DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
10 DE JUNHO DE 2015
O pacote de “investimentos” anunciado pela presidente Dilma foi recebido com desconfiança por empresários porque parece seguir o modelo chinês: promete investimentos bilionários, ganha manchetes, mas não realiza. Pirotecnia é especialidade da China: em maio, o primeiro-ministro Li Keqiang prometeu investir US$ 53 bilhões no Brasil. Entre 2007 e 2012, seu antecessor havia prometido US$ 68,5 bilhões.
A relutância de promover reformas trabalhista, tributária, política, etc compromete a credibilidade do Brasil e afasta investidores.
Os números da promessa estão nas entrelinhas do anúncio: o governo Dilma só “garante” R$ 69,2 bi dos R$ 198,4 bilhões prometidos.
Dois terços (R$ 129,2 bilhões) dos investimentos anunciados por Dilma só saem a partir de 2019, quando o governo já terá outro presidente.
Assim como ficou no México apostando nas 11 grandes reformas que o país realiza, o HSBC sai do Brasil reclamando da falta de reformas.
O PP da Câmara marcou para a próxima terça-feira (16) reunião de bancada que deve referendar o desembarque do partido do blocão, agrupamento composto por PMDB, PP, PTB, PSC, PHS, PEN e liderado pelo deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) . A cúpula do PP considera que o partido deve caminhar com as próprias pernas e buscar “independência” em relação aos projetos do governo federal.
O PP reclama que nunca é consultado pelo líder do bloco, Leonardo Picciani, e cansou do papel de referendar as decisões do PMDB.
O Palácio do Planalto não quer problemas com o PMDB, mas também os evita com o PP, que tem a quarta maior bancada: 40 deputados.
O PP deu sinais de independência já na MP 664, derrotou o governo na alteração do prazo de pagamento pela Previdência em auxílio-doença.
O recém-falecido senador Luíz Henrique (PMDB-SC) foi lembrado pela presidente do Conselho da Federação da Rússia, Valentina Matvienko, durante conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros, em Moscou. Luiz Henrique presidia o Grupo de Amizade Brasil-Rússia.
A conta do programa Bolsa Família até maio ultrapassou os R$ 9,3 bilhões distribuídos apenas este ano. Se o ritmo de gastança continuar, o governo pode bater o recorde de R$ 27 bilhões distribuídos em 2014.
A dez dias do final do prazo para explicar ao Ministério Público Federal por que não cassa medalhas dos mensaleiros que roubaram o País, Jaques Wagner (Defesa) condecora hoje o deputado Eduardo Cunha e os ministros Ricardo Lewandowski (STF) e Nancy Andrighi (STJ).
O campeão de gastos na Câmara Legislativa do DF é o deputado distrital Christiano Araújo (PTB). Seu gabinete pediu ressarcimento de despesas no valor de R$ 90,5 mil, entre janeiro a abril deste ano.
Deputados lulistas que se referem a Joaquim Levy (Fazenda) como “ministro dos banqueiros”, não foram tão explícitos quando o então presidente Lula nomeou Henrique Meirelles para o Banco Central.
A sede dos Correios em Natal, onde há agência do Banco Postal, teve o segundo assalto em 40 dias, e com reféns. O Banco Postal virou alvo de assaltantes, Brasil afora. Afinal, tem pinta e nome de banco e paga e recebe como banco, mas não tem esquema de segurança de banco.
O Banco Central irritou o PT ao promover nesta quarta (10) um evento no Rio, com título em inglês (“Central Banking - The Next 50 Years”), para celebrar os 50 anos. E ainda convidou celebridades internacionais da área, como Claude Trichet, Axel Weber e Jacob Frenkel.
A “cumpanherada” do PT preferia que o Banco Central tivesse convidado para seus 50 anos gente do tipo Guido Mantega, Aloysio Mercadante e Luciano Coutinho, que meteram o País na atual crise.
Haverá interessados em investir no País onde autoridades e funcionários corruptos roubaram R$ 6,1 bilhões da sua maior estatal?

NO DIÁRIO DO PODER
PETROLÃO
INSTITUTO LULA RECEBEU R$ 3 MILHÕES DE EMPREITEIRA DA LAVA JATO
LULA RECEBEU DINHEIRO DE EMPREITEIRAS QUE ROUBARAM A PETROBRAS
Publicado: 09 de junho de 2015 às 21:18 - Atualizado às 21:48
Redação
A empreiteira Camargo Corrêa pagou R$ 3 milhões para o Instituto Lula e mais R$ 1,5 milhão para a LILS Palestras Eventos e Publicidade, de Luiz Inácio Lula da Silva, entre os anos de 2011 e 2013.
É a primeira vez que os negócios do ex­presidente aparecem nas investigações da Operação Lava Jato, que apura um esquema de cartel e corrupção na Petrobrás com prejuízo de R$ 6 bilhões já reconhecidos pela estatal.
São três pagamentos de R$ 1 milhão cada registrados como “Contribuições e Doações” e “Bônus Eleitoral” para o Instituto, aberto por Lula após ele deixar a Presidência da República, em 2011.
A revelação sobre o elo da empreiteira – uma das líderes do cartel alvo da Lava Jato – com Lula consta do laudo 1047/2015, da Polícia Federal, anexado nesta terça­-feira, 9, nos autos da investigação.
O laudo tem 66 páginas e é subscrito pelo perito criminal federal Ivan Roberto Ferreira Pinto.
A perícia foi realizada na contabilidade da Camargo Corrêa de 2008 a 2013, período em que a empreiteira recebeu R$ 2 bilhões da Petrobrás. O documento mostra que a construtora repassou R$ 183 milhões em “doações de cunho político” – destinadas a candidaturas e partidos da situação e da oposição.
No caso dos pagamentos ao Instituto Lula e à LILS eles foram feitos nos mesmos anos: 2011, 2012 e 2013 – em meses distintos. Para o Instituto, dos três pagamentos, dois são registrados como “Doações e Contribuições”: 2 de dezembro de 2011 e 11 de dezembro de 2013.
O que chamou a atenção dos investigadores foi o lançamento de 2 de julho de 2012, sob a rubrica “Bônus Eleitoral”. Para o LILS, cujo endereço declarado é na própria residência de Lula, em São Bernardo do Campo (SP), a empreiteira depositou em conta corrente: R$ 337,5 mil, em 26 setembro de 2011, R$ 815 mil em 17 de dezembro de 2012 e R$ 375,4 mil em 26 de julho de 2013.
Dois executivos da empreiteira confessaram em acordo de delação premiada que foram feitas doações eleitorais ao PT após pedido do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto – preso, em Curitiba, pela Lava Jato.
O doleiro Alberto Youssef – peça central da Lava Jato – também citou o nome de Lula ao afirmar em delação à Procuradoria, no dia 4 de outubro de 2014, que “tinham conhecimento” do esquema de corrupção na estatal “o Palácio do Planalto” e “a presidência da Petrobrás”. Em seguida ele citou nominalmente o ex­presidente. Lula não é alvo de investigação da Lava Jato.
Recentemente, o ex-­presidente atacou publicamente o que chamou de “insinuações” envolvendo seu nome na operação. “Eu não ia dizer isso aqui, mas estou notando todo santo dia insinuações. ‘Lá na Lava Jato vão citar o nome do Lula’. ‘Querem que empresários citem meu nome’. ‘O objetivo é pegar o Lula’.”, desabafou no ato de 1º de Maio, em São Paulo. Na ocasião, ele disse que “é bom de briga”.
Dirceu 
No mesmo documento pericial, constam os pagamentos da Camargo Corrêa para a JD Assessoria e Consultoria, empresa do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), do governo Lula. Ele é investigado por suposto uso das consultorias para empresas do cartel como forma de ocultar propina para o PT. O laudo pericial aponta que foram lançados como pagamentos entre 2010 e 2011 o valor total de R$ 900 mil, por meio de 10 depósitos bancários.
O Instituto Lula informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que os valores registrados na contabilidade da Camargo Corrêa foram doados legalmente e que não existe relação entre a entidade e questões eleitorais. “O Instituto Lula não prestou nenhum serviço eleitoral, tampouco emite bônus eleitorais, o que é uma prerrogativa de partidos políticos, portanto deve ser algum equívoco.” Segundo a assessoria do Instituto, “os valores citados no seu contato foram doados para o Instituto Lula para a manutenção e desenvolvimentos de atividades institucionais, conforme objeto social do seu estatuto, que estabelece, entre outras finalidades, o estudo e compartilhamento de políticas públicas dedicadas à erradicação da pobreza e da fome no mundo”. Quanto aos valores para a empresa do ex­presidente a assessoria informou que “os três pagamentos para a LILS são referentes a quatro palestras feitas pelo ex­presidente, todas elas eventos públicos e com seus respectivos contratos”. “Essas doações e pagamentos foram devidamente contabilizados, declarados e recolhidos os impostos devidos.” A nota informa ainda que “as doações ao Instituto Lula e as palestras do ex-­presidente não tem nenhuma relação com contratos da Petrobrás”.
Em nota a Construtora Camargo Corrêa “esclarece que as contribuições ao Instituto Lula referem-­se a apoio institucional e ao patrocínio de palestras do ex­presidente Luiz Inácio Lula da Silva no exterior.” (Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Julia Affonso, AE)

CRÉDITO CONSIGNADO
CADE INVESTIGARÁ SEIS BANCOS PARA APURAR EXCLUSIVIDADE
ITAÚ, CAIXA E SANTANDER ESTÃO ENTRE INVESTIGADOS
Publicado: 09 de junho de 2015 às 18:58
Redação
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu instaurar seis processos administrativos para apurar a existência de exclusividade na oferta de crédito consignado por seis bancos em contratos com órgãos da administração pública. A decisão, publicada no Diário Oficial da União, atinge Itaú Unibanco, Caixa Econômica Federal, Santander, Bradesco, Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) e Banco de Brasília (BRB). 
Os processos, explica o Cade em nota, buscam avaliar se a exigência de exclusividade tem potencial de prejudicar a concorrência e os consumidores finais, que ficam impedidos de contratar com instituições financeiras que apresentem melhores condições, como taxas de juros e prazos de pagamento mais atrativos.
A investigação começou em 2012, depois do julgamento de Termo de Compromisso de Cessação de Conduta (TCC) firmado entre Cade e Banco do Brasil. Por esse TCC, o BB se comprometeu a extinguir a exigência de exclusividade em contratos com órgãos da administração pública para consignação em pagamentos de servidores.
"Durante a negociação para a celebração do TCC, o BB alegou que outros bancos estariam praticando a mesma conduta ilícita, razão pela qual o conselheiro relator do caso à época recomendou a apuração dos fatos", informa a nota. "Após análise inicial, foram encontradas evidências de cláusulas de exclusividade na oferta de crédito consignado em contratos firmados com órgão públicos pelos seis bancos", acrescenta. 
A Superintendência-Geral, portanto, determinou a abertura de processos administrativos para apurar eventual infração contra a ordem econômica cometida por cada uma das instituições, de forma individual. Os bancos terão 30 dias para apresentar defesa. (AE)

NO BLOG DO CORONEL
QUARTA-FEIRA, 10 DE JUNHO DE 2015
(Estadão) A presidente Dilma Rousseff decidiu antecipar o retorno de sua viagem a Bruxelas, na Bélgica, para participar do 5º Congresso do Partido dos Trabalhadores (PT), que acontecerá em Salvador, nesta quinta-feira (11). A informação foi confirmada por uma fonte da comitiva da presidência que está na capital belga para participar da reunião de cúpula entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos.
A comitiva do Brasil chegou a Bruxelas no início da manhã desta quarta-feira, por volta das 6h30 da manhã – 1h30 de Brasília –, onde a presidente terá reuniões bilaterais com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, com os primeiros-ministros da Bélgica, Charles Michel, da Grécia, Alexis Tsipras, e da Bulgária, Rosen Plevneliev, e com o presidente do Conselho da União Europeia, Donald Tusk. À noite, após as sessões da cúpula, Dilma terá um jantar com os representantes dos 61 países. 
Na quinta-feira, a presidente deixa Bruxelas logo após as 13h – 8h de Brasília –, já em direção ao Brasil. O avião presidencial realizará uma escala técnica para abastecimento em Las Palmas, na Espanha, e de lá atravessa o Atlântico em direção a Salvador. Um entrave eventual poderia ser a greve de controladores de tráfego aéreo na Espanha.
O congresso do PT se transformou em um fórum de discussões sobre políticas do governo como o ajuste fiscal, liderado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Até aqui estava previsto que Dilma retornasse ao Brasil na sexta-feira (12), concedesse uma entrevista no programa de Jô Soares, na Rede Globo, e participasse das reuniões do congresso a partir de sábado. Mas a mudança no plano de voo da comitiva brasileira indica a provável presença em Salvador.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 06:54:00

O ex-presidente Lula tem a obrigação moral (se é que ele tem alguma) de abrir a contabilidade do seu instituto e da sua empresa de palestras e publicidade para que o país saiba quem são os seus doadores. Depois da denúncia de ontem, quando a PF descobriu que ele recebeu mais de R$ 1.500.000,00 por quatro palestras de uma construtora corrupta do Petrolão e outros R$ 3.000.000,00 sendo parte de um misterioso "bônus eleitoral", é o mínimo que ele pode fazer. O Brasil precisa saber se os doadores são como a Camargo Correa, envolvida no maior escândalo de corrupção da história do país. Se são empresas que tiveram benesses durante os seus dois mandatos, seja de empréstimos subsidiados do BNDES, seja em isenções, em subsídios ou em intermediação de obras no exterior. Quem são os doadores que sustentam o Instituto Lula e a LILS? De onde vem o dinheiro? Que a Polícia Federal e o Ministério Público investiguem. O país merece saber de onde vem estes milhões que sustentam o cidadão comum chamado Luiz Inácio Lula da Silva.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 07:21:00


NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
10/06/2015 às 1:05
Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
Os procuradores que atuam na Operação Lava Jato em Curitiba apresentaram nesta terça-feira ao juiz Sergio Moro pedido de condenação do presidente afastado da construtora OAS José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, do então diretor da Área Internacional da construtora Agenor Franklin Magalhães Medeiros e de funcionários da empreiteira por crimes como organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e falsidade ideológica. Também foi pedida a condenação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, do doleiro Alberto Youssef e do laranja de Youssef, Waldomiro de Oliveira, por atuar junto à companhia no mega-esquema de corrupção que sangrou os cofres da estatal e que pode ter movimentado mais de 6 bilhões de reais.
Na manifestação entregue a Moro, o Ministério Público diz esperar que cada executivo da OAS seja condenado a pelo menos 30 anos de prisão e afirma que devem ser pagos 211,82 milhões de reais pelos danos impostos à Petrobras pelo esquema criminoso e mais 29,2 milhões de reais extras, valor que a acusação projeta equivaler a 1% dos contratos em benefício da OAS e que foram fechados após o pagamento de propina.
Na peça de acusação, os procuradores da Lava Jato afirmam que a cúpula da OAS estava “plenamente ciente” de que participava do cartel de empreiteiras para fraudar contratos com a Petrobras e que os executivos da construtora continuaram praticando crimes até momentos antes da prisão do doleiro Alberto Youssef, apontado como o intermediário da empresa no propinoduto. Em acordo de delação premiada, o ex-gerente de Serviços da petroleira Pedro Barusco deu detalhes da atuação da OAS no petróleo e – mais – informou que Léo Pinheiro negociada diretamente com o então tesoureiro do PT João Vaccari Neto os valores de propina a serem destinados ao partido. Também entre as revelações dos delatores, o Ministério Público destaca que Youssef afirmou que os repasses ao PT eram mensais.
No pedido de condenação dos executivos da OAS, os procuradores afastam a tese das defesas de que os pagamentos foram feitos porque a construtora seria vítima de “extorsão” de agentes como o ex-diretor Paulo Roberto Costa. “Ninguém é obrigado a se cartelizar e ninguém é obrigado a ganhar bilhões. A situação era de todo conveniente e de forma alguma constrangedora para as empresas”, ironizam os representantes do MP. Para eles, as penas a serem impostas aos integrantes da OAS devem ser altas para inibir práticas de corrupção. “Se queremos ter um país livre de corrupção, este deve ser um crime de alto risco e firme punição, o que depende de uma atuação consistente do Poder Judiciário”, defendem.
Por Reinaldo Azevedo

10/06/2015 às 6:35
Na próxima quinta, na Bahia, começa o 5º Congresso do PT, que se estende até sábado. Os companheiros queriam a presidente Dilma Rousseff logo na abertura, para que ela pudesse ouvir palavras de ordem contra Joaquim Levy, ministro da Fazenda. A mandatária houve por bem incluir-se fora dessa. Vai dar uma passadinha lá na sexta ou no sábado. É o previsto. Com um pouco mais de prudência, fica no Palácio da Alvorada, lendo Gilberto Freyre e Sílvio Romero. A grande estrela do evento será mesmo Luiz Inácio Lula da Silva. Como sempre. E mal se pode esperar para ouvir as suas explicações.
Laudo da Polícia Federal demonstra que, entre 2011 e 2013, a Camargo Corrêa, uma das principais investigadas do caso Lava Jato, repassou para o Instituto Lula nada menos de R$ 3 milhões. A mesma empresa depositou na conta da LILS Palestras, Eventos e Publicidade, que também pertence ao Poderoso Chefão petista, mais R$ 1,527 milhão. Ao todo, sabe o leitor fazer a conta, foram R$ 4,527 milhões.
Muito bem! Digamos que Lula realmente fosse o palestrante mais caro do mundo, e a bolada em sua empresa privada tivesse decorrido de sua cascata metafórica, de seu otimismo bronco e de sua disposição para oferecer, em palestras, respostas simples e erradas para problemas difíceis, parafraseando o jornalista americano H. L. Mencken. Como explicar, no entanto, os R$ 3 milhões ao Instituto Lula?
No encontro da Bahia, é bem provável que o PT tenha a cara de pau adicional de vituperar contra o financiamento privado de campanha, em defesa do financiamento público. A tese esdrúxula, como sabem, é hoje majoritária no STF — caso os ministros não mudem de ideia. Eis aí o que se esconde por baixo da inocência dos magistrados — inocência da maioria ao menos: o PT, como já escrevi aqui tantas vezes, adoraria que a lei proibisse as doações privadas porque ele próprio dispõe de muitos outros instrumentos para, como dizer?, captar dinheiro no mercado. Suponhamos ainda que a Camargo Corrêa tenha feito uma doação ao instituto. Por quê? Afinidade de propósitos? A empreiteira também aposta no socialismo, como os companheiros dizem apostar?
Que explicação Lula tem a dar no 5º Congresso do PT? E que se note: a Camargo Corrêa é apenas uma das investigadas. Dalton Avancini e Eduardo Leite, dois executivos da empreiteira, já fizeram acordo de delação premiada e confirmaram que, ao longo de seis anos, a empresa pagou R$ 110 milhões em propina: R$ 63 milhões para a Diretoria de Serviços, que era comandada pelo petista Renato Duque, e R$ 40 milhões para a de Abastecimento, de Paulo Roberto Costa, que pertencia à cota do PP.
Segundo a PF, entre 2008 e 2013, a empresa doou para campanhas eleitorais R$ 183,79 milhões, distribuídos em diversas legendas, e outros R$ 67 milhões para o lobista Júlio Camargo, que, também em delação, afirmou ter repassado R$ 40 milhões para Fernando Baiano, operador do PMDB.
Os números sempre despertam a tentação de dar um murro na mesa: “Proíbam-se as doações privadas…”. É mesmo? E quem vai impedir uma empresa de transferir alguns milhões para coisas como a LILS e o Instituto Lula, ambos controlados pelo Babalorixá de Banânia?
Volto a um ponto no qual tenho insistido, ainda que alguns bobos não entendam — ou finjam não entender: é a existência de um cartel que permite que Lula se mova com tanta desenvoltura, seja por meio do instituto que leva seu nome, seja por meio da sua empresa de palestras? Tenham a santa paciência, não é? Eu jamais afirmei ou sugeri que as empresas são vítimas nessa história toda. Eu sustento, isto sim, é que elas se organizaram para conviver organicamente com um sistema apto a extorquir o empresariado que presta serviços ao Estado. E este se deixou levar gostosamente porque a maquinaria também lhe era vantajosa. Uma coisa é certa: quem não aderisse às práticas consagradas estava fora do negócio. Isso não absolve ninguém. Apenas põe as coisas nos seus devidos termos.
Sim, claro!, Lula também poderá alegar que dava, sei lá, consultoria, palestras e que seu instituto arrecadava dinheiro para distribuir às criancinhas pobres ou pensar os caminhos do socialismo na América Latina. O que não se explica é por que as empresas mais generosas nessas ofertas eram justamente aquelas que dependiam da boa vontade dos companheiros para exercer as suas funções.
Bem, agora perguntas que gritam: não se vai nem mesmo pedir a abertura de um inquérito para apurar as circunstâncias dessas doações? A propósito: José Dirceu, por acaso, está na mira por algo muito diferente? Se ele é um investigado, por que não Lula?
Ah, sim: os trouxas que não receberam R$ 4,527 milhões começarão a gritar nas redes sociais o famoso: “Lula é meu amigo/ mexeu com ele,/ mexeu comigo?”.
Eis o homem que, de vez em quando, resolve ameaçar o processo político: “Olhem que eu volto a disputar…”. Volte, sim, Lula! Volte mesmo!

NO O ANTAGONISTA
Faltam só dois
Brasil 09.06.15 17:19
O Antagonista apurou que ao menos três ministros do TCU já decidiram votar pela rejeição das contas do governo Dilma Rousseff, por causas das pedaladas.
Mais dois votos e a fatura está liquidada, facilitando o caminho para o devido processo criminal e, quem sabe, o impeachment.
Onde há gás...
Brasil 09.06.15 19:37
A PF decidiu investigar os vazamentos de gás na Superintendência de Curitiba, sede da Lava Jato. Na semana passada, um fogão na copa do térreo foi desligado a tempo. Ontem, no andar imediatamente abaixo da sala de investigações, outro fogão estava com uma das bocas abertas.
Pessoal perigoso.
Investigue-se o Instituto Lula
Brasil 09.06.15 21:46
Está mais do que claro: o Instituto Lula -- e também a empresa de palestras do petista -- serviu para esquentar o dinheiro recebido da Camargo Corrêa.
O Instituto Lula é um fogão para esquentar, é uma lavanderia para lavar.
É preciso investigar a fundo o Instituto Lula.
O lobista Lula em Maputo
Brasil 10.06.15 05:43
Lula, em 20 de novembro de 2012, deu uma palestra em Maputo, Moçambique.
O evento foi pago pela Camargo Corrêa. De acordo com as planilhas apreendidas pela Lava Jato, a empreiteira deu-lhe, no mês seguinte, exatamente 815 mil reais.
O lobista Lula não viajou a Maputo apenas para dar uma palestra. Ele encontrou-se também com o presidente moçambicano e defendeu os interesses da Camargo Corrêa nas obras da hidrelétrica de Mphanda Nkuwa.
Um telegrama da embaixadora brasileira, publicado dois anos atrás pela Folha de S. Paulo, esclarece que a missão de Lula era "colaborar na mudança de percepção local sobre as empresas de capital brasileiro".
O presidente da Camargo Corrêa, Luiz Nascimento, acompanhou Lula em sua viagem a Maputo.
Os outros membros da comitiva de Lula eram o presidente da Vale, o presidente da Eletrobras e o presidente da Petrobras Biocombustíveis, além de Franklin Martins (sim, sempre ele), Fernando Morais (sim, sempre ele) e Paulo Okamotto, sócio do lobista Lula na empresa que recebeu, no mês seguinte, 815 mil reais da Camargo Corrêa, de um total de 4,5 milhões de reais de pagamentos realizados pela empreiteira ao seu lobista preferido.
O telegrama da embaixadora sobre a viagem do lobista

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 10/06/2015 06:21
“Investimentos” foi a palavra que Dilma Rousseff mais pronunciou no discurso de lançamento do seu plano de concessões (pode me chamar de privatizações). Soou 30 vezes. Somando-se todas as variações —''investindo'', “investe'', “investir'' e “investidores''—, chega-se a 37 repetições. Os verbo “crescer” e o substantivo “desenvolvimento” mereceram cinco menções cada.
No discurso de Dilma, os termos de conotação otimista prevaleceram com sobras sobre os vocábulos que que exalam pessimismo. A oradora falou sete vezes em “dificuldades”. Citou “ajustes” duas vezes. E referiu-se à “crise” uma mísera vez. Ela estava decidida a demarcar o início de “uma progressiva virada de página, gradual e realista.”
Virada de página? Só se for para trás. Os desdobramentos da Operação Lava Jato e a estagflação que conspurca 2015 avisam que Dilma é, por ora, apenas um passado lamentável para fazer você desconfiar do presente e desacreditar do futuro. Porém…
Já é possível afirmar que o segundo mandato de Dilma vive um momento diferente. A presidente continua no fundo do poço. Mas ela já parou de cavar. No plano de concessões à iniciativa privada, por exemplo, Dilma escondeu a pá ao ressuscitar o modelo adotado sob FHC, que sempre refugara.
Dilma depende de um grande, de um enorme, de um extraordinário esforço conjunto para alcançar a beirada do poço. Porém, a conjuntura já não rosna para o seu governo com a mesma intensidade.
As panelas silenciaram momentaneamente. As ruas não saíram mais de casa. E a oposição mudou de assunto. Não fala mais em impeachment. Reunida nesta terça-feira (09), em Brasília, a cúpula do PSDB preferiu tratar da estratégia a ser adotada na votação da proposta de redução da maioridade penal.
Os aliados da onça Renan Calheiros e Eduardo Cunha também demonstraram que, nas matérias que realmente importam no Congresso, Dilma não perde por esperar. Ganha. À custa de muita distribuição de cargos, o Planalto prevaleceu nas votações relacionadas ao ajuste fiscal.
Os presidentes do Senado e da Câmara ainda poderiam criar problemas com o projeto que reduz as desonerações da folha de 56 setores da economia, pendente de votação. Mas Cunha parece ter enxergado na proposta uma oportunidade a ser aproveitada. E Renan mostrou que dispõe mais de gogó do que de infantaria.
Auxiliares de Dilma constatam que a dieta, os passeios de bicicleta e a queda do pedestal a transformaram num ser mais amistoso. Ela trata o articulador político Michel Temer e o ministro Joaquim Levy com rara deferência. Procede assim a despeito do nariz torcido do petista Aloizio Mercadante para ambos. No mais, há tempos que Dilma não passa carraspanas em seus interlocutores mais frágeis. Nas palavras de um observador, “as dificuldades humanizaram a presidente.”
Ironicamente, a principal ameaça ao bom humor de Dilma é o partido dela. Mas Lula e os dirigentes do grupo majoritário do PT agem para colocar num cercadinho os radicais do Congresso Nacional do partido, que começa nesta quinta-feira (11), em Salvador.
De resto, os petistas com alguma capacidade de reflexão já se deram conta de que não haverá Lula em 2018 sem Dilma. E ela, por enquanto, não é senão uma presidência por fazer. A popularidade é miúda. Os problemas, graúdos. A inflação faz sobrar mês no fim do Bolsa Família. O PIB em frangalhos mastiga o emprego. E os serviços públicos nunca estiveram tão próximos de se tornar algo inteiramente novo. Caos não falta.


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