DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
A cassação de deputados e senadores enrolados no Petrolão pode ser inviabilizada por uma antiga regra, não escrita, que já livrou muitos deles da perda de mandato: ninguém é punido por quebra de decoro sobre fato ocorrido em legislaturas anteriores. Segundo essa regra, ficariam livres de processo toda a Câmara e um terço do Senado, que em fevereiro tomam posse de mandatos obtidos nas últimas eleições.
A regra de não cassar por fato ocorrido antes do mandato livrou vários mensaleiros cujos processos foram adiados para a legislatura seguinte.
O procurador-geral Rodrigo Janot já avisou que somente em fevereiro, após o início da próxima legislatura, denunciará a bancada do Petrolão.
A deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), enrolada no escândalo da Caixa de Pandora, livrou-se da cassação usando a “regra não escrita”.
A regra fez a Câmara “cozinhar” a cassação de Genoino e João Paulo, do PT-SP, Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).
Após pedir audiência ao Planalto, o banqueiro bilionário André Esteves, do BTG Pactual, aguçou a curiosidade do mercado por várias razões: a incorporação do BTG pelo Bank of America, oficialmente negada; a tentativa de captar recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para salvar sua Sete Brasil, e do BNDES para resolver problemas da BR Pharma, que acumula prejuízo de R$ 400 milhões.
Na campanha presidencial, o banqueiro André Esteves criticou até os problemas de gestão do governo Dilma, mas na hora do aperto…
Por ter sido o primeiro a confirmar presença, o presidente do Paraguai, Horacio Cartes, será o primeiro a cumprimentar Dilma na posse, dia 1º. A empresa dele fabrica a marca contrabandeada de cigarros mais vendida por aqui, sem que o governo brasileiro tome providências.
Os salários dos funcionários do Banco do Brasil perderam mais de 15% do poder de compra desde 2003, início do governo Lula. O menor salário inicial na época correspondia a 3,3 mínimos. Está hoje em 2,8.
A gigante de remédios brasileira Eurofarma quer investir na falida Venezuela, para dominar o continente. É tanta a fé no sucesso, que a Cristália, que integra a holding, doou R$1 milhão à campanha de Dilma.
Empresa de plásticos em Camaçari (BA), a Sansuy está mal, em recuperação judicial, mas está entre as empresas financiadoras da reeleição de Dilma. O passivo em 2013 era de R$ 374,6 milhões.
Enrolado no escândalo Caixa de Pandora, o ex-procurador-geral do Ministério Público do DF, Leonardo Bandarra, esteve na repartição que chefiou formalizando pedido de “auxílio-moradia”.
Está na beiradinha do telhado a indicação do presidente da Câmara, Henrique Alves, para assumir ministério no segundo mandato de Dilma. Ele apareceu no primeiro Listão do Petrolão, divulgado na sexta (19).

NA COLUNA DIÁRIO DO PODER
PRESENTE DE NATAL
STF AUTORIZA EX-DEPUTADO JOÃO PAULO CUNHA A PASSAR FIM DE ANO FORA DA PRISÃO
BARROSO LIBERA JOÃO PAULO CUNHA (PT) PARA PASSAR FIM DE ANO COM FAMÍLIA
Publicado: 21 de dezembro de 2014 às 16:47
O ministro Luís Roberto Barroso é a favor da desaposentação
O ministro Luís Roberto Barroso concedeu sete dias para João Paulo Cunha passar fim de ano com a família em São Paulo

Brasília - Condenado a 6 anos e 4 meses no processo do mensalão e preso em Brasília, o ex-presidente da Câmara e ex-deputado João Paulo Cunha (PT-SP) poderá viajar a São Paulo para passar as festas de fim de ano com sua família. O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu no sábado (20) um pedido movido pela defesa de Cunha e autorizou o petista a passar sete dias na residência de seus familiares, no Estado de São Paulo, para o Natal ou para o Ano-Novo. O endereço deverá ser informado à Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, que também estabelecerá as condições para o deslocamento.
De acordo com Frederico Donati Barbosa, que representa Cunha, o pedido inicial era para que o ex-deputado ficasse nove dias em São Paulo, mas Barroso optou por conceder-lhe um período menor. Barbosa disse que a data exata da viagem ainda será definida.
João Paulo Cunha está preso desde fevereiro. Poucos dias depois de se entregar, o petista, que comandou a Câmara entre 2003 e 2005, renunciou ao mandato parlamentar.
Ele está hoje no regime semiaberto e tenta ganhar permissão para cumprir o restante da pena em casa. O Supremo, no entanto, negou a progressão de regime até que fique comprovado o ressarcimento de R$ 536.440,55, valor que corresponde aos recursos que teriam sido desviados por ele no esquema do mensalão.
Cunha já pagou uma multa de R$ 373,5 mil por sua condenação no processo. O montante foi recolhido a partir de uma “vaquinha” realizada por membros do Partido dos Trabalhadores.
Até o momento, o Supremo liberou para cumprir pena fora da cadeia o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, os ex-deputados Valdemar Costa Neto (PR) e Bispo Rodrigues, além dos ex-tesoureiros Delúbio Soares (PT) e Jacinto Lamas (do extinto PL, hoje PR). João Paulo é o único a ter sido negado um pedido de progressão de regime, embora já tenha atingido o tempo mínimo para ter direito ao benefício. (Ricardo Della Coletta/AE)

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
21/12/2014
 às 16:52 \ Opinião
REYNALDO ROCHA
Cuba foi anexada aos Estados Unidos da América.
Depois de 53 anos vivendo com recursos que nunca produziu, primeiro sustentada pela extinta URSS e depois pela Venezuela bolivariana, a ilha sabe que não há mais quem pague o almoço da mais longeva ditadura do mundo.
Cuba é um porta-aviões estacionado a 150 km da Flórida. (Somente como comparação: a distância entre São Paulo e Taguaritinga é de 340 km). Foi alugada durante a Guerra Fria para servir de base de lançamentos de mísseis.
Com o fim das tensões entre soviéticos e americanos, continuou a ser o paradigma de outra “guerra”, feita de diatribes, ofensas e ameaças risíveis.
Desde sempre, o regime cubano prende, mata, censura, evita eleições e privilegia a casta no poder, que se mostrou incapaz de promover qualquer avanço econômico. A ilha sempre dependeu da ajuda de quem hostiliza os EUA.
Qual a importância geopolítica e econômica de Cuba nos dias atuais? Nenhuma.
Cuba não será uma China, onde impera o Capitalismo de esquerda. Será uma Alemanha Oriental, que descobriu que havia vida do outro lado só depois da queda do Muro de Berlim.
Não será uma travessia fácil. São 50 anos de doutrinação. As gerações recentes foram isoladas do mundo. Mas acontecerá.
Quantas Yoanis Sanchez surgirão? Como censurar a WEB? A China censura. Custa muito dinheiro para quem tem de economizar tostões.
O sonho que se fez pesadelo no momento zero está chegando ao fim. Nada impedirá a avalanche de informação, diversão, democracia e cidadania que a reaproximação com os Estados Unidos provocará.
A ilha hoje sobrevive de charutos e açúcar (como há 50 anos), financiamentos externos a fundo perdidos (as fontes secaram) e aluguel de cidadãos. O mundo passou por quantas mudanças nas últimas décadas. Enquanto todos mudavam, Cuba permanecia imobilizada a 150 km de Miami. Não teria nada sem o dinheiro que soube extorquir dos “amigos” socialistas invocando essa proximidade geográfica.
Em 1961, foi erguido em Berlim o muro derrubado em 1989. Um ano depois, a reunificação da Alemanha se consumou.
O muro cubano caiu.

NO BLOG DO CORONEL
Conforme avisado acima, estamos dando um tempo pra recarregar as baterias. Inclusive as antiaéreas. Recomendo que acessem o site do Fantástico e assistam a entrevista de Venina Velosa da Fonseca, sobre a corrupção autorizada, de amplo conhecimento e com total participação e usufruto de todo o governo do PT, ocorrida dentro da Petrobras. Aqui um resumo. Aqui a entrevista completa.


NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
É detestável que a Petrobras me obrigue a interromper aquele que é, a rigor, meu primeiro dia de férias. E por quê? Porque entregaram a empresa a uma quadrilha, e essa quadrilha, por sua vez, era a operadora de um projeto de poder que tem como protagonista um partido político. Já chego lá.
Estava viajando quando o Fantástico foi ao ar. Na noite deste domingo (21). Assisti à entrevista de Venina Velosa da Fonseca, a executiva da estatal que botou a boca no trombone, na reapresentação do programa, na GoboNews. Se Dilma tiver ao menos 5% de sua avantajada cabeça tomada pelo juízo, Graça Foster amanhece ex-presidente da Petrobras nesta terça (22). Aliás, a própria Graça poderia fazer um favor à sua amiga e cair fora.
Não resta dúvida: Venina advertiu, sim, Graça para uma série de desmandos na Petrobras. Também José Carlos Cosenza, atual diretor de Abastecimento e sucessor de Paulo Roberto Costa, tomou conhecimento das denúncias. Sérgio Gabrielli, ex-presidente da empresa, idem. Os e-mails são evidentes. Se Venina só veio ou não a público em razão de algum ressentimento, isso é irrelevante.
Ela reafirmou todas as suas denúncias na entrevista ao Fantástico, deixou claro que a diretoria sabia de tudo e disse ter fornecido documentos ao Ministério Público Federal. Dilma confia em Graça? Pior para o país. Venina está determinada e parece disposta, se preciso, a enfrentar a presidente da Petrobras cara a cara. Aliás, o comando da emprsa insiste em desqualificar aquela que, até outro dia, era considerada tão competente que até mereceu um alto cargo em Cingapura.
E que se note: o caso de Venina é muito diferente do de seu ex-chefe Paulo Roberto. Ela não é investigada em nada. Contar o que sabe não lhe traz vantagem nenhuma – a rigor, só lhe causa prejuízo. Mesmo assim, sem contar com nenhum benefício futuro, como Paulo Roberto ou Alberto Youssef, decidiu dizer o que sabe.
Venina reafirmou que, ao confrontar Paulo Roberto sobre superfaturamento, este teria apontado para o retrato de Lula, então presidente da República, e para a sala de Gabrielli, indagando: “Você quer derrubar todo mundo?” É evidente que, ao dizê-lo, o então diretor de Abastecimento sugeria que Lula sabia de tudo.
Não, ouvintes, eu não vou abandonar a minha tese! A Petrobras não é exceção, mas regra. O que se viu na estatal se repete em toda parte. É um método. E quem o comprova é Rui Falcão, presidente do PT.
Neste domingo (21), no Estadão, Falcão confessa que o partido está mapeando os cargos do governo federal nos Estados para fazer o que ele chama de “recall”. Nas suas palavras: “Estamos fazendo um mapa dos cargos federais nos Estados para saber quem é quem, quem indicou, qual a avaliação que a gente tem disso, e fazer uma proposta (de nomes à presidente”).
É claro que ele deveria ter vergonha de dizer essas coisas, mas ele não tem. É que o PT pode perder alguns cargos na Esplanada dos Ministérios, e os companheiros já estão pensando uma forma de compensação.
Um desastre como o que está em curso na Petrobras é parte de um modo de entender a coisa pública.
Será que o Projeto Reinaldo Ensolarado começa nesta segunda? No país em que a política é caso de polícia, nunca se sabe.

NO BLOG DO JOSIAS
O depoimento da ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca ao Ministério Público Federal produzirá consequências. Novos inquéritos serão abertos para apurar desvios na estatal. E a presidente da companhia, Graça Foster, deve ser convocada a prestar depoimento. Os procuradores que cuidam da Operação Lava Jato querem ouvir também José Carlos Cosenza, que sucedeu o delator Paulo Roberto Costa no comando da diretoria de Abastecimento.
Deve-se a informação aos repórteres Juliano Basile e André Guilherme Vieira. Sob proteção policial, Venina foi interrogada por quase cinco horas, em Curitiba, na última sexta-feira (19). Falou sobre as irregularidades que reportou aos seus superiores durante cinco anos. Inclusive a Graça e a Cosenza. Repassou aos procuradores seu computador e documentos que atestariam a veracidade de suas afirmações.
Parte do papelório refere-se à refinaria de Abreu e Lima, assentada em Pernambuco. Trata-se daquela obra que, superfaturada, saltou de US$ 4 bilhões para US$ 18 bilhões. Um dos documentos repassados à Procuradoria revelam que Venina elaborou, a pedido de Paulo Roberto Costa, um plano para acelerar a execução das obras. Coisa de 8 de março de 2007.
Venina argumentou que o pedido de Paulo Roberto resultaria numa elevação de US$ 328,7 milhões nos custos do empreendimento. Ela diz que o plano foi submetido à diretoria da Petrobras e, depois, ao Conselho de Administração da estatal, presidido à época pela então ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).

Na noite da chegada do verão carioca, aberto oficialmente às 21h03 de um domingo (21) abafadiço, com picos de 39,1 graus no Rio, Venina Velosa da Fonseca esquentou a pauta do Fantástico. Com os lábios no trombone há dez dias, a ex-gerente da Petrobras falou à repórter Glória Maria. Contou uma novidade: além dos alertas enviados por e-mail, conversou pessoalmente com Graça Foster, em 2008, sobre irregularidades que grassavam na estatal.
No mais, Venina repetiu o que o repórter Juliano Basile já havia noticiado no diárioValor Econômico. Com uma diferença: a letra fria do jornal foi substituída pela cara compungida da denunciante na tevê. Voz tranquila, pausas adequadas, português correto, raciocínio lógico, tudo em Venina parecia afastá-la do perfil de doidivanas contrariada que a Petrobras tenta traçar nas linhas e, sobretudo, nas entrelinhas de seus comunicados oficiais.
Num dos trechos mais inquietantes da entrevista, Venina repetiu de viva voz uma passagem que saíra no jornal. Ela foi à sala do seu superior hierárquico, o então diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, para reportar irregularidades que farejara em contratos da área de comunicação. Sugeriu a apuração dos desvios. Paulo Roberto, hoje delator e corrupto confesso, teve uma reação inusitada.
“… Ele ficou muito irritado comigo. A gente estava sentado na mesa da sala dele, ele apontou para o retrato do presidente Lula, apontou para a direção da sala do Gabrielli [então presidente da Petrobras] e perguntou: você quer derrubar todo mundo? Aí eu fiquei assustada e disse: olha, eu tenho duas filhas, eu tenho que colocar a cabeça na cama e dormir. No outro dia, eu tenho que olhar nos olhos delas e não sentir vergonha.”
Procurado, Lula não quis comentar as declarações de Venina. Natural. Paulo Roberto tornara-se diretor da Petrobras em 2004, sob Lula. Era da cota do PP, um dos partidos do conglomerado governista. Mas Lula, como sabem todos, não sabia de nada. A propósito, Lula veiculara mais cedo, também no domingo, um vídeo no qual declara que “o povo quer mais ética”. E aconselha Dilma Rousseff a “continuar a política de forte combate à corrupção.”
Lula nem precisava dizer. Também neste domingo (21), 11 jornais latino-americanos veicularam uma entrevista da presidente da República. Nela, Dilma declara que não há uma crise de corrupção no Brasil, informa quer não existem pessoas intocáveis no país e sustenta que a petroladroagem só toma de assalto as manchetes porque a Polícia Federal do seu governo é extraordinariamente implacável.
Considerando-se que Lula não sabia e que Dilma nada enxergara nem no tempo em que presidira o Conselho de Administração da Petrobras, resta concluir o seguinte: a exemplo do que sucedera na época do mensalão, a excentricidade da não-crise atual é a corrupção acéfala, a máfia sem capo.
Onde estão os chefes? Eis a pergunta que parte da plateia volta a se fazer, sem obter resposta. Enquanto Lula e Dilma reivindicam o papel de cegos atoleimados, Graça Foster, que também não viu coisa nenhuma, pede para ser vista como a mulher menos curiosa do Planeta.
Graça alega que os e-mails que Venina lhe enviou eram confusos. A denunciante lamenta não ter sido procurada para desfazer a confusão. “Nós sempre tivemos muito acesso”, contou Venina. “Eu conhecia a Graça na época que ela era gerente de tecnologia, na área de gás, e eu era gerente do setor, na área de contratos. Éramos próximas. Então, ela teria toda a liberdade de falar: ‘Venina, o que está acontecendo’?”
Na Petrobras e no Planalto, insinua-se que Venina não é santa. Ainda que seja pecadora, interessa saber se o que ela diz procede. Por sorte, a denunciante já presto depoimento de cinco horas ao Ministério Público Federal. Repassou documentos aos procuradores. Tudo a reforçar que a sensação de que a maior estatal do país tornou-se uma Chicago sem Al Capone.

Dilma Rousseff concedeu uma entrevista a 11 jornais latino-americanos. Lendo-se as respostas percebe-se que alguma coisa subiu à cabeça da presidente da República. Ainda não se sabe o quê. Mas é possível dizer que não se parece com bom senso. Segundo a presidente, “o Brasil não vive uma crise de corrupção, como afirmam alguns.” Espantoso!
O país ainda não se refez do mensalão. E o procurador-geral Rodrigo Janot já prepara para fevereiro um lote de pedidos de investigação e denúncias contra dezenas de congressistas pilhados com a mão na cumbuca da Petrobras. Dilma reage como uma pessoa que caiu de um edifício de 20 andares e, de passagem pelo 10º pavimento, olha pra baixo com expressão de alívio: “Até aqui, tudo bem.”
Dilma atribui ao próprio governo o desmantelamento da quadrilha que agia na maior estatal do país. “Nos últimos anos começamos a por fim a um longo período de impunidade. É um grande avanço para a democracia brasileira.” Assombroso! O governo enfia piratas dentro do cofre da Petrobras, convive com o saque e, na hora do flagrante, enaltece as maravilhas do processo democrático.
Questionada sobre os possíveis efeitos da Operação Lava Jato na estabilidade política do seu segundo mandato, Dilma desconversou: “Minha indignação com as denúncias que envolvem a Petrobrás é a mesma que sentem todos os brasileiros. E quero, como todos eles, que os culpados sejam punidos.”
A presidente reiterou a pregação segundo a qual todos os brasileiros são iguais perante a lei. “No Brasil não há intocáveis. Qualquer um que não trate o dinheiro público com seriedade, honestidade e eficiência deve pagar por isso. Esse é um compromisso do meu governo.''
A certa altura, Dilma foi submetida a uma pergunta singela: como pode liderar uma campanha anticorrupção séria se o seu próprio partido é protagonista do escândalo da Petrobras, empresa na qual a senhora foi presidente do Conselho de Administração no período em que ocorreram os fatos denunciados?
Ao responder, Dilma absteve-se de explicar por que não sabia dos desvios praticados na estatal que acompanhou tão de perto. Esquivou-se também de justificar o envolvimento do PT na petrorroubalheira. Preferiu apontar o dedo para o passado. Sem citar nenhum antecessor, disse que a encrenca vem de longe.
“Essas investigações têm levado ao desmantelamento de um esquema que é suspeito de ter décadas de existência, antes dos governos do PT'', declarou a presidente, após repetir que é a Polícia Federal do governo dela que desbarata o esquema — não citou o Ministério Público Federal nem o juiz paranaense Sérgio Moro, cuja atuação tem sido vital para o avanço dos inquéritos.
Do modo como se expressa, Dilma parece considerar que, sem o suposto protagonismo do seu governo, a investigação nem existiria. “Quero ressaltar que somos nós, meu governo, que temos liderado o processo contra a impunidade no Brasil, pondo fim à era em que os ilícitos se ocultavam embaixo do tapete.”
Dilma animou-se a repetir algo que já dissera durante a campanha eleitoral. Ela alega ter mandado ao olho da rua o hoje delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. “Eu mesma despedi, três anos antes das investigações, o diretor que confessou para a Justiça a existência de um esquema de desvio de dinheiro na Petrobrás.'' Curioso!
Em recente depoimento à CPI da Petrobras, Paulo Roberto disse que pediu desligamento da estatal. Estava “enojado”, justificou. Há na praça uma ata da reunião em que o Conselho de Administração da Petrobras recobriu Paulo Roberto de elogios na hora da saída. No texto, os conselheiros agradecem os “relevantes serviços prestados” pelo corrupto confesso que Dilma diz ter demitido.
A presidente reeleita ainda não se deu conta. Mas a plateia talvez se anime a levá-la mais a sério se o discurso oficial ganhar uma dose de autocrítica.

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM

Juiz Sérgio Moro

Este artigo do Elio Gaspari diz muito sobre sobre a Operação Lava-Jato, ou seja, que está longe de terminar e avançará ao longo de 2015. Em certa medida, é muito parecida com a “Operação Mãos Limpas” italiana que começou em 1992, com a investigação de um gatuno banal e terminou como uma das maiores faxinas ocorridas na Europa e obrigou o primeiro ministro italiano ao exílio voluntário.
Gaspari se vale de um artigo do discreto juiz Sérgio Moro, que conduz o inquérito da Operação Lava-Jato. Vale a pena ler. Os gatunos do PT e seus sequazes estão vendo apenas o começo da encrenca. Leiam:

Clique AQUI para ler na íntegra o artigo de Sérgio Moro que serviu de base para o escrito de Elio Gaspari.

O juiz Sergio Moro, que conduz o processo das petrorroubalheiras, fala pouco e não polemiza para fora. O que ele está fazendo, todo mundo sabe.
O que ele quer fazer, e como quer fazer, parece uma questão aberta. Em 2004 Moro publicou um artigo intitulado "Considerações sobre a Operação Mani Pulite" na revista da revista CEJ, do Conselho da Justiça Federal. Está tudo lá.
A "Operação Mãos Limpas" italiana foi uma das maiores faxinas ocorridas na Europa. Começou em 1992, com a investigação de um gatuno banal.
A magistratura, o Ministério Público e a polícia puxaram os fios da meada, investigaram 6.000 pessoas e expediram 3.000 mandados de prisão. Caíram na rede 872 empresários (muitos deles ligados à petroleira estatal) e 438 parlamentares.
O serviço provocou a queda e o exílio voluntário do primeiro-ministro Bettino Craxi. Ele dissera o seguinte: "Todo mundo sabe que a maior parte do financiamento da política é irregular ou ilegal". (Craxi morreu anos depois, na Tunísia.) A faxina destruiu a mística dos dois grandes partidos do país, o Socialista e a Democracia Cristã.
Eles dominavam a Itália desde o fim da Segunda Guerra. Passados dois anos, minguaram. O PS teve 2,2% dos votos, e a DC, 11,1%.
A corrupção política italiana assemelhava-se bastante à brasileira na amplitude, na naturalidade com que era praticada e até mesmo na aura protetora e fatalista que parecia torná-la invulnerável.
No seu artigo, Moro mostra como a implosão da máquina de políticos, administradores e empresários levou à "deslegitimização" de um sistema corrupto: "As investigações judiciais dos crimes contra a administração pública espalharam-se como fogo selvagem, desnudando inclusive a compra e venda de votos e as relações orgânicas entre certos políticos e o crime organizado".
O Moro de 2004 diz mais: "É ingenuidade pensar que processos criminais eficazes contra figuras poderosas, como autoridades governamentais ou empresários, possam ser conduzidos normalmente, sem reações. Um Judiciário independente, tanto de pressões externas como internas, é condição necessária para suportar ações dessa espécie. Entretanto, a opinião pública, como ilustra o exemplo italiano, é também essencial para o êxito da ação judicial."
Os juízes: "Uma nova geração dos assim chamados 'giudici ragazzini' (jovens juízes), sem qualquer senso de deferência em relação ao poder político (e, ao invés, consciente do nível de aliança entre os políticos e o crime organizado), iniciou uma série de investigações sobre a má conduta administrativa e política".
A rua: "Assim como a educação de massa abriu o caminho às universidades para as classes baixas, o ciclo de protesto do final da década de 60 influenciou as atitudes políticas de uma geração".
"Talvez a lição mais importante de todo o episódio seja a de que a ação judicial contra a corrupção só se mostra eficaz com o apoio da democracia. É esta quem define os limites e as possibilidades da ação judicial. Enquanto ela contar com o apoio da opinião pública, tem condições de avançar e apresentar bons resultados."
As malas: "A corrupção envolve quem paga e quem recebe. Se eles se calarem, não vamos descobrir, jamais."
As confissões: "A estratégia de investigação adotada desde o início do inquérito submetia os suspeitos à pressão de tomar decisão quanto a confessar, espalhando a suspeita de que outros já teriam confessado e levantando a perspectiva de permanência na prisão pelo menos pelo período da custódia preventiva no caso da manutenção do silêncio ou, vice-versa, de soltura imediata no caso de uma confissão."
A imprensa: "As prisões, confissões e a publicidade conferida às informações obtidas geraram um círculo virtuoso, consistindo na única explicação possível para a magnitude dos resultados obtidos pela operação mani pulite."
Serviço: o artigo de Moro está na rede. Não tem juridiquês.

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