DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Consórcios de empreiteiras enroladas no escândalo do Petrolão receberam, entre 2009 e 2014, quase R$ 59 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sem contar as obras financiadas no exterior. A hidrelétrica de Belo Monte (PA) rendeu mais de R$ 22,5 bilhões à Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez, sem nunca ter gerado um só kilowatt.
As obras de uma refinaria, duas linhas do Metrô e quatro hidrelétricas custaram ao contribuinte brasileiro, via BNDES, R$ 58,95 bilhões.
A refinaria de Abreu Lima, que nunca produziu uma gota de gasolina, rendeu à Camargo Corrêa, Odebrecht e OAS mais de R$ 10,5 bilhões.
O cartel do Petrolão também viu o dinheiro farto do BNDES nas obras da linha 6 do metrô paulistano, foram mais de R$ 4,5 bilhões.
O general Enzo Peri, comandante do Exército, teme cassar honrarias concedidas a mensaleiros condenados por corrupção, como manda a lei, mas nos EUA a Marinha cassou condecorações do comediante Bill Cosby antes mesmo de condenação por casos de violência sexual.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Há gente no Brasil achando que só manifestações das esquerdas são democráticas — justamente as da turma que é inimiga teórica e prática da… democracia! Mais: há espertinhos lendo pelo avesso uma pesquisa Datafolha publicada nesta segunda (08) pela Folha. Já chego lá. Antes, algumas considerações.
O esforço para matar os protestos de rua contra a corrupção é indecente e junta, como não poderia deixar de ser, os petistas e parte expressiva da imprensa. A má vontade dos jornalistas — e não adianta tentar atribuir apenas à linha editorial dos veículos — chega a ser eticamente asquerosa. Se eu dispusesse de tempo para isso, não ficaria difícil demonstrar que os black blocs mereceram tratamento bem mais respeitoso. Façam o trabalho vocês mesmos. Recuperem as notícias sobre os mascarados, que chegaram a ser tratados até como estetas. Já os que se manifestam contra a roubalheira na Petrobras são jogados na vala dos golpistas. O mal que a petização das redações fez à inteligência é bem mais grave do que parece e será mais duradouro. Mas espero que os manifestantes não desanimem. Para tanto, não podem ficar ao relento. Já chego lá.
No sábado, cerca de 5 mil pessoas — segundo estimativas da PM — foram às ruas em São Paulo para protestar contra o assalto ao estado brasileiro. Os que organizaram a manifestação fizeram tudo certo: distinguiram-se dos idiotas que pedem intervenção militar e os isolaram, deixando claro que o impeachment de Dilma está condicionado, como não poderia deixar de ser, à comprovação de que ela sabia de tudo. Ou por outra: os que protestavam levavam à rua um discurso afinado com a democracia e com o estado de direito.
Mas quê… Os manifestantes estão sendo tratados com ironia, desprezo e sarcasmo. Chega a ser nojento. Nesta segunda, a Folha publica números de uma pesquisa Datafolha indicando que, para 66%, a democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo. Dizem não se importar com o regime 15%. Apenas 12% sustentaram que, sob certas circunstâncias, uma ditadura pode ser melhor. E 7% afirmam não saber.
Maliciosos estão querendo ver uma dissonância entre esses números e os que vão protestar. Ou por outra: os que vão às ruas contra Dilma estariam na contramão dos 66% que defendem a democracia. Na melhor das hipóteses, é uma bobagem. Na pior, uma canalhice. O que essa gente sustenta? Que a democracia é boa desde que não seja posta em prática? Ora…
É preciso tomar cuidado com ligeirezas. Em artigo na Folha de domingo, Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, e Alessandro Janoni, diretor de pesquisas, produziram um parágrafo que não honra a especialidade de ambos. Lá está escrito:
“Quanto às mobilizações populares da oposição, sua ocorrência localizada e regional — assim como o ruído em suas intenções — têm servido muito mais para fixar a ideia de provincianismo na empreitada do que propriamente para gerar fato político relevante para a população”.
Epa! Aí não! Pergunto à dupla: isso é pesquisa ou é só preconceito? Os pesquisados estão dizendo que os protestos são “provincianos”, “localizados” e “regionais”? A propósito: como é que surge uma manifestaão universalista, generalizado e nacional? Assim, não, rapazes! Isso não é pesquisa, é chute; não é nem análise nem opinião técnica, mas só uma visão preconceituosa da mobilização.
Ah, sim: a pesquisa aponta também que, para a maioria, a miséria do sistema de saúde é um problema mais grave do que a corrupção. E daí? Isso quer dizer que as pessoas não se importam pouco com a roubalheira? Não! Isso apenas quer dizer que a saúde consegue ser ainda pior do que a… corrupção! Entenderam?
Para encerrar: o senador eleito por São Paulo, José Serra (PSDB), compareceu ao protesto do sábado (06). Fez bem! Aliás, é o que deveriam fazer todos os líderes tucanos. Nem que houvesse apenas 50 pessoas nas ruas. E tanto mais devem fazê-lo num momento em que antigos defensores das “manifestações populares” deram agora para achar os que protestam são golpistas ou provincianos. A menos que estes carreguem a universalista bandeira vermelha nas mãos. O vermelho? Ok, serve de alusão aos milhões que morreram ao longo da história para realizar a utopia desses bananas.

E meu pingo final vai para uma questão internacional, mas que está bem pertinho de nós. Seis prisioneiros da base americana de Guantánamo, em Cuba, foram transferidos já para o Uruguai, governado ainda pelo esquisitão José Mujica, o esquerdista que gosta de levar uma vida modesta e frugal, fazendo com que isso passe por uma categoria política nova ou por uma categoria moral. São quatro sírios, um tunisiano e um palestino. Atenção! Todos eles foram presos em 2002 no Iraque, acusados de pertencer à rede Al Qaeda.
No Uruguai, ficarão soltos, como refugiados políticos. Vocês podem imaginar a capacidade do aparelho estatal uruguaio para vigiar terroristas… É o fim de picada! Mas eles são terroristas, Reinaldo? Basta dizer que todos haviam saído de seus respectivos países para “combater” os americanos em solo iraquiano. Militantes pacifistas é que não são.
Mujica resolve um problema dos americanos, muito particularmente de Barack Obama, que prometeu, em duas campanhas, fechar a prisão de Guantánamo, mas sem dizer o que faria com os prisioneiros. Seus países não os querem de volta. Sem acusação formal, teriam de ser soltos se levados para solo americano.
Entre soltar terroristas em Nova York ou em Montevidéu, por que não na capital uruguaia? E quem faz o favorzinho é o esquerdista Mujica, o velhinho que decidiu estatizar a maconha no país. Será que ele havia fumado um baseado?
Atenção! Seis terroristas circularão livremente num país perigosamente próximo da Tríplice Fronteira Brasil-Paraguai-Argentina, comprovadamente infiltrada pelo terror islâmico. O Brasil, suposto líder do subcontinente latino-americano, não foi sequer consultado. Ainda bem! Sempre haveria o risco de o governo do PT se oferecer para abrigar mais alguns terroristas, não é? Afinal, já fez isso antes.

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza08/12/2014 05:52
Imagem de divulgação de um apartamento situado no prédio em que Lula comprou um triplex

Em texto veiculado no seu blog, o ex-deputado Roberto Jefferson, mensaleiro condenado do PTB, reagiu com ironia à notícia do repórter Germano Oliveira sobre o novo imóvel de Lula, uma cobertura de três pavimentos à beira-mar. Sob o título 'Lula, o barão das zelites', o delator do mensalão resumiu assim a novidade:
“…A Bancoop, cooperativa que deixou milhares de pessoas na mão devido às fraudes de seu diretor, o tesoureiro do PT João Vaccari (investigado na Lava Jato por atuar na quadrilha do petrolão), está entregando o triplex de Lula. A obra, fiscalizada por Lulinha, fica em área nobre do Guarujá e foi tocada pela OAS (envolvida nos escândalos da Petrobras). Então quer dizer que Lula, paladino dos pobres, recebeu triplex da Bancoop de Vaccari, reformado pela OAS, onde as elites paulistanas passam férias? É a própria ‘piada pronta’.”
O imóvel de veraneio de Lula fica na Praia das Astúrias, reduto da elite paulista no Guarujá, no litoral Sul de São Paulo. Mede 297 m². As chaves foram entregues em dezembro de 2013. Mas só na semana passada foi concluída a reforma que ajustou o apartamento ao gosto da família Silva. Antes unidos apenas por uma escada interna, os três andares foram atravessados por um elevador. O piso ganhou revestimento de porcelanato. E a cobertura foi equipada com um ‘espaço gourmet’, ao lado da piscina.
Lula adquirira o imóvel em 2006, ainda na planta, da Bancoop, a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo. Até 2010, a entidade era presidida pelo atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que figura como réu em ação penal na qual o Ministério Público o acusa de ter praticado, junto com outros ex-diretores, os crimes de estelionato, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Ainda pendente de julgamento, a ação aponta o desvio de verbas da cooperativa para o PT e para dirigentes petistas.
A Bancoop deu o calote em mais de 3 mil famílias, deixando de entregar os apartamentos que comercializara. Para conseguir terminar alguns dos seus empreendimentos, a cooperativa contratou a empreiteira OAS. Foi o caso do Edifício Solaris, onde fica o apartamento de Lula. Na campanha presidencial de 2006, Lula incluiu o triplex do Guarujá na declaração de bens à Justiça Eleitoral. Informou que, até aquele ano, pagara R$ 47,7 mil.
Para terminar a obra, a OAS cobrou de cada morador do prédio de Lula um adicional de R$ 120 mil. Hoje, o imóvel do ex-presidente está avaliado no mercado em cifras que variam entre R$ 1,5 milhão e R$ 1,8 milhão. É coisa para o bolso de um tipo de elite que Lula costuma praguejar em todos os seus discursos.

Josias de Souza07/12/2014 21:19

A 15 dias do término da legislatura, as duas CPIs abertas no Congresso para investigar a Petrobras flertam com a desmoralização. A CPI mista, composta por deputados e senadores, reúne-se na quarta-feira (10) para discutir um relatório final. O documento, por inconclusivo, terá pouca serventia. A outra CPI, integrada apenas por senadores, encontra-se em situação ainda mais vexatória. Não se reúne há quase seis meses. Falta-lhe matéria-prima até para um relatório precário.
As CPIs petroleiras começaram com uma artimanha: os congressistas forçavam uma porta já arrombada. Em minoria, a oposição fez alvoroço em torno de um escândalo já investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Em maioria, a bancada governista potencializou a pantomima, zelando para que as comissões não se ocupassem de nada realmente relevante, exceto a própria desmoralização do instituto da CPI.
A partir da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, as CPIs viraram espécies de parafusos espanados. Requisitaram cópias dos depoimentos do delator ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, e ao ministro Teori Zavascki, que cuida da encrenca no STF. Mas o acesso foi negado. E os parlamentares passaram a girar em falso ao redor do nada.
Além de já existir, a investigação da Procuradoria e da PF deu frutos. À delação de Paulo Roberto seguiram-se outras. Além do doleiro Alberto Youssef e Cia., alguns dos próprios corruptores suaram o dedo em troca de redução de pena. E o Congresso, que faz pose de investigador de araque, está na bica de ser acomodado no banco dos réus.
Como disse Paulo Roberto Costa na CPI mista, na semana passada, os políticos delatados por ele são contados na casa das dezenas. Mas isso não vai constar do relatório final que o deputado Marco Maia (PT-RS) ficou de apresentar na quarta-feira.
O teor do texto do relator ainda não é conhecido. Sabe-se apenas que o relator pretende apresentar propostas de aperfeiçoamento dos controles oficiais. É algo tão apropriado quanto sugerir um debate sobre normas de prevenção contra incêndios no meio de um edifício em chamas.
Alguns parlamentares já falam em instalar outra CPI da Petrobras na nova legislatura, a ser inaugurada em fevereiro. Deveriam pensar melhor. A essa altura, parece mais apropriado equipar os conselhos de Ética da Câmara e do Senado, preparando-os para os pedidos de cassação que estão por vir.

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
A QUEDA NOS PREÇOS DO PETRÓLEO PODERÁ REPRESENTAR O FIM DO DA MALDIÇÃO COMUNISTA BOLIVARIANA NA AMÉRICA LATINA

Nicolás Maduro, como seu antecessor, o defunto caudilho Hugo Chávez, usa a renda do petróleo para manter os votos de cabresto dos pobres e o apoio do boliburgueses, os ricaços aliados do chavismo. A persistir a tendência de queda do preço do petróleo, o impacto sobre a Venezuela e, de resto sobre o movimento comunista bolivariano do Foro de São Paulo, pode determinar a volta da democracia e das liberdades na América Latina. E, de quebra, o fim da tirania cubana. 

Um artigo de Martin Feldstein, professor de economia em Harvard e que também ocupou a presidência do Consxelho de Assessores de Economia de Ronald Reagan, faz uma boa análise sobre o impacto geopolítico da queda do preço do petróleo que pode beneficiar os Estados Unidos e prejudicar a Venezuela e Rússia. Como se sabe, tanto a Venezuela boliviariana quanto a Rússia neo-comunista de Vladmir Putin, têm no petróleo o sustentáculo de seu poder político. Em ambos os países a alta renda do petróleo é que financia espécies de “bolsas família” que mantém os dois tiranetes no poder via voto de cabresto.
O articulista cita entre os fatos da queda do preço do petróleo ao crescimento da utilização de outras fontes de energia, ditas alternativas, e também pela exploração canadense do óleo de xisto. Todavia Feldstein não cita o o fato de que os Estados Unidos, como é sabido, desenvolveu nos últimos anos toda a tecnologia para extrair óleo de xisto e muitas companhias já estão em processo de exploração já que o território dos Estados Unidos possui imensas jazidas de xisto.
Inicialmente, os ambientalistas e o próprio governo Obama levantaram objeções à exploração do xisto, mas ao que parece quando Obama e seus esquerdistas descobriram que o xisto poderia, como de fato poderá, transformar os Estados Unidos no país que independerá da importação de petróleo e que isso poderia ser um trunfo da campanha do esquerdista Partido Democrata, nota-se um silêncio sepucral em torno do caso. E, como não poderia deixar de ser, a grande mídia também cala o bico. Se a coisa pode beneficiar o movimento comunista internacional todos se calam. Inclusive os barulhentos ecochatos, que formam a linha auxiliar da vagabundagem comunista em conluio com os jornalistas penas alugadas.
De fato, quando acontecer a sucessão de Obama a extração de óleo do xisto já estará pesando positivamente nas contas das importações americanas. Isso representará imediatamente um aumento de renda das famílias. Num país que necessita do petróleo não apenas na indústrias e no transporte, mas para a própria sobrevivência da população durante o inverno, o xisto é um maná. Além disso os Estados Unidos estarão livres da dependência do petróleo dos árabes, sobretudo as ditaduras islâmicas, bem como cortarão a importação de óleo das ditaduras bolivarianas da América do Sul, como a Venezuela.
Para países como o Brasil dependentes da importação de petróleo, a queda nos preços e benéfica. Todavia, dada à incompetência e a roubalheira que explodiu recentemente com o petrolão, só o afastamento do PT do governo salvará o Brasil. É claro que Feldstein não alude a esse fato, pois o Brasil não tem destaque internacional. Circunscreve-se aos aspectos técnicos e econômicos, embora não deixe de lado os impactos geopolíticos.
Em síntese é isso que está acontecendo. Todavia é importante ler o artigo de Martin Feldstein que foi publicado no site da revista Veja. Transcrevo os primeiros parágrafo com link ao final para leitura completa. Leiam:
O preço do petróleo teve uma queda de mais de 25% nos últimos cinco meses, para menos de 80 dólares o barril. Se o preço permanecer neste nível, haverá implicações importantes – algumas boas, outras ruins – para muitos países ao redor do mundo. Se cair mais, como parece provável, as consequências geopolíticas em alguns países produtores de petróleo podem ser dramáticas.
Em qualquer momento, o preço do petróleo depende das expectativas do mercado sobre procura e oferta futuras. O papel das expectativas torna o mercado de petróleo muito diferente da maioria. No mercado de vegetais frescos, por exemplo, os preços devem equilibrar oferta e procura para a safra em curso. Em contraste, os produtores de petróleo e outros agentes da indústria podem retirar a oferta do mercado se acharem que o seu preço vai aumentar depois, ou introduzir uma oferta suplementar se acharem que o preço vai cair.
Companhias de petróleo em todo mundo retiram a oferta do mercado reduzindo a quantidade de óleo extraído. Produtores de petróleo também podem restringir a oferta guardando seus estoques em navios petroleiros ou outros locais de armazenamento. Por outro lado, os produtores podem introduzir mais petróleo no mercado aumentando a produção ou revisando seus estoques.
As expectativas do mercado refletidas no preço atual mostram procura mais baixa e oferta em alta no futuro. Uma procura mais baixa reflete tanto a atual fragilidade da atividade econômica, particularmente na Europa e na China, quanto, o que é mais importante, as mudanças de longo prazo na tecnologia, que irão aumentar a eficiência dos combustíveis e induzir o uso de energia solar e outras fontes de energia alternativas. O aumento da potencial oferta futura de petróleo reflete os novos resultados de produção ocasionados pelo rastreamento, pela exploração canadense do óleo de xisto, além da recente decisão do México de permitir que companhias estrangeiras de petróleo desenvolvam as fontes de energia do país. Leiam aqui o artigo completo


NO BLOG ALERTA TOTAL
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Que o Brasil é o "País da Piada Pronta" o imortal José Simão já cansou de nos ensinar em seu sério trabalho de jornalismo humorístico. A novidade negativa é que, além de sermos ridicularizados por nossa falta de seriedade nacional, agora nos tornamos alvo de provocação por nossa má fama transnacional como nação altamente corrupta.
No embalo de tal desgraça, assombrados com os escândalos vomitados pelos delatores premiados da Operação Lava Jato, lusitanos e africanos que acompanham este Alerta Total resolveram nos formular o que chamam, genial e ironicamente, de perguntinha-piada básica: Será que negócio de brasileiro em Moçambique rima com trambique?
A provocação contra nós, que cometemos o pecado de fazer graça com os outros sem antes olhar para a desgraça do próprio rabo, foi motivada pela notícia de que, sábado que vem, 13 de dezembro, a Odebrecht vai inaugurar o novo aeroporto de Moçambique - uma daquelas obras que recebeu financiamento de R$ 144 milhões do BNDES brasileiro.
O motivo da piada é fornecido por uma informação dada pela leitora Loumari, em nossa área de comentários: "Senhor Serrão, li aqui na sua página uma informação sobre a inauguração do Aeroporto de Nacala na província de Nampula, no Norte de Moçambique. Olha que eu contactei ao Ex ministro das obras públicas em Moçambique, o Felicio Pedro Zacarias, e este acaba de informar-me o seguinte: Sim que a Odebrecht realizou uma obra em Nacala que é construção de um aeroporto que cuja inauguração será feita no próximo sábado, dia 13-12-14, pelo presidente Armando Guebuza. Mas a tal obra não terminou ainda, e será só finalizada, segundo está previsto, no fim do primeiro semestre de 2015. Ele mesmo como ex ministro de obras públicas está no estado de assombro! Como se pode fazer uma inauguração de um projecto antes de ser finalizado?".
A indagação pode ser respondida facilmente. No Brasil, é muito comum tal trambique de inaugurar uma obra que não ficou pronta ainda. O que fazemos agora é apenas exportar o trambique para Moçambique. A obra do aeroporto (que não ficará totalmente pronta) foi ganha sem licitação. Certamente, quando se fala em "inauguração" da obra, supõe-se que a empreiteira terminou seu trabalho e já fica pronta para receber pelo serviço - financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil - e não pelo banco de fomento dos Moçambicanos.
O projeto de Nacala é lindíssimo. Trata-se de uma obra prima do Escritório Fernandes Arquitetos Associados. O mesmo que fez o projeto do novo Maracanã - obrinha que saiu por R$ 1 bilhão e 300 milhões de reais, apesar de orçada, originalmente, em 2009, por R$ 859.472.464,54. Seu valor ainda não foi inteiramente pago. De repente, para as Olimpíadas de 2016, novas obras sejam necessárias. Nada que termos aditivos ao contrato inicial não resolvam, com tudo pago, sempre, com dinheiro público.
(Um longo parêntesis é necessário sobre a "reforma" do Maraca: este valor bilionário, segundo especialistas, daria para fazer três estádios... A obra do Mário Filho foi tocada pelo Consórcio Maracanã Rio 2014. Ganhou a licitação por "menor preço e regime de empreitada por preço unitário. Faziam parte dele as construtoras Andrade Gutierrez e Odebrecht Infraestrutura. O Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro apontou um superfaturamento de R$ 67,3 milhões na obra que começou tocada, também, pela empreiteira Delta, afastada depois de escândalos até agora não resolvidos, envolvendo seu presidente Fernando Cavendish, amigo e parceiro de importantes políticos).
Agora, uma perguntinha cínica: Já pensou se a obra do Maracanã figurar entre as 747 obras de infraestrutura, tocadas por 170 empresas, no valor total de R$ 11,5 bilhões, listadas na planilha do doleiro Alberto Youssef, que o juiz Sérgio Fernando Moro, da 13a Vara Federal em Curitiba, está usando como documento comprobatório no julgamento de vários processos ligados à Operação Lava Jato? Outra indagação: Já imaginou se a obrinha de Moçambique também figurar na mesma listagem do ilustre colaborador premiado?
Antes que as respostas venham, vale lembrar um detalhe importante. O novo aeroporto moçambicano, se ficar pronto agora ou depois, tem uma importância estratégica. Ele se torna o mais próximo do paraíso fiscal mais seguro, onde nossos ilustres PEPs (Politically Exposed People) adoram guardar seu rico dinheiro (geralmente obtido em falcatruas milionárias entre empresas e o poder público). Nacala operando com pompa e circunstância facilita a vida de quem precisa ir de jatinho para o moderno aeroporto internacional de Mahé, na cidade de Victória, capital do duplo paraíso fiscal e estético das Ilhas Seychelles, na costa africana do Oceano Índico. Nossos corruptos precisam de conforto...
Todo cuidado é pouco para quem tenta lavar dinheiro por lá. Desde março de 2007, agentes do Departamento de Justiça dos EUA investigam um ilustre deputado federal da base governista, que tem grandes negócios no ramo agropecuário. Ele é monitorado pelo sistema que rastreia esquemas de lavagem de dinheiro para financiamento ao terrorismo internacional. O figurão remeteu US$ 1 milhão e 900 mil dólares para uma conta bancária em Victoria. Os EUA identificaram quais brasileiros estiveram lá, depois do carnaval daquele ano, para movimentar a conta milionária da corrupção.

O Alerta Total já antecipou que a turma da Águia está de olho no grupo que faz bruscas operações de mudança do controle de ações de empresas dos setores de alimentação e telecomunicações. Também faz muitos negócios na compra de diamantes africanos. Por aqui, investe em imóveis - uma burrada, facilmente identificável - e em construção civil. O mesmo grupo mafioso também tem negócios mapeados em Nevada, nos EUA.
Os picaretas tupiniquins caíram na malha fina de monitoramento da Drug Enforcement Administration – a agência anti-drogas do Departamento de Justiça dos EUA. No cruzamento de informações ficou clara que uma das práticas comuns da super lavanderia de dinheiro é o financiamento ao tráfico de drogas – dando um destino supostamente de investimentos em moeda estrangeira ou ações da grana disponibilizada pelas máfias colombianas e mexicanas. No meio dos negócios que parecem lícitos ou "investimento direto estrangeiro", a verba dos traficantes se mistura com o dinheiro público roubado no Brasil.
A turma tem tudo para figurar entre os 77 deputados federais e 14 senadores (número especulado nos bastidores dos lobistas dos empreiteiros) que correm risco de indiciamento pela Lava Jato. Só o "colaborador premiado" Paulo Roberto Costa revelou que denunciou uns 35 deles ao juiz Sérgio Moro, o Homem de Gelo... Todos devem entrar numa fria, assim que o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, fizer suas tão esperadas denúncias no começo do ano que vem...
O roubo foi gigantesco. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, registrou uma movimentação atípica de R$ 23,7 bilhões, entre os anos de 2001 e 2014, feita por 4322 pessoas físicas e 4298 empresas investigadas pela Lava Jato. Só em dinheiro vivo (espécie) a movimentação foi de R$ 906,8 milhões. O Coaf mandou 78 relatórios ao procurador da república Deltan Delagnol e ao delegado federal Márcio Anselmo, que cuidam das investigações da Lava Jato.
A pressão aumenta absurdamente... Janot ficou pt da vida com a reportagem de capa da revista IstoÉ, acusando-o de participar de "um esquemão para abafar a Lava Jato". A publicação revelou que Janot se reuniu com empreiteiras e propôs plano para impedir que o Planalto seja investigado no escândalo. Segundo a revista, as empreiteiras também admitiriam alguns crimes e em troca poderiam continuar disputando obras públicas e seus executivos cumpririam pena em regime domiciliar. À revista, Janot negou que tenha proposto o acordo. Na nota, ele não faz referência à matéria da revista.

Janot mandou sua assessoria soltar uma nota oficial para avisar que: "Em respeito à função institucional de defender a sociedade e combater o crime e a corrupção, o Ministério Público Federal cumprirá seu dever constitucional e conduzirá a apuração nos termos da lei, com o rigor necessário. O procurador-geral da República não permitirá que prosperem tentativas de desacreditar as investigações e os membros desta instituição".
Janot também mandou ressaltar que: "Até o momento, a investigação revelou a ocorrência de graves ilícitos envolvendo a Petrobrás, empreiteiras e outros agentes que concorreram para os delitos, o que já possibilitou ao Ministério Público Federal adotar as primeiras medidas judiciais. A utilização do instrumento da colaboração premiada tem permitido conferir agilidade e eficiência à coleta de provas, de modo a elucidar todo o esquema criminoso". Por fim, o Procurador-Geral da República assegurou que: "Medidas judiciais continuarão a ser tomadas como consequência dessa investigação técnica, independente e minuciosa. O Ministério Público Federal reafirma seu dever de garantir o cumprimento da lei”.
Empreiteiros enrolados na Lava Jato têm tudo para serem indiciados nesta semana pelos crimes de corrupção, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro. Todos devem ser enquadrados na Lei Anticorrupção - 12.846, em vigor desde 29 de janeiro de 2014. A bronca, em breve, recairá sobre os políticos de pelo menos três partidos citados nas delações premiadas: PT, PMDB e PP. Dependendo de quem for denunciado, certamente a partir de fevereiro, o governo Dilma Rousseff pode ficar inviabilizado juridicamente. Se ficar provado que a grana da corrupção financiou campanhas, incluindo a presidencial, desde 2010, o caminho do impeachment fica escancarado.
Tem tudo para não acontecer porque a corrupção no Brasil é sistêmica e institucionalizada. Vide o recente indiciamento pela Polícia Federal de 33 pessoas suspeitas de envolvimento no Cartel do Metrô em São Paulo que operou entre 1998 e 2008, durante governos do PSDB. O Ministério Público Federal entrou com uma ação pedindo a anulação de contratos da Companhia Paulista de Trens Urbanos nos anos de 2001 e 2002. Pediu o ressarcimento de R$ 418 milhões ao Estado. Solicitou a dissolução das principais empresas envolvidas no escândalo: Siemens, Alstom, Caf (Brasil), Caf (Espanha), TTrans, Bombardier, MGE, Tejofran, Temoinsa, Mitsui e MPE.
A nazicomunopetralhada, enrolada com Mensalão, Petrolão e, futuramente, com o Eletrolão, comemora a desgraça dos opositores. Ontem, o governador Geraldo Alckmin deu uma resposta política para o caso que, pelas evidências, segue esquemas parecidos com os observados na Lava Jato. Alckmin ponderou: "Se ficar comprovado o cartel, o estado é vítima, e as empresas vão indenizar o estado. Já entramos com uma ação já faz 1 ano e 3 meses. Quem investiga cartel é o Cade, e o Cade já está fazendo o processo investigatório, e nós também. Cartel se faz fora do governo e em prejuízo da licitação. O governo é vítima, já entrou com ação para a indenização e se tiver algum agente público seja ele quem for, envolvido, ele será rigorosamente punido."
A instituição, neste final de ano, da Associação dos Juízes Anticorrupção será um fator de grande pressão contra os ladrões dos cofres públicos no Brasil. Por enquanto, o crime compensa. Os bandidos se locupletam. Seus familiares, com o roubo acumulado até agora, têm fortuna garantida para várias gerações. Mas, se as falcatruas caírem nos tribunais dirigidos pela turma da AJA, disposta a agir com coragem e técnica jurídica, fazendo bom uso da "transação penal" (base jurídica das "colaborações premiadas"), a coisa deve ficar feia para os corruptos.
Lugar de político ladrão é no parlatório da Penitenciária, e não nos parlamentos ou nos governos. Infelizmente, a impunidade abunda por aqui. Os mensaleiros condenados vão passar o Natal com a família, não por indulto, mas porque estão no regime de "prisão domiciliar" (que os lusitanos devem achar uma piada jurídica de brasileiro)...
Vale a torcida. Vamos continuar remando... A maré começa a ficar a favor... Os brasileiros de bem, que estudam, trabalham e produzem, não merecem ser motivo de piada transnacional. É preciso dar um basta ao vexame causado pela corrupção sistêmica.
Por isso, "AJA" disposição para fazer Justiça de verdade. Principalmente em um judiciário que ainda deixa a desejar, atrapalhado por procedimentos processuais que só facilitam a impunidade, com infindáveis recursos nos Processos Penais, sem chegar a uma decisão final de punir ou inocentar quem é processado.
Corruptos, uni-vos na cadeia... Eis o desejo da maioria dos brasileiros e brasileiras que precisam se manifestar mais intensamente, em público e no mundo virtual, para que os bons e corretos exemplos venham de cima, a partir da pressão de baixo.
As manifestações contra o governo continuam, cada vez levando mais gente para a rua, como ontem, em São Paulo. Concretamente, Dilma não cairá por denúncias de corrupção. O risco dela é se a crise econômica se agravar, conforme está previsto.

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