DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Ministra da Casa Civil do governo Dilma, Gleisi Hoffmann (PT-PR) tem procurado senadores de vários partidos, inclusive de oposição, para tentar impedir sua convocação na CPMI da Petrobras. O megadoleiro Alberto Youssef disse ter entregue R$ 1 milhão para sua campanha ao Senado, em 2010, e Paulo Roberto Costa, também preso na Operação Lava Jato, disse ter recebido pedido do ministro Paulo Bernardo (Comunicações), marido de Gleisi, para “ajudar na campanha” dela.
Quem viu Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann nos últimos dias afirma que o casal anda bem abatido, após as delações do Petrolão.
Desnorteada e dividida, a base aliada não pôde impedir a quebra de sigilo do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, na CPMI da Petrobras.
Após a convocação de Sérgio Machado, indicado por Renan Calheiros à Transpetro, o PMDB deu o troco: votou pela convocação de Vaccari.
Políticos do PMDB reclamam tratamento isonômico: o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, deveria fazer companhia a Fernando Baiano na cadeia. Um e outro eram contato dos partidos na quadrilha do Petrolão.
Logo após a quebra de sigilo bancário de João Vaccari, petistas escreveram requerimento à mão para incluir na pauta da CPMI a inútil convocação de José Gregori, tesoureiro do PSDB.
O Petrolão por enquanto só perde para a Copa, no campeonato de superfaturamento de obras: R$ 10 bilhões contra R$ 25,6 bilhões.
Apelidado de “Homem da Mala da Friboi” na campanha, após atuar como office-boy do Grupo JBS, Ricardo Saud foi assessor e pupilo de Severino Cavalcanti (PP-PE), que exigiu “diretoria que fura poço” na Petrobras para apoiar o governo Lula. Saud continuou no ramo: dividiu apartamento em Brasília e carregava pasta de Eduardo da Fonte (PP-PE), deputado citado na delação premiada de Paulo Roberto Costa.
Após torrar R$ 253 milhões nas eleições, o JBS/Friboi é o recordista mundial em doações – desinteressadas, claro… – para políticos.
Políticos ligados a Lula estão preocupados: a investigação do Petrolão o deixou mais preocupado (e nervoso) que nos tempos de mensalão.
Dilma cuspiu fogo, reclamando que “ninguém controla” e nem sequer tem acesso à informações da Polícia Federal. Até o ministro da Justiça, chefe da PF, só soube da fase “juízo final” da Lava Jato como qualquer brasileiro: pela imprensa. Que essa turma também adoraria controlar.
A Procuradoria da República no DF intimou o comandante do Exército a explicar por que se recusa a confiscar honrarias militares concedidas a mensaleiros. O general Enzo Peri ainda se esconde de jornalistas, e o Ministério da Defesa informou que “não faz atendimento à imprensa”.
A oposição está na torcida para que a CPMI da Petrobras sequer consiga votar o relatório este ano, o que só aumenta a necessidade de criar uma nova comissão de inquérito na próxima legislatura, em 2015.
Amiga do prefeito de S. Bernardo (SP), Luiz Marinho (PT), a agência de propaganda Sotaque levou licitação de R$ 9 milhões do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Agora é favorita na licitação de R$ 6,7 milhões na vizinha São Caetano, do aliado Paulo Pinheiro (PMDB).
Um boné enviado da Irlanda para um leitor chegou ao Brasil em 72 horas, mas até hoje – 33 dias depois – os Correios não o entregaram no destino. Pior: nem se dão ao trabalho de fixar prazo.
…sem furar um único poço, a gangue do escândalo da Petrobras descobriu por que petróleo é chamado de “ouro negro”.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Publicado no Estadão de terça-feira (18)
Em duas falas em Brisbane, na Austrália – um discurso na abertura da reunião do Brics, que precedeu a do G-20, e numa entrevista antes de embarcar de volta -, a presidente Dilma Rousseff emitiu sinais inquietantes de que viajara também para os antípodas da realidade. No léxico dos anos 1970, quando ela integrava organizações de resistência armada à ditadura, se diria que estava “alienada”, embora não estritamente no sentido clínico do termo. Chame-se hoje como se queira o estado de espírito que a presidente deixa transparecer em seus pronunciamentos, o fato é que eles parecem demonstrar um descompromisso com as coisas como são, substituído por um enlace mental com um mundo à parte de todo peculiar.


NO BLOG DO CORONEL
Juízo Final, de Michelangelo: Caronte empurra da sua barca os pecadores para o inferno

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, determinou, nesta terça-feira (18), a quebra do sigilo bancário de 16 dos 24 presos durante a sétima fase da operação. Além da quebra do sigilo bancário dos presos, três empresas suspeitas de fazerem parte do esquema de desvio de dinheiro público da Petrobras tiveram a quebra de sigilo determinada. O pedido de quebra de sigilo bancário dos suspeitos foi feito na tarde desta terça-feira (18) e encaminhado ao Banco Central. 
Os presos que tiveram os sigilos bancários quebrados são: Erton Medeiros Fonseca (Galvão Engenharia), Renato Souza Duque (Petrobras), Ildefonso Colares Filho (Queiroz Galvão), Othon Zanoide de Moraes Filho (Queiroz Galvão), Valdir Lima Carreiro (Iesa), Dalton Santos Avancini (Camargo Correa), Walmir Pinheiro Santana (UTC), José Ricardo Breghirolli (OAS), Eduardo Hermelino Leite (Camargo Correa), Sérgio Cunha Mendes (Mendes Júnior), Agenor Franklin Magalhães Medeiros (OAS), Ricardo Ribeiro Pessoa (UTC), João Ricardo Auler (Camargo Correa), José Aldemário Pinheiro Filho (OAS), Gerson de Mello Almada (Engevix) e Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como lobista do PMDB. 
As três empresas que tiveram seus sigilos bancários quebrados são: Technis Planejamento e Gestão em Negócios, Hawk Eyes Administração de Bens e D3TM - Consultoria e Participações. Desde a última sexta-feira (14), a PF colheu os depoimentos de presos da sétima fase da Operação Lava Jato. A PF investiga um esquema de desvio de recursos públicos da Petrobras orçado em pelo menos R$ 10 bilhões.
O delegado Márcio Adriano Anselmo, chefe da Operação Lava Jato, pediu nesta terça-feira, 18, a prorrogação das prisões temporárias de Renato Souza Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobrás, do presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, e do presidente da UTC, Ricardo Ribeiro Pessoa. Também pediu à Justiça Federal que prorrogue a prisão temporária de Mateus Coutinho de Sá Oliveira, funcionário da OAS em São Paulo, de Alexandre Portela Barbosa, advogado da OAS, e de Walmir Pinheiro Santana, da UTC.
Por sua vez, a CPMI aprovou a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro e operador do esquema de propina do PT na Petrobras. Também aprovou a acareação entre Nestor Cerverá e Paulo Roberto Costa, além das convocações de Renato Duque e Sérgio Machado, todos ex-diretores envolvidos na roubalheira da Petrobras.

O juiz federal Sérgio Moro decidiu converter em preventiva (sem prazo) as prisões temporárias que venciam nesta terça-feira, 18, de dois executivos da OAS, dois da Camargo Corrêa e um da UTC Engenharia e do ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobrás, Renato Duque – ligado ao PT. Os executivos são acusados de integrarem o chamado “clube” da propina – que loteava obras da estatal corrompendo políticos e agentes públicos. Duque seria o elo do grupo para divisão dos contratos.
“As provas apontam que ele (Duque), à semelhança de Paulo Roberto Costa (23 milhões de dólares) e de Pedro Barusco (100 milhões de dólares), mantém verdadeira fortuna em contas secretas mantidas no exterior, com a diferença de que os valores ainda não foram bloqueados, nem houve compromisso de devolução”, escreveu o magistrado.
E continua: “Dispondo de fortuna no exterior e mantendo-a oculta, em contas secretas, é evidente que (Duque) não pretende se submeter à sanção penal no caso de condenação criminal”, assinala o juiz ao fundamentar a necessidade da preventiva de Duque. “Corre-se, sem a preventiva, o risco do investigado tornar-se foragido e ainda fruir de fortuna criminosa, retirada dos cofres públicos e mantida no exterior, fora do alcance das autoridades públicas”.
Para Moro, não se pode separar o núcleo empresarial do núcleo financeiro de lavagem de dinheiro coordenado pelo doleiro Alberto Youssef, nem dos demais envolvidos. “Os crimes narrados nas peças retratam uma empreitada delituosa comum, com a formação do cartel das empreiteiras, as frustrações das licitações, a lavagem de dinheiro, o pagamento de propina a agentes da Petrobrás e as fraudes documentais, todo o conjunto a merecer idênticas consequências.” (Estadão)

Advogados das cinco maiores empreiteiras do país buscaram fechar um acordo coletivo considerado "imoral" pelo Ministério Público Federal (MPF), na véspera da deflagração da sétima fase da operação Lava-Jato, que levou 23 pessoas à prisão e contou com dezenas de ações de busca e apreensão em cinco Estados e no Distrito Federal.
Na quinta-feira que antecedeu a etapa Juízo Final da investigação, advogados da Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e de duas outras construtoras de grande porte compareceram juntos ao prédio da força-tarefa em Curitiba. Os defensores insistiram na proposta de estabelecer um acordo conjunto. A resposta dos procuradores foi negativa. "Todos se reuniram conosco ao mesmo tempo. Expuseram suas propostas. Nós as ouvimos. E dissemos obrigado, mas não", disse um dos investigadores.
O advogado da Camargo Corrêa, Celso Vilardi, confirmou ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, a realização do encontro: "Buscávamos um acordo. Mas o Ministério Público não o quis."
Para os integrantes da força-tarefa da Lava-Jato, acordo sem assumir a culpa é sinônimo de impunidade. "Talvez daqui a 50 anos, se o Brasil mantiver seu desenvolvimento, isso seja possível. Mas hoje é moralmente impossível fechar um acordo nestes termos", avalia um integrante da investigação. "Além do fato de juridicamente não ter base legal. Na nossa opinião é imoral", completa.
Também estiveram na reunião a advogada Dora Cavalcanti Cordani, representando a Odebrecht e o advogado Roberto Telhada, que atua na defesa de executivos da OAS. Dora trabalha em conjunto com o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Ele advoga para a Odebrecht e a Camargo Corrêa. Procurados pela reportagem, Dora e Telhada não retornaram os telefonemas. No encontro do dia 13 de novembro não se chegou a discutir o valor de uma eventual multa, porque "a conversa não avançou a este ponto", diz uma fonte que participou da tentativa de acordo.
O Valor PRO apurou que os defensores estavam autorizados a chegar, no caso do fechamento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) coletivo, até a cifra de R$ 1,2 bilhão. No entanto, os advogados não prescindiram de livrar os executivos e as empreiteiras das respectivas sanções judiciais. (Valor Econômico)

Mais um executivo admitiu à Polícia Federal nesta terça-feira (18) que pagou propina ao doleiro Alberto Youssef e ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Depois que Erton Medeiros, diretor de Óleo e Gás da Galvão Engenharia, confessou a prática, foi a vez de Sérgio Mendes, diretor-presidente da Mendes Júnior, declarar aos policiais que pagou R$ 8 milhões a Youssef entre julho e setembro de 2011, a mando de Costa. Os dois executivos afirmam que foram extorquidos e que poderiam perder contratos se não pagassem o valor pedido. 
Mendes prestou depoimento na sede da PF em Curitiba durante três horas. Segundo seu advogado, Marcelo Leonardo, que acompanhou a oitiva, Mendes disse que foi ameaçado por Youssef e Costa: se não pagasse propina, não conseguiria fechar novos contratos com a Petrobras e não receberia o pagamento dos contratos que já estavam em vigor — na época, a construtora Mendes Júnior havia sido contratada para fazer a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. O pagamento foi dividido em quatro parcelas de R$ 2 milhões.
O presidente da construtora disse que foi apresentado a Youssef pelo ex-deputado federal José Janene (PP), que morreu em 2010 — o doleiro trabalhava como arrecadador para as campanhas do PP. Ainda falando aos policiais federais, Mendes afirmou que desconhece a formação de cartel entre as construtoras. De acordo com ele, todos os contratos que a Mendes Júnior ganhou foram por meio de licitações. O executivo declarou, ainda, que não teve nenhum contato com o ex-diretor de Serviços da estatal, Renato Duque, nem com o ex-diretor da área internacional, Nestor Cerveró. 
Ao ser questionado porque seu cliente não fez a denúncia de pagamento de propina antes, o advogado Leonardo respondeu que isso não foi perguntado a seu cliente durante o depoimento. Ele disse que todos os contratos firmados entre a Mendes Júnior e a Petrobras foram entregues à Polícia Federal. — Ele (Sérgio Mendes) está tão disposto a colaborar que veio diretamente a Curitiba se entregar. Não houve proposta de delação premiada feita pela PF — disse o advogado. 
O advogado Antônio Figueiredo Basto, que defende o doleiro Alberto Youssef, afirmou que não iria comentar a acusação do empresário Mendes: — Isso é uma tese de defesa. Não vou comentar a tese de defesa de outros indiciados. Basto afirmou que vai pedir a prisão domiciliar de Youssef, que está com problemas cardíacos. Também disse que, como seu cliente é delator do esquema de corrupção, está em uma cela especial, longe dos demais presos, embora não veja risco para ele: — Aqui ninguém é marginal para agredi-lo.
O criminalista José Luis de Oliveira Lima, advogado do diretor de Óleo e Gás da construtora Galvão Engenharia Erton Medeiros, investigado no âmbito da Operação Lava-Jato, informou nesta terça-feira que seu cliente também confirmou ter pagado propina ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e ao doleiro Alberto Youssef, após ser extorquido pelos dois. O depoimento de Medeiros foi prestado na segunda-feira (17).
Segundo Lima, a empresa obteve contratos com a Petrobras “de forma lícita”, mas depois disso passou a ser vítima de extorsão e concussão (ato de exigir para si ou para outrem, dinheiro ou vantagem em razão da função que ocupa). — Se ele denunciasse o que estava acontecendo, era ameaçado de perder os contratos. Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef estão longe de serem “Madres Teresas de Calcutá” — ironizou o advogado. 
Lima afirma que o temor de perder a receita garantidora do funcionamento da Galvão Engenharia fez com que Medeiros aceitasse as condições impostas pela dupla. — Você colocaria 10 mil funcionários na rua? O empresário era ameaçado constantemente — afirmou Lima. No depoimento, que ocorreu nesta segunda-feira, Medeiros também afirmou que destino de parte do dinheiro foi o Partido Progressista (PP), que integra a base aliada do governo Dilma Rousseff, segundo reportagem publicada nesta terça-feira pela “Folha de S.Paulo”.
UTC NEGA PARTICIPAÇÃO
Alberto Toron, advogado do Ricardo Pessoa, presidente da UTC, que prestou depoimento até 17h30 desta terça-feira, disse que seu cliente desconhece o pagamento de propina ao doleiro Youssef ou a diretores da Petrobras. Segundo Toron, Pessoa tinha apenas negócios legais com Youssef, uma sociedade num hotel em Lauro de Freitas, na Bahia. O advogado afirmou que seu cliente não deveria estar preso: — É uma violência prisões feitas antes do julgamento. Isso só deveria acontecer quando há risco de fuga ou de destruição de provas.(O Globo)

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Por 12 votos a 11, a CPI Mista da Petrobras aprovou a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. Ele é acusado por Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef de ser o homem que coordenava o propinoduto para o partido, cujo representante na empresa seria Renato Duque. A comissão aprovou ainda as convocações do próprio Duque, de Sérgio Machado, presidente licenciado da Transpetro, e de outros dois ex-diretores da Petrobras: Ildo Sauer (Gás e Energia) e Nestor Cerveró (Internacional), que terá de fazer uma acareação com Costa. Pode ser um momento bem interessante.
O PT fez de tudo para evitar a quebra dos sigilos de Vaccari, mas acabou derrotado. Parlamentares da base, como os deputados Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) e Enio Bacci (PDT-RS), não foram sensíveis aos apelos dos companheiros. Os depoimentos e a acareação podem até render alguma emoção, a menos que a gente tenha de ouvir o famoso “Eu me reservo o direito de ficar calado…”, mas duvido que algo de muito interessante saia das quebras de sigilo de Vaccari ou de outros. E por várias razões.
Em primeiro lugar, essa gente já está escolada, não é?, e não costuma cometer certos erros primários. Em segundo lugar porque, é bom não esquecer, há um doleiro no meio dessa lambança toda. E doleiros só participam de falcatruas para esconder recursos fora do país, em contas secretas. Basta olhar para o festival delas que está por aí.
Acho pouco provável que Vaccari seja do tipo que opera para enriquecimento pessoal. Ele está mais para Delúbio Soares, de quem é sucessor, do que para Paulo Roberto Costa. Se é quem Youssef e Costa dizem ser nesse esquema, não trabalhou para si mesmo, mas para a máquina partidária. Como a gente se lembra, Delúbio não fraquejou um só instante, nem quando foi posto para fora do partido — formalmente ao menos. Quando voltou, mereceu tapete vermelho, com direito a festança e tudo. Vaccari é um burocrata da máquina cinzenta. É homem da natureza de um Gilberto Carvalho. É núcleo duro. A essa gente, garantida a boa vida necessária, interessa mais o projeto de poder do que o enriquecimento pessoal. Há quem ache isso nobre. Eu, obviamente, não acho.
Coisas estranhas
De resto, há coisas estranhíssimas nessa história toda. E, para mim, o tal Pedro Barusco é a chave de um segredo de Polichinelo. Vamos ver. Esse sujeito era mero estafeta de Renato Duque, o petista graúdo que estava na diretoria de Serviços da Petrobras, homem de Dirceu e do partido. Pois esse Barusco admitiu, sem muita pressão, ter US$ 97 milhões em contas do exterior — o correspondente a R$ 252 milhões.
Custo a acreditar que um sujeito na sua posição, subalterna, tivesse autonomia para roubar tanto em seu próprio benefício. Nem se ocupou em pulverizar as contas em nome de terceiros, de familiares, de amigos ou conhecidos, sei lá. Também não converteu parte dessa fantástica dinheirama em patrimônio. Por que alguém mantém em moeda sonante, em contas secretas, tal volume de recursos? Será que Barusco operava para si mesmo ou para uma estrutura muito maior do que ele?
Volto a Vaccari
Tendo a achar que, se alguém aposta no enriquecimento pessoal de Vaccari, vai se frustrar. Ele não pertence a si mesmo. Ele pertence a uma máquina. Encerro com uma lembrança: no depoimento dado no âmbito da delação premiada, Youssef disse que poderia ajudar a PF a chegar a contas que o PT manteria no exterior, o que é ilegal e rende cassação do partido.

NO BLOG DO JOSIAS
— Sai da frente, gritou o líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), para os colegas de oposição que se postavam defronte da mesa diretora da Comissão de Orçamento do Congresso.
— Não saio! Se vocês querem estabelecer a zona, a gente não vai respeitar, respondeu o líder do DEM, Mendonça Filho (PE).
O Parlamento é uma coisa, um botequim de favela é outra coisa. Num ambiente, os conflitos são solucionados por meio de negociações que terminam no voto. Noutro, as desavenças resultam rififis que evoluem para a pancadaria. Pois nesta terça-feira (18), o Parlamento brasileiro viveu uma noite típica das piores biroscas da periferia.
Deputados e senadores votaram o projeto que desobriga o governo Dilma Rousseff de conter gastos para pagar a dívida pública como se estivessem com a barriga encostada no balcão de um boteco de quinta categoria. Ou com os cotovelos recostados numa mesa de ferro —dessas que têm os pés em formato de ‘X’ e o tampo apinhado de garrafas de cerveja vazias.
Passava de 23h. Transmitida ao vivo pela internet, a sessão da Comissão de Orçamento, a mais nobre e importante do Legislativo, já durava três horas e meia. Um tempo que havia sido 100% consumido em manobras regimentais, puxadas de tapete, palavras em riste e descortesias. Armada do regimento, a oposição tentava protelar a decisão. Os governistas tinham pressa.
De repente, o relator do projeto, senador Romero Jucá (PMDB-RR), e o presidente da comissão, deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), decidiram fechar a conta. Interessados em postergar a deliberação, os líderes da oposição postam-se defronte da dupla, para bloquear-lhes a visão.
Mesmo sem enxergar o plenário, Devanir pediu ao relator que apresentasse o seu relatório. Jucá respondeu que a matéria, já sobejamente conhecida, dispensava apresentações. E sugeriu que fosse realizada a votação.
“Os senhores parlamentares que forem a favor da aprovação permaneçam como se acham”, declarou Devanir. Mesmo sem enxergar a reação do plenário, o deputado proclamou o resultado: “Aprovado”. Em pouco mais de três minutos, a fatura estava liquidada. A proposta seguiu para o plenário do Congresso.
“Foi como se estivéssemos jogando uma partida de dominó”, comparou o deputado Mendonça Filho. “Ao pressentir que podia não obter o resultado que desejava, os apoiadores de Dilma embaralharam as peças para melar o jogo.” Líder do PSDB, Antonio Imbassahy sentiu um cheiro de “bolivarianismo” na sessão.
Jucá, por sua vez, sorriu de orelha a orelha. Os governistas abraçaram-no. Abespinhado, o tucano Domingos Sávio (PSDB-MG) pôs-se a gritar: “Vergonha. Vocês são vendidos. Vendidos!” A praxe de tratar os contrários por “excelência” e “nobre colega” foi para as cucuias.
Deixados falando sozinhos, os oposicionistas dirigiram-se à sala da secretaria da Comissão de Orçamento. Encomendaram à assessoria: 1) as notas taquigráficas da sessão; 2) o áudio; e 3) as imagens da sessão. Munidos desse material, os líderes do PSDB, DEM e PPS protocolarão no STF um pedido de anulação da sessão.
Antes, os rivais de Dilma irão à sala do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), para pedir-lhe que tome, ele próprio, a iniciativa de anular a sessão. É improvável que sejam atendidos. Nessa hipótese, além de ir ao Supremo, a oposição tentará bloquear todas as votações do Legislativo.
A eficácia do bloqueio será testada já nesta quarta-feira (19), numa sessão do Congresso convocada por Renan para apreciar 38 vetos presidenciais. A análise desses vetos é pré-condição para a votação final do projeto que permite ao governo fechar suas contas no vermelho sem sofrer as sanções previstas em lei.
O Parlamento ainda é o melhor entreposto que a sociedade civilizada encontrou para dissolver seus conflitos de forma negociada e pacífica. Nesse universo, vigora a máxima segundo a qual as regras são menos perigosas do que a imaginação. E a tática protelatória da oposição, quando escorada no regimento, é um direito da minoria.
Para transpor esse tipo de obstáculo, basta que o governo exiba paciência e votos. Na sessão da noite passada, o Planalto prevaleceu sem método. A truculência e as garrafadas não ornam com uma usina de fazer política. Quando a pendenga que desce à mesa de boteco envolve questões orçamentárias, é sinal de que a política se desobrigou de fazer sentido.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Repercussão internacional do Petrolão arrasa com imagem de Dilma e vai travar investimentos no Brasil

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

A base governista, prestes a ruir e trair, está alarmada e quase desarmada. A tensão pode fazer mal à saúde dos poderosos: Lula da Silva e Dilma Rousseff. O cagaço nervoso tem fundamento. Se o Ministério Público Federal, com a colaboração da Receita e da Polícia Federal, sob ordens de membros da recém criada "Associação de Juízes Anticorrupção", mergulhar fundo na área de Saneamento, Desenvolvimento Urbano e FAS da CAIXA, o rombo da Petrobras irá parecer folguedo de criança.
Se houver uma devassa em contratos da Eletrobras e outras empresas estatais de economia mista, o mesmo modelo de negociatas do Petrolão, com propinas a partir de contratos superfaturados, pode se repetir. O agravante é que as empreiteiras seriam as mesmas enroladas na Operação Lava Jato. Os corruptos envolvidos estão no poder, a maioria com direito a foro privilegiado para julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. Oficiosamente, se fala em 32 parlamentares indiciáveis pela deduragem de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef. Mas o número pode passar de 70...
Ontem, o desgoverno Dilma Rousseff foi alvo, mais uma vez, de um vexame midiático internacional. Deu no New York Times: "Estrela do Brasil, Petrobras está de mãos atadas por escândalo e estagnação". O jornal norte-americano ressaltou que o Petrolão seria o maior caso de corrupção em um país democrático na história do mundo moderno. Eis uma barbaridade para o esquema PT-PMDB comemorar com orgulho, pelo desfeito inigualável... O escândalo paralisa o Brasil. Investidores fogem daqui como o diabo da cruz. A situação de Dilma é insustentável. Não tem moral para continuar governando. Que dirá tomar posse em janeiro para o segundo mandato. No entanto, no país da impunidade, isto deve acontecer, para vergonha mundial...
Os números da vergonha são ainda imprecisos. O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Augusto Nardes, que considera o Petrolão "o maior escândalo da história do TCU, estima que os desvios podem chegar a R$ 3 bilhões. O valor só se refere aos contratos das obras das refinarias Abreu e Lima, Presidente Getúlio Vargas e Duque de Caxias (RJ), do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), e ainda a compra da unidade de Pasadena no Texas (EUA).
Oficialmente, os orgãos de investigação da Lava Jato não têm estimativa clara do total de valores desviados no sobrepreço em vários contratos firmados com a Petrobras. O valor final cobrado a mais e distribuído como propina ficará a cargo de um contabilista da 13a Vara Federal de Curitiba, onde tramitam até agora 12 ações penais decorrentes da Lava-Jato. Quando isso ocorrer, apenas a parcela apurada como fraudes em licitações públicas terá chance de voltar aos cofres da Petrobras. Já o dinheiro recuperado proveniente de corrupção deverá ser encaminhado ao Fundo Penitenciário da União. 
Quando isto ocorrer - se realmente acontecer -, daqui a no mínimo uns 10 anos, que Brasil restará para os brasileiros honestos?
Próximo perseguido da Lava Jato?

O ricaço Eike Batista está pt da vida com a informação dada por consultor empresarial de que seu nome pode ser alvo, também, do Juiz Sérgio Fernando Moro, da Operação Lava Jato.
Eike sentou ontem no banco dos réus, na primeira audiência da 3a Vara Criminal da Justiça Federal no Rio de Janeiro, para responder a acusações em três ações judiciais distintas sobre manipulação de mercado e uso de informação privilegiada (insider trading).
O MPF tenta responsabilizar Eike por operações irregulares de venda de ações das empresas OGX (atual OGPar, petroleira do grupo e em recuperação judicial) e OSX (braço naval, também em recuperação judicial) em 2013, obtendo lucro indevidamente.
Momento emblemático
Diante de Eike, o juiz Flávio Roberto de Souza ressaltou o significado simbólico de a Justiça Federal avançar no trato dos crimes de colarinho branco para além da mera esfera administrativa:
"Indica um momento de mudança. É um caso emblemático para nós. É a primeira vez que um réu de renome internacional e com empresas fortes no mercado senta no banco dos réus. Há crimes correlatos entre as três ações penais." Ainda que reunidas, as ações podem ter sentenças em separado. Caso condenado, considerando todas as ações, Eike poderia receber pena de seis a nove anos, por ser réu primário e ter bons antecedentes.
A sentença do caso Eike deve sair em janeiro de 2015.
Entregando...

A cúpula do PMDB está apertadinha com o alto risco de o lobista Fernando Soares ser forçado a aderir a mais uma "colaboração premiada", depois de se entregar ontem à Polícia Federal, em Curitiba.
Apontado como operador do PMDB no desvio de recursos da Petrobras, Fernando Baiano (como é mais conhecido) foi dedurado pelos executivos Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal.
A dupla revelou ter pago R$ 154 milhões em propina aos operadores do PT e do PMDB dentro da Petrobras, com a intermediação de Baiano, que atuaria na diretoria Internacional da Petrobras, comandada por Nestor Cerveró.
(...)

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