DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
5 DE JANEIRO DE 2015
A presidente Dilma deve ser excluída da ação na Justiça americana, em que ela é citada com 11 outras autoridades brasileiras, em razão dos prejuízos causados a investidores pela gestão incompetente e o assalto aos cofres da Petrobras, cujas ações estão na Bolsa de Nova York. As leis americanas poupam chefes de Estado e de Governo desse tipo de ação, por isso ela dificilmente estará entre os acusados.
Esse tipo de ação, nos EUA, em geral não prospera e sempre resulta em acordo de indenizações que podem alcançar cifras bilionárias.
A cidade de Providence (RI), cujo fundo de pensão dos funcionários investiu na Petrobras, é que move a ação contra Dilma e mais onze.
A citação a Dilma é só factóide do escritório americano Labaton Sucharow, advogados do fundo de pensão da capital de Rhode Island.
Os 11 outros réus fazem ou fizeram parte do conselho da Petrobras, como o ex-ministro Guido Mantega, Graça Foster e Sergio Gabrielli.
O futuro político do novo ministro de Portos, Edinho Araújo (PMDB), está nas mãos da ministra do Superior Tribunal de Justiça, Assusete Magalhães. Edinho foi condenado pela Justiça de SP por improbidade durante sua gestão na prefeitura de São José do Rio Preto. Ele só não foi enquadrado na Ficha Limpa graças a liminar expedida pela ministra suspendendo os efeitos da condenação até o julgamento do recurso.
Edinho havia perdido os direitos políticos por cinco anos após usar áreas públicas para pagar serviços realizados sem licitação.
A cúpula do PMDB já avisou ao vice Michel Temer que não aceitará que os ministros Gilberto Kassab (Cidades) e Cid Gomes (Educação) usem da máquina para tentar enquadrar o partido no Senado.
A sensação de que a bandalheira se espalhou pelo Executivo Federal se confirma no balanço anual da CGU. O órgão diz que 67% das penas expulsivas que aplicou em 2014 estão relacionadas à corrupção.

NA COLUNA DIÁRIO DO PODER
ELETROLÃO
ELETRONORTE PAGOU R$ 3 MI À AIRSHIP PARA FABRICAR DIRIGÍVEL
O CONTRATO COM A ELETRONORTE, QUE PREVÊ REPASSES DE R$ 37 MILHÕES, FOI ASSINADO EM FEVEREIRO, COM DISPENSA DE LICITAÇÃO
Publicado: 4 de janeiro de 2015 às 18:18 - Atualizado às 18:19
Grupo Engevix, envolvido no Petrolão, recebeu da Eletronorte a missão de fazer o primeiro dirigível de carga a serviço do governo brasileiro (Foto: Divulgação)
Acusado de integrar o esquema de corrupção da Petrobras, o Grupo Engevix recebeu da Eletronorte a missão de fazer o primeiro dirigível de carga a serviço do governo brasileiro. A empreiteira é dona de 50% da Airship do Brasil, empresa que já obteve da estatal, após a Operação Lava Jato, R$3 milhões para entregar em 2016 um zepelim que servirá para construir, manter e inspecionar linhas de transmissão. Os outros 50% da empresa pertencem ao Transportes Bertolini Ltda.
O contrato com a Eletronorte, que prevê repasses de R$ 37 milhões, foi assinado em fevereiro, com dispensa de licitação, sob o argumento de que a Airship tem notório saber e é a única empresa no Brasil capaz de desenvolver um projeto assim. A fornecedora nunca fabricou um dirigível de carga nos moldes previstos, mas tem experiência na construção de balões-guindaste e aeróstatos (tipo de aeronave não tripulada, sustentada com gás mais leve que o ar).
O projeto envolve também a construção de uma fábrica em São Carlos (SP), já em curso, onde será feito o dirigível. Para isso, além da verba da estatal do setor elétrico, a empresa obteve financiamento de R$ 102,7 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A instituição não informa quanto já repassou por meio do empréstimo.
Os R$3 milhões já pagos pela Eletronorte foram transferidos entre agosto e dezembro, a título de custear a compra de materiais e a realização de testes. A Eletronorte adianta que a Engevix continuará no projeto, apesar do escândalo de corrupção, pois nenhuma irregularidade foi detectada. Nos últimos anos, o presidente da Airship foi o vice-presidente da empreiteira, Gerson de Mello Almada, preso desde novembro, por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobrás.
“Se ela (a Engevix) tem alguma coisa fora do conceito ético, moral, não é no projeto da Airship. Posso garantir. Mostro a cara e mostro tudo”, afirma o diretor de Operação da Eletronorte, Wady Charone Júnior, que se intitula o pai da ideia do dirigível do setor elétrico.
Segundo o diretor, o projeto é auditado “com rigor” pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pela própria Eletronorte. “Todos os contratos da Engevix estão sob suspeita. Até concordo com essa teoria. Mas, então, vá examinar tudinho”, acrescenta, dizendo que a estatal está aberta a quaisquer outras investigações.
A Airship foi fundada em 2005 numa parceria entre a Engevix e a Transportes Bertolini – grupo do setor de logística, que não está entre os investigados da Lava Jato. Dono da outra metade do capital, o sócio assumiu a presidência da empresa em novembro, dois dias antes de a Polícia Federal prender executivos envolvidos no esquema da Petrobrás.
Funcionário de carreira da Eletronorte, nomeado para o cargo na cota do PT, Charone diz que teve um “click” anos atrás, ao fazer um serviço em linhas de transmissão, e começou a pensar sobre o uso do zepelim. Sem “saber de nada” sobre essas aeronaves, pesquisou com especialistas e concluiu que a tecnologia era viável para o setor elétrico. Mais tarde, o projeto foi aprovado pela Eletrobrás, o que permitiu a celebração do Contrato.
A promessa é que o dirigível decole pela primeira vez em julho de 2016 e, a partir daí, passe a fazer consertos, inspeções e construções de redes. A ideia é diminuir os custos e dar agilidade aos serviços, além de evitar impacto ambiental. Para levar e trazer uma torre das que sustentam cabos de energia para o meio da floresta amazônica, é necessário hoje desmatar e abrir estradas, o que pode custar de R$5 milhões a R$ 10 milhões.
“A ”sacada” é essa: quem trabalha de baixo para cima, vai trabalhar de cima para baixo. Muda a lógica”, resume Charone, dizendo que nenhuma outra empresa do mundo usa zepelins com essa finalidade.
As manutenções e inspeções da rede podem ser feitas com helicópteros, mas a operação seria mais cara. Além disso, eles teriam menos autonomia de voo. O novo dirigível voaria a até 120 km/h, com menor consumo de combustível e capacidade para carregar 30 toneladas.
O diretor diz que a Eletronorte sondou fabricantes em países como a Alemanha e os Estados Unidos, mas nenhum faz dirigíveis com essa capacidade de carga. Como o dirigível será construído com verba específica de um programa de pesquisa e desenvolvimento do setor elétrico, a legislação que disciplina esses investimentos, segundo Charone, impõe a contratação de instituições e empresas brasileiras. “A Airship era a única que tinha a documentação necessária para fazer”, diz ele.
O jornal O Estado de S.Paulo procurou a Airship e enviou questionamentos por e-mail. A empresa não respondeu. Por meio de sua assessoria de imprensa, justificou que os funcionários que podem falar sobre o projeto estavam de recesso.
Em nota, o BNDES informou que “as liberações para o referido projeto estão sendo efetuadas com o rigor usual”. Segundo o banco, desembolsos de recursos estão condicionados à comprovação de que a parcela liberada anteriormente foi utilizada nas finalidades definidas no projeto. (Fábio Fabrini/AE)

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 05/01/2015 04:49
Uma máfia atua no mercado de próteses no Brasil, que movimenta R$ 12 bilhões por ano. Médicos chegam a prescrever cirurgias desnecessárias, colocando em risco a vida dos pacientes. Em troca, recebem das empresas que comercializam os implantes comissões que rendem até R$ 100 mil por mês. Em muitos casos, o esquema frauda documentos para obter liminares judicias que obrigam o SUS e planos privados de saúde a pagar por procedimentos superfaturados.
As ações criminosas foram escancaradas pelo repórter Giovanni Grizotti em reportagem exibida na noite deste domingo (4) no programa Fantástico. A apuração foi feita durante três meses, em cinco Estados. Para pilhar as transações ilegais, o repórter se fez passar por médico. Com uma câmera escondida, registrou uma impressionante sequência de propostas indecorosas. Mercadores de próteses oferecem às escâncaras comissões de 20%, 25%, 30%.
O repórter ouviu uma mulher que era responsável pela contabilidade de uma grande clínica em São Paulo. Ela falou sem exibir o rosto. “Aquilo ali parecia uma quadrilha. Uma quadrilha agindo e lesando a população”, disse, manuseando papeis. “Um exemplo que eu tenho aqui: R$ 260 mil de cirurgia, R$ 80 mil pra conta do médico. Tem uma empresa pagando R$ 590 mil de comissão pro médico no período aqui de seis meses.”
As empresas que repassam dinheiro aos médicos por baixo da maca, normalmente em espécie, utilizam um mecanismo manjado para tentar ludibriar o fisco. Pedem aos médicos que assinem contratos de consultoria. Assim, podem lançar as comissões na contabilidade como se fossem despesas lícitas.
Diretor de um hospital de Porto Alegre por 14 anos, o médico Alberto Kaemmerer disse ter criado um grupo para revisar os pedidos de cirurgia. “A cirurgia mal indicada, ela acresce um risco muitíssimo importante. Risco de morte”, afirmou. O grupo revisor rejeitou, por desnecessárias, pelo menos 35% das cirurgias de próteses.
Deu-se coisa parecida em São Paulo, no Albert Einsten, uma das mais prestigiadas casas hospitalares da América Latina. Ali, uma equipe médica perscrutou durante um ano os pedidos de cirurgia de coluna encaminhados por médicos credenciados num determinado plano de saúde. Cláudio Lottenberg, presidente do Einstein, relatou: “Nós recebemos aproximadamente 1,1 mil pacientes no período de um ano. E desses, menos de 500 tiveram indicação cirúrgica. Então, muito possivelmente, estava havendo um exagero em relação a essas indicações.”
A reportagem exibiu casos de clientes do SUS que, após mofar na fila à espera de cirurgias de próteses, foram encaminhados pelo médico a um escritório de advocacia. Que se incumbiu de requerer liminar judicial, anexando à petição orçamento superfaturado.
No Rio, a Polícia Federal farejou um caso do gênero, que resultou em prejuízo de R$ 7 milhões ao plano de saúde dos Correios. Flagrado, João Maurício Gomes da Silva, um ex-assessor da Diretoria Regional dos Correios, firmou um acordo de delação premiada. E abriu o bico:
“Aquela empresa que, teoricamente, dizemos que era parceira, ela apresentava, já vinham com duas ou três orçamentos montados. Então, sempre determinando quem estaria levando naquela determinada cirurgia, quem seria a beneficiada.” O delator citou um caso em que uma cirurgia que deveria ter custado no máximo R$ 200 mil, roçou a casa de R$ 1 milhão.
A exposição de mais essa máfia informa ao contribuinte que há na praça outra vereda do crime rumo ao bolso dos brasileiros. Só no SUS, realizam-se anualmente 7 milhões de cirurgias para o implante de próteses. Sem saber que estava sendo gravado, um empresário de São José do Rio Preto, cidade do interior paulista, disse ter montado duas empresas de fachada para “concorrer” com a sua.
Registradas em nome de dois funcionários, as firmas de fancaria elaboram orçamentos fictícios, simulando uma disputa. E os servidores que ajudam a praticar a fraude credita-se de uma propina de 25%. A certa altura o repórter abre o jogo para o tal empresário, revelando que preparava uma notícia sobre o tema.
Antes que a ficha lhe caísse e ele começasse a negar o que acabara de afirmar, o tal empresário perdeu, por assim dizer, o rebolado. “Nós somos do Fantástico e o senhor admitiu a prática de vários crimes”, afirma o repórter, na lata. E o empresário, fazendo semblante de surpresa: “Olha, né… Brasil, né… todo mundo pega essa situação de querer alguma coisa no que produz. Então, isso o Brasil inteiro está assim.”
De fato, não há mais para onde virar. Para do lado que se olhe, o que se verifica é que “o Brasil inteiro está assim.”

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
Segunda-feira, janeiro 05, 2015
Por Maria Lucia Victor Barbosa (*)
Nada acontece de repente. Tudo é processo. Por isto recordo um fato mal avaliado por analistas políticos e até mesmo desprezado e criticado: as manifestações ocorridas em junho de 2013 em todo Brasil.
Foi algo impressionante e o estopim foi um movimento de poucos jovens inebriados por um esquerdismo mais folclórico do que fundamentado teoricamente. Eles pediam passe livre apesar de andarem de carro. O que daí decorreu nada teve a ver com ônibus de graça, não era liderado por partidos políticos e não possuía característica ideológica. As multidões foram às ruas para manifestar insatisfação com o governo em múltiplos aspectos.
Em seguida, em meio às manifestações pacíficas apareceram os Black Block, horda composta por bandidos, arruaceiros e a garotada que destrói tudo em nome da esquerda, que ataca símbolos do capitalismo como agências de bancos. Aposto que a moçada, como o ditador da Coreia do Norte, adoram ir à Disneylândia ou fazer compras e estudar nos Estados Unidos. Em todo caso, diante da violência plantada estrategicamente as manifestações recuaram. Seria, porém, ingenuidade supor que a insatisfação popular diminuiu.
Outro fato significativo foi a estrondosa vaia e o xingamento que a presidente Rousseff recebeu na abertura da Copa. Um vexame pior do que a vaia sofrida por Lula nos jogos Pan-americanos. Esporadicamente ela continuou sendo vaiada em lugares aonde ia levar suas “bondades” de campanha.
E veio a campanha. A situação econômica péssima com o Brasil quebrado pela senhora presidente, enquanto eclodia o escândalo da Petrobras, mãe de todos os escândalos já havidos no Brasil depois do mensalão. Mesmo assim, João Santana, o Goebbels do PT, avisou que Rousseff ganharia de lavada no primeiro turno, pois os anões tenderiam ao canibalismo.
Tal não aconteceu e veio o segundo turno entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, depois da destruição moral da candidata Marina Silva. Os canhões petistas, então, se voltaram contra Aécio e foi um festival de acusações, de infâmias, de mentiras. Segundo o PT, Aécio acabaria com a bolsa esmola, os direitos trabalhistas, poria no ministério da Fazenda um monstro chamado Armínio Fraga, jogaria o povo na miséria. Nunca antes nesse país houve uma campanha tão sórdida, tão suja, tão abjeta. Desesperado o PT fez o diabo para não perder o bonde do poder.
Rousseff ganhou por pouco. Por pouco Aécio perdeu em Minas. Lula perdeu feio em São Paulo, seu berço político, assim com Rousseff em Porto Alegre e em Brasília. O PT diminui a bancada na Câmara, perdeu governos em Estados importantes.
Há, porém, um fato importante ainda não comentado. De modo inédito em campanhas as pessoas tomaram posição de forma clara e se instalou com firmeza o petismo e o antipetismo. Há uma probabilidade do sentimento antipetista se acentuar diante da inflação crescente, da queda da renda, do desemprego que começa a mostrar suas garras, das contradições do governo Rousseff que já cortou benefícios previdenciários e trabalhistas fazendo o que acusava levianamente seus adversários de fazer caso ganhassem.
Finalmente, depois de muitos adiamentos o ministério foi composto. Não passa de um balcão de negociação de votos no Congresso. Longe do mérito e da competência muitos dos nomeados têm folha corrida e não curriculum. O grosso dos agraciados ignora o que fazer no cargo e terá apenas por missão executar o que sua mestra mandar. No meio da chusma aliada uma exceção com base no mérito: Joaquim Levy, originário do governo Fernando Henrique Cardoso, que será o Armínio Fraga da Dilma. Levy tentará tirar a economia do buraco e, assim, preparar a volta de Lula em 2018 numa situação econômica menos caótica. Este, como sempre empoleirado no palanque já se compõe com uma “frente de esquerda” que lhe dará total apoio. No seu próximo governo, provavelmente, o baderneiro Guilherme Boulos, líder do MTST, será um ministro importante ou comandará os conselhos populares.
E veio a posse. Havia militares e militantes. Estes buscados em vários Estados e trazidos em muitos ônibus. Um sanduíche, um refrigerante e as bandeiras vermelhas se agitaram à passagem da reeleita. O povo praticamente esteve ausente da patuscada.
Menção especial deve ser feita ao discurso de posse que impressionou pelo cinismo e pela empulhação. Uma ficção de mau gosto sobre o paraíso Brasil, obra do PT onde a pobreza acabou e o pleno emprego deixa a todos imersos em felicidade. Uma dádiva que devemos agradecer de joelhos ao criador e a criatura. Falou-se em misteriosos inimigos externos, em combate à corrupção, etc., até que o delírio oratório culminou no slogan: “Brasil, pátria educadora”. Educadora com Cid Gome? Parece piada de salão, como diria o mensaleiro Delúbio Soares. Infelizmente, nunca fomos tão parecidos com uma republiqueta das bananas.
(*)Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga www.maluvibar.blogspot.com.br



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