunha, nega que tenha agido para beneficiá-lo. "Enfrentaremos as manobras regimentais", avisa.
O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) define Leonardo Picciani (PMDB-RJ), que retornou ao comando da bancada do PMDB, de “liderança paraguaia”. “Daqui a pouco ele cai outra vez”, garante.
A turma do PMDB sob liderança de Eduardo Cunha aguarda o retorno de três deputados que saíram do governo Pezão para desequilibrar o jogo. E uma nova lista destituirá Leonardo Picciani (RJ).
No Planalto houve estranhamento dos dois votos do PP contra o seguimento do processo que pede a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em tese, o partido (ainda) é da base governista.
Secretário de Fernando Haddad (PT-SP), Gabriel Chalita deve mesmo deixar o PMDB, que fez uma opção clara pela filiação da senadora Marta Suplicy (SP). A expectativa é que Chalita se filie ao PDT.
...após o novo rebaixamento, perdendo o selo de bom pagador, o Brasil terá de lutar muito até para se manter na segundona, em 2016.

NO DIÁRIO DO PODER
MUDAR O REGIME PARA ACABAR COM A CORRUPÇÃO
Carlos Chagas
Amplia-se a corrupção. A cada dia surgem novas denúncias contra políticos, partidos, altos funcionários públicos e empresários. Alguns encontram-se na cadeia, outros em prisão domiciliar, estes aguardando sentenças, aqueles à beira de um ataque de nervos. Mas a maioria vai muito bem, obrigado. Seu exemplo é perfeito. O festival de corrupção explicita generalizado a partir do governo Lula e exposto ao máximo durante o governo Dilma vai conseguindo efeito singular junto à opinião pública: reduzir a capacidade de indignação do cidadão comum, aumentando-lhe a cobiça. A lista de criminosos denunciados em cascata já não irrita nem assusta a população. Pelo contrário, acende sua inveja, pela evidencia de estarem envolvidos com sucesso os mais favorecidos pela roubalheira, primeiro parlamentares e detentores de cargos de nível na administração e na economia do País, mas logo também aqueles que, por se encontrarem de fora, almejam ir para dentro. Fora algumas exceções, comportam-se todos como se nada pareça incomodá-los. Imaginam-se blindados e protegidos pelo regime vigente, pelas leis e regulamentos de espécies variadas. Quando recebem a acusação de ter recebido propinas, promovido desvio de dinheiros públicos e multiplicado de forma irregular suas contas bancárias, aqui ou no Exterior, a tentação e a reação surge sempre maior entre aqueles que apenas observam, já sem protestar: melhor aproveitar, quando der.
A Nação está corrompida entre os que roubam e os que não reagem. Estes, certos de que não adiantará nada ser honesto, parecendo preferível seguir o exemplo daqueles, acreditando na possibilidade de lucrar com os usos e costumes adotados pelos outros.
À medida em que o tempo passa, mais se aprofunda essa dupla prática. Claro que aqui e ali a Justiça consegue resultados. Bandidos tem ido parar na cadeia, mas jamais a ponto de alterar a mentalidade que nos assola.
Sendo assim, a única saída possível estará na mudança do regime. Nada de adotar o presidencialismo-parlamentarista ou a monarquia, iniciativas que de nada adiantariam. Muito menos transformar o Brasil numa imensa prisão.
Mudar o regime significa reduzir a diferença entre ricos e pobres. Ampliar direitos de uns e deveres de outros, misturando-os num conjunto capaz de, em algum tempo, significar igualdade. Em certos casos, pela força, mas na grande maioria, pelo convencimento. Pela demonstração da impossibilidade de ser diferente. Continuar como vamos exprime a desagregação, cuja primeira etapa está sendo a corrupção, admirada por cada vez mais gente...

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
17/12/2015 às 20:35 \ O País quer Saber
Em abril de 2009, a revista Dinheiro Rural informou que José Carlos Bumlai era mais que amigo do peito de Lula. Ele também se tornara O CONSELHEIRO RURAL DO PRESIDENTE, foi avisando já no título a reportagem concebida para festejar os triunfos da sumidade que hospedou o candidato do PT na campanha de 2002.
Na fotomontagem que ilustra a página de abertura, Bumlai sorri para a posteridade à frente de parte do seu vasto rebanho. A suspeita de que se vai ler um texto escrito de joelhos vira certeza quando se topa com o nome do autor: Leonardo Attuch. Ele mesmo. O ex-jornalista que virou comerciante de letras.
Amigo do presidente Lula, José Carlos Bumlai é um grande confinador de gado e um dos responsáveis pelo sucesso dos biocombustíveis, garante no subtítulo o negociante de vogais e consoantes que se homizia num certo Brasil 247 (pode chamar de 171 que ele atende) para enriquecer com a louvação de delinquentes e a difamação de gente honrada que se opõe ao lulopetismo, Confira alguns momentos da aula de jornalismo dependente. Volto no fim:
1. Na campanha presidencial, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva foi apresentado a um dos maiores pecuaristas do Brasil. Era José Carlos Bumlai, um engenheiro nascido em Corumbá, no Pantanal, que trabalhou durante 30 anos na construção pesada e que, em paralelo, desenvolveu uma atividade rural modelo em Mato Grosso do Sul: a Agropecuária JB. A empatia entre o candidato e o fazendeiro foi imediata. Lula passou quatro dias na fazenda e gravou ali, nas proximidades de Campo Grande, os programas sobre agronegócio que foram usados na campanha.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
18-12-2015 ÀS 4:40
17/12/2015 ÀS 23:51
17/12/2015 ÀS 23:03
17/12/2015 ÀS 22:18
17/12/2015 ÀS 20:59
17/12/2015 ÀS 20:29

NO O ANTAGONISTA
Economia 18.12.15 08:26 Comentários (34)
Joaquim Levy finalmente revelou um mínimo de hombridade e, em entrevista ao Estadão, bateu no governo:
"Nunca entendi porque o governo só fala de fiscal. Desde que entrei, até antes, sempre falei de um conjunto de reformas para mudar a economia. Se não mudar a economia, vamos continuar patinando...
Brasil 18.12.15 08:23 Comentários (60)
A Folha de S. Paulo, ontem, já estava comemorando a soltura de Delcídio Amaral, o homem que pode implodir o PT.
Ele continua preso, porém. E deve continuar assim por muito tempo...
Brasil 18.12.15 08:06 Comentários (0)
Eduardo Paes disse: "Eu acho que a presidente está muito feliz. Todos nós estamos muito felizes, porque a decisão do Supremo hoje acalma um pouco o processo político. Acho que se botou um pouco de água na fervura"...
Economia 18.12.15 07:35 Comentários (21)
Nelson Barbosa é o mais cotado para substituir Joaquim Levy na Fazenda.
É o triunfo das pedaladas fiscais...
Brasil 18.12.15 06:47 Comentários (121)
A semana foi boa para Dilma Rousseff...
Brasil 18.12.15 06:22 Comentários (27)
O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, foi indicado pelo dono de um restaurante de São Bernardo do Campo que fazia negócios com José Carlos Bumlai, o operador de Lula...
Brasil 18.12.15 06:11 Comentários (68)
Quem está surpreso?
Sempre soubemos que o STF representaria a última trincheira da ORCRIM.
Brasil 18.12.15 00:28 Comentários (20)
"Michel Temer precisa entregar", resumiu um oposicionista ao Antagonista, depois da volta de Leonardo Picciani, o marionete do Planalto, à liderança do PMDB na Câmara e da decisão do STF de "dar" poder ao Senado de barrar o processo de impeachment.
Brasil 18.12.15 00:05 Comentários (20)
Agora que o STF "deu" poder ao Senado para barrar o impeachment, a única chance de o processo prosperar na Casa é a Lava Jato conseguir tirar Renan Calheiros da presidência...
Brasil 17.12.15 21:20 Comentários (198)
Dilma Rousseff, mascando chiclete de boca aberta, chegando para a inauguração do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, ao lado de Eduardo Paes e Pezão.
É uma visão do nosso amanhã.
Brasil 17.12.15 20:51 Comentários (268)
O eminente Paulo Brossard, autor do livro "O Impeachment", foi invocado por ministros do Supremo Tribunal Federal, para rasgar os artigos da Constituição que regem o processo de impeachment.
Magda Brossard, filha de Paulo, enviou um texto indignado ao Antagonista.
Leiam, por favor...
Brasil 17.12.15 20:38 Comentários (163)
Abertura de processo de impeachment de um presidente, com provas evidentes de crime de responsabilidade, de acordo com as normas constitucionais e as regras do regimento da Câmara, não é golpe...
Brasil 17.12.15 20:25 Comentários (87)
Em entrevista agora há pouco, Eduardo Cunha comentou o julgamento do Supremo. Por motivos óbvios, evitou criticar diretamente o posicionamento dos ministros, mas falou do desconforto em relação ao impedimento de candidatura avulsa na eleição da comissão especial do impeachment...
Brasil 17.12.15 20:01 Comentários (274)
Com a decisão de hoje do STF e Renan Calheiros fustigando Michel Temer, reaviva-se entre os tucanos da esfera de Aécio Neves a esperança de que o TSE casse o mandato de Dilma Rousseff e novas eleições sejam convocadas no ano que vem.
Ok.
Brasil 17.12.15 19:55 Comentários (79)
Como o STF não chegou ao cúmulo de anular a instalação do processo de impeachment, haverá nova votação para a instalação da comissão especial, agora aberta, como definido pelo Supremo...
Brasil 17.12.15 19:50 Comentários (108)
Marco Aurélio Mello já não é mais o mesmo desde que sua filha Letícia, de apenas 37 anos, foi nomeada por Dilma Rousseff como desembargadora do TRF2.
Brasil 17.12.15 19:15 Comentários (261)
E para coroar o caos, Renan Calheiros, informa o Estadão, "atuou para aprovar um requerimento que determina uma auditoria do TCU em sete decretos assinados pelo vice-presidente da República Michel Temer para abertura de crédito ao Orçamento. O caso pode dar subsídio para um pedido de impeachment contra Temer, pois a peça que pede o afastamento da presidente Dilma Rousseff do cargo lista decretos com a mesma característica – isso porque ferem a Lei de Responsabilidade Fiscal."
Feliz Natal, senhoras e senhores.
Brasil 17.12.15 19:07 Comentários (397)
Impeachment desmontado por um STF irresponsável, PMDB cindido, Dilma Rousseff livre para exterminar a economia com medidas populistas -- o Brasil morreu e não renascerá tão cedo.

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 18/12/2015 05:42
O deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), líder do bloco da minoria na Câmara, enxergou três pontos positivos para a oposição no julgamento em que o STF fixou um rito processual para o impeachment com regras que foram celebradas por Dilma Rousseff.
1. “Ao definir o rito, o Supremo Tribunal Federal legitimou o impeachment. Embora tenhamos quer refazer a eleição para a comissão especial do impeachment, o início do processo teve sua legalidade atestada, apesar das complicações de Eduardo Cunha. O Supremo considerou legal o ato dele.''
2. “O Supremo acabou com o discurso fascista do golpe.''
3. “Apesar de o rito não ser o que a gente esperava, ficamos felizes com a cronologia. Dilma queria começar e acabar o processo em janeiro. Agora, esse processo vai para depois do Carnaval, quando as pessoas ainda estarão com as marchinhas sobre o petrolão na cabeça. A nova eleição para os membros da comissão especial do impeachment só vai ser refeita na segunda quinzena de fevereiro. A primeira reunião, só no final de fevereiro.''

Josias de Souza - 17/12/2015 21:12
O rito processual do impeachment, fixado em julgamento do STF, como que condenou Dilma Rousseff a arquivar a tese do golpe. Por maioria de votos, os ministros do Supremo entregaram à presidente o que ela desejava.
Olhando pelo retrovisor, o STF carbonizou a comissão especial do impechment, majoritariamente anti-Dilma. Sob inspiração de Eduardo Cunha, a Câmara elegera secretamente uma chapa avulsa composta de dissidentes governistas e de oposicionistas. O Supremo decidiu que os nomes terão de ser indicados pelos líderes. E a votação será aberta.
Com os olhos no para-brisa, o Supremo deliberou que o Senado dispõe de poderes para arquivar um processo de impeachment eventualmente aberto pela Câmara. Poderá fazer isso antes da abertura formal do processo.
Se optarem pelo arquivamento, os senadores livrarão Dilma automaticamente do desastre que seria um afastamento temporário da poltrona de presidente por 180 dias. Ao esvaziar as atribuições da Casa ainda presidida por Eduardo Cunha, o STF acomodou Dilma no colo de Renan Calheiros, o encrencado presidente do Senado. Paciência. Não se pode ter tudo na vida.
Dilma fez sobrancelhas e cabelo no STF. Só não fez as unhas porque a Suprema Corte indeferiu o pedido de defesa prévia para a presidente. Do contrário, Eduardo Cunha seria forçado a reiniciar o processo do zero, anulando o ato que pôs em movimento o pedido de impeachment formulado pela advogada Janaína Paschoal e pelos juristas Hélio Bicudo e Michel Reale Jr..
“As unhas ficaram conosco”, diz o líder tucano Bruno Araújo (PSDB-PE). “Com essas decisões do Supremo, a pretensão de Dilma de resolver tudo rapidamente desapareceu. O calendário do impeachment será transferido para depois do Carnaval, com todo o desgaste que isso significa para o governo.”

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
Quinta-feira, dezembro 17, 2015
Não há palavras para definir o deletério julgamento do pedido dos comunistas para travar o impeachment da Dilma. Os ministros do Supremo que anuíram à chicana jurídica que dá gás à venezuelização do Brasil é algo inominável. Acrescente-se a isso o fato de que ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tratado com desprezo evidente pela petezada e a própria Dilma, anunciou a sua saída do governo.
De sorte que aquilo que já estava ruim tende não só a piorar mas abrir o caminho para a destruição do Brasil. Foi assim que aconteceu na Venezuela e fatalmente acontecerá no Brasil. Se tudo caminhar como está delineado pelos fatos, em 2016 começará a faltar produtos nas prateleiras dos supermercados. Imaginem a Dilma, Lula et caterva, comandando a economia nacional? 
Esta é uma leitura preliminar dos fatos. Entretanto, a política é dinâmica e imprevisível e a esperança é a última que morre, assinala o velho adágio. 
Mas não deixa de ser no mínimo risível quando vinha se ouvindo a torto e direito que a instituições estavam funcionando. 
Os fatos demonstram que a instituições estão funcionando nos molde comunistas. O Supremo passou por cima do Poder Legislativo renegando até mesmo sua própria decisão na época dos trâmites que levaram à derrubada de Fernando Collor que renunciou para se livrar do impeachment.
O resumo da ópera: a decisão do Supremo Tribunal Federal foi um desastre absoluto que pode empurrar o Brasil para uma conflagração, dada as condições de bancarrota econômica, moral e ética em que o PT e seus satélites comunistas mergulharam o País.
Transcrevo, do site da revista Veja, reportagem que faz um apanhado do que aconteceu neste fatídico 17 de dezembro de 2015, o ano que pode não terminar. Leiam:
CADÁVER RECEBE SOPRO DE VIDA
O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira que cabe ao Senado Federal a palavra final sobre o processo de impeachment. Pelo entendimento de oito dos onzes magistrados, os senadores têm o papel de processar e julgar a presidente Dilma nas acusações de crime de responsabilidade, sendo que à Câmara cabe apenas analisar a admissibilidade do pedido de deposição. A decisão de hoje se deu com base no julgamento em que a mesma corte definiu, em 1992, os ritos do impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Na ocasião, também cabia ao Senado rejeitar a abertura do processo. O resultado da votação acaba por garantir sobrevida ao desgastado governo Dilma Rousseff: o STF também decidiu anular a eleição da comissão formada na Câmara para analisar o pedido de impeachment.
Conforme revelou a coluna Radar, depois do avassalador voto do relator Edson Fachin, contrário aos interesses do Palácio do Planalto, a presidente telefonou na quarta-feira diretamente para senadores em busca de apoio. Com o ex-líder do governo Delcídio do Amaral fora de campo - ele foi preso por atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato - o Palácio do Planalto deve canalizar esforços no presidente da Casa, Renan Calheiros, e em caciques governistas com potencial de angariar apoios contra o impedimento da petista, como os peemedebistas Jader Barbalho e Eunício Oliveira. Calheiros e Jader foram recentemente citados como destinatários de propina do escândalo do petrolão pelos delatores Nestor Cerveró e Fernando Baiano. Renan ficou particularmente irritado com os desdobramentos da novíssima Operação Catilinárias, que apreendeu documentos com seus aliados e na sede do PMDB em Alagoas para embasar processos da Lava Jato. Com o principal cacique melindrado pelas ações da Polícia Federal, caberá agora ao Executivo convencer o senador a desidratar o processo de impeachment. Ao contrário da batalha campal da Câmara, a base aliada é menos fluida no Senado: são pelo 66 senadores de blocos governistas ou de posturas independentes, mas contrários ao impeachment.
O artigo 86 da Constituição estabelece que "admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento (...) perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade". Não haveria uma espécie de instância intermediária entre a acusação e o processamento da presidente, mas, mantendo o entendimento de 23 anos atrás, o STF decidiu que o Senado não poderia ter um papel meramente ratificador da decisão já tomada pelos deputados federais. Em seu voto, o ministro Roberto Barroso, que abriu a divergência e emplacou as principais teses vencedoras, afirmou que o Senado não poderia ser um "carimbador de papéis".
Expressão semelhante foi usada pelos petistas para questionar o voto do relator Edson Fachin. Wadih Damous, deputado federal pelo PT e ex-presidente da OAB-Rio, disse ontem ao site de VEJA que o Senado não poderia virar "um mero carimbador" de uma decisão da Câmara. "A Câmara dá uma autorização ao Senado e não uma determinação. Se a decisão da Câmara já fosse o recebimento da denúncia, não faria sentido em diferir ao Senado para o afastamento do presidente da República. Em nenhum momento um órgão constitucional como o Senado fica subordinado a outro como a Câmara", afirmou Barroso.
TRIPUDIANDO SOBRE O LEGISLATIVO
No julgamento desta quinta-feira no STF, o plenário do Supremo ainda derrubou a chapa avulsa criada para disputar a eleição para a comissão especial que dá parecer prévio na Câmara ao impedimento da petista. Depois de acusarem líderes governistas de indicarem nomes alinhados com o arquivamento do impeachment, uma chapa paralela foi apresentada ao plenário. Em votação secreta e com direito a quebra-quebra de urnas por deputados governistas, a chapa de oposição venceu o pleito. Mas hoje, o Supremo jogou uma pá de cal na possibilidade de existência da comissão paralela e entendeu que os líderes são responsáveis pela indicação dos integrantes do colegiado. Se aberta uma chapa avulsa, disse o STF, o Plenário da Câmara assumiria irregularmente o protagonismo destinado aos partidos políticos. "Não há lógica que possa sustentar que os candidatos de um partido que vão integrar a comissão especial sejam escolhidos não pelo próprio partido, mas pelo plenário. Se por força da Constituição a representação é do partido, os nomes do partido não podem ser escolhidos de fora para dentro, pelos adversários e concorrentes", disse Barroso. Por ordem do tribunal, a eleição dos integrantes da nova comissão especial deve ser feita agora por meio de voto aberto.
Também entre os pontos da tramitação do processo de impeachment, o Supremo decidiu hoje que o afastamento da presidente ocorre apenas após abertura da ação de impedimento pelo Senado. A Lei 1079/50, aplicada pelo Supremo em parte do caso de Fernando Collor, previa que a suspensão do exercício das funções da presidente ocorre imediatamente após a Câmara receber a acusação. Mas no caso Collor, o Supremo definiu que o afastamento do presidente só ocorre efetivamente após a instauração do processo de impeachment pelo Senado.
Na sessão plenária, o STF definiu ainda que não cabe à presidente Dilma defesa prévia antes de o presidente da Câmara receber a denúncia por crime de responsabilidade. "É de inegável prejuízo a autorização para prosseguimento do processo pelo Presidente da Câmara dos Deputados sem a indispensável oitiva prévia do denunciado, pois é neste momento que ele poderá influenciar o juízo sobre a existência ou não de justa causa ou de outras condições de procedibilidade", alegou, em vão, a Advocacia-geral da União (AGU). Do site da revista Veja




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