DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
4 DE FEVEREIRO DE 2015
O ex-presidente Lula foi quem rompeu a letargia de Dilma Rousseff, aplicando o “peteleco” final que derrubou Maria das Graças Foster da Presidência da Petrobras. Além disso, sugeriu um nome destinado a ser bem recebido pelo chamado “mercado”: o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Até o ministro Joaquim Levy (Fazenda) foi convocado a participar da pressão para Meirelles aceitar o convite.
Meirelles exige “total autonomia” para tentar recuperar a Petrobras. O problema é que Dilma tem tanto horror a ele quanto a “total autonomia”.
Quando Dilma escolhia o ministro da Fazenda, Lula pressionou por Meirelles, mas ela deixou clara sua aversão ao ex-presidente do BC.
Demitida, Foster voltou ao Rio em avião de carreira. Ela chegou no aeroporto de Brasília pelas 17h20, cercada de seguranças.
No embarque, Graça Foster encontrou casualmente Sergio Machado, presidente afastado da Transpetro, mas fingiu que não o viu.
O deputado Paulinho da Força (SP) abriu mão de precioso espaço do partido Solidariedade na Mesa Diretora da Câmara, em troca de indicar o deputado Carlos Mannato (ES) para chefiar a Corregedoria-Geral, órgão que investiga parlamentares sob suspeita; como o próprio Paulinho, acusado em casos de corrupção e testemunha de defesa do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e preso na Lava Jato.
Cargos na Câmara ainda são alvo de barganha no balcão de negócios, que funciona ativamente desde a campanha de Eduardo Cunha.
O governo do DF vai ocupar 32 salas no Estádio Mané Garrincha com algumas secretarias, economizando mais de R$2 milhões em aluguéis.
Ministros do governo Dilma apelidaram o colega Aloizio Mercadante (Casa Civil) com uma expressão curiosa, reveladora do seu jeito, digamos, argentino de ser: “I love me”. Significa “eu me amo”.
Parte do staff de Tiririca (PR-SP) colocou o deputado federal na lista de desafetos. Metade da equipe foi cortada e, agora sem emprego e rancorosa, afirma que o deputado “passa o dia todo no vídeo game”.
Só para lembrar: os terroristas que queimaram vivo o piloto jordaniano, ontem, são os mesmos com os quais Dilma pregou “diálogo”, após degolarem covardemente um refém indefeso, em setembro de 2014.
Quem vai primeiro procurar o Estado Islâmico para abrir o “diálogo” defendido por Dilma? Lula ou o aspone Marco Aurélio Top-Top Garcia?

NO BLOG DO CORONEL
TERÇA-FEIRA, 3 DE FEVEREIRO DE 2015
(Congresso em Foco) A oposição ao governo Dilma Rousseff apresentou nesta terça-feira (3) requerimento de criação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar na Câmara denúncias de corrupção na Petrobras. Lideranças de PSDB, PSB, PPS e DEM começaram a coleta de assinaturas no domingo (1) para não correr o risco de ver a CPI ficar em uma fila e demorar para ser instalada. Pelo regimento interno da Casa, só podem funcionar cinco comissões de investigação ao mesmo tempo.
Governistas se movimentaram para protocolar cinco pedidos e impedir que uma nova comissão para investigar as denúncias de desvios na Petrobras fosse aberta. No entanto, a tática acabou frustada. No documento apresentado pelos oposicionistas, foram recolhidas 186 assinaturas de deputados. Para uma CPI ser criada, é preciso pelo menos 171 apoios. “As investigações feitas no ano passado não foram concluídas por interferência do governo”, afirmou o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP).
A apresentação de um novo pedido de investigação na Petrobras só foi possível pelo apoio de deputados de partidos da base aliada a Dilma Rousseff. Quinze parlamentares do PDT, dez do PMDB, cinco do PP, sete do PR, 13 do PSD, e um de PRB, Pros, e PTB – todas legendas contempladas com ministérios – garantiram o número previsto no regimento interno. No total, representantes de 17 agremiações partidárias apoiam uma nova investigação sobre as denúncias na Petrobras.
O requerimento pede para que sejam investigadas denúncias de superfaturamento e gestão temerária na construção de refinarias no Brasil, como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a constituição e a operação irregulares de empresas subsidiárias e sociedades de propósito específico com o fim de praticar atos ilícitos; o superfaturamento e a gestão temerária na construção e afretamento de navios de transporte, navios-plataforma e navios-sonda; as irregularidades na operação da Sete Brasil e as irregularidades na venda de ativos da Petrobras na África.
Após o pedido ser protocolado, a Secretaria-Geral da Mesa vai conferir as assinaturas que estão no requerimento com a base de dados da Câmara. Depois de vencido o processo burocrático, a próxima etapa é a leitura do documento em uma sessão da Casa. Esta fase garante a criação da CPI. A instalação depende da negociação entre líderes para a indicação dos membros. Quando todo este processo for criado, é possível começãr a investigação. “É fundamental que o Congresso Nacional investigue com profundidade a existência de possíveis atos ilícitos e ruinosos praticados por dirigentes e funcionários da Petrobras relativos à construção de refinarias”, diz o requerimento, assinado pelos líderes da oposição.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 23:36:00

(O Globo) Ao comentar a possível demissão da presidente da Petrobras, Graça Foster, e a derrota do governo na disputa da presidência da Câmara, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, disse que sua vida está muito melhor que a da presidente Dilma Rousseff, que na primeira ida às ruas, nesta terça-feira (03), em Campo Grande, enfrentou vaias e manifestação pró-impeachment. Aécio disse também que, com a demissão de Graça, Dilma perde a blindagem na crise da Petrobras e não poderá mais contar com a amiga para “limpar a cena do crime”. 
Aécio disse que é a primeira vez que no regime democrático um governo conta na Câmara com uma base de apenas cerca de 130 parlamentares, mesmo distribuindo cargos. — A vida da presidente Dilma hoje é muito mais difícil que a de seu adversário. Apesar de ter tido a maioria dos votos na urna, é um governo derrotado. É um governo que está sendo derrotado por sua base e facilitando a vida da Oposição. Mas fico triste de ver nessa crise gravíssima um governo tão desqualificado, incapaz de ousar e tomas as medidas necessárias, que quer resolver tudo distribuindo cargos em troca de apoio. Só lamento que o Brasil não tenha iniciado um novo ciclo — disse Aécio. 
Sobre a ausência da presidente na abertura dos trabalhos no Congresso, ele disse que quando o povo brasileiro esperava dela uma admissão de erros, ela mandou ao Parlamento o chefe da Casa Civil , Aloizio Mercandante dar o seguinte recado: ai invés de governar o Brasil, ela vai comandar pessoalmente o toma lá, dá cá na troca de apoio por cargos o segundo escalão.
— Quando o Brasil esperava um mea-culpa, ela manda seu chefe da Casa Civil ao Congresso dizer com todas as letras que ela vai comandar pessoalmente a troca de cargos do segundo escalão por apoios. E quem vai governar o Brasil nessa crise que se encontra, com as contas desordenadas, inflação descontrolada e indústria desaquecida? O Brasil está vivendo o governo mais fisiológico de sua História.
Segundo Aécio, com a demissão de Graça Foster, Dilma vai expor sua fragilidade , porque não terá mais a amiga para servir de anteparo a ela na crise do Petrolão. — Dilma fez uma grande maldade com Graça, mantendo a amiga no cargo para ser blindada. Isso é uma coisa que não se faz nem com inimigo. Graça foi conivente, mas os desmandos começaram quando Dilma era do Conselho da Petrobras, no governo Lula. Assumiu sozinha uma responsabilidade que não é dela. Aceitou limpar a cena do crime, protagonizando um dos episódios mais tristes da História brasileira) — disse Aécio. 
Com dificuldade para chegar ao plenário do Senado por causa de visitantes que o paravam para tirar fotos, Aécio comentou também as vaias que a presidente Dilma enfrentou hoje (03) em sua visita a Campo Grande, numa manifestação de integrantes do MST e Contag, antigos aliados do PT. — Além da oposição formal, a presidente Dilma encontra uma grave oposição de sua base. Quando eu falava lá atrás do descontrole das contas eu era acusado de pessimista. Ela poderia ter tomado lá atrás as medidas que está tomando agora com um custo menos doloroso para a população, mas só pensou em ganhar a eleição. Agora vai ter que encarar o seu eleitorado — criticou Aécio.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 21:35:00

(O Globo) O empresário Augusto Ribeiro Mendonça Neto (foto, à esquerda), do grupo Toyo Setal, confirmou em audiência na 13ª Vara Federal de Curitiba, realizada na segunda-feira (02), que o então diretor da área de Engenharia e Serviços da Petrobras, Renato Duque, mandou pagar parte da propina negociada nos contratos fechados com a Petrobras em forma de doação oficial ao PT. 
Segundo ele, no total, as propinas pagas em dois contratos fechados pela empresa somaram cerca de R$ 60 milhões. Os pagamentos de propina a Duque eram feitos em dinheiro vivo, remessas ao exterior e doações oficiais ao PT, explicou. O empresário entregou à Polícia Federal depósitos realizados ao PT no valor de R$ 4,26 milhões. — O diretor Duque me pediu que fizesse contribuições ao PT decorrente da comissão que havia negociado com ele — afirmou Mendonça Neto.
A Setal fechou dois contratos com a Petrobras nos quais foram pagas propinas. Um deles na Refinaria Duque de Caxias, em parceria com a MPE Montagens Industriais, e o outro na Refinaria Presidente Vargas, no Paraná, no qual a Setal integrou um consórcio com a empreiteira Mendes Junior e a MPE Montagens Industriais. Segundo ele, os contratos foram fechados em 2007 e a propina foi paga durante a execução do contrato, que durou até 2011.
As notas de depósitos em contas do PT mostram que R$ 600 mil foram "doados" ao diretório do PT de Salvador pela Setec, uma das empresas de Mendonça Junior. Outras duas empresas do Grupo, a SOG Óleo e Gás e PEM Engenharia, depositaram R$ 3.660 mil entre 2010 e maio de 2012 na conta do PT Nacional.
Mendonça Neto afirmou que nunca teve contato com um político do PT, embora negociasse diretamente e tenha sido pressionado por José Janene, do PP-PR, um dos condenados do Mensalão. O deputado faleceu em 2010. O empresário disse que Janene era bastante duro e que viu ele colocar um interlocutor a tapas para fora do escritório que mantinha na Rua Jerônimo da Veiga, no Itaim, em São Paulo.
— Ele tinha um jeito bastante duro de conversar. Sempre dizia: é uma coisa de vocês, vocês vão acabar tendo problema no contrato - disse Mendonça Neto, explicando que a ameaça era que o diretor de Abastecimento prejudicasse a empresa, como de fato ocorreu num contrato na Reduc.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 17:59:00

(Valor) A agência de análise de risco Fitch Ratings rebaixou as notas de crédito (IDR) da dívida em moeda estrangeira e local da Petrobras. Os ratings passaram de "BBB" para "BBB-", que é a última escala do grau de investimento da agência. Também colocou todas as notas em escala nacional e internacional da estatal em observação negativa (Rating Watch Negative). Isso significa que o mais provável nas próximas avaliações da Fitch a respeito da Petrobras seja o rebaixamento dos ratings.
A ação reflete a prolongada e aumentada incerteza com relação à capacidade da Petrobras de estimar e registrar um ajuste em seus ativos fixos em tempo hábil, o que poderá permitir que um número significativo de credores da Petrobras venham a acelerar os pagamentos da dívida.
De acordo com nota divulgada pela agência, essas ações de rating afetam aproximadamente US$ 50 bilhões em títulos da dívida emitidos pela Petrobras.

NO BLOG DO NOBLAT
Se Dilma não mudar, de pouco adiantará a saída de Graça Foster da Petrobras
04/02/2015 - 03h00
Ricardo Noblat
Sei que não há amigos na política. Ou que a amizade não é o que conta. O amigo de hoje pode ser o inimigo de amanhã e vice-versa.
Renan Calheiros foi líder do governo do presidente Fernando Collor. Depois rompeu com ele. Para mais tarde se reconciliar.
Lula se afirmou como líder político chamando Sarney de ladrão. Para depois atrai-lo como aliado. Nunca mais se separou dele.
Uma vez descoberta a corrupção na Petrobras, Dilma levou quase um ano para aceitar o pedido de demissão de Graça Foster.
Atribui-se a demora à amizade que une as duas. O mais provável é que Dilma tenha mantido Graça no cargo para se proteger.
Graça serviu de escudo para ela. Por ela, apanhou feio. E teve tempo para apagar impressões digitais de Dilma deixadas em decisões desastrosas.
A demora teve um custo pessoal gigantesco para Graça, na Petrobras há 34 anos, na diretoria há 11 e na presidência há três. Fora o custo de bilhões de reais para a própria Petrobras.
A demissão coletiva da diretoria foi acertada ontem entre Dilma e Graça. O preço de manter Graça à frente da empresa tornou-se insuportável para Dilma. Que ela vá lamber sabão.
Foi assim que Lula procedeu com o amigo e coordenador de sua campanha vitoriosa em 2002, José Dirceu. A cabeça dele rolou para que a de Lula não rolasse por causa do escândalo do mensalão.
De pouco adiantará a saída de Graça da empresa se Dilma não mudar sua postura em relação à Petrobras. A empresa tem um dono. E ele não é o governo, nem o partido que manda no governo.
É o povo brasileiro. O maior acionista da empresa.
Se isso que é tão elementar não for levado em conta por Dilma, a principal responsável pelo que aconteceu na Petrobras desde 2003, não importa quem vier a presidir a empresa.
O destino da Petrobras será o buraco.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
04/02/2015 às 5:57
É possível que, até agora, eu não tenha me feito entender, mas eu sou mais chatinho do que o Pequeno Príncipe, e jamais desisto de uma questão. Então vamos ver.
Todas as ações penais que correm na 13ª Vara Federal de Curitiba estão atreladas a uma tese: as empreiteiras formaram um cartel para corromper “agentes públicos” na Petrobras. Os nomes dos políticos com mandato eventualmente envolvidos nas falcatruas são enviados ao Supremo Tribunal Federal pelo Ministério Público.
Infiro, prestem atenção!, que parte considerável do PT — e o núcleo ligado à presidente Dilma em particular — está satisfeito com essa, digamos, divisão. Não se fala nome de político com mandato na presença do juiz Sérgio Moro. Isso é para outra instância. Estes chegam ao Supremo pelas mãos do MP.
Parece que o juiz e o MP se atribuíram uma missão: “Aqui, nós vamos punir os corruptores da Petrobras”. Tudo indica que o objetivo é manter os empresários presos até que admitam o crime de cartel. Se isso acontecer, então Justiça e Ministério Público dão por cumprida a sua missão.
Qual é o problema dessa tese? Ela favorece, obviamente, os políticos larápios. Sim, talvez o Supremo se encarregue deles, vamos ver, mas estará consolidada uma farsa monumental: a de que as empreiteiras cometeram crimes que não estavam necessariamente conectados com a política. E isso simplesmente não aconteceu.
A tese do “cartel”, diga-se, é um tanto cediça. Se existia, por que as empresas negociavam caso a caso com a quadrilha? Esse dito cartel, ou o que tenha existido, poderia ter operado sem os políticos na outra ponta — e sem um grupo político em particular: o PT?
Resta evidente, a esta altura, que, no meio da sem-vergonhice, houve de tudo: caixa dois de campanha, roubalheira pura e simples, ladrão roubando ladrão… Sabem como é… Ocorre que o que se dava na Petrobras era uma das pontas de um projeto de poder. E, tudo o mais constante, as coisas caminham para uma outra conclusão: um grupo de empreiteiros gananciosos resolveu usar a estatal para maximizar lucros, corrompendo agentes públicos. Com todo respeito, é história da carochinha.
Qual é o outro problema dessa leitura? Ignora-se a natureza do jogo. Já chamei aqui a atenção para este risco e o faço de novo: está começando a se perder de vista a evidência de que havia — ou há — uma inteligência política no gigantesco esquema de fraude que operava na Petrobras e, infiro a exemplo de qualquer pessoa razoável, em outras áreas também.
Dada a forma como as coisas caminham até aqui, quem ainda acaba livrando a cara no fim da história é o PT. Insisto: é pura fantasia — se não for condução da investigação — a suposição de que se pode separar a ação das empreiteiras do esquema político ao qual elas serviam — e, sim, do qual se serviam.
Se os delatores e testemunhas estivessem dando nome e sobrenome de políticos, é possível que tudo tivesse de ser enviado ao Supremo, mas a narrativa seria mais compatível com a realidade.
É preciso tomar cuidado para que, nesse caso, o dito rigor de Moro e do MP, que tanto encanta a imprensa, não acabe servindo à impunidade de… petistas. 
(Por Reinaldo Azevedo)

04/02/2015 às 4:57
Vamos falar de um assunto, digamos, barulhento? Como sabem, fui o primeiro, e fui — há um vídeo a respeito —, a falar sobre a possibilidade de Dilma Rousseff ser atingida por um processo de impeachment. Eu me referia, então, a evidências que surgiram de que ela sabia das lambanças na Petrobras, conforme reportagens da revista VEJA. Nos últimos dias, num parecer, o advogado Ives Gandra Martins volta a tratar do assunto.
Comecemos pelo aspecto mais estridente e irrelevante. Em artigo publicado na Folha, Martins diz que quem encomendou seu estudo foi José de Oliveira Costa, que é advogado — entre muitos outros clientes — do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Isso liga FHC ao parecer? É um troço ridículo! Não custa lembrar que, durante o mensalão, o líder tucano foi um dos que desestimularam uma ação em favor do impeachment de Lula. E as evidências de que o Poderoso Chefão do PT sabia dos meandros daquele escândalo eram ainda mais claras.
Mas não resisto a entrar no mérito do debate. Martins argumenta com vários títulos legais, demonstrando que a ação ou a omissão culposas de Dilma podem, sim, ser motivo de impeachment. Ou por outra: não é preciso ter havido dolo. Escrevi neste blog a respeito no dia 16 de dezembro.
Eu observava, então, que o que havia conduzido a Petrobras ao colapso fora a roubalheira. Indaguei, então, até quando Dilma pretendia empurrar com a barriga a necessária substituição de toda a diretoria da empresa. Será que a governanta tinha alguma esperança de que Graça Foster, presidente da estatal, recuperasse a credibilidade? De que modo?
Cumpre lembrar o que estabelece a Alínea 3 do Artigo 9º da Lei 1.079, que é a Lei de Responsabilidade, também chamada de Lei do Impeachment. Entre os comportamentos que definem o crime está “Não tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição”.
E eu observei, então, que a melhor maneira que Dilma tinha de cobrar a responsabilidade de seus subordinados na Petrobras era com a demissão. E, é evidente, essa lei pode ser evocada para os múltiplos casos de corrupção que vieram à tona antes da Operação Lava Jato, quando a soberana era presidente do conselho da estatal e da República.
A Lei de Responsabilidade pode ser evocada, sim. Que resultasse, sem o dolo, numa condenação, aí, sinceramente, acho difícil. 
(Por Reinaldo Azevedo)

04/02/2015 às 3:53
Dilma esteve com Graça Foster, a ainda presidente da Petrobras, nesta terça-feira (03) e tomou uma decisão que deveria ser apenas óbvia. Ocorre que ela é, antes de mais nada, tardia: vai demitir Graça e toda a diretoria da estatal. Ora vejam! Então a soberana se mexe. É uma pena que o faça depois do derretimento das ações na Bolsa de Valores. A simples notícia de que a presidente da empresa vai sair fez com os papéis da Petrobras tivessem uma alta de 15%, o correspondente, em valor de mercado, a R$ 16,59 bilhões. Em um único dia!
Graça fica no cargo até que Dilma consiga encontrar um novo presidente. Na verdade, haverá dificuldade para recompor toda a diretoria. Também não está fácil encontrar nomes para o Conselho de Administração. Todos temem o monstro que se esconde na caixa-preta. A qualquer momento, podem se ver engolfados por um processo judicial.
Lula quer que Dilma nomeie Henrique Meirelles. Os petistas são mesmo engraçados em sua falta de graça. Em 2003, precisavam de alguém que não fosse nem se parecesse com um petista para o Banco Central. Chegaram ao próprio Meirelles, que volta a ser cogitado para nova missão. Em 2015, mais uma vez, era preciso escalar um perfil que fosse o avesso do petismo para inspirar um mínimo de credibilidade. E lá foram eles atrás de Joaquim Levy.
Meirelles é um bom nome? Depende do que se quer dizer com isso. Está ligado àquela maquinaria infernal que dominou a estatal, que soma sindicalismo, petismo e gangsterismo? Não! Mas é evidente que não entende nada na área, um caminho certo para ser tragado pelos meandros da burocracia da gigante.
De imediato, é fato, haveria, vamos dizer, um surto de otimismo, e certamente uma nova valorização expressiva das ações. Ocorre que Meirelles não está entre os prediletos de Dilma. Lula já tentou emplacá-lo como ministro da Fazenda, mas não conseguiu.
As dificuldades que se anunciam para a empresa são imensas. Nesta terça, foi a vez de a agência de classificação de risco Fitch rebaixar a nota da Petrobras, de “BBB” para “BBB-“. No dia 30, a Moody’s fez a mesma coisa: de “Baa2” para “Baa3”, seguindo os passos da Standard & Poor’s, que considera a empresa “BBB-“ desde 24 de março do ano passado.
Atenção: nas três agências, a Petrobras está no último degrau do chamado “Grau de Investimento”. Acima dessa posição, para vocês terem uma ideia, há nove outras. Se cair mais uma, então a estatal brasileira passa para o “grau especulativo”, em que estão as empresas com dificuldades para pagar as suas contas. Aí se tem o pior dos mundos.
Graça vai sair com toda a diretoria. Isso é bom! O problema é que, até agora, ninguém com um mínimo de seriedade aceita o cargo.
(Por Reinaldo Azevedo)

NO O ANTAGONISTA
Venina e mais uma verdade sobre Renato Duque
Brasil 03.02.2015
Venina Velosa, ex-gerente de Abastecimento da Petrobras, prestou hoje depoimento à Justiça Federal do Paraná. Confirmou tudo o que já disse, e forneceu uma informação suplementar importantíssima.
De acordo com Venina, Renato Duque, então diretor de Serviços da empresa, "tomou para si a questão do cronograma e a execução" da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Dessa forma, Venina atribuiu a Renato Duque, principalmente, a "escalada de preços" da refinaria. Ou seja, o superfaturamento que fez o preço da construção saltar de 2,3 bilhões de dólares para inacreditáveis 18,5 bilhões de dólares.
Renato Duque continua solto, apesar do pedido de Rodrigo Janot, procurador-geral da República, para que volte a ser preso, antes que possa fugir do país. A bola, sem trocadilhos, está com o STF.
Vamos repetir para não esquecer: Renato Duque é homem de José Dirceu, Renato Duque é homem de José Dirceu, Renato Duque é homem de José Dirceu.

Então, está combinado: vamos inventar um número
Economia 03.02.2015
Depois de uma reunião de quase três horas, Dilma Rousseff e Graça Foster combinaram um cronograma para a substituição de toda a diretoria da Petrobras. Graça Foster deverá ficar até o final do mês e, para utilizar a frase espantosa do Planalto, "encontrar um número crível" para o rombo causado pelo Petrolão. Como O Antagonista obviamente adiantou, um novo e respeitável presidente só assumirá se as contas da empresa estiverem devidamente conferidas e aprovadas por uma auditoria independente.
O problema, pois, é inventar um "número crível" para a auditoria e o mercado -- e que, ao mesmo tempo, não "enfureça" Dilma Rousseff. Ou, para ser mais claro, uma mentira que seja grande o suficiente para a auditoria assinar, o mercado fingir que acredita (precificar a diferença, digamos assim) e, paradoxalmente, tentar tornar menos trágica a biografia político-administrativa de Dilma Rousseff e do PT. Os mais de 88 bilhões de baixa contábil nos ativos da empresa, a verdade, a Rainha de Copas não admite.
O último servicinho de Graça: 
encolher a verdade dos 
88 bilhões de baixa contábil

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