DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
20 DE JULHO DE 2015
Os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) estão cada vez mais convencidos de que o presidente, Aroldo Cedraz, perde a cada dia a legitimidade para ficar na presidência da corte que zela pela correta aplicação do dinheiro público. Indagado sobre a possibilidade de renúncia de Cedraz, um dos mais destacados ministros ironizou: “Se a crise aumentar, talvez sejamos obrigados a renunciá-lo…”
Após alguma resistência, Aroldo Cedraz se reuniu com os ministros, informalmente, e jurou que nada tem com os negócios do filho, Tiago.
Segundo relato de ministros, Aroldo Cedraz não teria sido “muito convincente” ao negar envolvimento. A renúncia não está descartada.
A Polícia Federal investiga suspeita de tráfico de influência de Tiago Cedraz, apesar de não atuar diretamente em processos no TCU.
Tiago Cedraz foi citado em outras investigações da PF, mas a delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, foi a mais devastadora.
A comunidade política evita adotar a todo custo o discurso de apoio aberto ao impeachment de Dilma. Mas, nos bastidores, especialmente após o rompimento de Eduardo Cunha com o governo, a situação é outra: tucanos e peemedebistas decidiram aguardar as manifestações marcadas para 16 de agosto. Caso a adesão e o impacto dos protestos sejam expressivos, a cúpula dos dois partidos avalia que a solução para a crise política e institucional brasileira será a cassação de Dilma.
Um dos mais interessados no assunto, Lula acompanha com atenção a movimentação, que poderá ser decisiva para o futuro de Dilma.
Interlocutores de Lula insistem com aliados que a melhor estratégia para o PT, de olho em 2018, seria a saída antecipada de Dilma.
O vice-presidente Michel Temer pediu a aliados para não associá-lo à movimentação, o que acabaria deslegitimando seu eventual governo.
Petistas ouvem do ex-presidente Lula para “não baixar a guarda”, principalmente após última fase da Lava Jato, que cumpriu mandados contra políticos. Lula também avisa: “vem chumbo grosso pela frente”.
Em tempos difíceis de achar aliados, a presidente Dilma conta com ao menos um: o governador Luiz Fernando Pezão (RJ). Pezão puxa a turma do “deixa disso” quando se fala em impeachment no PMDB.
Passado mais de um mês desde que começou coletar assinaturas para a PEC que estabelece o repasse automático de emendas ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) não conseguiu uma única assinatura das 171 necessárias.
Pensando nas eleições de 2018, o evangélico Eduardo Cunha (PMDB-RJ) mudou de igreja. Trocou a Sara Nossa Terra pela Assembleia de Deus. A ideia é se aproximar ainda mais dos votos conservadores.
É notável o inferno político das presidentes do continente: o declínio de Cristina Kirchner coincide com o de Dilma Rousseff e a chilena Michele Bachelet continua ladeira abaixo nas pesquisas de avaliação.
A Petrobras não soube responder o que faz da vida a ex-presidente da estatal Graça Foster, que era funcionária de carreira da empresa. Após sua saída da presidência, em meio ao Petrolão, ela se aposentou.
Dilma e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conversaram, sem confrontos, na última terça-feira. Na avaliação do Palácio do Planalto, Renan não é mais o pior inimigo da presidente: a “ameaça Eduardo Cunha” melhorou, e muito, a relação dos dois.
A cúpula do PT teve acesso a pesquisas que mostram o contínuo “sangramento” da popularidade da presidente Dilma. O recorde de baixa aprovação (9%) não é o pior: ela continua em descendência.
... se o inquérito é bom, o réu é Brahma.

NO DIÁRIO DO PODER
LAVA JATO
DOCUMENTOS MOSTRAM QUE LULA FEZ LOBBY PARA ODEBRECHT EM PORTUGAL
TELEGRAMA DE EMBAIXADOR ATESTA LOBBY EM FAVOR DA ODEBRECHT
Investigado por tráfico Internacional de influência, em ação criminal do Ministério Público Federal, o ex-presidente Lula teria feito lobby em favor da construtora Odebrecht junto ao primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho, para que o governo português desse "atenção" a interesses da empreiteira naquele país.
O lobby de Lula em favor da Odebrecht foi documemtado em telegrama diplomático enviado pelo embaixador brasileiro em Lisboa, Mario Vilalva, ao Ministério de Relações Exteriores, divulgado neste domingo (19) pelo jornal O Globo.
EMBAIXADOR MÁRIO VILALVA
Na correspondência, Vilalva destaca uma entrevista do ex-presidente Lula para rede de televisão portuguesa RTP, ocorrida abril de 2014, na qual o petista aborda desde os 40 anos da Revolução dos Cravos e até defendendo maior participação de empresas brasileiras nas privatizações conduzidas em Portugal, mas sem fazer referência a nenhuma empresa específica.
O documento, no entanto, indica que Lula tratou de interesses da construtora em conversa, que teria ocorrido de forma reservada, com o primeiro-ministro português.
"Repercutiu positivamente na mídia recente declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à RTP no dia 27/04 último, no sentido de que o Brasil deve-se engajar mais ativamente na aquisição de estatais portuguesas. O ex-presidente também reforçou o interesse da Odebrecht pela EGF ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que reagiu positivamente ao pleito brasileiro", informou o diplomata.
A Odebrecht era uma das empreiteiras que tinham manifestado oficialmente interesse na privatização da Empresa Geral de Fomento . A Odebrecht, no entanto, não chegou a formalizar a proposta e a EGF acabou vendida para a Suma, consórcio formado por empresas portuguesas.
Na quinta (16), a Procuradoria da República no Distrito Federal abriu uma investigação criminal formal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista será investigado por suspeita de tráfico de influência em favor da Odebrecht, no Brasil e no exterior, em obras financiadas pelo BNDES.
A suspeita é de que Lula tenha exercido influência para que o BNDES financiasse obras de Odebrecht, principalmente em países da África e da América Latina.
A empreiteira bancou diversas viagens de Lula ao exterior depois que ele deixou a Presidência, além das contratações para palestras. O Instituto Lula nega qualquer irregularidade e sustenta que o ex-presidente nunca recebeu vantagens para prestar consultoria, fazer lobby ou tráfico de influência.
A defesa do ex-presidente apresentou nesta sexta (17) reclamação ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) pedindo a apuração da conduta do procurador Valtan Timbó Mendes Furtado, que pediu a abertura da investigação criminal.
A representação de Lula pede a suspensão do inquérito, abertura de sindicância e processo administrativo disciplinar para o procurador.
TELEGRAMAS
O Ministério Público Federal já requisitou ao Itamaraty cópias de telegramas diplomáticos e despachos sobre viagens de Lula ao exterior, relacionadas ou não com a Odebrecht. Os principais alvos são visitas a Cuba, Panamá, Venezuela, República Dominicana e Angola.
A reportagem do jornal "O Globo" também teve acesso a outros telegramas que mostram atuação de Lula para o BNDES ao governo do Zimbábue, país africano governado pelo ditador Robert Mugabe, e também viagens para Cuba, onde a empreiteira construiu um porto com recursos do BNDES.
Os documentos informam que, em junho de 2011, o ex-presidente foi recebido no hotel por Marcelo Odebrecht, presidente da empresa e que está preso pelo esquema de corrupção da Petrobras, e o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), que cumpre prisão domiciliar pela condenação no julgamento do mensalão e agora investigado por suspeita de participação nas irregularidades envolvendo a estatal.
Publicado: 19 de julho de 2015 às 18:01 - Atualizado às 01:12

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
No fim de 1992, pouco depois do despejo de Fernando Collor, o radialista Milton Neves quis saber o que Lula achava do adversário escorraçado do gabinete presidencial por ter desonrado o cargo. “Você tem pena de Fernando Affonso Collor de Mello?”, pergunta o entrevistador no começo do áudio. O parecer de Lula merecia ser transmitido toda semana em cadeia nacional de rádio e TV. Sempre valerá a pena ouvir de novo o que se segue:
https://youtu.be/5fQbocfitlY
“Tenho. Não é que eu tenho pena. Como ser humano eu acho que uma pessoa que teve uma oportunidade que aquele cidadão teve de fazer alguma coisa de bem para o Brasil, um homem que tinha respaldo da grande maioria do povo brasileiro, ou seja. E ao invés de construir um governo, construir uma quadrilha como ele construiu, me dá pena, porque deve haver qualquer sintoma de debilidade no funcionamento do cérebro do Collor.
Efetivamente eu fico com pena, porque eu acho que o povo brasileiro esperava que essa pessoa pudesse pelo menos conduzir o país, se não a uma solução definitiva, pelo menos a indícios de soluções para os graves problemas que nós vivemos.
Lamentavelmente a ganância, a vontade de roubar, a vontade de praticar corrupção, fez com que o Collor jogasse o sonho de milhões e milhões de brasileiros por terra.
Mas de qualquer forma eu acho que foi uma grande lição que o povo brasileiro aprendeu e eu espero que o povo brasileiro, em outras eleições, escolha pessoas que pelo menos eles conheçam o passado político”.
Quase 14 anos depois, o abraço de urso no palanque em Palmeira dos Índios informou que os antagonistas do século passado se haviam tornado amigos de infância. Em julho de 2009, de novo no interior de Alagoas, Lula renegou publicamente o diagnóstico gravado por Milton Neves — e comunicou que o antigo pecador se convertera num exemplar servidos da pátria.
https://youtu.be/dcz97gS6qec
“E eu quero aqui fazer justiça ao comportamento do senador Collor e do senador Renan, que têm dado uma sustentação muito grande aos trabalhos do governo no Senado”, aparece Lula dizendo no vídeo de 18 segundos. O afago retórico em Collor prorrogou por prazo indeterminado o contrato de casamento celebrado em outubro de 2008. O descaramento dos noivos vai merecer um post à parte.
Escalados para pagar a conta do enlace, só perderam os pagadores de impostos. Lula ganhou um aliado incondicional e um impetuoso líder da bancada do cangaço. Collor ganhou duas diretorias da Petrobras Distribuidora (e logo ganharia um diploma de doutor em propina). O elenco do Petrolão ganhou a companhia de dois presidentes da República. A Polícia Federal ganhou uma dupla de ilustres investigados.
O Ministério Público e o Judiciário não podem perder a chance de ganhar o respeito do Brasil decente. Para tanto, só precisam ensinar a Collor e Lula que ex-governantes merecem o mesmo tratamento dispensado a ex-governados que afundam em delinquências. Pouco importa o que foram. Devem ser julgados pelo que são: dois reincidentes sem remédio.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
19/07/2015 às 17:32
Se a vida fosse como sonham os petistas, esta segunda (20) começaria sob novos auspícios. Aquele que o governo tinha como seu principal inimigo está, obviamente, acuado pela acusação do lobista Julio Camargo e pela avalanche de notícias negativas que a ela se seguiu. Refiro-me obviamente a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. Antes que siga, uma nota.
É evidente que o principal inimigo do governo nunca foi Cunha — ele acabou se tornando, mas não era. As forças que mais atuam contra Dilma são a herança maldita do PT, que durará gerações, a incompetência política do governo e, num outro plano, Luiz Inácio Lula da Silva, que desestabiliza a presidente em seu próprio terreno.
Querem um exemplo? Se Dilma não tivesse atravessado a rua só para ser derrotada por Cunha na eleição para a presidência da Câmara, as relações certamente teriam sido outras. Mas a mulher não quis conversa com a realidade.
Vamos seguir. Na quinta (16), Camargo muda a versão de uma série de depoimentos anteriores e diz ter pagado, sim, propina a Cunha. No sábado (18), já é manchete de jornal uma investigação que busca ligar o deputado a algumas contas secretas no exterior — e olhem que se trata de investigação, em tese, sigilosa. Como esse tipo de especulação não vem à luz da noite para o dia, quem preparou esse segundo material para ser divulgado só estava à espera do primeiro. Ou por outra: estava tudo pronto para ser vazado, só aguardando que Julio Camargo fizesse a denúncia. Eis aí.
Os jornalistas se divertem associando a figura de Cunha ao sinistro Frank Underwood, da série “House of Cards”. Pois é… A julgar pelo que está em curso — e na hipótese de que a associação faça algum sentido —, então ele não está só, não é mesmo? Há mais “Franks” à solta, como se pode ver. O boato que circula é que as contas podem estar relacionadas a Cunha. “Podem”… E se não estiverem? Bem, isso não importa. O trabalho já está feito.
Retomo
Volto ao ponto. Ainda que não se diga alto e com todas as letras, os magos do Palácio já dão Cunha como carta fora do baralho. Agora, para arremate, só aguardam que Rodrigo Janot ofereça denúncia contra ele. Se o Supremo aceitar, avança-se um pouco mais. O procurador-geral pode dar uma ajuda final com uma ação cautelar para que ele se afaste da presidência da Casa. O que quer que faça Cunha agora será tratado como coisa de gente ressentida, que foi pega com a boca na botija. Aliás, CPIs que, pela regra, têm de ser instaladas já entraram na lista das retaliações. Frank Underwood pode assumir várias faces e estar em vários lugares, não é mesmo?
Ainda é cedo para decretar, como fazem os petistas e alguns analistas, a morte de Cunha, mas é fato que o Planalto cravou um tento e tanto, há muito buscado, há muito esperado. Voltemos a esta segunda-feria: seria o dia de Dilma anunciar o novo amanhecer. Mas com o quê?
O que o governo tem a oferecer? É evidente que a hipótese do impeachment ficou um pouco mais distante, ao contrário do que supõem muitos. Sem a prova material, inequívoca, de que Ricardo Pessoa foi coagido a fazer doações ao PT, é difícil que o TSE casse a diplomação de Dilma Rousseff. E Janot, até aqui, não demonstra interesse em pedir que se abra ao menos um inquérito para apurar a atuação da presidente, conforme autoriza jurisprudência do Supremo.
Assim, o que sai reforçada até agora é a possibilidade de Dilma permanecer mais três anos e meio no poder. Pra quê? Como diria Ascenso Ferreira, o poeta pernambucano, “pra nada!”.
Há uma possibilidade de a investigação sobre Cunha, ao fim e ao cabo, depois de muito tempo, dar em nada? É claro que há. Vai que Camargo estivesse falando a verdade antes de ser ameaçado, não depois… É que a natureza do jogo não é distinguir culpados de inocentes, mas manter o controle da máquina do estado.
Dilma ressurgirá mais forte nesta segunda.
Pra quê?
Pra nada!
Por Reinaldo Azevedo

20/07/2015 às 4:31
A Polícia Federal indiciou Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, e outras oito pessoas investigadas no inquérito que apura se a construtora praticou fraudes em contratos e desviou recursos da Petrobras.
Foram indiciados ainda nesse mesmo inquérito Fernando Soares (Fernando Baiano), Antônio Pedro Campello de Souza, Rogério Nora de Sá, Flávio Lúcio Magalhães, Elton Negrão de Azevedo Júnior, Paulo Roberto Dalmazzo, Lucélio Goes e Mario Goes.
Informação técnica: indiciamento, como o nome sugere, não implica comprovação de culpa. Quer dizer que a Polícia julga ter encontrado indícios para que o Ministério Público ofereça uma denúncia à Justiça. Se aceita pelo juiz — no caso, Sérgio Moro —, aí todos passam a ser réus. Para tanto, pois, ainda faltam duas etapas.
Dados os critérios seguidos até aqui, convenham, os indiciados não precisam alimentar ilusões. O Ministério Público certamente seguirá a opinião da Polícia Federal e oferecerá a denúncia. Oferecida, parece certo que Moro vá aceitar.
Há um trecho do relatório do delegado Eduardo Mauat, da Polícia Federal, sobre Azevedo Marques, atual presidente da AG, e Rogério Nora de Sá (ex-presidente) que está sendo mal compreendido pela imprensa. Escreve ele: “Não se trata de uma imputação objetiva, mas de não aceitar a invocação de ignorância em benefício próprio”.
Ao escrevê-lo, à diferença do que se diz por aí, Mauat não está apenas reconhecendo que não existem elementos para indiciar os dois. “Imputação objetiva” — ou “responsabilização objetiva” — é um termo técnico que consiste em atribuir a alguém a responsabilidade por um ato independentemente da sua culpa, ainda que não haja dolo. As democracias repudiam a “responsabilidade objetiva” no direito penal por motivos que me parecem óbvios. Fosse levada a sério, só para que vocês entendam, Dilma seria culpada por todos os ilícitos praticados por funcionários federais, de quem, afinal, é a chefe.
Por que o delegado faz essa observação? Porque, a par de negar que a Andrade Gutierrez tenha participado de cartel ou cometido algum crime, a defesa de Azevedo Marques e de Nora de Sá sustentam que, na presidência do grupo, eles nem mesmo lidavam com a área de licitações de obras públicas — e, pois, não tinham como responder por atos impróprios, ainda que tenham acontecido.
Para Mauat, isso seria “evocar ignorância em benefício próprio”. E vai adiante: os “ajustes de licitações e pagamentos escusos a dirigentes da Petrobras” (…) “em tese, viriam a beneficiar a empresa, não se tratando de mera iniciativa de algum executivo de forma isolada e em benefício próprio”. Para ele, são “atos de gestão do grupo Andrade Gutierrez”.
Ou por outra: ao negar que ambos estejam sendo indiciados com base na “responsabilização objetiva”, o que é repudiado pelo direito internacional, Mauat demonstra que ambos estão sendo indiciados com base na… responsabilização objetiva!!! “Ah, depois de defender a Odebrecht, agora o Reinaldo defende a Andrade Gutierrez…” É verdade! Sou como o Lula! Não posso ver uma empreiteira, já caio de joelhos. 
Dito de outro modo: o delegado reconhece que não encontrou nenhuma evidência, até agora, de que tenham cometido crimes, mas decidiu indiciá-los apenas porque presidiam a empresa. Para ele, se os atos ilícitos que aponta beneficiavam o grupo, e, se Marques e Nora estavam na presidência, então são culpados também. Imaginem se esse critério fosse usado para Dilma no caso da Petrobras…
Pode ser que se encontrem outras evidências contra a dupla, sei lá. Uma coisa é certa: condenação por “responsabilização objetiva” não passa por tribunais superiores no Brasil ou no mundo democrático. Na Coreia do Norte, a Politeia platônica na Terra, é muito comum. O anão tarado passa fogo mesmo.
Só faço essa observação porque, depois, uma acusação assim não dá em nada, e aí se grita: “Impunidade!” Na dúvida sobre o que escrevo aqui, consultem um advogado…
Claro, as pessoas têm o direito de achar que todos os advogados também deveriam estar presos…
Por Reinaldo Azevedo

20/07/2015 às 5:21
Há coisas que são mesmo comoventes. David Friedlander e Julio Wiziack informam em reportagem na Folha desta segunda que João Carlos Ferraz, que presidiu a Sete Brasil de dezembro de 2010 até maio de 2014, admitiu, em carta enviada à direção da empresa, ter recebido US$ 1.985.834,55 em propina de estaleiros. Alegou que o fez “num momento de fraqueza”, em que era pressionado por colegas.
Ah, bom! A gente, quando é moleque, faz muita besteira “pressionado por colegas”: fuma escondido, aperta a campainha e sai correndo (coisa de gente antiga), chuta a bola contra uma vidraça, equilibra-se em locais perigosos… É a primeira vez que vejo um adulto admitir que pegou propina porque todo mundo o incitava a fazê-lo… Ferraz diz que o dinheiro é só esse mesmo e pede uma conta para devolver.
Só para lembrar: a Petrobras é uma das sócias da Sete Brasil, ao lado de um grupo de bancos e de fundos de pensão de estatais. Não pensem que Ferraz saiu em razão da constatação de irregularidades. É que os acionistas estavam descontentes com os resultados. Ao ser demitido, levou uma bolada de R$ 11,5 milhões. Queria quase o dobro. Não consta que houvesse algum colega pressionando. Depois de auditoria, em processo sigiloso, a Sete pede que ele devolva R$ 22,2 milhões.
Segundo informa a Folha, “a empresa estima que as propinas somaram US$ 224 milhões. Em depoimento, Pedro Barusco, aquele, afirmou que dois terços foram para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. O restante foi dividido com gente da Sete e da Petrobras, como o ex-diretor Renato Duque.” O mesmo Barusco disse que ele próprio, Ferraz e o ex-diretor da Sete Eduardo Musa receberam propina dos estaleiros EAS, Brasfels, Jurong, Enseada e Rio Grande, que negam o pagamento.
A Sete Brasil não deixa de ser uma síntese do desastre do Brasil sonhado pelo PT. Empresa formada pela Petrobras e sócios privados para construir e administrar o aluguel de sondas para o pré-sal, era a cereja do bolo azedo da política de “conteúdo nacional”. A dívida da empresa chega hoje a US$ 4 bilhões. A Sete estava destinada a construir 28 sondas para a estatal, orçadas em US$ 22 bilhões. Está paralisada, em fase de reestruturação, e aguardado dinheiro novo que a tire do buraco.
É a cara do lulo-petismo.
Por Reinaldo Azevedo

20/07/2015 às 6:35
Aqui e ali se diz que o rompimento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com o governo elevou a temperatura para uma “crise institucional”. Só pode ser piada! A crise institucional existe quando as ditas instituições já não podem exercer as suas prerrogativas sem uma consequente convulsão social. Ou, então, quando a força da lei está manietada pela lei da força.
É o caso no Brasil? Quem impede as instituições de se exercer plenamente? Alguns ilustres só não põem em prática todo o poder que têm, que lhes assegura a Constituição, por covardia mesmo ou coisa pior. Peguemos o caso de Rodrigo Janot. Motivos não faltam para que ele peça ao menos a abertura de um inquérito contra a presidente da República. É uma prerrogativa do Ministério Público. Se ele o fizesse, qual seria o trauma? Nenhum! O Supremo poderia aquiescer ou não! Se aquiescesse, qual seria o terrível desdobramento? Nenhum também! Só poderia fazer bem ao país.
Crise institucional porque um presidente da Câmara se declarou na oposição? Ora, tenham um pouco de noção do ridículo! Só advoga essa tese quem está querendo criar uma redoma que proteja Dilma de si mesma e de seu governo. Agora virou música: se Cunha rompe com o governo, fala-se em crise institucional; se o TCU recomendar a rejeição das contas e se o Congresso acatar, vê-se o risco de crise institucional; se o TSE cassar a diplomação da presidente, ameaça-se com a… crise institucional.
Ora, vamos fazer, então, o seguinte: assegurar, desde já, a inimputabilidade da presidente, por atos cometidos antes, durante e, se possível, até depois do exercício da Presidência. A gente não toca mais nesse assunto. O petrolão se consolida, então, como uma grande tramoia urdida por empreiteiros, por Cunha, por Renan, por alguns funcionários larápios e por outros parlamentares de segunda linha. É bem verdade que João Vaccari, o ex-tesoureiro do PT, está lá, mas era só para fazer caixa de campanha, que, claro!, nada tem a ver com a presidente. Ou é assim, ou é… crise institucional!
Vão caçar sapo barbudo na beira do brejo! Pra cima de mim, não! No discurso que fez na sexta-feira (17) para aquela seleta plateia que incluía o assassino Nicolás Maduro, o protoditador Evo Morales e Cristina Kirchner, a presidente do país em que um promotor foi suicidado, Dilma Rousseff demonstrou o seu amor pelas urnas e disse que só elas legitimam um governante.
É verdade. Urnas são condição necessária, mas não suficiente, da democracia. A presidente só se esqueceu de dizer que eleições não conferem aos eleitos o direito de cometer crimes ou de tolerá-los. Não lhe ocorreu lembrar, naquele ambiente viciado, que governantes podem se deslegitimar e que todos os regimes democráticos, inclusive o nosso, apontam a porta de saída caso isso aconteça.
Não há crise institucional nenhuma em curso no país. Não há conspiração de nenhuma natureza. A única que está por aí, muito visível, é aquela que pretende usar as urnas como tribunal de absolvição da má gestão — na hipótese benigna — e da gestão condescendente com o crime, na hipótese intermediária. Com rigor, há que se examinar se não se trata, efetivamente, de uma gestão criminosa.
Crise institucional uma ova! A única conspiração em curso, enfim, é aquela para manter no poder o PT, que está caindo de podre! E, para tanto, chama-se de “golpista” qualquer um que ouse brandir a lei contra o governo Dilma Rousseff. Então era um ato de legítima democracia impichar Collor — com Lula liderando as manifestações —, mas é um crime cobrar a responsabilidade do governo petista?
Quem sai agora gritando “risco de crise institucional” está apenas tentando, pela via do terrorismo político, silenciar as vozes contrárias ao governo. É para assustar o PMDB. É para assustar a oposição. É para assustar o Congresso. É para assustar a imprensa. É para assustar a nação.
Lamento! A cara da crise, hoje, de todas as crises, é a continuidade do governo Dilma. As alternativas, desde que de acordo com a lei, são apenas soluções.
Por Reinaldo Azevedo

NO O ANTAGONISTA
Quem mente?
Brasil 20.07.15 05:50
O Instituto Lula acusou O Globo de “mentir novamente para atacar Lula”.
Mais ainda: o assessor de imprensa do Instituto Lula reproduziu integralmente as perguntas do repórter do jornal para demonstrar que ele mentiu.
Uma das perguntas de O Globo referia-se à reunião de Lula com o primeiro-ministro de Portugal, Passos Coelho, durante a qual Lula defendeu os interesses da Odebrecht.
A reunião ocorreu em 24 de abril de 2014. O assessor de imprensa do Instituto Lula, muito espertalhão, respondeu a respeito de outra viagem:
“Sim, entre 21 e 23 de outubro o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Portugal, cumprindo uma extensa agenda e essa informação, como todas de viagens do ex-presidente, é pública e foi informada à imprensa na época”.
A viagem de 21 a 23 de outubro de 2013 – o assessor de imprensa do Instituto Lula, muito espertalhão, já foi obrigado a reconhecer - foi paga pela Odebrecht.
O Antagonista pergunta: a viagem de 24 de abril de 2014 também foi paga pela empreiteira?
Como a Lava Jato pretende chegar a Eduardo Cunha
Brasil 20.07.15 06:34
Julio Camargo entregou à Lava Jato comprovantes de 35 depósitos realizados em nome de offshores controladas por Fernando Baiano.
É por meio desses pagamentos que, segundo o Estadão, os investigadores pretendem chegar aos 5 milhões de dólares de propina que Julio Camargo alega ter dado a Eduardo Cunha.
A propina foi cobrada em dois contratos de navios-sonda da Petrobras, assinados por Nestor Cerveró.
Nestor Cerveró está quase pronto
Brasil 20.07.15 06:57
O Antagonista informa que o acordo de delação premiada de Nestor Cerveró está quase fechado.
Isso pode enrolar ainda mais Eduardo Cunha e Fernando Baiano.
Nestor Cerveró, porém, já declarou ao juiz Sergio Moro que é mais próximo do PT do que do PMDB. E que só fez o que fez porque contou com o apoio de Lula e de Dilma Rousseff.
Um tema: Pasadena.

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