DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
09 DE MARÇO DE 2015
A concorrência entre Dassault, Boeing e Saab pelo contrato de US$ 4,5 bilhões para vender à Aeronáutica brasileira 36 aviões-caça virou alvo de investigação do Ministério Público. Segundo parecer do MP, o fato mais preocupante sobre a compra bilionária é o envolvimento da fabricante de componentes aeronáuticos AEL Sistemas, com sede em Israel e filial no Brasil. Curiosamente as três empresas que disputavam o contrato escolheram a AEL como a fornecedora dos componentes.
O parecer do MP aponta que parentes de integrantes da Aeronáutica foram escolhidos para trabalhar na filial da AEL Sistemas no Brasil.
A Polícia Federal investiga a contratação pela AEL Sistemas no Brasil de um cunhado do ex-comandante da Aeronáutica, Juniti Saito.
O departamento de Inteligência da PF apura contratação de um jovem, “Gilberto”, que também teria parente de alto escalão da Aeronáutica.
Outro indicativo é o faturamento da AEL Sistemas no Brasil: R$ 300 mil em 2003. Mas em 2011 já havia saltado para R$ 54 milhões.
Um dos segredos mais bem guardados desde a escolha do ministro Joaquim Levy (Fazenda) agora vem à tona. Dilma ainda insistia na opção de Luiz Carlos Trabuco e não escondia o desconforto com as intromissões do ex-presidente Lula na composição do seu ministério. Ao ouvir a sugestão do nome de Levy e verificando que ele preenchia as credenciais, Dilma exultou: “Ótimo! Esse o Lula ainda não indicou”.
Lula faz reclamações constantes a pessoas próximas que Dilma fechou os ouvidos para seus conselhos após a reeleição no ano passado.
O desentendimento entre Lula e Dilma não é de hoje. Dilma acha que o ex-presidente não se empenhou para abafar o ‘Volta, Lula’.
O ex-presidente teme que a Economia, calcanhar de Aquiles do governo Dilma, comprometa o partido nas eleições de 2018.
Na contramão da CUT, como era de se esperar, a Força Sindical vai se unir aos manifestantes no protesto do dia 15 de março. A central deve levar até caminhões para aumentar o barulho contra o governo.
O ex-ministro José Dirceu ainda tem força: seu amigo e aliado Swardenberger Barbosa, ex-chefe da Casa Civil no DF, assumiu a vice-presidência de Administração dos Correios, e Lúcio Santos é ouvidor.
...quando Lula disse que a crise econômica internacional seria só uma marolinha, ninguém imaginava, nem ele, o tsunami Dilma.

NO DIÁRIO DO PODER
POLÍTICA
VAIAS E PANELAÇO REAGEM A APARIÇÃO DE DILMA NA TV
PRONUNCIAMENTO DE DILMA É RECEBIDO COM PROTESTOS EM TODO O PAÍS
Publicado em 09 de março de 2015 às 01:41
NA TV, DILMA FALOU DE CRISE; NAS RUAS, A POPULAÇÃO MOSTROU SUA REPULSA (FOTO: REPRODUÇÃO DA TV)
O pronunciamento da presidente Dilma Rousseff em rede obrigatória de rádio e TV, na noite deste domingo (8), foi marcada por vaias e panelaços em todo o País. Foram registrados gritos, vaias, panelas batendo e buzinas em inúmeras cidades e ao menos doze capitais de estados. O panelaço foi uma resposta à convocação que circulou neste domingo nas redes sociais, convidando as pessoas para protestar durante a fala da presidente.
Em São Paulo, as vaias e o panelaço, gravados em vídeo e postados na internet, foram registrados em bairros como Aclimação, Pinheiros, Santana, Vila Leopoldina, Brooklin, Vila Mariana, Perdizes, Moema, Itaim Bibi e Morumbi. Também ocorreu nas regioões administrativos Águas Claras, no Sudoeste, em Guará, nas Asas Norte e Sul e Eixo Monumental,. do Distrito Federal.
No Rio de Janeiro, foram, audíveis os apupos a Dilma em vários pontos da cidade, como Copacabana, Recreio dos Bandeirantes e em Ipanema. Em Goiânia, no Jardim Goiás, no Alto da Glória, em Bueno, em Bela Vista, em Pedro Ludovico e Marista.
Há vídeos registrando vaias e panelaço também no Batel, Água Verde e Bigorrilho, assim como na cidade de Vitória (ES), na Praia do Canto e Mata da Praia, além de Vila Velha e na Praia da Costa e Itapuã. Em Belo Horizonte ocorreu o mesmo nas regiões Centro-Sul; Noroeste e Oeste.
Em seu pronunciamento, Dilma admitiu a crise e pediu paciência aos brasileiros. "Entre muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da energia e de alguns alimentos. Tudo isso, eu sei, traz reflexos na sua vida. Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar. Mas lhe peço paciência e compreensão porque esta situação é passageira", declarou. Segundo ela, o Brasil tem condições de vencer os "problemas temporários", e afirmou que a vitória "será ainda mais rápida se todos nós nos unirmos neste enfrentamento"

AÉCIO ACUSA DILMA DE MENTIR DE NOVO AOS BRASILEIROS
Publicado em 09 de março de 2015 às 01:56 - Atualizado às 02:01
Após a reação negativa registrada em algumas cidades e realização de panelaço contra o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff na noite deste domingo, 8, o candidato derrotado nas eleições, senador Aécio Neves (PSDB), usou as redes sociais para criticar a fala de presidente. "Os brasileiros estão irritados e preocupados. E sabem bem com o quê e com quem", escreveu.
Em nota postada no Facebook pouco depois do pronunciamento, Aécio afirmou que "novamente, a presidente Dilma Rousseff falta com a verdade ao se dirigir aos brasileiros". "Inventa bodes expiatórios, terceiriza responsabilidades que são exclusivamente do governo dela e fornece um enredo irreal à população", afirmou.
Segundo Aécio, Dilma poderia ter usado o espaço para assumir "suas responsabilidades" e pedir desculpas aos brasileiros, mas não o fez. "A presidente pede a união dos brasileiros. Mas apenas quem é capaz de admitir seus erros, buscar o diálogo e respeitar as diferenças, é capaz de apontar novos caminhos e liderar um consenso. Não é o caso da presidente, como se ainda houvesse dúvida, o pronunciamento desta noite demonstrou. Nem uma autocrítica, nem um pedido de desculpas", disse.
Sem fazer referência diretas às manifestações que foram registradas, Aécio disse que "os brasileiros percebem, mais uma vez, o abismo que separa a realidade pintada no pronunciamento oficial e aquela vivida nas ruas e cidades do nosso país".
O senador aproveitou para rebater algumas declarações de Dilma relacionadas à política econômica do governo e citou os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobrás.
"O pronunciamento desta noite deveria servir para que a presidente, finalmente, assumisse suas responsabilidades em relação às políticas fracassadas que levaram o país à situação atual, com recessão econômica, corte de empregos, disparada da inflação e uma profunda incapacidade manifestada pelo Estado para fazer frente à crise. Isto no campo econômico", disse. "No campo ético, o que assistimos é a revelação de um monstruoso esquema criminoso montado a partir da Petrobras", afirmou.

NO BLOG DO CORONEL
SEGUNDA-FEIRA, 9 DE MARÇO DE 2015

(Folha) O protesto contra Dilma Rousseff, registrado em diversos centros urbanos enquanto a mandatária fazia um apelo por união nacional em rede TV, é um marco na narrativa da crise que draga o Planalto desde a reeleição. As ruas resolveram rugir, de forma aparentemente espontânea mas pelo visto com uma mãozinha do WhatsApp e outros mecanismos, uma semana antes dos protestos programados para o dia 15.
O governo vinha tratando os atos do próximo domingo com certo desdém; agora tem motivos para se preocupar. Se antes a insatisfação contra Dilma, expressa em pesquisas, não encontrava vazão fora das conversas no supermercado ou nas sempre radicalizadas redes sociais, o que se viu na noite de domingo foi uma impressionante manifestação pública de rejeição.
Comparações históricas são tentadoras, perigosas e geralmente falhas. Guardadas as proporções, o exemplo que ocorre é o do dia 16 de agosto de 1992, quando o então presidente Fernando Collor estava afundado até o pescoço em denúncias de corrupção. Buscando apoio popular, ele sugeriu que "o povo", essa entidade abstrata, vestisse verde e amarelo para honrar a bandeira naquele domingo --e, ato contínuo, apoiasse seu governo. Deu no que deu: multidões foram à rua usando preto em luto por sua gestão, que acabou impedida no Congresso pouco depois.
Não foi bem isso neste domingo. E Dilma não é Collor, ainda que ele ainda esteja aí como seu aliado e investigado na mesma Operação Lava Jato que alimenta, com a dêbacle econômica, a repulsa ao governo. A presidente ainda não foi acusada diretamente de malfeitos como seu antecessor, mas na era dos julgamentos online de reputações, isso parece contar pouco.
É inequívoco o sinal da noite deste domingo de 2015, estimulado ou não por correntes nos celulares. Se achava que a crise poderia ser circunscrita em negociações palacianas e no Congresso, o governo deverá preparar-se para algo maior e imprevisível.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 06:17:00 

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
09/03/2015 às 0:52\Direto ao Ponto
Nem foi preciso fazer campanha nas redes sociais: bastou a aparição de Dilma Rousseff na TV — mais uma cadeia nacional de rádio e TV financiada pelos pagadores de impostos — para que a voz do embuste fosse neutralizada pelo som da indignação. Em centenas de cidades, incontáveis brasileiros desmoralizaram o desfile de vigarices com vaias, panelaços, palavrões, buzinaços e outras chibatadas sonoras.
Os vídeos abaixo dão uma ideia do que houve, nesta noite de 8 de março, em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Vila Velha, no Espírito Santo. Essa amostra do que aconteceu em todo o país antecipa as dimensões dos atos de protesto programados para o dia 15. E é um aviso aos navegantes que, em pânico com a aproximação do naufrágio, sonham com “o exército do Stédile” e as milícias de José Dirceu.
A tropa comandada por generais da banda podre é insuficiente para eleger um vereador de lugarejo. Os combatentes dispostos a engajar-se na Frente Pró-Corrupção cabem no boteco da esquina. É também por isso que Lula anda sumido desde que prometeu ocupar as ruas do Brasil com batalhões imaginários. Se tiver juízo, só deixará o esconderijo depois do dia 15 de março.


NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
09/03/2015 às 6:11
Se eu fosse dar um conselho de amigo à presidente Dilma Rousseff, seria este: “Governanta, chame todos os seus auxiliares que concordaram com a forma, o tom, o conteúdo e os alvos de seu pronunciamento deste domingo, dia 8 de março, e ponha-os na rua. Sem Exceção. De A a T, de Aloizio Mercadante a Thomas Traumann. Como perguntaria um pastor de Virgílio, “Quae te dementia, cepit, Dilma?” Que tipo de maluquice passou pela cabeça da presidente uma semana antes dos protestos que estão sendo programados país afora?
Nas redes sociais, havia, sim, um chamamento discreto para um panelaço na hora em que a presidente fizesse a sua suposta homenagem às mulheres — é “suposta” porque a petista usou o Dia Internacional da Mulher como mero pretexto. Bastou que a governanta viesse com aquele vocativo espontâneo de sempre — “Meus queridos brasileiros (…) —, e uma vaia estrepitosa uniu a cidade de São Paulo como raramente se viu. (...) Houve protestos em pelo menos 12 capitais: São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia, Belém, Recife, Maceió e Fortaleza.
Quem já estava disposto a vaiar e a bater panela não deve ter prestado muita atenção ao que disse Dilma, não é? (...) Só por isso, creio, os protestos não foram ainda mais contundentes. Os petistas com um todo, e Dilma Rousseff em particular, perderam a noção da realidade; perderam a leitura da política; perderam o pulso da população. E fazem, então, bobagens em penca até segundo aquele que deveria ser o seu ponto de vista.
É possível que a “Lista de Janot”, arrematada com o “nada consta contra a presidente”, de Teori Zavascki, tivesse até dado uma refreada nos ânimos. Os dois eventos não foram propriamente mobilizadores. Ora, sendo assim, com a popularidade em queda livre, cumpria a Dilma ser o mais discreta que conseguisse. Que fizesse uma fala curta em homenagem às mulheres, vá lá; que anunciasse o agravamento da pena para o chamado “feminicídio” (debate o mérito outra hora), ok. Que aproveitasse a deixa para lamentar a corrupção na Petrobras, seria aceitável também. Mas o que foi aquilo???
A íntegra de sua fala está disponível neste blog. Dilma já largou mal sugerindo que os descontentes estão mal informados. A imprensa foi o seu primeiro alvo. Segundo a presidente, “os noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes”. “Muitas vezes — disse a gênia — até nos confundem mais do que nos esclarecem.” Entendi. Não é de hoje que os petistas consideram que a falta de informação é útil a seu projeto de poder. Isso explica a sua disposição para controlar e censurar a imprensa.
Com a compulsão de sempre para a mistificação, disse a governanta: “Pela primeira vez na história, o Brasil, ao enfrentar uma crise econômica internacional, não sofreu uma quebra financeira e cambial.” Bem, trata-se apenas de uma mentira. Instruída sabe-se lá por quais feiticeiros, incorporou o conceito de que governo e sociedade são polos necessariamente opostos. O primeiro teria já pagado o pato da crise; agora, teria chegado a vez do povo. Leiam isto: “Na tentativa correta de defender a população, o governo absorveu, até o ano passado, todos os efeitos negativos da crise. Ou seja: usou o seu orçamento para proteger integralmente o crescimento, o emprego e a renda das pessoas. (…) Absorvemos a carga negativa até onde podíamos e, agora, temos que dividir parte deste esforço com todos os setores da sociedade.”
Nessa fala, “sociedade” e “governo” têm matrizes distintas e interesses específicos, que podem, eventualmente, entrar em contradição e se opor. Ainda que Dilma fosse uma ultraliberal, em vez de uma esquerdista atrapalhada, a fala estaria errada.
A presidente se referiu, sim, às tais medidas amargas que, segundo ela, seriam implementadas pelo tucano Aécio Neves caso vencesse a eleição. Afirmou: “Foi por isso, que começamos cortando os gastos do governo, sem afetar fortemente os investimentos prioritários e os programas sociais. Revisamos certas distorções em alguns benefícios, preservando os direitos sagrados dos trabalhadores. E estamos implantando medidas que reduzem, parcialmente, os subsídios no crédito e também as desonerações nos impostos, dentro de limites suportáveis pelo setor produtivo.” Sei. Há pouco mais de quatro meses, essa mesma senhora fazia uma campanha eleitoral só com amanhãs sorridentes. Sabíamos, ela também, que um estelionato estava em curso.
Dilma, já escrevi isso aqui outro dia e reitero, é hoje a principal propagandista do protesto do dia 15. Mais de uma vez ela já se definiu como uma “mulher dura, cercada de homens meigos”. Bem, está na hora de seus meigos estudarem um pouco de política. Hoje, ela só é uma mulher em apuros, cercada de homens incompetentes.
Texto publicado originalmente às 2h28
Por Reinaldo Azevedo

09/03/2015 às 6:05
Assim que as vaias ecoaram Brasil afora, os petralhas foram para as redes sociais para dizer que… não tinham ouvido nada; que, em sua cidade, reinava o silêncio. Foram adiante: começaram a atacar os que protestavam, associando-os a ricos e privilegiados — “coxinhas!”, vociferavam. Como a gente sabe, aqueles patriotas que roubavam a Petrobras estavam apenas dividindo renda, certo? Aqueles, sim, são socialistas de respeito. Que gente chulé! Mas, ora vejam!, perderam a batalha mais uma vez.
É, meus caros! A Internet já foi um ambiente mais inóspito para não-petistas. Sei bem o que falo. Lembro o quanto apanhava quando era um dos poucos que enfrentavam o que parecia ser uma maioria esmagadora. Sim, eu sei: ainda sou alvo frequente de petralhas e fascistoides. Em dezembro de 2012, o Datafolha publicou uma pesquisa segundo a qual 83% dos brasileiros consideravam o governo Lula “ótimo ou bom”; 13% diziam ser regular, e só 4% — isto mesmo: QUATRO POR CENTO — o avaliavam como “ruim ou péssimo”.
Um desses blogueiros sujos, financiado com capilé estatal, escreveu, acreditem!, que aqueles 4% deveriam ser “leitores do Reinaldo Azevedo”. Achou pouco: sugeriu que a imprensa fosse atrás deles para tentar saber, afinal de contas, quem eram. Sim, o homem considerava um exotismo alguém não gostar do governo. Seu texto sugeria que eram pessoas de algum modo doentes… Para eles, opor-se ao governo é matéria que merece trato psiquiátrico e internação.
Eram tempos bem mais difíceis. É um pouco mais tranquilo não endossar a cartilha do petismo quando há muitos outros milhões que não endossam também. Hoje, é bem provável que eu já faça parte de uma maioria.
Os companheiros já tinham perdido a guerra na rede no dia 20, quando a presidente concedeu aquela entrevista desastrada e desastrosa e acusou FHC pelos descalabros da Petrobras. Sua fala foi ridicularizada em centenas de memes. Os que saíam em defesa de Dilma eram bem poucos.
Neste domingo (08), depois do panelaço, a militância virtual foi à luta para tentar ridicularizar os que protestavam, para negar o que milhões viam e ouviam, para tentar pespegar-lhes a pecha de radicais de salão. Os mais afoitos, claro!, como de hábito, propunham briga de rua, mais ou menos nos moldes daqueles trogloditas que atacaram a população em frente à sede da Associação Brasileira de Imprensa, no dia 24 de fevereiro. Nesse dia, Lula conclamou João Pedro Stedile a botar seu “exército” na rua.
Pois é… O petismo comete mais um erro, dá mais um tiro no pé, faz mais uma bobagem. Não adianta fazer as vezes dos três macaquinhos: o que não vê, o que não fala e o que não ouve.
No mais, dizer o quê? Exceção feita aos milhões de descontentes, o resto, de fato, é silêncio.
Texto publicado originalmente às 3h41


09/03/2015 às 6:03
Vamos lá, leitores! Vamos cuidar de detalhes e nuances, como sempre. Eles fazem a diferença, não? É claro que Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, fez uma ameaça nem tão velada a Rodrigo Janot, procurador-geral da República, conforme apontei aqui no dia 5. Disse o senador: “Nós estamos agora com o procurador em processo de reeleição para sua recondução ao Ministério Público. Quem sabe se nós, mais adiante, não vamos ter também que, a exemplo ao que estamos fazendo com o Executivo, regrar esse sistema que o Ministério Público tornou eletivo”.
Pois é… Não faz sentido o presidente do Senado expressar a sua discordância sobre a forma como se escolhe o procurador-geral quando o MP decide pedir que se abra um inquérito para investigá-lo. Fica parecendo retaliação. E é retaliação! Também deixei claro aqui que, à diferença do que sugere o senador, o órgão não é obrigado a ouvi-lo para um simples pedido de investigação — em caso de denúncia, sim.
Pois bem: A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) reagiu à fala de Renan e manifestou, em nota, “irrestrito apoio ao procurador-geral da República na condução das investigações da Operação Lava Jato”. Nem poderia ser diferente, certo?
Ao Globo, Alexandre Camanho de Assis, presidente da associação, afirmou: “Não tememos absolutamente nada. Os 1,2 mil procuradores da República pelo Brasil têm uma única motivação, que é fazer cumprir a lei. Se temos uma investigação em curso sobre corrupção e lavagem de dinheiro e alguém vem propor uma CPI do MP, só podemos inferir que seja por diversionismo, em uma tentativa de desviar a ótica do país daquilo que realmente está sendo investigado.” Que eu saiba, ninguém falou em CPI.
Atenção!
Que fique registrado de novo: Renan fez uma ameaça quando é investigado. É inaceitável, e a fala merece o repúdio de qualquer pessoa decente. Que fique registrado de novo: a reclamação do presidente do Senado, que queria ser ouvido previamente, não procede. Está claro? Está claro. Mas vamos nos aprofundar um pouco.
A ANPR se manifesta porque Janot é um dos seu. Mas se manifesta também porque essa entidade, que é de caráter sindical, se outorgou — sim, auto-outorga — o direito de eleger o procurador-geral da República. É ela que elabora a lista tríplice, com base numa eleição promovida entre seus filiados, e entrega à Presidência da República.
O Parágrafo 1º do Artigo 128 da Constituição define a forma de escolha do procurador-geral da República, a saber:
“O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.”
Alguém leu a palavra “eleição” ou a expressão “lista tríplice” ali? Não, né? Mais: caro leitor, não se deve confundir MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO COM MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. O primeiro é mais amplo e abrange:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
O procurador-geral — no momento, Janot — é chefe de todos eles. Assim, se é para fazer uma eleição direta para escolher esse chefe, que seja feita, então, entre todos os membros do MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO. Mas não é o que ocorre. Quem vota para elaborar a lista tríplice são só os membros do Ministério Público Federal, reunidos justamente na ANPR, que é uma entidade de caráter sindical, corporativo.
Ah, claro! Como Renan é quem é, falou o que falou, e eu poderia me dispensar de tratar do assunto de maneira tão ampla. Mas aí este blog não seria este blog. Repudio a fala do presidente do Seando e a sua súbita preocupação com a forma como se escolhe o procurador-geral. Se ele se incomoda com isso agora, eu já tratei do assunto no dia 24 de abril de 2013. E eu não tinha, como não tenho, pendenga nenhuma com o Ministério Público. Muito pelo contrário: quando abordei essa questão, eu estava criticando justamente a PEC 37, que queria tirar do órgão o poder de investigar.
Este blog tem as suas escolhas: claras, conhecidas, nunca ambíguas. Mas não abre mão de dizer tudo. Com ou sem Renan, a forma de escolher o procurador-geral da República tem de mudar. Afinal, não se trata de um problema corporativo.
Texto publicado originalmente às 5h14
Por Reinaldo Azevedo

NO O ANTAGONISTA
A gota d'água
Brasil 09.03.2015
O PT disse que os protestos de ontem à noite foram um fracasso.
A realidade é outra.
O harakiri de Dilma Rousseff, em cadeia nacional de TV, foi medido pela Esentia, empresa de análise digital.
De 185.487 mensagens sobre a presidente, publicadas nas redes sociais durante ou imediatamente depois de seu pronunciamento, 80% foram negativas e 19% foram positivas.
Do total, 54,1% pediram a renúncia da presidente ou seu impeachment. Outras 10,3% a chamaram de mentirosa ou falsa. Só 3,3% partiram para o xingamento.
O hashtag #VaiaDilma, no Twitter, foi o mais difundido no mundo todo. Isso mesmo: no mundo todo.
O diretor da Esentia, Gustavo Ramos, comentou:
“O episódio deste domingo nos surpreendeu muito. Literalmente em tempo real, com segundos de pronunciamento, uma avalanche de dados gerados por posts contendo imagens, áudios e, principalmente vídeos, tomaram conta de nossas ferramentas de monitoramento.
Para a maioria, a fala da Presidente foi "a gota d'água". Em nossa avaliação, o fenômeno aguçou os ânimos para as já alardeadas manifestações contra o governo federal e a Presidente no dia 15 de março”.
(O Antagonista agradece o ótimo implicante.org)
Dá para ouvir a vaia?

As mentiras e tapeações do discurso de Dilma
Brasil 08.03.2015
Agora, passados o panelaço e buzinaço, vamos nos dar ao trabalho de analisar os principais trechos do discurso de Dilma Rousseff em cadeia nacional.
Dilma: "Os noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes até nos confundem mais do que nos esclarecem. As conversas em casa, e no trabalho, também precisam ser completadas por dados que nem sempre estão ao alcance de todas e de todos."
O Antagonista: Ou seja, a imprensa é capciosa e você, a sua família, os seus amigos e colegas de trabalho não têm capacidade de entender a realidade da inflação, do desgoverno e da corrupção.
Dilma: "O Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos. Mas nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns. Passamos por problemas conjunturais, mas nossos fundamentos continuam sólidos. Muito diferente daquelas crises do passado que quebravam e paralisavam o país."
O Antagonista: O marqueteiro João Santana trocou "momento difícil" por "momento diferente". O Brasil vive uma crise monumental: inflação em alta, credibilidade internacional zero, empresas endividadas em dólares com a corda no pescoço, nível de investimento negativo, governo atarantado diante da crise, com um ministro da Fazenda politicamente fraco, e escândalos de corrupção por todos os lados. Os fundamentos estão derretendo, como atestam as agências de risco internacionais. Dilma não mostrou a verdade nem de longe.
Dilma: "Nosso povo está protegido naquilo que é mais importante: sua capacidade de produzir, ganhar sua renda e de proteger sua família."
O Antagonista: Mentira. As empresas cortam vagas de trabalho, a inflação corrói os salários e começa a corroer a poupança. As famílias estão endividadas acima do seu limite, iludidas que foram pelo crédito barato dos anos Lula e do primeiro mandato de Dilma.
Dilma: "Estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão de 1929."
O Antagonista: Mentira, nunca houve primeira etapa. Lula, em 2008, disse que a crise internacional havia chegado ao Brasil como uma "marolinha", e continuou com a sua política econômica inconsequente, baseada unicamente na expansão do crédito, sem investimentos em setores estruturais da economia. A falta de investimentos limita o combate à inflação, reduzindo o arsenal para combatê-la ao aumento da taxa básica de juros -- que agrava a recessão e só faz a alegria da banca. Você leu certo: estamos em recessão.
Dilma: "As circunstâncias mudaram porque além de certos problemas terem se agravado - no Brasil e em grande parte do mundo -, há ainda a coincidência de estarmos enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste. Entre muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da energia e de alguns alimentos."
O Antagonista: As carências do país apenas foram evidenciadas pela seca. Faltam planejamento no setor de abastecimento hídrico e investimentos no setor elétrico -- a menos que se tome como investimento o superfaturamento na construção de usinas hidrelétricas que estão com as obras atrasadas.
Dilma: "Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar."
O Antagonista: Sim, e de exigir o impeachment do governo mais incompetente e corrupto da história do país.
Dilma: "A crise afetou severamente grandes economias, como os Estados Unidos, a União Européia e o Japão. Até mesmo a China, a economia mais dinâmica do planeta, reduziu seu crescimento à metade de suas médias históricas recentes. Alguns países estão conseguindo se recuperar mais cedo. O Brasil, que foi um dos países que melhor reagiu (sic) em um primeiro momento, está agora implantando as bases para enfrentar a crise e dar um novo salto no seu desenvolvimento. Nos seis primeiros anos da crise, crescemos 19,9%, enquanto a economia dos países da zona do Euro caiu 1,7%."
O Antagonista: O Brasil não reagiu num primeiro momento. Como já foi dito e redito, o governo baseou o crescimento da economia na expansão do crédito barato, endividando as famílias. Não investiu na indústria, que hoje se encontra sucateada, e apenas adiou a tempestade, apostando que a China continuaria a importar as nossas commodities nas mesmas quantidades do início dos anos 2000, embora todas as sinalizações apontassem o contrário. A comparação com a União Europeia é marota. Crescemos menos do que a China e a Índia, os outros grandes integrantes do Brics, no mesmo período. Aliás, é falso que a China reduziu o seu crescimento à metade da sua média histórica nos últimos anos. Essa média está em quase 9%, e ela crescerá 7% em 2015, depois de crescer 7,5 em 2014. Amesquinhamo-nos em parcerias comerciais com países africanos e sul-americanos, em detrimento do estreitamento de laços comercias com os Estados Unidos, não só por ideologia esquerdista, mas porque o governo foi incapaz de enxergar que os americanos sairiam do buraco que criaram mais cedo do que se imaginava, porque são, de longe, a economia mais forte do mundo.
Dilma: "Realizamos elevadas reduções de impostos para estimular a economia e garantir empregos."
O Antagonista: Mentira. As reduções foram pontuais. De maneira geral, a carga de impostos aumentou.
Dilma: "Ampliamos os investimentos públicos para dinamizar setores econômicos estratégicos."
O Antagonista: Mentira. Quais setores? Dilma deve estar falando dos empréstimos secretos do BNDES a empresas ligadas ao petismo, como a JBS/Friboi.
Dilma: "Começamos cortando os gastos do governo, sem afetar fortemente os investimentos prioritários e os programas sociais. Revisamos certas distorções em alguns benefícios, preservando os direitos sagrados dos trabalhadores. E estamos implantando medidas que reduzem, parcialmente, os subsídios no crédito e também as desonerações nos impostos, dentro de limites suportáveis pelo setor produtivo."
O Antagonista: É mentira que o governo esteja cortando gastos. A máquina estatal, já inchada, continua engordando. Basta dizer que Dilma se recusa a cortar um ministério que seja dos 39 que carregamos nas costas. Quanto aos "direitos sagrados" dos trabalhadores, Dilma está fazendo o exato contrário do que prometeu na sua campanha. A redução na desoneração da folha de pagamentos das empresas já está causando demissões.
Dilma: "O Brasil tem hoje mais qualificação profissional, mais infraestrutura, mais oportunidades de estudar e mais empreendedores. Somos a 7ª economia do mundo. Temos US$ 371 bilhões de reservas internacionais. 36 milhões de pessoas saíram da miséria e 44 milhões foram para a classe media. Quase 10 milhões de brasileiras e brasileiros são hoje micro e pequenos empreendedores. E continuamos com os melhores níveis de emprego e salário da nossa história."
O Antagonista: Mentira. A produtividade do trabalhador brasileiro é uma das menores entre os países em desenvolvimento. Ser a sétima economia do mundo não significa muita coisa, visto que a renda per capita é relativamente baixa e não aumentará nos próximos anos, como previu o ex-ministro da Fazenda Armínio Fraga aqui no Antagonista. Essas reservas internacionais são apenas ilusão contábil. Com o aumento do dólar, aumentaram a dívida externa pública e privada. A dívida interna pública é maior do que a divulgada, dizem os economistas sérios. Para o governo, uma família de classe média, com quatro pessoas, é aquela que ganha entre 1 500 e 2 000 reais por mês, ou menos de 700 dólares -- abaixo da linha da pobreza em qualquer nação civilizada. A qualidade dos empregos é vergonhosamente baixa. Temos mais braços do que cérebros. A quantidade dimininui: só em 2014, a indústria fechou 216 mil postos de trabalho. Dilma inclui entre os micro e pequenos empreendedores a massa de assalariados e freelancers obrigada a trabalhar como pessoa jurídica, sem nenhuma garantia trabalhista.
Dilma: "Nossas rodovias e ferrovias, nossos portos e aeroportos continuarão sendo melhorados e ampliados."
O Antagonista: Faz tempo que Dilma não viaja como cidadã comum. E qualquer produtor sabe o quanto representa o custo do transporte no Brasil, por causa da inexistência ou má qualidade das rodovias, ferrovias e portos.
Dilma: "Este esforço tem que ser visto como mais um tijolo, no grande processo de construção do novo Brasil. Esta construção não é só física, mas também espiritual. De fortalecimento moral e ético."
O Antagonista: Essa foi uma tijolada no nosso estômago.
Dilma: "Com coragem e até sofrimento, o Brasil tem aprendido a praticar a justiça social em favor dos mais pobres, como também aplicar duramente a mão da justiça contra os corruptos. É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras."
O Antagonista: Justiça social é dar as mesmas oportunidades a todos na educação, e não alimentar programas assistencialistas sem porta de saída. A educação brasileira ocupa os últimos lugares nos rankings internacionais de aprendizagem, e o gap escolar entre pobres e ricos só faz aumentar, como demonstra o Enem. A mão da Justiça ainda tem de colher Dilma, Lula e os seus cúmplices. E a mão da Justiça está funcionando, APESAR de Dilma, Lula e os seus cúmplices, como José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, e Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, que fazem advocacia administrativa para a companheirada corrupta e as empreiteiras do petrolão.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Segunda-feira, 9 de março de 2015
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Não adiantou nada Dilma Rousseff pedir paciência em seu patético discurso de cadeia (por enquanto, de rádio e televisão), atrapalhando o domingão. Enquanto Dilma misturava a demagogia de exaltar o Dia Internacional da Mulher e a desesperada tentativa de prometer novos rumos a um desgoverno completamente desmoralizado, atendendo a uma convocação relâmpago nas redes sociais, nas ruas escutou-se um impressionante panelaço-buzinaço, acompanhado de vaias e xingamentos à Presidenta manchada pela corrupção do Petrolão e detonada pela crise econômica que sua gestão temerária ajudou a agravar.
A manifestação espontânea de ontem (08) contra Dilma dá bem a dimensão do que será o mega-ato de rua programado para domingo que vem, 15 de março. Tudo indica que será um divisor de águas. A previsão é de esgotamento fatal da Nova República, que nasceu velha em 1985 e se esclerosou com o corrupto sindicalismo de resultados (para os bandidos), a partir de 2003. Como o Executivo e o Legislativo totalmente desmoralizados perante a opinião pública, o impasse institucional exigirá uma postura do que restar do judiciário (também em ritmo de desgaste, por causa da conjuntura de impunidade) e do poder militar (que historicamente sempre interveio em crises incontornáveis, mas não dá qualquer sinal evidente de que possa fazer isto agora). Sobrou para o povão, na base da massa inorgânica, a cobrança derradeira. Este cenário é o caos se avizinhando...
Na economia, a previsão é de derretimento. O mercado deve operar nervoso a semana toda. Dólar subir não será novidade. Sua cotação é incontrolável pela racionalidade econômica, desde 1961, quando o então presidente Jânio Quadros baixou a Instrução 207 da SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito), que depois virou Banco Central do Brasil, promovendo artificiais intervenções sobre a troca da moeda norte-americana, sempre sujeita a especulações. Neste cenário de dólar em alta, o exportador tem ilusão de ganho. E quem importa entra pelo cano, pois paga mais caro e transfere o custo disto para a sociedade. A carestia e a "inflação" completam a bagunça, gerando queda de consumo e desemprego, que causam a concreta insatisfação contra Dilma. Os preços relativos no Brasil estão mais doidos que a equipe econômica...
Por isso, soou como uma piada de mau gosto Dilma vir ontem ao rádio e televisão, com vestidinho verde-esperança, fazer demagogia com a conjuntura econômica e a político-policial. Dilma teve a cara de pau de declarar: "Com coragem e até sofrimento, o Brasil tem aprendido a praticar a justiça social em favor dos mais pobres, como também aplicar duramente a mão da justiça contra os corruptos. É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras". Por isso, levou tanta panelada, buzinada, vaia e xingamento.
É o fim do caminho para Dilma, a Presidenta Porcina, que foi sem nunca ter sido Presidente.
(...)

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