DA MÍDIA SEM MORDAÇA
NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
08 DE AGOSTO DE 2015
A presidente Dilma passou a trabalhar na minuta da carta-renúncia na terça (4), ao perceber a incapacidade do governo de impedir derrotas no plenário da Câmara, na “pauta-bomba” e na votação do seu próprio impeachment. A decisão surpreendeu os dois ministros solicitados a ajudá-la no texto, que lhe pediram uma chance de reverter a crise. Chamaram o vice Michel Temer, como sempre. O grupo dividiu tarefas e na quarta (5) iniciou um esforço para tentar reverter o quadro.
Sentindo-se pressionado a mostrar que não conspira pela saída Dilma, Michel Temer fez um apelo tão apressado quanto dramático à “união”.
O apelo de Michel Temer à oposição de unir forças “para superar a crise” já fazia parte do script, mas quando a renúncia fosse confirmada.
O ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) fez uma visita à Câmara, que tanto hostiliza, para tentar “abrir o diálogo”. Foi ignorado.
Temer e ministros de revezaram em ligações a donos de grandes redes de TV e jornais pedindo apoio à tese de “união para superar a crise”.
A presidente Dilma Rousseff tem buscado conversar com o presidente do Senado, Renan Calheiros, para tentar “reconstituir a base aliada”. A reforma ministerial domina as conversas entre os dois. Calheiros insiste em um corte significativo no número de pastas e substituição de maior parte dos ministros. Dilma já esboça como será o corpo ministerial, mas espera a nova ‘Lista Janot’ antes de anunciar o desenho da Esplanada
Dilma quer munição “para quando o Procurador-Geral, Rodrigo Janot, denunciar Eduardo Cunha”, dizem parlamentares. A PGR não confirma.
A presidente foi aconselhada a se reaproximar de Renan, apontado como última alternativa para frear as bombas disparadas pela Câmara.
A ‘enxugada’ ministerial é vista como alternativa à PEC que limita em 20 o número de ministérios. Mas o pior será a escolha dos substitutos.
Assessores de Dilma foram pegos de surpresa com a notícia da carta-renúncia da presidente e dizem “desconhecer” o caso. Já a notícia de que Dilma vai nomear Lula ministro foi desmentida enfaticamente.
O MPF não deve pedir o indiciamento de Romero Jucá (PMDB-RR), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Renan Calheiros (PMDB-AL), no âmbito da Lava Jato. Mas Eduardo Cunha seria “inevitável”, segundo um senador.
Mesmo com a taxa Selic a 14,25% ao ano, há empréstimos do BNDES feitos a juros irrisórios de até 2,8% ao ano. Melhor que as taxas são os prazos de pagamento firmados com o banco: variam de 10 a 12 anos.
Os peemedebistas insatisfeitos com Eduardo Cunha o acusam de “encher as comissões com meninos”. Cunha deu a jovens deputados o comando de CPIs e relatorias de projetos de repercussão nacional.
Os restaurantes que mais lucraram com os gastos dos 513 deputados federais este ano são o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), com R$ 402,6 mil, e o Hotel Nacional, com R$ 140,2 mil.
Pela primeira vez em 40 anos um governo de Brasília encara os taxistas. O veto à lei contrária ao Uber é só o primeiro round de uma luta que se avizinha cruenta para o governo do Distrito Federal.
O secretário-geral do Solidariedade, ex-deputado João Caldas (AL), manifestou indignação, internamente, com as tramóias nas finanças do partido. Os acusados dizem que é “delação”. Mas ele afirma que é só testemunha que deseja ajudar a “lavar a jato” os costumes políticos.
Colegas do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contam que ele está confiante que manterá o cargo. Com o grande apelo popular da Lava Jato, avalia que “dificilmente será barrado” pelo Senado.
Os peemedebistas insatisfeitos com Eduardo Cunha o acusam de “encher as comissões com meninos”. Cunha deu a jovens deputados o comando de CPIs e relatorias de projetos de repercussão nacional.
O texto da carta-renúncia redigida pelo trio Dilma-Mercadante-Cardozo deixará claro que é renúncia mesmo ou vai dobrar a meta?
NO DIÁRIO DO PODER
ROTEIRO DO CAOS
Carlos Chagas
Fechou-se mais uma porta para Dilma Rousseff escapulir da crise, melhor dizendo, de perder o mandato. Ao enviar ontem ao Senado o pedido de recondução do Procurador Geral da República, Madame cumpriu seu dever ético para com o Ministério Público. Rodrigo Janot foi o mais votado na corporação. Só que a presidente perdeu razoável chance de evitar a incorporação do Senado à Câmara, em vias de dar andamento ao inevitável processo de impeachment. Porque Renan Calheiros já havia transmitido seu recado de autodefesa, na terça-feira: se Eduardo Cunha instaurar o processo, não haverá como ele se esquivar da tramitação. Afinal, Congresso e Procuradoria estão em pé de guerra, esperando-se para os próximos dias que Cunha e Renan venham a ser denunciados por Janot como envolvidos no escândalo da Petrobrás, alem de pelo menos trinta e cinco senadores e deputados. Com outro Procurador, talvez as denúncias fossem proteladas ou esquecidas. A revanche dos dois presidentes será o sacrifício de Dilma. Traduzindo: impedir a recondução de Janot seria mecanismo para ela continuar no palácio do Planalto. Como optou por preservar o compromisso de respeito à opinião do Ministério Público, sofrerá as consequências. Obviamente se o Tribunal de Contas da União ou o Tribunal Superior Eleitoral vierem a pronunciar-se pela existência de crime de responsabilidade da chefe do governo, seja ao rejeitar suas contas de 2014, seja pelo uso de dinheiro podre na recente campanha presidencial.
Rodrigo Janot parece o único a salvar-se do incêndio. Dilma, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, além de outros, correm o risco de perder o mandato. Michel Temer não se livrará da suposição de haver saltado de banda na hora final, visando galgar o poder. O Congresso continuará nas profundezas, mesmo afastando a presidente. O PT se desmancha no caos e na impossibilidade de respaldar o governo. O Lula se perderá na corrente pelas críticas permanentes que faz à performance da sucessora. O PMDB dificilmente ressurgirá das cinzas da fogueira dos presidentes da Câmara e do Senado.
Como a economia só faz despencar, adeus Joaquim Levy, ignorando-se quem um hipotético novo presidente da República indicará para tentar evitar a bancarrota. Até porque, sabemos que Michel Temer assumirá, no caso da prevalência da tese do Tribunal de Contas da União, atingindo apenas Dilma, ou se perderá a oportunidade para alguém ser escolhido em novas eleições, diretas ou pelo Congresso, se o Tribunal Superior Eleitoral considerar anulado o pleito que deu a vitoria à dupla hoje no poder.
Em suma, em toda a História da República raras vezes se viu confusão igual, um enigma envolto por um mistério, cercado por uma charada. Como estamos no Brasil, pode até não acontecer nada dessas variadas hipóteses, continuando tudo como está, ou quase, pois os panelaços dão a impressão de se eternizar.
OPORTUNIDADE PERDIDA
Por uma dessas armadilhas que a tecnocracia nos prega, meu computador grimpou na quinta-feira, não tendo transmitido aos assinantes a coluna enviada para sexta-feira. Revelei, mas ninguém leu, que a presidente Dilma Rousseff havia manifestado a intenção de renunciar, como uma das opções para a crise. Por isso tinham vindo em seu socorro Michel Temer, Aloísio Mercadante, Joaquim Levy e outros ministros, falando em união nacional, reconhecendo erros e prevendo dias ainda piores.
Pois não é que por inconfidências de fontes provavelmente gêmeas, ontem fui ultrapassado por um querido amigo, comentarista de bem maior quilate, que divulgou igual informação. Fica minha frustração diante dessa diabólica parafernália eletrônica.
NO BLOG DO CORONEL
SEXTA-FEIRA, 7 DE AGOSTO DE 2015
Quem vai pagar o pato pelo PT? Ninguém. Encaminhadas as delações premiadas de Nestor Cerveró, Renato Duque, Fernando Baiano e até mesmo Marcelo Odebrecht. O PT em seu programa defendeu apenas a si mesmo e mostrou que o que importa é a sua sobrevivência. Acham que as delações já deram o que tinham que dar? Aguardem as próximas. As que vão envolver ele, o Brahma, o grande mentor da roubalheira que destruiu o país.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 11:57:00
NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
07/08/2015 às 19:09 \ Direto ao Ponto
O dia e a hora da encenação, o elenco bisonho, o roteiro mambembe, o mestre-de-cerimônias repulsivo, a arrogância dos parteiros da obra – tinha tudo para dar errado o programa partidário de 10 minutos exibido pelo PT na noite desta quinta-feira. E deu. Mas o que se viu superou as previsões mais catastróficas do mais radical antipetista.
As agressões ao Brasil indignado começaram com a entrada em cena de José de Abreu. Cicerone do passeio pelo lixão do PT, o rei de lixão de novela puxou o desfile de ameaças e insinuações belicosas. “O caminho do pessimismo nos leva a lugares bem sombrios e o alçapão mais perigoso é o que nos lança no conflito, com final sempre trágico para todos”.
Um porta-voz do bloco da barba abriu o cortejo de figurantes escalados para recitar cretinices sobre coisas que ignoram. “Durante seis anos, os governos do PT conseguiram retardar a chegada da crise econômica no (sic) Brasil”, mentiu. “Hoje o país vive problemas passageiros em (sic) economia”, mentiu a representante da elite branca. “E tem gente tentando se aproveitar disso para criar uma crise política”, mentiu o terceiro destaque do grupo de jovens robotizados.
O espetáculo do cinismo estava quase na metade quando irrompeu o bordão ilustrado por imagens de políticos oposicionistas: “Não se deixe enganar por aqueles que só pensam em si mesmos”. E então chegou a vez da trinca de protagonistas. Cada vez mais parecido com um agente funerário que furta o relógio do defunto, Rui Falcão invadiu a tela para repetir a tapeação do momento.
“Tem gente dizendo que só existe crise no Brasil, mas as manchetes provam que há crise em toda a parte”, mentiu o presidente do PT, amparado por dois recortes de jornal. O primeiro noticiava um soluço na bolsa de valores da China, cujo PIB vai crescer além de 6% neste ano. O segundo tratava do agravamento da crise da Grécia, uma espécie de Brasil da Europa.
Além de gregos e brasileiros, só estão aflitos com crises os russos e os venezuelanos. O resto do mundo está muito melhor que o paraíso tropical castigado pela alta da inflação, pela ampliação do desemprego e pela paralisia nos investimentos, fora o resto. Nada disso foi mencionado no programa, que também contornou cuidadosamente a corrupção de dimensões amazônicas, a segunda prisão de José Dirceu ou a destruição da Petrobras.
“Eu sei que a crise já chegou na nossa casa”, fingiu condoer-se Lula já na primeira linha do palavrório. (Não na dele: o chefão de tudo não sabe o que é problema financeiro desde que virou gigolô de empreiteira). Mas tudo vai melhorar, prometeu o mágico de picadeiro que não para de pensar “naqueles que mais precisam”. (O tempo que sobra é consumido na proteção a parentes e amigos multimilionários, como o filhote Lulinha ou os quadrilheiros do Petrolão).
A Ópera dos Malandros foi encerrada por Dilma Rousseff: “Quem pensa que nos falta (sic) ideias está muito enganado”, gabou-se a recordista de impopularidade sem apresentar uma única ideia. Ao som da lira do delírio, os idiotas no poder despediram-se dos espectadores zombando dos 71% de brasileiros exaustos de ladroagem e incompetência. Em vez de pedir desculpas ao país que presta, o exército brancaleônico preferiu chamar para a briga a imensidão de descontentes.
O maior panelaço da História do Brasil foi o ensaio geral para o resposta dos afrontados, que virá em 16 de agosto. A missa negra celebrada para salvar o governo moribundo apressou a extrema-unção. A data do enterro será determinada pelo povo nas ruas.
NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
08/08/2015 às 4:55
Nesta sexta, militantes petistas foram “abraçar” o Instituto Lula, que teria sido alvo de um “atentado”. Apenas 400 militantes apareceram por lá, embora a convocação tenha sido feita com antecedência e a anunciada presença de Lula. Nem os companheiros levaram o troço muito a sério. Até a eles ocorre que, se alguém quer mesmo praticar um atentado político, não joga uma bomba caseira como aquela. Se joga e se o faz naquelas condições, talvez esteja tentando simular um atentado, entendem? Com que propósito? A lógica responde. Mas sigamos.
O país vivendo em transe, e eis que Lula e seus seguidores se apegam à lógica do “bunker” — também do “bunker” mental. Seria só patético se três ministros não houvessem passado por lá para beijar a mão do Poderoso Chefão do Partido — e três ministros, note-se, que são da cota pessoal de Dilma Rousseff: Aloizio Mercadante (Casa Civil), Edinho Silva (Comunicação Social) e Jaques Wagner (Defesa). Os 403 de Lula se juntaram no dia seguinte a um panelaço que varreu o país, em protesto contra o programa do PT no horário político.
O país numa crise gigantesca, e o PT volta a se comportar como grupelho.
Não está melhor, por óbvio, a presidente Dilma Rousseff. Ao participar de um evento do “Minha Casa Minha Vida” em Boa Vista, Roraima, visivelmente abatida, com sinais explícitos de que anda tendo péssimas noites de sono, vociferou em favor da legitimidade do seu governo e anunciou o imperativo das urnas, como se as mesmas leis que a elegeram também não previssem o roteiro da deposição.
E, para não variar, Dilma voltou a apelar a seu passado de membro de grupos que ela chamaria “guerrilheiros”, mas que, sabe-se, eram mesmo terroristas. A atuação lhe rendeu prisão e tortura, num tempo que foi inaugurado com a Constituição sendo rasgada e que foi mantido com arremedos e remendos de legalidade ditatorial.
Em que aquela experiência, por mais traumática e dolorosa que tenha sido, pode instruir a Dilma de agora? A resposta, infelizmente pra ela, é esta: NADA DE POSITIVO PODE TRAZER. Ela não é mais, que se saiba, a militante que queria dar um golpe comunista no país; da mesma sorte, não está sendo perseguida por gente torta em razão de suas ideias tortas. Ao contrário: a presidente da República é chamada a dar uma resposta à legalidade democrática.
Chega a ser desagradável ter de lembrar a Dilma que o fato de um terrorista ou guerrilheiro ter resistido às piores condições do cárcere não o torna inimputável nem o prepara, de modo especial, para enfrentar os rigores das leis democráticas. DILMA NÃO TEM MAIS RESPOSTA NENHUMA A DAR À DITADURA. ELA TEM DE PRESTAR CONTAS É À DEMOCRACIA.
Não obstante, a presidente de apega de um modo que me parece monomaníaco àquele passado, que ela vê, certamente com autocomplacência, como se ele fosse a evidência de sua têmpera de ferro, pronta a enfrentar as maiores adversidades. Ademais, é evidente que ela tenta estabelecer uma paralelo entre a tortura que sofreu e as exigências legais às quais têm de responder. Mais ainda: os 71% que acham seu governo ruim ou péssimo e os 66% que querem seu impeachment não são seus torturados. São apenas brasileiros inconformados expressando a sua contrariedade, muitos deles, dados os números, certamente sufragaram o nome de Dilma há menos de 10 meses.
Sim, é visível que a presidente está sofrendo — o padecimento está estampado em seu rosto de modo inédito. Mas o Brasil não tem o que fazer com o seu sofrimento; ele de nada nos serve. Muito pelo contrário: só empresta uma dramaticidade que mais nos afasta do que nos aproxima de uma resposta. Lula pode voltar lá para o seu cafofo autorreferente e se juntar a seus fanáticos. Dilma não pode. As reminiscências da “guerrilheira” só a farão encontrar os inimigos e os amigos errados.
A crise é, sim, gigantesca. Só não caiam na conversa de que alguma grave ameaça política paira sobre o país — a menos que os vermelhos estejam pensando em fazer coisas feias. Qualquer que seja o desdobramento — impeachment, cassação da chapa ou renúncia —, há uma legalidade sólida que o abriga. Vamos ser claros? A única alternativa que desafia a lei é a permanência de Dilma.
Pense bem, presidente! Mas pense com os olhos em 2015 e no futuro. A ex-presidiária só atrapalha. Não convém confundir a Constituição com o DOI-CODI.
Por Reinaldo Azevedo
07/08/2015 às 19:58
Um dia depois de ter ido ao ar o programa do PT que ameaça o país com o abismo, o golpe e o caos caso Dilma deixe a Presidência — é a isso, creio, que chamam lá de “crise política” —, “petistas e representantes de movimentos sociais”, escrevem os sites noticiosos, organizaram em frente ao Instituto Lula um “protesto contra a intolerância”.
É mesmo? Contra a intolerância de quem? Seria contra a determinação com que petistas perseguem seus adversários nas redes sociais, agredindo-os verbalmente, trolando-os, mosletando-os, a exemplo do que fazia até outro dia — faz ainda? — o ator José de Abreu? Quem chama um notório “hater” para conduzir seu programa de TV não pode falar em “tolerância”.
O pretexto do encontro foi protestar contra a bomba caseira jogada há dias na calçada do Instituto Lula, ato criminoso, sim, cuja natureza não se conhece. Os intolerantes do petismo, no entanto, a começar da presidente da República, resolveram associar o episódio ao antipetismo que está nas ruas e em toda parte.
Atenção! É tão legítimo ser antipetista como é legítimo ser antitucano — ou isso não existe aos montes por aí? Quando militantes e simpatizantes do PSDB eram, e são ainda, tachados de “coxinhas” e de “reaças”, vocês viram alguém gritar “preconceito”? Será que o tal “preconceito” só existe quando o alvo do protesto são os companheiros?
Ah, esse debate conheço bem. Ao longo dos oito anos de mandato de FHC, eu o vi ser ironizado muitas vezes porque intelectual, porque sociólogo, porque professor da Sorbonne, porque… inteligente! Características inequivocamente positivas foram transformadas por Lula e pelo PT em máculas.
E nada disso parecia preconceito. Quando Lula foi eleito, fiz uma caricatura de seu notório anti-intelectualismo e passei a chamá-lo de “Apedeuta”. Foi uma grita geral. Seria “preconceito” de minha parte. Outro dia, alguém me mandou um pensamento — mau pensamento — de um humorista, segundo o qual é sempre lícito fazer piada tendo como alvo o opressor, mas nunca o oprimido. Talvez ele pense o mesmo sobre a ironia.
É claro que é uma tolice monumental e expressão de ideologia rasteira. Quando menos porque os conceitos de “oprimido” e “opressor” já embutem juízo de valor. Num país com uma população universitária ainda tão pequena, ironizar a escolaridade formal corresponde, acho eu, a fazer o jogo do opressor. Mas sei não ser esse um juízo universal. Fosse você tentar convencer a população de Dresden de que os Aliados eram os libertadores, não os opressores… Não iria colar. A melhor regra para o humor é uma só: ter graça; a melhor regra para a ironia é uma só: descontruir o estabelecido. E fim de papo. Mas volto ao ponto.
Os petistas, no poder há 13 anos, jamais desistiram de exercer o poder da vítima. É muito comum que o sujeito saia por aí gritando “sou oprimido” para que, então, possa ser agressivo, alegando apenas autodefesa.
Mas voltemos o dia
Mas voltemos ao dia. É impressionante que todos nós escrevamos, como se fosse a coisa mais natural do mundo, que os movimentos sociais também estavam lá, junto com os petistas. E sabem por que estavam? Porque eles não se distinguem do partido, e isso não deveria ser considerado algo normal. Porque, definitivamente, não é. Assim como o partido aparelha o estado, aparelha também a sociedade.
E as ambições de verticalização do PT não reconhecem fronteiras. Antes do ato propriamente, estiveram no Instituto Lula os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Jaques Wagner (Defesa) e Edinho Silva (Comunicação Social). É evidente que isso é o fim da picada. As autoridades da República estavam lá, se vergando ao poder daquele que se quer ainda o condestável da República. Tenham paciência!
De resto, tenho a dizer: vai mal o PT! Uma convocação como a que foi feita, com a presença de Lula, para abraçar o tal instituto, recebe 400 pessoas apenas? No lançamento do meu mais recente livro, “Objeções de um Rottweiler Amororo” (Editora Três Estrelas), reuni 1.200 na Livraria Cultura. Não quero competir com Lula, claro! É que, no congresso do PT, ele me chamou de “blogueiro falastrão”.
O ex-presidente falastrão, definitivamente, não vive um bom momento.
Por Reinaldo Azevedo
NO O ANTAGONISTA
Brasil 08.08.15 09:29 Comentários (20)
Estadão: "Luiz Inácio Lula da Silva foi sondado por líderes petistas e representantes do governo sobre a possibilidade de ocupar uma vaga no Ministério da presidente Dilma Rousseff.
Até agora, no entanto, ele tem se mostrado refratário à ideia, dizendo que prefere passar os próximos meses viajando pelo Brasil para fazer a defesa da democracia...
Lula quer a faixa
A filha do almirante Othon tem de traduzir-lhe esta reportagem publicada pelo Estadão: "O TCU detectou em auditoria sigilosa um sobrepreço de 406 milhões de reais na construção da Base Naval e do Estaleiro da Marinha, em Itaguaí. Tocado pela Odebrecht, o empreendimento integra o programa que prevê a operação, até 2025, de quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear...
O desenho de Itaguaí já está 60% mais caro
A mulher de Renato Duque, Maria Auxiliadora Tibúrcio, obrigou-o a denunciar os mandantes do esquema de propinas da Petrobras. Ela perguntou: "Quem você está protegendo?"
O primeiro encontro de Renato Duque com os procuradores da Lava Jato foi "terrivelmente decepcionante", como publicamos em O Antagonista. Segundo uma fonte envolvida nas conversas, porém, o operador do PT prometeu entregar todo mundo: Dilma Rousseff, Lula, José Dirceu.
Ele prometeu entregar todo mundo
Fernando Baiano está prestes a concluir seu acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
Uma fonte de O Antagonista assegura que ele entregou Eduardo Cunha.
O PGR só pediu um nome: Eduardo Cunha
O impeachment se aproxima. Gerson Camarotti, do G1: "No Palácio do Planalto, foi feita uma contabilidade pragmática por petistas e auxiliares diretos da presidente Dilma Rousseff: é preciso ter 200 votos garantidos na Câmara dos Deputados para barrar a abertura de um processo de impeachment.
Num gabinete palaciano, a contabilidade acendeu a luz vermelha entre os ministros: hoje, o governo só tem 130 votos seguros...
Os deputados de Dilma Rousseff desapareceram
A OAS não reformou apenas a fazenda de Lula, registrada em nome de dois laranjas. Ela reformou também o escritório de José Dirceu.
Estadão: "Quebra de sigilo do e-mail de Julio Cesar dos Santos, que foi sócio minoritário da JD Consultoria até 2013, indica que a empreiteira OAS teria bancado uma reforma no imóvel da JD Consultoria...
Léo Pinheiro, da OAS, reforma para Lula e José Dirceu
Aécio Neves deu uma entrevista à Veja. Eu, Diogo, desisti imediatamente depois da primeira linha:
“Aécio Neves ainda não decidiu se vai se juntar ao povo nos protestos contra o governo da presidente Dilma Rousseff marcados para o próximo domingo, 16”.
Aécio vai. Ou não vai
Ontem à tarde, depois de atirar rosas brancas e vermelhas nos militantes petistas, Lula reuniu-se na sede de sua empresa – o Instituto Lula – com Aloizio Mercadante e Edinho Silva.
De acordo com o relato da Folha de S. Paulo, feito pela repórter Marina Dias, que cresceu dentro do PT e é afilhada do próprio Edinho Silva, Lula recomendou que Dilma Rousseff fizesse uma reforma ministerial...
O Super Ministro do Comércio Exterior
Duas semanas atrás, a Veja publicou que Léo Pinheiro estava pronto para delatar Lula.
O presidente da OAS desmentiu a revista e Lula aproveitou para processar os autores da reportagem. Nesta semana, a Veja corrigiu o tiro...
Quanto mais tempo de cadeia, melhor
Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, é um sábio. Convidado por Dilma Rousseff para assumir o ministério da Fazenda, ele achou melhor colocar no cargo um de seus subordinados, Joaquim Levy. Ele deve festejar essa escolha todos os dias.
Hoje há uma entrevista com ele na Folha de S. Paulo...
Troquem o piloto
O Antagonista poderia passar a madrugada toda postando achados da Operação Pixuleco, mas é sexta-feira e ninguém é de ferro. Para dar uma ideia do tamanho da encrenca...ver mais
A página 3 do caderno vermelho de Luiz Eduardo Oliveira, irmão de José Dirceu, traz uma espécie de gráfico com o rateio da propina. A anotação "UTC - Walmir" refere-se ao então diretor-financeiro da empreiteira Walmir Pinheiro. O valor de R$ 450 mil...
Pelo visto, Dirceu inventou a carnê da propina.
Na página 2 do caderno vermelho de Luiz Eduardo Oliveira, irmão de José Dirceu, constam várias menções à empreiteira UTC, de Ricardo Pessoa, que assinou delação premiada.
Na primeira, a UTC surge associada ao valor...
Vejam o documento:
Na página 1 do caderno vermelho de Luiz Eduardo Oliveira, consta o nome "Lula" ao lado da anotação "depósito avião". Sim, pode ser o Brahma. Sim, pode ser o chefe. A anotação sugere que a empresa de José Dirceu e seu irmão fez um depósito para pagar uma despesa de viagem de Lula. Se Lula for Lula, e não um homônimo, é uma bomba nuclear.
Logo abaixo, há uma anotação com o nome de Leo Pinheiro, da OAS, amigão do Brahma, associada a "P/João passar 690,0 P/JD"...
Eis a reprodução da página com o nome "Lula": ver mais
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