DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
12 DE AGOSTO DE 2015
Enciumado com a participação de Michel Temer na articulação política, o PT espalha no Congresso e na Esplanada que o vice “conspira pelo impeachment de Dilma”. A situação se agravou após Temer declarar, na semana passada, sobre a necessidade de surgir “alguém” para unir os diversos atores políticos em meio à crise. O principal porta-voz da intriga é o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), opositor nº 1 de Temer.
Mercadante disse até a aliados não-petistas, segundo parlamentares, que o vice-presidente se agarrou à linha do impeachment, “conspirando contra o governo”.
O ex-presidente Lula, que defende a saída de Mercadante da Casa Civil, se reúne, nesta quarta, com Michel Temer no Palácio do Jaburu.
Lula é um dos maiores críticos do ministro da Casa Civil no PT. Para o ex-presidente, a crise política tem um só nome: Aloizio Mercadante.
Temer anda cansado da intriga petista. Prometeu a Dilma que deixará a articulação política em, no máximo, dois meses.
Foram retiradas do site do Supremo Tribunal Federal as despesas de viagens (passagens e hospedagem), que, pela resolução 102/2009 do Conselho Nacional de Justiça, devem ser públicas e estar disponíveis online. No site do STF, o contribuinte lê num texto, de 27 de maio de 2013 (Joaquim Barbosa era presidente), que “inconsistências” levaram à exclusão dos gastos para “revisão”. A “revisão” já dura dois anos.
Barbosa e Ricardo Lewandowski têm isso em comum: na gestão do primeiro, os gastos sumiram e o sucessor as mantém inacessíveis.
Com as despesas omitidas, não se sabe quanto custam as viagens de servidores do STF pelo Brasil e ao exterior, incluindo magistrados.
Este ano, Ricardo Lewandowski (que preside o STF e CNJ), fez duas viagens internacionais (Rússia e Portugal), de custos ainda ignorados.
As manifestações tiram o sono do governo. O Planalto acredita que a alta adesão, sobretudo em regiões mais pobres, abrirá o caminho para o impeachment. Já a baixa adesão é vista como porta de saída da crise.
Em vez de homenagear os policiais que encararam à bala o bandido “Playboy”, há cariocas – até na mídia – especulando que o traficante foi “executado”. As famílias do Rio de Janeiro ficam mais seguras sem ele.
Sem obra para batizar de “Eduardo Campos”, seu padrinho político, o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), propôs à Câmara do Recife dar o nome dele a um centro comunitário no Alto de Santa Terezinha. Com obras paralisadas, levou a viúva, d. Renata, para inaugurar a maquete.
Como os sorrisos são cada vez mais raros em tempos de Lava Jato, a Presidência da República resolveu dar um banho de loja na arcada e abriu licitação de R$ 190 mil para comprar equipamentos odontológicos
O provável relator da CPI dos Fundos de Pensão, Sérgio Souza (PMDB-PR), irá apresentar seu plano de trabalho na próxima terça-feira. O relator anunciou que pretende contratar empresa de auditoria externa.
O governador José Ivo Sartori (PMDB-RS) cumpre hoje (12) agenda em Brasília. Sartori, que anunciou calote de R$ 280 milhões na união, quer renegociar as dívidas do estado com o Tesouro Nacional.
As reuniões entre Dilma Rousseff e Renan Calheiros têm gerado ciumeira na tropa “cunhista” dentro do partido. Peemedebistas dizem que ou o senador vai voltar a ser ‘capacho’ do Planalto ou o novo chefe.
O governo ironiza o ministro Henrique Alves, que tenta isentar de vistos americanos que desembarcarem no Brasil de janeiro de 2016 até a Olimpíada. O Planalto diz que Henrique sequer é lembrado por Dilma.
Na gestão Dilma, “pedaladas” ganharam conotação de malandragem. Será que “governo”, “ética” e “competência” vão pelo mesmo caminho?

NO DIÁRIO DO PODER
ESQUISITO
ÀS VÉSPERAS DE SER JULGADA NO TSE, DILMA JANTA COM A CÚPULA DA JUSTIÇA
MARCO AURÉLIO NÃO FOI AO JANTAR DE DILMA COM QUEM DEVE JULGÁ-LA
Publicado: 12 de agosto de 2015 às 01:27 - Atualizado às 01:35
Às vésperas de ser julgada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em um processo que a ameaça com o cancelamento do regiostro de sua candidatura e a anulação da sua eleição, a presidente Dilma Rousseff recebeu para jantar no Palácio Alvorada, nesta terça-feira (11), intetrantes da cúpula do Poder Judiciário. O pretexto era celebrar o Dia do Advogado.
Foram convidados ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), além de presidentes de tribunais superiores e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. No jantar, Dilma falou sobre a necessidade de garantir "harmonia entre os poderes". O ministro Marco Aurélio esteve entre aqueles, do STF, que não consideraram apropriado comparecer ao jantar.
O encontro aconteceu também em meio às investigações de políticos na Operação Lava Jato no Supremo e no Superior Tribunal de Justiça e ao andamento da investigação eleitoral da campanha eleitoral da petista no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De acordo com o relato de ministros presentes, os dois assuntos não foram discutidos no encontro, "provavelmente em razão da quantidade de participantes". Após a fala de Dilma o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, defendeu a necessidade de ter "compromisso com a estabilidade institucional e com a preservação da legitimidade de mandatos". A presidente avalizou a fala com a cabeça.
A ação de investigação da presidente no TSE pode levar, no limite, à cassação do mandato de Dilma e do vice, Michel Temer. Ministros menos "simpáticos" ao governo apontam outra fala de Lewandowski no encontro como um discurso que "dá margem a mais de uma interpretação". Um dos presentes relatou que o presidente do STF afirmou que se há "desarmonia" entre os poderes "é porque o poder está sendo exercido de forma inconstitucional". 
Temer esteve presente no encontro. A percepção de dois participantes do jantar foi de relativo distanciamento entre a presidente e o vice. Uma das intervenções do vice-presidente, responsável pela articulação política, foi para lembrar uma história de quando praticou o "pendura" no dia 11 de agosto - quando estudantes de Direito saem de almoço sem pagar a conta.
O mote do jantar organizado no Alvorada são as comemorações do Dia do Advogado, celebrado em 11 de agosto, mas a reunião é também uma tentativa de manter bom relacionamento com os ministros diante da crise política enfrentada pelo governo. Para um ministro presente, o clima do encontro foi de "início de paquera". "Quando ninguém se conhece bem e tenta procurar assunto", afirmou, apontando o distanciamento do Planalto, nos últimos anos, da relação com o Judiciário. Uma das "amenidades" tratadas na reunião foi a vinda do Papa Francisco ao Brasil.
Nos bastidores, advogados e ministros de tribunais superiores se queixam da falta de diálogo com o Planalto. Um ministro de tribunal superior ouvido reservadamente fala em ausência de "interlocução preventiva", para evitar desgastes desnecessários entre os dois poderes. A figura do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, morto no ano passado, é apontada como um exemplo de tempos de diálogo com o governo. 
Além do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, compareceram ao jantar os ministros do Supremo Rosa Weber, Luiz Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli - também na função de presidente do TSE. O ministro Teori Zavascki, relator dos casos da Lava Jato no STF não participou, em razão de compromisso fora de Brasília. Também não compareceram os ministros Luiz Fux, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Celso de Mello. Já Marco Aurélio, que não foi ao encontro, disse que um comparecimento "em peso" dos ministros da Corte ao jantar poderia ser mal visto pela sociedade, que pode interpretar o encontro como uma "tentativa de cooptação". 
Janot, responsável pela investigação dos políticos com foro no STF e no STJ, teve presença discreta no encontro. "Bem mineiro", resumiu um participante. O procurador-geral brincou com os participantes que fora convidado "como advogado". Compareceram ainda os presidentes do STJ, Francisco Falcão, e do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Barros Levenhagen. No STJ a Lava Jato também tem repercussão e, na próxima semana, deve entrar na pauta da 5ª Turma do Tribunal a análise de nove habeas corpus de presos pela Justiça Federal no Paraná, entre eles o caso do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht. O presidente do também compareceu ao encontro.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, também participou do encontro. Pelo governo, participaram os ministros José Eduardo Cardozo (justiça), Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) e Aloizio Mercadante (Casa Civil).

PORQUE RENAN IMPEDIU QUE O CIRCO PEGASSE FOGO
Carlos Chagas
A pergunta que ninguém respondia, ontem (11), mas presentes múltiplas respostas em todas as especulações, era porque o presidente do Senado, Renan Calheiros, trocou de camisa e passou a jogar no time da presidente Dilma. Afinal, depois de acionar baterias contra o governo, prometendo até dar seguimento a um eventual processo de impeachment contra Madame, se a Câmara assim decidisse, o senador alagoano saltou de banda. Declarou que dar prioridade ao impeachment seria botar fogo no País. E mais: apresentou um elenco de 28 propostas de recuperação nacional que fizeram a alegria do ministro Joaquim Levy. Propôs uma trégua e acrescentou que o Congresso sequer deve priorizar a análise das contas de Dilma no ano de 2014.
Patriotismo? Preocupação com os rumos da crise capaz de colocar o Brasil em frangalhos? Concordância em que o PMDB faz parte do governo e deve respaldá-lo? Interesse em participar das benesses do poder?
Ou... Ou ter recebido a promessa de que não será incluído na lista de denuncias do Procurador Geral da República contra parlamentares envolvidos no escândalo da Petrobras?
Fica difícil supor Rodrigo Janot participando desse tipo de barganha, mas é bom não esquecer que a reviravolta de Renan aconteceu logo após o palácio do Planalto haver enviado ao Senado a indicação para o procurador ser reconduzido por mais dois anos de mandato.
Acresce estarem as instituições tão próximas do colapso que todo esforço em favor da pacificação parece necessário. De uma forma ou de outra, a intervenção do presidente do Senado, nas últimas horas, trouxe um refrigério ao governo. Dilma está mais tranquila, ainda que a tempestade continue sobrevoando a Praça dos Três Poderes. Senão neutralizada, encontra-se menos aguda a guerrilha desencadeada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que não tem duvidas de vir a ser denunciado nos próximos dias ou horas. Aparentemente, separaram-se os interesses dos dois comandantes do Legislativo. Cunha pretende botar fogo no circo, Renan veste a farda de bombeiro.
Será preciso confirmar essas ilações, mas se o Senado servir de anteparo ao caos institucional, de alguma vantagem os senadores se beneficiarão. O prestígio de seu presidente junto aos patamares do poder não livrará alguns de seus integrantes de responderem junto ao Supremo Tribunal Federal, como Fernando Collor. Prevê-se, no entanto, a aprovação de Janot na Comissão de Constituição e Justiça e, depois, no plenário. Haverá ebulição nos debates entre os senadores, mas a atuação de Renan surge decisiva, para a aprovação.
Politica é assim mesmo, cheia de ressalvas e meandros, como também de surpresas. Hoje, porém, o quadro é esse. Amanhã, só Deus sabe.
LULA REJEITA SER MINISTRO
A presidente Dilma, de boca, afastou a hipótese de imediata reforma do ministério, ainda que os rumores e os desejos continuem cruzando os céus de Brasília. Parece afastada, apesar disso, a possibilidade de o ex-presidente Lula vir a ser ministro, seja de Relações Exteriores, seja de Defesa. Passar de Comandante em Chefe a general não é de seu feitio. Nem de qualquer outro chefe de governo, exceção de Nilo Peçanha e Nereu Ramos. Muito menos Madame se sentiria à vontade. A reforma ministerial surge como um imperativo político, ainda que o momento para sua deflagração dependa da presidente, especializada em protelações. Não dá para afastar os partidos da refeição, ou seja, podem mudar os comensais, mas os partidos continuarão sentados à mesa ou até na cozinha, preparando os quitutes.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
11/08/2015 às 17:15 \ Direto ao Ponto
PRESO NA OPERAÇÃO PIXULECO, informa a mais recente anotação no prontuário de José Dirceu de Oliveira e Silva, mineiro de Passa Quatro, 69 anos, advogado com especialização em corrupção ativa e formação de quadrilha. A palavra que batizou a 17ª etapa da Lava Jato, usada pelo gatuno João Vaccari Neto como sinônimo de propina, é vulgar na forma, abjeta no conteúdo e rima com José Dirceu. Pixuleco é um nome perfeito para a operação que consumou a morte política do general sem soldados ─ e implodiu uma farsa que durou quase meio século.
Como pôde durar tanto a vigarice protagonizada por um compulsivo colecionador de fiascos? Já em 1968, quando entrou em cena fantasiado de líder estudantil, nosso Guevara de galinheiro namorou uma jovem chamada Heloísa Helena sem saber que convivia dia e noite com “Maçã Dourada”, espiã a serviço da ditadura militar. Se quisesse prendê-lo, a polícia nem precisaria arrombar a porta do apartamento onde o casal dormia: a namorada faria questão de abri-la. No mesmo ano, a usina de ideias de jerico resolveu que o congresso clandestino da UNE marcado para outubro, com mais de mil participantes, seria realizado em Ibiúna, com menos de 10.000 moradores.
Intrigado com o tamanho da encomenda ─ 1.200 pães por manhã ─ o padeiro que nunca fora além de 300 por dia procurou o delegado, que ligou para a Polícia Militar, que prendeu todo mundo. Libertado 11 meses depois pelos sequestradores do embaixador americano Charles Elbrick, declarou-se pronto para recomeçar a guerra contra a ditadura, fez uma escala no México, aprendeu a empunhar taças de tequila e enfim entendeu que chegara a hora de matricular-se num cursinho de guerrilha em Cuba que, por falta de verba para balas de verdade, municiava os futuros revolucionários com balas de festim.
Combatente diplomado, submeteu-se a uma cirurgia para que o nariz ficasse adunco antes de regressar ao Brasil na primeira metade dos anos 70. Percebeu que a coisa andava feia assim que cruzou a fronteira e, em vez de mandar chumbo no campo, mandou-se para Cruzeiro do Oeste, interior do Paraná, armado de documentos que o apresentavam como Carlos Henrique Gouveia de Mello, comerciante de gado. Logo se engraçou com a dona da melhor butique da cidade, adiou por tempo indeterminado a derrubada do governo e se entrincheirou na máquina registradora do Magazine do Homem.
Em 1979, a decretação da anistia animou o forasteiro conhecido no bar da esquina como “Pedro Caroço” a contar quem era, à mãe do filho de cinco anos, e avisar que precisava voltar à cidade grande. Afilou o nariz com outra cirurgia e reapareceu em São Paulo ansioso por recuperar o tempo perdido. A gula e a pressa aceleraram a expansão da cinzenta folha corrida. Deputado estadual e federal pelo PT paulista, rejeitou todas as propostas de todos os governos. Presidente do partido, instalou Delúbio Soares na tesouraria. Com o triunfo de Lula em 2002, o pecador trapalhão foi agir na capital federal.
Capitão do time do presidente, mandou e desmandou até a erupção do escândalo inaugural: um vídeo provou que Dirceu promovera a Assessor para Assuntos Parlamentares o extorsionário Waldomiro Diniz, com quem havia dividido um apartamento em Brasília. Era só mais um no ministério quando, em 2005, o Brasil ficou sabendo que o chefe da Casa Civil também chefiava a quadrilha do mensalão. Despejado do emprego em junho, prometeu mobilizar Deus e o mundo, além dos “movimentos sociais”, para preservar o mandato em perigo. Em dezembro, conseguiu ser cassado por uma Câmara que inocenta até a bancada do PCC.
Sem gabinete no Planalto ou no Congresso, sem rendimentos regulares e sem profissão definida, escapou do rebaixamento à classe média ao descobrir o mundo maravilhoso dos consultores de araque. Com a cumplicidade dos afilhados que espalhara pela administração federal, Dirceu não demorou a tornar-se um próspero facilitador de negociatas engendradas por capitalistas selvagens. Em 2012, o julgamento do mensalão ressuscitou o perseguido político: de novo, jurou que incendiaria o país se o Supremo Tribunal Federal fizesse o que deveria fazer. Condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha, entrou no presídio com um sorriso confiante e o punho erguido.
O Dirceu que voltou à cadeia a bordo das bandalheiras do Petrolão é uma versão avelhantada do sessentão que deixou a Papuda para cumprir em casa o restante da pena. Desfrutou por poucos meses do poder que perseguiu desde o berçário. Desfrutou por poucos anos da fortuna que passou a perseguir depois do regresso à planície. O casarão em Vinhedo é uma das muitas evidências tangíveis de que José Dirceu é hoje um milionário. Para quê? Para nada. De que vale a posse de mansões para alguém forçado a dormir no xilindró?
Tropas comandadas por um guerrilheiro de festim só conseguem matar de riso, repete esta coluna há seis anos. As dúvidas que assaltaram muitos leitores foram dissolvidas pela implosão do embuste. O guerreiro do povo brasileiro era apenas um caçador de pixuleco.

11/08/2015 às 14:23 \ Opinião
Publicado no Globo
MARCO ANTONIO VILLA
O projeto criminoso de poder está com os dias contados. Deixa como legado escândalos e mais escândalos de corrupção, uma estrutura de Estado minada pela presença de milhares de funcionários-militantes, obras super-faturadas (e inacabadas) e um país paralisado. Sem esquecer que produziram a mais grave crise econômica do último quarto de século.


NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
12/08/2015 às 6:23
Brasília é uma terra de sonhos e pesadelos, vocês sabem. Em algum lugar, há gente sonhando, assim, deixem-me ver como posso falar…, com o triângulo perfeito da impunidade. A feitiçaria consistiria no seguinte, prestem atenção — sempre destacando que sonhos podem não acontecer, né? Especialmente quando são revelados… Não dá sorte! No caso, a pessoa que sonhou com a patranha já andou contando por aí, e só por isso eu estou tornando a coisa pública aqui. Ó, pessoal, nem vou ouvir os “outros lados”, tá? Não existe “outro lado” para exercícios de imaginação alheia, certo?
Então vamos ver.
Renan Calheiros (PMDB-AL), nesta terça (11), discursando no Senado, depois de ter apresentado a sua pauta de 28 propostas e ter assegurado à presidente Dilma que a Casa se comportará como âncora da estabilidade, era de uma segurança verdadeiramente encantadora. A gente consegue reconhecer quando um político atua de modo firme, olhando para o horizonte, com uma perspectiva de longo prazo.
E não é que eu olhei pra ele e achei que se parecia mesmo com a personagem daquele tal sonho? Sim, naquela prefiguração, prestem atenção!, Rodrigo Janot, o Procurador-Geral da República, não apresentará denúncia contra Renan ao Supremo. Isto mesmo: o homem que passou a atuar furiosamente contra o governo quando entrou na lista de investigados do Procurador-Geral da República — com simples inquérito — ficaria livre dos esguichos da Lava-Jato. No sonho que se sonha em Brasília, dois petistas de médio porte também ganhariam um “nada se provou que mereça denúncia”: os senadores petistas Humberto Costa (PE), líder do governo na Casa, e Gleisi Hoffmann (PR).
Renan virou a grande aposta de governabilidade da presidente, como vocês sabem. O Planalto dá como certo que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não renunciará à Presidência da Câmara mesmo depois de denunciado por Janot. Este, por sua vez, poderia recorrer ao Supremo com uma medida cautelar pedindo o afastamento do outro, mas tem a certeza de que perderia. Assim, na Câmara, a tensão continua.
Renan precisa de um reforço compatível com aquele ar de estadista, conselheiro e senhor do bom senso que exibiu nesta terça. Era um verdadeiro Varão de Plutarco dando aula sobre o futuro do Brasil, ainda que a sua tal agenda de governabilidade nada trouxesse de muito novo. Como eu já havia lembrado ontem aqui e como lembrou o próprio Cunha, o país tem um regime bicameral. O Senado pode até impedir isso e aquilo, mas não aprova sozinho isso e aquilo. Calma que a coisa vai bem mais longe!
Fortalecer Renan é importante porque aquele sonhador aposta que o senador pode influenciar de forma decisiva três ministros do TCU: Bruno Dantas, Raimundo Carreiro e Vital do Rego — potenciais votos contrários a Dilma. Na lista dos favoráveis, o Planalto aposta em Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler e José Múcio. Aí já haveria 6 de 9 em favor de Dilma. Lula resolveu colocar na sua cota pessoal de conquista Ana Arraes: 7. Aroldo Cedraz, o presidente, só votaria em caso de empate: 8. Na imaginação dos companheiros, o relator, Augusto Nardes, restará sozinho com a sua recomendação para que se rejeitem as contas.
Primeiro sinal: o governo quer adiar a votação do TCU para o fim do ano. O que é preciso para isso? Que o assunto não seja pautado — o que depende de Cedraz — ou que algum ministro peça vista. Um deles já teria se mostrado simpático à ideia. Não custa lembrar: o presidente do tribunal está sob artilharia porque Tiago Cedraz, seu filho, foi acusado pelo empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, de receber R$ 1 milhão para fornecer informações privilegiadas sobre o tribunal. O destinatário de parte do dinheiro seria… Carreiro. Todos negam. Vital também está sob bombardeio, acusado de ter recebido dinheiro desviado da Prefeitura de Campina Grande.
Ainda segundo esse sonho meio pornográfico, o mesmo Renan, agora com as vestes de estadista, facilitaria a aprovação do nome de Rodrigo Janot no Senado.
O tal sonhador preparou um desfecho bom para todos os amigos e amigos dos amigos. Janot seria reconduzido ao cargo, e a Operação Lava Jato continuaria, à sua moda, implacável. Renan se livraria de uma denúncia. O TCU recomendaria a aprovação das contas da Dilma, e a oposição não teria, então, “o” motivo — não pelas pedaladas ao menos — para apresentar uma denúncia contra a presidente. Na Câmara, Cunha seguiria como um dos inimigos do Planalto.
Sabem como são os sonhos. Eles não economizam imaginação. Com o governo se fortalecendo um pouco, as bases de Cunha começariam a avaliar a inconveniência de se ligar a alguém que o governo tem como inimigo declarado e começariam a debandar Em que a tramoia que sonha com a impunidade seria positiva para o Brasil? Em absolutamente nada! Só beneficiaria aqueles que dela se beneficiassem, se é que me permitem a tautologia.
Pronto! Contei o sonho ruim que andam tendo em Brasília. Agora cumpre que os decentes se esforcem para que não vire realidade.
Texto publicado originalmente às 3h19
Por Reinaldo Azevedo

12/08/2015 às 5:16
Um resumo de todos os vícios do petismo e do Brasil se fez presente nesta terça-feira em Brasília, no estádio Mané Garrincha, na abertura da chamada 5ª Marcha das Margaridas — trabalhadoras agrícolas manipuladas por lideranças de esquerda, como o MST. Estima-se que o evento tenha reunido 40 mil pessoas. A principal estrela da noite foi… Luiz Inácio Lula da Silva. O tema central: a defesa do mandato de Dilma. O financiamento? Ficou por conta do BNDES (400 mil), da Caixa Econômica Federal (R$ 400 mil) e da Itaipu Binacional (R$ 55 mil). Vale dizer: dinheiro público foi usado para financiar um ato partidário e de óbvio interesse do governo.
Lula vomitou suas velharias, como de hábito:
“É lógico que a Dilma pode errar, como eu errei e como qualquer um erra enquanto mãe. Nem sempre a gente faz as coisas que são aceitas cem por cento pelos filhos. Nós sabemos disso, mas, quando ela errar, ela é nossa mãe, e temos de ajudá-la a consertar”.
Nossa mãe?
Já disse aqui: Dilma não é minha mãe, não é minha mulher, não é minha tia, não é minha filha, não é minha prima, não é minha sobrinha, não é minha avô. Dilma só é presidente da República, e ninguém está a cobrar dela nada que não tenha prometido.
Se Lula acredita que pode reverter a impopularidade de Dilma com tolices dessa natureza, está é ajudando a empurrá-la para o abismo. Quem precisa de mãe é órfão. O brasileiro precisa de governos dignos e capazes.
Ah, sim: adivinhem quem Lula decidiu atacar no evento, patrocinado por estatais? Aquele com quem queria se encontrar até a semana retrasada: FHC. Recorreu a uma de suas táticas mais asquerosas, que é jogar brasileiros contra brasileiros. Atribuiu ao tucano a afirmação de que Dilma só ganhou por causa dos votos no Nordeste. Ocorre que FHC jamais disse essa tolice. Trata-se de uma das mentiras habituais de Lula.
Outras lideranças que discursaram falaram em defesa do mandato de Dilma: “Não admitimos nenhum golpe neste país”, afirmou a secretária de mulheres da Contag, Alessandra Luna. Nem nós, né? E é precisamente isso que o PT não perdoa.
As lideranças que cuidam da manifestação de protesto do dia 16 de agosto nem precisam de muito esforço para colocar milhares, talvez milhões, nas ruas. O PT está fazendo uma propaganda danada do ato.
Enquanto Lula cooptava as margaridas chapas-brancas do PT despetalado no estádio Mané Garrincha, Dilma oferecia um rega-bofe a alguns punhos de renda de Brasília, incluindo Rodrigo Janot, o procurador-geral da República.
É incrível: um governo que está caindo de podre não tem o menor pudor de financiar com dinheiro público um ato escancaradamente partidário, o que é outra ilegalidade.
O PT não tem cura.

NO O ANTAGONISTA
Brasil 12.08.15 08:02 Comentários (5)
A Lava Jato suspeita que a obra no prédio de Lula tenha sido financiada com dinheiro roubado da Petrobras e repassado por Alberto Youssef.
O Globo: “Um grupo empresarial que recebeu 3,7 milhões do doleiro Alberto Youssef repassou quase a mesma quantia para a OAS durante a finalização das obras de um prédio no Guarujá onde o ex-presidente Lula tem apartamento...
De Youssef para a OAS, da OAS para Lula
Brasil 12.08.15 08:06 Comentários (3)
Mais um trecho da reportagem de O Globo sobre o apartamento de Lula:
"A suspeita do Ministério Público Federal é que parte do dinheiro de Youssef repassado à Planner possa ter sido usado para concluir a obra iniciada pela Bancoop, que foi presidida por João Vaccari Neto...
Brasil 12.08.15 07:36 Comentários (12)
A propósito de Renan Calheiros e de microorganismos prejudiciais à saúde, leia o que diz Bernardo Mello Franco, na Folha de S. Paulo:
"O pacote lançado pelo senador Renan Calheiros não deve tirar a economia do atoleiro, mas tem tudo para aumentar os lucros de alguns empresários. Um dos setores mais animados é o dos planos de saúde, cujo lobby se espalha como vírus nos gabinetes de Brasília...
Prejudicial à saúde
Brasil 12.08.15 07:24 Comentários (12)
O paralelo entre o esgoto na Olimpíada e o esgoto no Palácio do Planalto é automático.
Se o Rio de Janeiro despeja nas águas da baía da Guanabara bactérias que se alimentam de coliformes fecais e microorganismos prejudiciais aos seres humanos, pode-se dizer que Renan Calheiros é uma espécie de bactéria do petismo.
Brasil 12.08.15 07:23 Comentários (19)
O Rio de Janeiro está despejando bactérias nas águas da Marina da Glória “para reduzir o índice de coliformes fecais e microorganismos prejudiciais aos seres humanos”.
Uma engenheira química entrevistada pela Folha de S. Paulo explicou: "Estão fazendo o tratamento de esgoto na Marina da Glória"...
Brasil 12.08.15 06:50 Comentários (34)
Folha de S. Paulo: “No dia seguinte ao jantar oferecido por Dilma aos aliados no Senado, três dos convidados deram entrada no serviço médico da Casa com queixas de indisposição alimentar”.
Sim, é verdade.
País da piada pronta
Brasil 12.08.15 06:45 Comentários (9)
Lauro Jardim conta que a PF, em seu relatório sobre as contas da JD Consultoria, pediu a abertura do sigilo bancário da Filmes do Equador, de Luiz Carlos Barreto, o Barretão, que embolsou 238 mil reais de José Dirceu.
"O pedido, contudo, ainda precisa ser aprovado pelo delegado responsável pela investigação, Marcio Anselmo". Aprove, delegado.
Brasil 12.08.15 06:34 Comentários (13)
A prisão temporária do irmão de José Dirceu esgota-se hoje. Os procuradores da Lava Jato têm de pedir ao juiz Sergio Moro uma conversão para prisão preventiva. Ele não pode ser solto antes de esclarecer aquelas duas notas em seu caderno vermelho:
"Parede 450 Quinta" e, sobretudo, "Depósito avião (Lula)".
Brasil 12.08.15 06:25 Comentários (36)
Lula, ontem à noite, participou da Marcha das Margaridas, juntamente com seis ministros do governo federal. A plateia formada por trabalhadores rurais entoou: "Dilma, você não está sozinha" e "Golpe nunca mais".
A Folha de S. Paulo informa que o evento, organizado pela Contag, recebeu 855 mil reais de empresas estatais: Caixa Econômica (400 mil reais), BNDES (400 mil reais) e Itaipu Binacional (55 mil reais)...
Eles não têm medo
Brasil 12.08.15 05:57 Comentários (52)
Elio Gaspari escreve que “bater panela ou ir para a rua pedindo que Dilma vá embora pode fazer bem à alma, até porque o instrumento do impeachment está previsto na Constituição”. Mas o “inimigo comum”, segundo ele, não é Dilma Rousseff, e sim “o Erário”, representado por Eduardo Cunha, com “apoio tácito” do PSDB.
Uma ova, Elio Gaspari...
Brasil 12.08.15 05:46 Comentários (32)
Lula disse: "Não julguem a Dilma por seis meses de mandato, porque ele é de quatro anos".
Será que Lula ainda consegue enganar alguém?
A cada 4 anos o brasileiro esquece o que aconteceu nos últimos 4 anos
Brasil 11.08.15 23:32 Comentários (13)
Rodrigo Janot pode, sim, livrar Eduardo Cunha, viu? Basta Dilma Rousseff mandar. Renan Calheiros também sabia que o procurador-geral estava contra ele a mando do Planalto e está quase conseguindo livrar-se.
A Lava Jato é só politicagem, viu?
Brasil 11.08.15 23:06 Comentários (8)
Esperem aí, tivemos uma ideia: como o PT não tinha ideia de que colocar Rodrigo Janot contra Eduardo Cunha causaria uma baita confusão, que tal se o PT mandasse agora Rodrigo Janot livrar o presidente da Câmara?
Os indícios e as provas contundentes contra Eduardo Cunha? Detalhes. Rodrigo Janot faz qualquer coisa por Dilma, pelo PT. Até deixou a Lava Jato prender José Dirceu, enrolar Palocci, estar em vias de complicar Lula e condenar os empreiteiros, coitados, bodes expiatórios sem ligação nenhuma com a Orcrim. Deixou, não, porque Sergio Moro é seu pau mandado. Não tem, inclusive, formação jurídica sólida.
Brasil 11.08.15 23:00 Comentários (6)
Quer dizer, então, que Rodrigo Janot presta um grande favor a Dilma Rousseff enfurecendo Eduardo Cunha de maneira tal que ele quer pedir o impeachment da petista?
Faz muito sentido.


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