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UM PORTO PARA CONCORRER COM O BRASIL

ARTIGO 30/12/2014
O porto de Mariel 
O porto de Mariel, em Cuba, construído pela Odebrecht (aquela do Petrolão), custou U$ 682 milhões do BNDES, segundo a revista Carta Capital (também financiada pelo BNDES). O porto seria um grande negócio para o Brasil, diz a revista: o porto é um colosso, apto a receber grandes navios, a exemplo dos portos da Jamaica e Bahamas. Acrescenta que a obra “se pagou”, embora não haja notícia de reembolso do BNDES. Diz ainda que o Brasil quer se tornar “um parceiro econômico de primeira ordem de Cuba”, citando palavras da presidente Dilma.
Estranha parceria. Cuba exporta açúcar, tabaco e níquel, três produtos que nós também exportamos. Somos mais concorrentes do que parceiros. Um bom porto, muito mais próximo dos mercados americano e europeu, cria desvantagem para o Brasil na concorrência com os produtos cubanos.
O porto também é porta de entrada. O que venderíamos aos cubanos? Somos exportadores de grãos e minérios. A ilha dos Castro não é um mercado significativo para tais produtos. Também poderíamos vender produtos industrializados, mas nem Cuba tem renda para importar, nem a nossa indústria está apta a concorrer com os chineses e outros asiáticos. Fizemos um porto para, por um lado, concorrer vantajosamente com os nossos produtos de exportação; e, por outro lado, facilitar as exportações chinesas e de outros asiáticos que são nossos concorrentes.
Alega-se, na citada revista, que o porto de Mariel é estrategicamente situado e Cuba poderá criar uma “zona especial de desenvolvimento econômico” (um nome diferente para zona de processamento de exportação - ZPE), copiando as existentes na China, onde empresas com 100% de capital estrangeiro poderão instalar-se. À parte a curiosidade do interesse cubano em atrair o “famigerado capital estrangeiro”, teremos uma ZPE que deverá atrair empresas asiáticas cujos produtos poderão invadir o nosso mercado interno e concorrer com os nossos produtos no mercado internacional.

Rui Martinho Rodrigues - Historiador
rui.martinho@terra.com.br

Do Jornal O Povo (Opinião) de 30-12-2014.

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