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PROPINA ENTREGUE EM DOMICÍLIO

Doleiro diz que propina foi entregue na porta do Diretório Nacional do PT em São Paulo
Pela primeira vez, Youssef diz que recebeu dinheiro da Braskem e da Odebrecht no exterior para pagar políticos do PP e do PT
POR RENATO ONOFRE E GERMANO OLIVEIRA
O GLOBO - 31/03/2015 14:06 / ATUALIZADO 31/03/2015 15:11
CURITIBA - O doleiro Alberto Youssef afirmou, em depoimento na Justiça Federal nesta terça-feira (31), que as empresas Odebrecht e Braskem depositavam as propinas relativas ao esquema de corrupção da Petrobras no exterior. Os recursos teriam sido usados para alimentar as contas do PP e do PT. O doleiro também afirmou ter entregado, a pedido de fornecedoras da estatal, propina em dinheiro no seu escritório, na Zona Sul de São Paulo, e na porta do prédio do Diretório Nacional do PT, também em São Paulo.
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— Eu cheguei a usar uma das empresas do seu Waldomiro (laranja de Youssef) para fazer uma operação para (a empresa) Toshiba onde eu pude, então, não só pagar o Partido Progressista (PP), mas também pagar o Partido dos Trabalhadores (PT). Foram dois valores de R$ 400 e poucos mil que foram entregues, a mando de Toshiba ao tesoureiro João Vaccari (Neto).
De acordo com o doleiro, a primeira parcela da propina foi retirada pela cunhada do tesoureiro do PT, Marice Correa de Lima, em seu escritório. O segundo valor foi entregue na porta do prédio do Diretório Nacional do PT, em São Paulo, pelo funcionário do doleiro, Rafael Ângulo, a um representante da Toshiba, que teria repassado o dinheiro a Vaccari.
No interrogatório, Youssef reforçou ainda o pagamento a agentes públicos. Ele citou que a maior parte da propina operada por ele ia para os cofres do PP, por meio do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa.
Pela primeira vez o doleiro Alberto Youssef diz em depoimento ao juiz Sérgio Moro, que recebeu dinheiro no exterior para pagar políticos do PP e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, de 2010 a 2014, oriundo das empreiteiras Brasken, Odebrecht e Andrade Gutierrez.
Ao responder a pergunta de um procurador do Ministério Público Federal (MPF) de quem recebia dinheiro no exterior para pagar propinas a políticos em reais aqui no Brasil posteriormente, depois do dinheiro internalizado no país, Youssef foi direto:
— Da Brasken, Odebrecht, provavelmente UTC devo ter recebido alguma coisa lá fora. Andrade Gutierrez, para quem fiz caixa dois e da Engevix. Que eu me lembre são essas.
Como eram feitos os pagamentos da Odebrecht no exterior?
— A Odebrecht teve grandes contratos na Petrobras. Primeiro Rnest (Petroquimica Abreu e Lima, no Pernambuco), onde ela teve o consórcio Conest. Parte desses valores a Odebrecht me pagou em reais vivos aqui e parte em contas no exterior. Como era um consórcio, a Odebrecht pediu que a OAS pagasse parte das comissões através de notas da MO, Rigidez e RCI.
Como o depoimento de Youssef foi feito a pedido dele, o doleiro coloborou e respondeu a todas as perguntas do juiz Sérgio Moro e dos procuradores. Um deles quis saber se Youssef recebeu algum pagamento por meio da Construtora Del Sur, uma das empresas da Odebrecht com ramificações no exterior.
— Uma vez recebi uma ordem da Odebrecht na qual a remessa foi feita pela construtora Del Sur, que seria da Odebrechet.
Youssef deu os nomes dos diretores da Odebrecht que autorizavam as operações do doleiro no exterior.
— Era o senhor Márcio Faria, presidente da Odebrecht Óleo e Gás, o Cesar Rocha que era diretor financeiro da holding. Pela Brasken, que é do mesmo grupo, que o contato era o Alexandrino (Alencar).
Quantas vezes o senhor recebeu da Construtora Del Sur no exterior?
— Duas ou três vezes.
Com relação a Andrade Gutierrez como eram feitos os recebimentos no exterior?
— Fiz três operações para a Andrade Gutierrez. E agora no final de 2013, começo de 2014, que foi operação de US$ 300 mil, que mandei para a DGX, e duas operações de US$ 150 mil, que nada tem a ver com a Petrobras. Mas foi operação de caixa dois. Um representante da Andrade, o Flávio Magalhães, e o diretor da Andrade Gutierrez na Venezuela, o senhor Alberto.
Até o momento, a Odebrecht, maior construtora em atividade no país, não foi denunciada formalmente pelo Ministério Público Federal (MPF) e vem negando veementemente as suspeitas contra a empreiteira.




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