DA MÍDIA SEM MORDAÇA
17 DE AGOSTO DE 2015
Convencida pelo ex-presidente Lula, Dilma negocia entregar ministérios de “porteira fechada” aos partidos aliados, com direito a livre nomeação e em todas as esferas de atuação das pastas. É a nova estratégia de “recomposição da base aliada”. O governo pretende, com a medida, reunir pelo menos 200 deputados “100% fiéis” que impeçam a todo custo o avanço de pedidos de impeachment. Projetos, só em 2016.
Com a proposta, o governo enterraria críticas constantes da oposição: abriria caminho para reduzir o número de ministérios, hoje em 39.
Após redistribuir os ministérios, Dilma deixará no governo apenas os partidos que se comprometerem com a “fidelidade total”.
Ao lado de Temer, Lula é o principal articulador da nova estratégia de Dilma, considerada a última alternativa para sair da grave crise.
Apesar de recente crise com o PDT, o governo pretende reconquistar o aliado histórico, mas o ministro Manoel Dias está com os dias contados.
O vice-presidente Michel Temer ouviu cobras e lagartos da bancada do PMDB na Câmara em almoço, semana passada. Sobraram bordoadas para Dilma e para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, orientou deputados a rejeitarem as propostas talhadas por Calheiros e pelo Planalto, e iniciarem “boicote” às propostas, que precisam de análise na Câmara.
Deputados acusam Renan, citado na Lava Jato, de só se aproximar de Dilma para se safar da lista do procurador-geral, Rodrigo Janot.
Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, também citado na Lava Jato, ridiculariza as propostas de Calheiros: “É espuma”, definiu Cunha.
Com deputados do PMDB fiéis a Eduardo Cunha, Temer trabalha para promover a paz entre Renan e Cunha para tentar “alinhar” os caciques.
Ainda que seja indiciado pelo Ministério Público na Lava Jato, Eduardo Cunha tem apoio para permanecer presidente da Câmara. Aliados como PSD, PP e PSC o apoiam, mas pedem para o peemedebista “pegar leve” nas críticas ao governo Dilma e, especialmente, ao Judiciário.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) mantém a esperança de impeachment de Dilma após as manifestações de domingo: o prazo amigo dado para Dilma explicar as pedaladas “não calará a sociedade”.
O deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE) ironiza a aproximação de Dilma com Renan Calheiros. Diz que Dilma “nomeou Renan como primeiro ministro” para se manter no poder. “É uma troca”, criticou.
Principal opositor a Michel Temer na articulação política, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) espalha que “está esgotado” o modelo de articulação concentrado na figura do vice-presidente.
Não é só o vice-presidente Michel Temer que quer se livrar de tocar a articulação política do Planalto. A bancada peemedebista na Câmara engrossa o coro: querem que Temer passe o abacaxi para outro.
A falta de liberação de emendas parlamentares foi o assunto preferido de almoço de Michel Temer com deputados do PMDB. “As emendas continuam travadas”, avisou Leonardo Picciani (PMDB-RJ).
Geraldo Alckmin (PSDB) se aproxima do Congresso. Reabriu escritório de representação em Brasília após cinco anos, pois o governo de São Paulo precisa de um “lar” na Capital. Está de olho mesmo é em 2018.
O desempenho do real é o pior entre moedas dos membros do BRICS. Já perdeu 17% do seu valor frente ao rands (África do Sul), 20% para o rublo (Rússia), 26% frente ao yuan (China) e 29% para a rúpia (Índia)
... dizem que não há crise sem culpados. Mas para o governo Dilma não há crise, só culpados.
NO O ANTAGONISTA
Brasil 17.08.15 06:17 Comentários (29)
Antes de prender Lula, a Lava Jato tem de prender um monte de gente.
Nestor Cerveró contou que a campanha de Lula, em 2006, foi paga com propina do navio-sonda Vitória 10000. Participaram do roubo, segundo ele, Fernando Schahin, herdeiro da empreiteira Schahin, que repassou dinheiro de sua conta secreta no banco Julius Baer para os diretores da Petrobras, e José Sérgio Gabrielli, presidente da estatal...

Lula e José Sérgio Gabrielli: 10000 vitórias juntos
Mais de 900 mil manifestantes foram às ruas (a PM calculou, até agora, 879 mil, mas falta acrescentar Rio de Janeiro e Recife). Em 12 de abril, éramos 701 mil.
O número é importante por dois motivos...

Os dados da PM, segundo o G1
Dilma Rousseff comemorou porque os comerciais do PSDB convocando os eleitores para os protestos não deram o menor resultado.
Não há o que comemorar.
Os comerciais eram tão ruins que nem O Antagonista - que fez uma campanha cerrada pelos protestos – se interessou em divulgá-los.

Resultado: zero
O Antagonista encerra a sua cobertura das manifestações de hoje, homenageando o maior homenageado nas ruas do Brasil: o juiz Sergio Moro.
Tentaram cooptar Sergio Moro. Ele não cedeu. Tentaram cercear o seu trabalho. Ele conseguiu furar o cerco. Tentaram manchar a sua reputação nos blogs sujos. Ele não se abalou com as mentiras. Tentaram questionar o seu conhecimento jurídico. Ele continuou demonstrando que a sua formação é sólida e a sua estratégia, exata.
Os brasileiros reconhecem em Sergio Moro um modelo de Justiça -- imparcial, dura, rápida. Os brasileiros reconhecem em Sergio Moro um modelo de cidadão -- trabalhador, cumpridor dos seus deveres, confiante no seu país.
Os brasileiros orgulham-se de Sergio Moro. O Antagonista orgulha-se de tê-lo apoiado sempre.

Modelo de Justiça
NO DIÁRIO DO PODER
Carlos Chagas
UMA CONVERSA INCONCLUSA
O que teriam conversado Dilma e Lula no fim da tarde de sábado (15), no palácio da Alvorada, a sós, sem testemunhas, durante quase duas horas? Alinharam temores pela manifestação de ontem ou comentaram a mais recente denúncia que atingiu o ex-presidente, de haver recebido 27 milhões de reais por conta de palestras ministradas por todo o mundo, desde que deixou o poder? Como toda a população, ignoravam a densidade dos protestos do dia seguinte, ainda que com relação às palestras, tivessem concluído que o Instituto Lula houvesse prestado todas as informações à Receita Federal.
Certo, mesmo, é que refizeram suas relações políticas e pessoais, concluindo estar a sorte de uma ligada à sorte do outro. Na hipótese hoje um pouco mais remota de impeachment ou da renúncia de Madame, o antecessor também estaria fulminado, donde se conclui a reafirmação de que se ela terminar seu mandato, ele fatalmente será candidato a retornar ao palácio do Planalto. Esse será o roteiro idealizado pelos dois.
Assim, no atacado, terão ajustado os ponteiros. Mas no varejo? Aqui, as hipóteses variam ao infinito. Terá o Lula insistido na necessidade de ampla reforma do ministério? Exortou a sucessora a decidir com mais rapidez? Conquistado Renan Calheiros, deveria atrair Eduardo Cunha ou deixá-lo entregue às próprias agruras? Haveria outra fórmula para assegurar o apoio do Congresso, além da distribuição fisiológica de cargos e funções nas estruturas do governo? Reconquistar a popularidade apenas com viagens pelo país daria resultado? Domesticar o PT e os movimentos sociais com a política de Joaquim Levy? Encontrar alternativas sociais para recuperar as massas ou permanecer satisfazendo as exigências das elites?
Não teria fim a agenda referente aos variados problemas enfrentados pela presidente e, em consequência, pelo seu mentor, terminando pela charada para a qual ainda não tinham resposta: os protestos de ontem. Dilma ficaria no bunker em que o palácio da Alvorada se transformou. Lula, olhando a rua de viés, pela varanda de seu apartamento em São Paulo. Ligados, é claro, por linhas telefônicas permanentes.
QUEM É O CHEFE?
É sempre bom lembrar episódio verificado no final da Segunda Guerra Mundial, quando já derrotada a Alemanha de Hitler. Em Londres, os jornalistas cercaram o marechal Bernard Montgomery, herói dos exércitos britânicos e um poço de vaidade. Queriam saber qual o segredo de seu sucesso. Arrogante, mandou que anotassem: “é porque eu não bebo, não fumo, não jogo e não prevarico!”
Winston Churchill, ainda primeiro-ministro, sentiu-se atingido e convocou os repórteres, pedindo que registrassem suas palavras: “eu bebo, fumo, jogo, prevarico, e sou o chefe dele.”
Não é preciso explicar...
NO BLOG DO CORONEL
DOMINGO, 16 DE AGOSTO DE 2015
Este foi o resumo das manifestações ocorridas no dia de hoje em todo o país. Havia uma pauta. Havia um foco. O povo quer o impeachment de Dilma. O povo quer ver Lula na cadeia. O povo quer um Sérgio Moro enfrentando todos os corruptos. O povo começa a fechar questão. E quando o povo começa a pensar a mesma coisa não tem governo que resista. Ainda mais este governo corrupto, mentiroso e estelionatário do PT. Vai cair. É só uma questão de tempo.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 19:47:00
NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
16/08/2015 às 22:21 \ Direto ao Ponto
Pela terceira vez em cinco meses, o Brasil mostrou nas ruas que está farto de corrupção, incompetência e vigarice. Uma mobilização nacional de tal porte e tamanha intensidade, decididamente, não é pouca coisa. Mas o 16 de Agosto foi muito mais que isso. A unificação das palavras de ordem, por exemplo, consumou o sumiço dos nostálgicos de intervenções militares, tragados pelo oceano verde e amarelo formado por democratas que rechaçam todas as tribos autoritárias. O coro da multidão identificou com exemplar objetividade os tumores a remover antes que o estado de direito seja abatido pela infecção letal.
Em todas as regiões, a multidão exigiu o imediato despejo da presidente que já não governa e bombardeou Lula com acusações alicerçadas em fatos (além dos adjetivos, todos contundentes e todos merecidíssimos, há tanto tempo aprisionados na garganta). Aécio Neves, José Serra e outros líderes oposicionistas enfim se juntaram aos atos de protesto e afinaram o discurso com o grito dos indignados. Inscrições em faixas e cartazes saudaram o juiz Sérgio Moro e os avanços da Operação Lava Jato. Prudentemente, Dilma trancou-se no Palácio da Alvorada com um punhado de ministros.
Deveria ter trancado no banheiro o companheiro que preside a CUT. À solta, o delinquente Vágner Freitas materializou mais uma irretocável ideia de jerico: promover uma boca-livre a favor do governo nas cercanias do Instituto Lula. Enquanto pelegos miavam no microfone, os gatos-pingados pagos para aplaudir os ataques à burguesia golpista disputavam bravamente pedaços de churrasco e garrafas de cerveja. O contraste entre a bebedeira no esconderijo do chefão e a portentosa passeata na Paulista valeu por 20 recordes de impopularidade estabelecidos por Dilma.
Neste domingo, o Brasil que presta deixou claro que continua em vigor o parágrafo único do artigo 1° da Constituição: todo o poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido. Se tiverem juízo, os figurões dos três Poderes farão a vontade de quem manda.
16/08/2015 às 22:19 \ Opinião
VALENTINA DE BOTAS
O sucesso das manifestações venceu. Com menos ou mais gente, o recado está dado: estamos fartos. Não entende quem não quer. Claro, o governo não quer e continuará morto insistindo em esquecer de deitar, mas nem o indignado mais enlouquecido de esperança supunha uma renúncia no crepúsculo deste domingo. Pois do lado oposto da civilização está uma presidente que verga, mas não se envergonha, afinal passar ao lixo da história como a primeira mulher eleita e reeleita pelo maior esquema de corrupção de um país democrático é pouco, ela também será esquecida como a governante mais detestada.
NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
17/08/2015 às 6:09
Protesto em Brasília: sinal verde para o povo. Só os guarda-sóis dos carrinhos de sorvete são vermelhos Foto: Cristiano Mariz/Veja.com)
Não é segredo pra ninguém — nem o governo fez grande esforço para escondê-lo — que a semana passada, em Brasília, abrigou várias feitiçarias. De súbito, Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado — um potencial alvo de Rodrigo Janot, procurador-geral da República, tanto quanto Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara — surgiu como condestável da República e fiador de uma tal agenda da estabilidade. No papel, a articulação é poderosa: Janot livra a cara de Renan, que arruma os votos de que precisa o procurador e, de quebra, ainda seduz uns dois ou três sob a sua influência no TCU, com Cunha isolado. Atenção! Erram os que acham que Michel Temer foi personagem ativa nesse arranjo. Não foi, não! Dilma não engoliu, embora tenha dito o contrário, aquela fala do vice, segundo quem é preciso haver alguém que “reúna e una o país”. Renan e Dilma tentaram um “strike”, derrubando todos os pinos do boliche com uma única tacada. Mas acho que não vai dar certo.
A “virada” que o governo tentou caracterizar não se deu só aí. No TSE, Luiz Fux pediu vista na ação em que o PSDB acusa a campanha de Dilma de abuso de poder político e de poder econômico e de uso de recursos oriundos de propina da Petrobras. O placar já estava dois a um, e um terceiro voto já era dado como certo. São necessários apenas quatro para que se abra a investigação.
No STF, Roberto Barroso, numa decisão, para dizer pouco, heterodoxa, considerou que a Câmara não transgrediu a Constituição ao votar as contas de Itamar Franco, FHC e Lula, mas que transgrediria caso votasse as de Dilma. Segundo ele, isso tem de ser feito em sessão conjunta da Câmara e do Senado. Ou por outra: tão logo o TCU entregue o seu parecer, quem conduziria o escrutínio seria o neoconvertido Renan Calheiros, não o oposicionista Eduardo Cunha.
Isso tudo, meus caros, já estava nas ruas neste domingo. Um ministro do TCU, que consta da lista do governo como aliado, ficou muito impressionado com o alcance dos protestos. Nem a sua família aceita que ele aprove as contas de Dilma. Diz, ademais, que não é verdade que o governo petista fez o que era costume. A contabilidade é uma soma de horrores. É muito provável que Renan não consiga entregar os votos do TCU que prometeu — daí a importância de ser ele a conduzir a votação, não Cunha. Nesta terça (18), o presidente da Câmara entra com um agravo regimental e pede que o pleno do Supremo se manifeste a respeito, já que a decisão de Barroso é em caráter liminar.
O protesto deste domingo não se limitou a pedir a saída de Dilma — por impeachment, renúncia ou cassação de mandato no TSE. Todas as lideranças que se alternaram ao microfone dos carros de som — e isso não era menos verdade entre os que estavam no asfalto — denunciavam o acordão, apontavam seus protagonistas e deixavam claro que ele já era de domínio público. A sociedade de verdade rejeitava a sociedade do conchavo, do arranjo, dos embargos auriculares, das conversinhas de corredor, dos interesses inconfessáveis.
Se o governo apostava que a semana passada havia marcado o ponto de inflexão e de que teria início, então, a reversão de seu destino, errou de forma monumental. O que o acordão fez foi ampliar a lista de pessoas que agora estão no radar dos movimentos de rua. Ninguém vai engolir calado os conciliábulos e mutretas para salvar esse ou aquele. As ruas também não caíram na conversa de que tudo não passa de uma tramoia envolvendo empreiteiros ladrões e funcionários corruptos da Petrobras. Cada um dos brasileiros que protestaram neste domingo sabe que é um projeto de poder que está sendo desmontado, esmiuçado, saindo das sombras para vir à luz.
Sim, meus caros, as ruas — e só as ruas — podem mandar para o espaço o acordão da semana passada, com o qual o governo imaginou que poderia sair das cordas. Era patético ouvir neste domingo os capas-pretas do PT, que passaram pelo Instituto Lula, a louvar o que teria sido o começo da redenção do governo Dilma. Não foi não!
Mais: se, nas duas outras manifestações, as palavras de ordem ainda era um tanto difusas, com o impeachment como um item da pauta, desta feita, ficou muito claro que a reivindicação se concentrou, sim, na saída da presidente. O acordão foi denunciado e justamente satanizado porque se entendeu, corretamente, que ele busca impedir esse desfecho.
E que se note: ninguém é ingênuo. Conversei com muita gente na rua. Todos sabem que as coisas não se resolvem do dia para a noite e se mostram dispostos a resistir. Os três grandes protestos havidos até agora — 15 de março, 12 de abril e 16 de agosto — são justamente as três maiores manifestações políticas havidas na História do Brasil. E outras virão.
Os brasileiros estão cansados, sim. Mas não de ir à luta. Querem saber? Mal começaram. O acordão não foi engolido pelas ruas. E seus personagens todos correm o risco de partilhar o mesmo círculo do inferno. Ponham fim à impostura, senhores! A população já percebeu.
Texto publicado originalmente às 3h30
Por Reinaldo Azevedo
17/08/2015 às 6:05
Lula caracterizado como presidiário em manifestação no Distrito Federal (Foto: Cristiano Mariz/Veja.com)
Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu à manifestação, no instituto que leva seu nome, promovida pela CUT e pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC — onde ele nasceu politicamente, quando ainda apenas de São Bernardo e Diadema. Por que não? Inexiste explicação lógica. É claro que, segundo a narrativa que se conta no petismo, ele deveria estar lá, não é mesmo? Não pode se exibir como um símbolo, uma abstração intangível, até entre os seus. É que o contraste seria vexaminoso para ele. A sociedade civil, sem estrelas da grandeza do poderoso Babalorixá de Banânia, pôs mais se 600 mil pessoas nas ruas, segundo as Polícias Militares. Lula sabe que seu PT agoniza. E tem claro que a sua imagem está se esfarelando.
Brasil afora, ele próprio não era menos alvo dos protestos do que Dilma Rousseff. Aquele que Gilberto Carvalho dizia ser, ainda em 2013, o “Pelé” que estava no banco de reservas do PT é hoje tratado como um perna de pau. Jilmar Tatto, secretário de Transportes e homem forte do prefeito Fernando Haddad, afirmou que o protesto só existe porque a oposição teme Lula em 2018.
Para começo de conversa, não é certo que esse governo se segure até lá. Mas também isso já foi. O Lula imbatível nas urnas é hoje coisa de um passado até recente no tempo, mas muito distante quando se considera o ritmo acelerado em que amadurece a sociedade brasileira. Ninguém mais cai na conversa.
Lula até tentou nos últimos 15 dias revitalizar aquele papo furado da luta do “nós” contra “eles”; das “elites” contra o “povo”. Sempre foi uma falsa questão, sempre foi uma boçalidade política. Mas tão mais distante se torna quando se constata que, fora do governo, só em palestras estupidamente bem pagas, amealhou R$ 27 milhões, boa parte delas contratadas e pagas por empresas investigadas na Lava-Jato.
O companheiro, que pretende ser o monopolista do povão, é hoje um milionário, não é mesmo? E não haveria mal nenhum nisso se a fortuna, essa que conhecemos, houvesse sido conquistada longe do poder e de interesses que se entrelaçam com dinheiro público. Mas também isso não bate com a realidade.
Os lulistas gostariam que fosse verdadeira a falsa tese de que é a ruindade do governo Dilma que contamina a imagem de Lula. Não é, não! Há até uma possibilidade, no terreno estritamente pessoal, de que seja o contrário. Não é difícil a gente ouvir por aí que Dilma pode até ser honesta, o problema está no fato de ser tutelada por Lula e pelo PT. Desconheço se alguém já fez algo parecido, e fica aqui a dica: institutos de pesquisa deveriam escolher algumas personalidades públicas para que a população avaliasse a sua honestidade, com notas de zero a 10. Aposto que Dilma receberia uma pontuação acima da de Lula.
Na Avenida Paulista — e, segundo sei, foi assim em toda parte —, Lula não apanhou menos do que Dilma e do que o PT propriamente. Aquele que era o Pelé do banco, a eterna reserva moral para opor o povo à Dona Zelite, hoje já não é mais garantia de nada. Bonecos infláveis Brasil afora o caracterizavam como um presidiário.
E isso lança o PT num verdadeiro desespero. Os “companheiros” não sabem por onde recomeçar. Acusam conspirações as mais exóticas e variadas, mas nem eles acreditam seriamente em suas mentiras convenientes.
O mito Lula está acabado, e resta agora torcer para que a Justiça não resolva ajustar as contas com o homem Lula.
Texto publicado originalmente às 5h03
Por Reinaldo Azevedo
17/08/2015 às 6:01
Dilma e Janot na posse do primeiro mandato do procurador-geral, em setembro de 2013
O trabalho do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ainda está longe do fim. Será, como o de toda a Operação Lava-Jato, devidamente avaliado quando concluído. E, por isso mesmo, cumpre-nos ficar vigilantes. Felizmente e a tempo, Janot entrou no radar da sociedade civil. Lideranças do Movimento Brasil Libre e do Vem Pra Rua, em seus respectivos carros de som, chamaram o chefe do Ministério Público Federal às suas responsabilidades. “Ah, nem precisava…” Ah, caras e caros, precisava, sim!
Até os gramados de Brasília sabem que o acordão que tem de ser explodido passou pelas cercanias da Procuradoria-Geral da República, com reflexos no TCU. E isso foi devidamente percebido pelos movimentos que convocaram as manifestações. O, como chamarei?, perfil entre estoico e irascível dos procuradores de Curitiba não pode nos impedir de fazer algumas cobranças, não é mesmo?
A oposição encaminhou a Janot no dia 26 de maio um pedido de abertura de ação penal contra a presidente Dilma com base no Artigo 359 do Código Penal. Há quase três meses! Que dificuldade tem o procurador-geral de dizer um “não” ou, então, de encaminhar o pedido ao Supremo? Ele pode concordar com a oposição ou discordar dela. A questão jurídica que o pedido envolve é simples.
Da mesma sorte, Dilma foi citada ao menos 11 vezes nas delações. Alberto Youssef, por exemplo, diz que ela sabia de tudo. Janot já se manifestou diante do Supremo, opinando que, segundo entende, a presidente não pode ser denunciada no imbróglio da Petrobras porque os crimes são anteriores a este mandato. A matéria é controversa, para dizer pouco. Há juristas de primeira grandeza, com os quais me alinho, que pensam o contrário. Mas digamos que assim fosse, resta outra questão: investigada em inquérito, segundo jurisprudência do Supremo, ela pode ser. E, sobre isso, não há controvérsia.
Desde o começo, vocês são testemunhas, estranhei a lista de políticos de Janot. Fica-se com a impressão de que o PP era o partido-chefe do petrolão, não é mesmo? Há uma lista grande de parlamentares — muitos deles sem a menor importância —, e simplesmente não há ninguém do Executivo.
Querem mais? O que falta para que se peça ao menos a abertura de um inquérito para apurar a atuação de Edinho Silva e de Aloizio Mercadante? Quando o procurador-geral a pediu para Antonio Palocci, Eduardo Cunha e o próprio Renan Calheiros — no tempo em que ele ainda não era um neoconvertido —, o que havia além de testemunhos? No caso do presidente da Câmara, só havia uma acusação vaga de um policial. Júlio Camargo veio muito depois.
Fazem bem as ruas quando põem Rodrigo Janot no radar. Para que ele saiba que estamos atentos. Até agora, meus caros, a lista dos políticos deixa muito a desejar, não é? O nome mais vistoso que lá se encontra é o de Cunha, justamente um inimigo jurado do PT e do Planalto. O maior esquema de corrupção jamais descoberto na História do País não deve ter sido liderado por uma gangue do PP, um partido menor da base aliada, não é mesmo?
A democracia e a verdade certamente nada têm a perder se a sociedade civil ficar atenta às ações do procurador-geral da República. Janot precisa aumentar logo a sua lista. Ou alguém acha mesmo possível que o petrolão tenha existido sem a participação de autoridades do Poder Executivo?
Estamos atentos, Janot! Muito atentos!
Texto publicado originalmente às 4h22
Por Reinaldo Azevedo
NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 17/08/2015 03:03
Após mais um domingo de protestos nacionais — o terceiro em menos de oito meses — Dilma Rousseff reuniu-se na noite de domingo (16) com quatro ministros petistas. Seguiu-se ao encontro um silêncio quebrado apenas por uma lacônica nota de uma linha da Secretaria de Comunicação Social da Presidência: “O governo viu as manifestações dentro da normalidade democrática''.
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