DA MÍDIA SEM MORDAÇA - PRIMEIRAS DO DIA DE HOJE

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
28 DE MAIO DE 2015
No depoimento à Polícia Federal, Othon Moraes Filho, do grupo Queiroz Galvão, listou quem na empresa participava da distribuição de “doações” a partidos investigados na Lava Jato. Fontes da investigação acreditam que um dos citados, André Gustavo Pereira, vice-presidente da Queiroz Galvão, seria o responsável pelos famosos “aditivos” que teriam acrescentado cerca de R$ 3 bilhões ao valor dos contratos com a Petrobras, nas obras das refinarias Abreu e Lima (PE) e Comperj.
A força-tarefa da Lava Jato consolida o entendimento de que “doações” eleitorais para partidos e políticos não passam de propina.
Em nota, a Queiroz Galvão nega que Othon Moraes tenha confirmado pagamento de propina, mas apenas de “doações”.
À PF, ressalta a Queiroz Galvão, o diretor não afirmou que a empresa fez pagamento ilícito para obtenção de contratos e vantagens.
Em seu depoimento à PF, Othon destacou doações de até 2% do faturamento da empresa, que alega ser o limite fixado na legislação.
O tamanho do escândalo de corrupção na Fifa pode ser medido pela força-tarefa da investigação, formada pelo poderoso Departamento de Justiça, o temido IRS (Receita Federal dos Estados Unidos) e o FBI, a Polícia Federal de lá. Eles se unem em casos especiais, como quando constituíram o grupo denominado “Os intocáveis” para investigar e prender um dos mais perigosos bandidos de sempre: Al Capone.
O Ministério Público de Nova York, o Departamento do Tesouro, e as Receitas estaduais também participam da investigação contra a Fifa.
Entre os 14 executivos da Fifa enrolados no escândalo está o ex-presidente da CBF José Maria Marin e os dirigentes da Concacaf.
O ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, que mora perto do parceiro J. Hawilla, em Boca Raton, Flórida, estava em Mônaco e voltou ontem.
Vivendo há mais de dez anos na Flórida, o lobista Fernando Moura já obteve cidadania norte-americana. Ele foi o chefe da turma dos irmãos Zeca e Milton Pascowitch, este último preso na Lava Jato.
A jornalista Cláudia Cruz, mulher de Eduardo Cunha, foi importante na reaproximação do marido com Dilma. A presidente tem apreço por ela e as duas combinaram aquele jantar no Alvorada que selou a paz.
O PT estranhou o PCdoB votar pelo distritão, contrariando interesse dos petistas. Dias atrás, os comunistas chamavam o sistema de retrocesso. Restou ao PT se aliar aos tucanos para barrar a proposta.
Vem chamando atenção de deputados enrolados no Petrolão o sumiço da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, na qual ele aponta acusados de receber propina. No arquivo “Miscelânia”, desapareceu o vídeo de Youssef, de posse da Justiça, nominando os acusados.
O ministro Joaquim Levy (Fazenda) contou a deputados que não tem medo da frigideira do colega Aloizio Mercadante. O chefe da Casa Civil, que se acha em economia, tem cochichado críticas a Levy.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, tem sido incansável, percorrendo gabinetes parlamentares para defender o projeto da terceirização. Inclusive colocando-se à disposição para tirar dúvidas sobre o assunto.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), recebeu o pedido de impeachment das mãos dos manifestantes que caminharam de São Paulo à Brasília. A chance do pedido prosperar é quase zero.
O deputado petista Alessandro Molon (RJ) foi portador do recado do senador Aécio Neves (PSDB-MG) contra o distritão. A mensagem foi fundamental para diluir o voto dos tucanos favoráveis ao sistema.
A prisão de José Maria Marin causou grande alívio entre os envolvidos no petrolão: o escândalo na Fifa vai dividir o noticiário da Lava Lato.

NO DIÁRIO DO PODER
NA CONTA DO CONTRIBUINTE
VEJA AS 'PERIPÉCIAS GASTRONÔMICAS' DE UM DEPUTADO
JORNALISTA EXPÕE AS "PERIPÉCIAS GASTRONÔMICAS" DE UM DEPUTADO
Publicado em 28 de maio de 2015 à 01:39 - Atualizado às 01:41
UMA DAS NOTAS APRESENTADAS PELO DEPUTADO; MUQUECA PARA TRÊS
O jornalista Lúcio Big, fundador da “Operação Política Supervisionada” (OPS), realizou estudo dos gastos com cota parlamentar dos deputados federais e senadores. No primeiro de uma série de artigos exclusivos para o Diário do Poder, Big expõe: “basta que os parlamentares apresentem a nota fiscal (recibos para alguns casos) à sua casa legislativa e como num passe de mágica, o dinheiro “cai” diretamente em sua conta corrente.” Segundo ele, a intenção é expor “alguns casos que vão do cômico ao constrangedor.”
Esta semana o jornalista seguiu os gastos de um só deputado, revelados em seu artigo, que “possui um ritmo alimentar curioso”. Leia aqui.

DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA
DEPUTADOS APROVAM FINANCIAMENTO PRIVADO E O FIM DA REELEIÇÃO EM TODOS OS NÍVEIS
CUNHA FAZ CÂMARA APROVAR 'DOAÇÕES' PRIVADAS E FIM DA REELEIÇÃO
Publicado em 27 de maio de 2015 às 23:13 - Atualizado às 23:54
A Câmara dos Deputados aprovou por 330 votos uma emenda sugerida pelo líder do PRB, Celso Russomano (SP), incluindo na PEC da Reforma Política o financiamento de empresas a partidos políticos e doações de pessoas físicas a candidatos. Também aprovou o fim da reeleição para prefeitos, governadores e presidente, por 452 votos. Foram vitórias do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, assim, deu novas demonstrações de força.
Antes havia sido recusada por 343 votos uma emenda do líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), definindo o financiamento como exclusivamente público - numa manobra para prorrogar a sessão, enquanto o quórum esperado por Cunha.
A meta do presidente da Câmara era regulamentar as doações antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) vetar a possibilidade de o Congresso incluir o financiamento de empresas como regra da Constituição de 1988. A suprema corte aprecia o tema em uma ação que já tem maioria para limitar as doações a pessoas físicas e ao Fundo Partidário. Falta apenas o voto do ministro Gilmar Mendes, que manifestou hoje a disposição de apresentá-lo em junho.
Fim da reeleição
A Câmara também aprovou, nesta noite, o fim da reeleição para cargos no Executivo. Após todos os partidos orientarem suas bancadas a favor da emenda no âmbito da PEC da Reforma Política, a reeleição foi extinta para prefeitos, governadores e presidente da República, a partir das próximas eleições, por 452 votos. Apenas 19 deputados foram contra a mudança. Houve uma abstenção.
O fim da reeleição foi o segundo item da reforma política aprovada pela Câmara, após uma série de rejeições ocorridas entre ontem e hoje. Os deputados já haviam aprovados, na noite desta quarta-feira, 27, a inclusão de uma emenda na Constituição autorizando empresas privadas a fazerem doações para as campanhas eleitorais dos partidos políticos. Além da autorização para pessoas físicas doarem diretamente para os candidatos.
A Câmara retomará amanhã (28) a votação de outras emendas da PEC da Reforma Política, como a coincidência ou não das eleições para presidente, governador, prefeito, senador, deputado e vereador num mesmo pleito e não mais a cada dois anos como ocorre hoje. A pauta inclui o fim do voto obrigatório.


LULA DEVE EXPLICAÇÕES
Por Carlos Chagas
Um dia o Lula falou que não bastava aumentar salários. Era preciso mudar o regime. O tempo passou, mas à exceção dos metalúrgicos do ABC, durante alguns anos, os salários não aumentaram e o regime continua o mesmo. A Nova República continuou velha e o partido dos trabalhadores nem é dos trabalhadores e muito menos é partido. A reforma política nada reformou. A Câmara rejeitou todas as propostas de mudança e o Senado confirmou a supressão de direitos trabalhistas.
Fazer o quê? Aguardar as próximas eleições é sonho de noite de verão. Faz décadas que nos enganamos com a expectativa, porque tudo fica na mesma. Imaginar a rebelião das massas equivale a desconhecê-las e a ignorar que jamais terão consciência de sua capacidade.
Quem assistiu as longas sessões da Câmara, terça-feira e ontem (27), rejeitando alterações eleitorais, bem como a adesão do Senado ao massacre do trabalhador, concluirá pela desimportância do Congresso e a falência dos partidos políticos.
Madame, no México, exultou e confundiu todo mundo ao dizer “que desde 2008 o Brasil adotou medidas anticíclicas para evitar contaminação da economia pelos efeitos da crise global e que agora é hora de desfazer as medidas anticíclicas e fazer o dever de casa”. Entenderam? Nem eu.
A verdade é que apesar de o PT continuar votando contra os direitos trabalhistas, nenhuma proposta saiu de suas bancadas no sentido de dividir com as elites a carga de sacrifícios para enfrentar a crise econômica. Joaquim Levy já se declarou contra o imposto sobre grandes fortunas e sua opinião parece haver frutificado no partido. O vampiro continua se banqueteando no banco de sangue.
Numa palavra, o regime continua o mesmo enquanto, ou por conta disso, os salários não aumentam. O Lula deve explicações. Pretende voltar ao palácio do Planalto, em 2018, com que intenção? Corrigir os malfeitos de Dilma parece muito pouco. Ampliar o assistencialismo será inócuo. Mudar o regime?
O primeiro companheiro precisa dizer o que pretende. O seu ideal não pode restringir-se à possibilidade dos operários freqüentarem churrascarias uma vez a cada seis meses. Muito menos a voltar aos tempos em que a crise econômica não nos atingia. O provável candidato é intuitivo. Pouco ou nada lê. Toca de ouvido. Mas deve definir o seu regime.

NO BLOG DO CORONEL
QUINTA-FEIRA, 28 DE MAIO DE 2015
A cúpula da Odecrecht: Norberto, já falecido, o filho Emílio e o neto Marcelo.
(Folha) A Polícia Federal notificou a Odebrecht a dizer se formou cartel para fraudar licitações e se pagou propina em troca de contratos na Petrobras. A intimação foi consequência de pedido feito ao juiz Sergio Moro, pelos advogados da própria empresa, para que ela se pronuncie em inquérito que apura suposta participação de subsidiária do grupo, a Odebrecht Plantas Industriais, em lavagem de dinheiro oriundo de corrupção.
Com receita anual de R$ 32 bilhões, a maior empreiteira brasileira foi citada por ex-dirigentes da Petrobras, em delações premiadas, como integrante do cartel e fonte de supostos pagamentos de propina no exterior. Até agora, ela é a única das grandes construtoras do país que não tiveram executivos presos na Operação Lava Jato. 
No despacho, o delegado Eduardo Mauat da Silva faz perguntas genéricas. Como, por exemplo, se os executivos da empresa participaram de reuniões para "direcionamento de licitações públicas" ou se pagaram "vantagens indevidas a agentes públicos". A advogada Dora Cavalcanti Cordani disse que a empresa vai se manifestar à Polícia Federal nesta quinta (28).
POSTADO POR O EDITOR ÀS 06:46:00


NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
28/05/2015 às 4:43
A Câmara aprovou, por 330 votos a 141, a constitucionalização da contribuição de empresas privadas a campanhas eleitorais. O resultado reverte a decisão absurda tomada nesta terça (26). Vamos lá.
Durou pouco a festa dos que estavam comemorando “a derrota” de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. Eu mesmo apanhei bastante de alguns leitores porque, num post de ontem, afirmei que Cunha havia logrado também uma vitória: ter dado início à votação da reforma política. Nesta terça, como escrevi aqui, a Câmara havia tomado uma decisão estúpida, que empurrava o sistema político para a clandestinidade e o deixava à mercê de máfias. Por quê? Não se obtiveram os 308 votos necessários para constitucionalizar a doação de empresas privadas. Foram apenas 266. Maioria, sim, mas insuficiente. Ora, sem isso, ficaria valendo então a opinião da maioria do Supremo, contrária a esse tipo de doação. É mesmo? Então quem financiaria?
Chamei a decisão de absurda porque o “não” à contribuição das empresas implicava o financiamento público de campanha, automaticamente. Se o dinheiro não sai do setor privado, terá de sair do estado. Eventuais doações de pessoas físicas não dariam conta do custo. Pior de tudo: o caixa dois comeria solto.
De tal sorte a decisão de terça tinha sido cretina que, numa votação nesta quarta, a Câmara rejeitou também a constitucionalização do financiamento público. Nesse caso, não é que a proposta não tenha atingido os 308 votos necessários para mudar a Constituição; ela foi amplamente rejeitada: apenas 163 votos a favor, contra 240. Notaram a barbaridade? Nem financiamento público nem financiamento privado. É? E quem arrumaria o dinheiro? O Espírito Santo?
Alguém poderia objetar: “Ah, mas isso não é matéria para estar na Constituição; nem uma coisa nem outra!” É mesmo? E por que a questão está hoje sendo decidida num tribunal constitucional? Não foi a OAB quem patrocinou uma Ação Direita de Inconstitucionalidade no Supremo, alegando que o financiamento de empresas agredia a isonomia e tornava a eleição passível da influência do poder econômico? Então que se mude a Constituição, Ora, quando mais não seja para que o tribunal se sinta contemplado.
A verdade é que, de fato, isso tudo seria desnecessário se o Supremo reconhecesse que não lhe cabe legislar sobre eleições — e é o que ele está fazendo, sob o absurdo patrocínio da OAB. Afinal, o Congresso já expressou a sua vontade: está clara na Lei 9.504, que permite o financiamento de empresas. Fosse o caso de mudar, alguém já teria proposto e aprovado lei com outro conteúdo.
Muito bem! O texto que foi rejeitado na terça permitia o financiamento de empresas e de pessoas físicas a partidos e candidatos tomados individualmente. Nesta quarta, a emenda aglutinativa aprovada tem conteúdo diferente: constitucionaliza os financiamentos público (por intermédio do fundo partidário) e privado, com doações de pessoas físicas e jurídicas. Segundo o texto aprovado, no entanto, as contribuições poderão ser feitas apenas aos partidos, não aos candidatos.
Não vejo motivos para a especificação — até porque é muito fácil burlá-la. Não vejo por que instituir uma restrição que, na prática, não será observada. E que se note: Cunha não recorreu a manobra regimental nenhuma. Se querem chamar de manobra política, vá lá. O fato é que o texto aprovado nesta quarta não tinha sido ainda submetido ao plenário. Logo, é mentira que tenha votado de novo o que já tinha sido rejeitado.
O resultado foi muito eloquente, reitero: 330 optaram pela constitucionalização das doações de empresas. Os 141 que que votaram contra, quero crer, gostariam de cortar verbas dos investimentos, da saúde, da educação, da infraestrutura etc. para transferi-las para as campanhas. Ou é isso ou queriam, então, se entregar às máfias do caixa dois.
Se Cunha foi derrotado na terça, então ele saiu vitorioso na quarta. E, nesse caso, o país ganhou com ele.
E não posso encerrar sem esta nota: o partido mais entusiasmado com o financiamento público era o PT, justamente a legenda que caiu de boca no mensalão e no petrolão. E que, em 2013, ano não-eleitoral, arrecadou R$ 79 milhões junto a empresas privadas. Com quais argumentos? A evidência da anormalidade está no fato de que PSDB, PMDB e PSB arrecadaram, juntos, R$ 46,5 milhões. E é essa gente que vem falar contra doações privadas? Outros que também queriam, com muita energia, proibir a doação de empresas eram os representantes do PC do B, aquele partido que foi flagrado num conúbio incestuoso com ONGs que atuavam no Esporte.
Sempre que Jandira Feghali fala com tanta ênfase em defesa da moral e dos bons costumes, o meu alarme contra as transgressões à moral e aos bons costumes dispara.
Nota final – A PEC da reforma política tem de ser aprovada por três quintos de deputados (308) e senadores (49), em duas votações em cada Casa. O Senado pode, se quiser, mudar o texto da Câmara (desde que a questão volte a ser examinada por essa Casa) e restituir a contribuição também a candidatos.
(Texto publicado originalmente às 23h04 desta quarta)
Por Reinaldo Azevedo

28/05/2015 às 4:45
Vamos lá. Se, na terça, reitero o ponto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi derrotado, como disseram muitos, então viveu uma quarta de gala, certo? Numa única noite, o plenário da Casa aprovou a constitucionalização das doações de empresas a campanhas por 330 votos a 141 e o fim da reeleição, por 452 a 19.
Sei não… A imprensa deveria parar de ser tão peremptória nessas coisas de vitórias e derrotas inelutáveis. Eu acho que o saldo é extremamente favorável a Cunha porque, finalmente, a reforma política está andando. O PT passou 12 anos dando as cartas no país e no Parlamento, chamando a dita-cuja de a mãe de todas as reformas. Mas não se mexia. Quando se mexeu, foi para tentar impor um projeto que só interessava ao partido, não ao país: queria financiamento público de campanha e voto fechado em lista, por exemplo. E ignorava o debate da reeleição porque se via eternizado no poder.
O presidente da Câmara foi buscar a emenda da reforma política que estava enterrada lá na CCJ e a pôs em votação. Goste-se ou não de Cunha, creio que nem adversários e desafetos deixam de reconhecer: ele sabe trabalhar.
Muito bem! Espero que o Congresso tenha começado a enterrar nesta quarta-feira aquele que foi um dos maiores equívocos da história recente do país: a instituição da reeleição, aprovada por emenda em 1997, na gestão FHC. Sim, eu considero o ex-presidente uma das figuras mais importantes da história do Brasil, mas fui, à época, contra a mudança. E tudo o que veio depois só demonstrou que eu estava certo. A reeleição faz mal ao país e à política. Eu não me posicionei, e não me posiciono, desse ou daquele modo pensando na eleição seguinte.
Em 1997, o PT era contra a emenda. Não era convicção, mas oportunismo. Opôs-se porque sabia que, dada a popularidade do Real, FHC seria reeleito. Fosse posição de princípio, com a maioria que tinha no Congresso, os companheiros teriam encaminhado o fim da reeleição já em 2003. Mas por que o fariam? Afinal, havia a chance de Lula conseguir o segundo mandato. Reconheça-se: a motivação de tucanos e aliados em 1997 não era distinta: também vislumbravam a continuidade no poder. No seu segundo mandato, o Babalorixá sabia que era gigantesca a chance de fazer um sucessor. E continuou a ignorar a questão.
O PSDB, desta feita, votou em massa contra a reeleição — e o PT também. Analisemos brevemente as posições de agora. Vamos ser claros: a expectativa de poder, a partir de 2019, pende mais para tucanos do que para petistas. Se o peessedebistas votassem apenas por oportunismo também agora, talvez devessem se opor à mudança. Já os petistas foram oportunistas em 1997 e agora: antes, queriam impedir a continuidade de FHC; agora, eventualmente, anteveem o risco de oito anos para um tucano — ou, vá lá, um não-petista. Melhor, então, mudar a lei, pensam.
Não acho que a reeleição tenha trazido nada de bom ao país. O chefe do Executivo se elege e já se encarrega de formar uma base gigantesca pensando num mandato de oito anos, não de quatro. Evita, no que considera a primeira metade, tomar medidas impopulares porque sabe que terá de se submeter ao crivo das urnas. Dilma é um exemplo mais do que eloquente, não é? Porque não cortou gastos antes? Por que não mudou regras do seguro-desemprego e pensões antes? Por que não elevou combustíveis antes? Por que não majorou tarifas de energia antes? Por que não elevou juros antes? Por que não cortou financiamento da casa própria antes? A resposta é óbvia. E aqui se diz tudo. Cabe perguntar: por que o governo FHC I não desvalorizou o real antes? E a resposta é igualmente óbvia.
Mesmo àqueles que especulam que Lula poderia ter vencido em 1998 e acabado com o Real, respondo de duas maneiras: a) acho que ele teria sido derrotado porque, naquela disputa, ainda existia o PT pré-carta ao povo brasileiro. Mas isso é chute, eu sei. O argumento melhor vem agora: b) não se deve recorrer a oportunismos para preservar o povo de si mesmo. A lei que garantiu aquele suposto bem de antes tem custado muito caro ao país. Esse tipo de maquinação nunca dá certo, não é? E se o PT, sem Lula, tivesse sido derrotado em 2006?
Existe reeleição nos EUA, e as coisas funcionam relativamente bem. É verdade. Não vou dizer aqui, como afirmou um deputado nesta quarta, que aquela é uma democracia consolidada, e a nossa, ainda muito jovem. Isso é besteira. A questão não esta na esfera cultural ou de sensações. O que importa é outra coisa. Vejam o tamanho que tem o Estado americano e o tamanho que tem o Estado brasileiro. Será que um governante americano dispõe, por exemplo, de um Fies, que desembolsa R$ 5 bilhões num ano e R$ 14 bilhões no seguinte, quando há disputa eleitoral? Será que o governo americano dispõe de Bolsa Família, que possa ter seu valor corrigido justamente na boca da urna? Será que o governo americano dispõe de bancos estatais, comerciais e de fomento, para fazer generosidades?
Dado esse perfil do Estado brasileiro, permitir a reeleição corresponde a entregar uma máquina gigantesca na mão do governante de turno para que ele cuide da sua reeleição. É claro que a gestão sempre pode ser de tal sorte ruim que um governante acabe sendo recusado. Mas a experiência mostrou que a regra tem sido a reeleição. E não porque a administração seja necessariamente exemplar. Vejam o caso de Dilma Rousseff cinco meses depois de assumir o segundo mandato…
A decisão da Câmara é um alento, Vêm agora outras questões importantes, das quais tratarei em outro post: duração de mandato de presidente, de deputados, de senadores etc. Mesmo o fim da reeleição, acho, pode ser melhorado. Volto depois.
(Texto publicado originalmente à 0h15)
Por Reinaldo Azevedo

NO O ANTAGONISTA
Brasil 27.05.15 17:29 Comentários (18)
Teori Zavascki autorizou a quebra de sigilo telefônico do senador e vice-presidente do PMDB, Valdir Raupp. A partir do mesmo pedido da PF, foram rompidos os sigilos de uma assessora do senador, dois executivos da Queiroz Galvão e Alberto Youssef...
Os franceses querem a cabeça de Blatter
Mundo 27.05.15 18:15
Os franceses querem a cabeça de Joseph Blatter, e a Uefa acaba de pedir o adiamento do congresso e da eleição do novo presidente da Fifa, previstos para ocorrer na sexta-feira (29).
Futebol: Rússia adverte os EUA
Mundo 27.05.15 18:36
Revelada a extensão do propinoduto da Fifa pelos americanos, o sueco Lennart Johansson, ex-presidente da Uefa, disse que a Copa do Mundo de 2018 deveria ser transferida da Rússia para a Inglaterra, assim como o Mundial de 2022, a ser realizado no Qatar, deveria ser objeto de nova eleição.
O presidente russo Vladimir Putin, por meio do seu ministro do Exterior, advertiu os Estados Unidos para "não fazer Justiça fora das suas fronteiras".
MPF e a delação de Julio Camargo
Brasil 27.05.15 18:46
Lauro Jardim, da Veja Online, informa que o MPF já tem provas de que o lobista Júlio Camargo e Eduardo Cunha andam conversando por telefone. Os procuradores usarão as conversas para pedir a anulação da delação premiada do ex-executivo da Toyo Setal.
Alberto Youssef disse que o executivo foi pressionado por Eduardo Cunha a pagar propina. Júlio Camargo negou.
Caso a Justiça aceite o pedido do MPF, Camargo perde os benefícios de sua delação premiada e vai para a prisão.
Brasil 27.05.15 19:48 Comentários (22)
Uma auditoria do governo do Maranhão concluiu que o precatório assinado por Roseana Sarney com a construtora Constran, que pertence à UTC, de Ricardo Pessoa, contou com pagamento de propina e prejuízo ao estado, segundo o UOL. A dívida era de uma obra rodoviária dos anos 80.
O caso ganhou foco nacional quando a contadora de Youssef, Meire Poza, disse que a negociata para favorecer a construtora rendeu seis milhões de reais em propinas, que teriam sido pagas ao então chefe da Casa Civil do Maranhão, João Abreu.
Sergio Moro compartilhou com o governo de Flávio Dino o material encontrado com Youssef, como a petição do acordo e planilhas. "Tem inclusive um email dele (Youssef) comemorando porque passou meses negociando esse acordo", disse Rodrigo Lago, secretário de Transparência estadual.
Brasil 28.05.15 07:27 Comentários (14)
A Lava Jato encurralou Renato Duque. Ele vai passar um tempão na cadeia. A não ser, claro, que se decida a delatar seus comparsas do PT. Veja o que diz a Folha de S. Paulo:
"Documentos enviados pelas autoridades de Mônaco aos procuradores da Lava Jato indicam que US$ 2 milhões depositados numa conta de Renato Duque no exterior tiveram como origem pagamentos feito pelo estaleiro coreano Samsung, acusado de pagamento de suborno...


NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 28/05/2015 04:58
O PPS protocolará nesta quinta-feira (28) no STF uma ADI (Ação Direta de Insconstitucionalidade) contra Dilma Rousseff. Na peça, o partido pede ao Supremo que anule, por inconstitucional, o veto da presidente ao texto aprovado pelo Congresso que determinava o fim do sigilo nos empréstimos concedidos pelo BNDES.
A regra da transparência havia sido enfiada pela oposição dentro de uma medida provisória editada por Dilma para repassar R$ 30 bilhões do Tesouro ao BNDES. A presidente sancionou a proposta há uma semana. Mas vetou o artigo que obrigava o bancão oficial a dar publicidade às suas operações de crédito —coisa de R$ 188 bilhões só no ano de 2014.
Para justificar o veto, Dilma invocou uma velha alegação: “a divulgação ampla e irrestrita das informações das operações de apoio financeiro do BNDES feriria sigilos bancários e empresariais e prejudicaria a competitividade das empresas brasileiras”.
Responsável pela ação judicial do PPS, o vice-líder do partido Raul Jungmann (PE) esgrime a tese segundo a qual a publicidade deve prevalecer sobre o segredo nos negócios de Estado. Daí o seu pedido para que o Supremo declare a inconstitucionalidade do sigilo eterno do BNDES.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Quinta-feira, 28 de maio de 2015
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Investigadores norte-americanos, no mínimo, vão incomodar o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na hora em que for feita uma devassa nas negociatas da transnacional Fifa para faturar altíssimo com a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Para compensar a humilhante derrota de 7 a 1 que sofremos da Alemanha, os brasileiros devem ter a chance de comemorar a provável goleada que o Departamento de Justiça dos EUA e suas agências de investigação devem aplicar contra brasileiros corruptos que foram parceiros da "Falcatrua Association".
Já se dá como certa uma investigação norte-americana sobre os contratos de serviços e construção de estádios para a Copa de 2014 - que foram alvos de suspeitas lançadas por empresas dos EUA que foram preteridas nos negócios. Neste caso, o Fifagate tem tudo para ter uma interligação com a Operação Lava Jato. O FBI investiga denúncias de que o "Clube de Empreiteiras", em conluio com autoridades brasileiras, fechou negócios cartelizados com a Fifa - prejudicando a livre concorrência. A história deve ir longe - gerando mais um escândalo da moda que ajuda a atenuar a exposição sobre outros que começam a cair no esquecimento popular...
A maior preocupação dos picaretas tupiniquins é com o teor da delação premiada feita pelo empresário José Hawilla, dono da empresa Traffic Group, maior empresa de marketing esportivo da América Latina. O departamento de Justiça dos EUA revelou que J. Hawilla (como prefere ser chamado) teria confessado culpa, em dezembro do ano passado, por acusações de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça. Um dos acordos que prejudicou Hawilla foi o contrato que intermediou entre a CBF e a norte-americana Nike.
Junto com José Maria Marin (ex-presidente da CBF), Hawilla é o único brasileiro entre os réus confessos declarados culpados pela Justiça dos EUA. Ele aceitou o confisco de US$ 151 milhões (R$ 473 milhões) de seu patrimônio. Só no momento da confissão ele já desembolsou US$ 25 milhões (R$ 78 milhões). O terceiro brasileiro investigado pelo FBI é José Margulies, proprietário das empresas Valente Corp. e Somerton Ltd., ambas ligadas a transmissões esportivas. Margulies supostamente atuou como intermediário para facilitar pagamentos ilegais entre executivos de marketing esportivo e autoridades do futebol.
O senador Romário (PSB-RJ) recolheu 52 assinaturas e protocolou o requerimento para a instalação no Senado de uma CPI para investigar as denúncias de corrupção na Confederação Brasileira de Futebol. A apuração vai desde a presidência de Ricardo Teixeira, passando por José Maria Marin (preso ontem na Suíça junto com outros 13 dirigentes da FIFA), até a atual gestão de Marco Polo del Nero. Romário vibrou: "Até que enfim! O FBI e a polícia suíça fizeram as prisões mais rápido do que eu pensava. Se dependesse da nossa polícia essas prisões não aconteceriam. Com a CPI a caixa preta da CBF vai ser aberta para moralizar definitivamente nosso futebol".
O craque Romário já antecipou que pedirá ao senador Renan Calheiros para ser o relator da CPI. Romário chutou na cabeça? "Eu vou ficar mais feliz ainda quando o Ricardo Teixeira for preso, o que deve acontecer em breve. Todos se achavam intocáveis na CBF, diziam que era uma entidade privada e não tinham que ser investigados. Mas como dizem meus amigos, a casa vai cair para eles". A CBF, em nota oficial defensiva, aposta no contrário: "Diante dos graves acontecimentos ocorridos nesta manhã em Zurique, envolvendo dirigentes e empresários ligados ao futebol, a CBF vem a público declarar que apoia integralmente toda e qualquer investigação. A entidade aguardará, de forma responsável, sua conclusão, sem qualquer julgamento que previamente condene ou inocente. A nova gestão da CBF, iniciada no dia 16 de abril de 2015, reafirma seu compromisso com a verdade e a transparência."
Romário aposta que o esquema de corrupção que está sendo investigado pelo FBI vai respingar na Copa de 2014 no Brasil. Mas, por enquanto, o Tio Sam não entra no jogo do Baixinho. Richard Weber, chefe da Receita Federal (IRS) revelou ontem que só foram confirmadas provas de corrupção na escolha da África do Sul para a Copa de 2010: "É a Copa do Mundo da fraude. Estamos dando um cartão vermelho para a Fifa".
Como bem lembrou o "peixe" Romário, o bicho vai pegar...
(...)

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