DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
O presidente da empreiteira OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, é velho conhecido das páginas policiais: foi citado pelo Ministério Público em 2012 como um dos acusados de desvio de dinheiro na construção da Av. Jornalista Roberto Marinho, na gestão de Paulo Maluf na prefeitura de São Paulo. Junto a diretores da OAS e da Mendes Júnior, ele foi acusado de pagar R$ 22 milhões em propinas ao ex-prefeito.
Outro empreiteiro cuja prisão foi decretada na Lava Jato, Dalton Avancini (Camargo Corrêa) estava enrolado no caso Senasa, em 2011.
A OAS prosperou à sombra de ACM. Controlada pelo genro do líder baiano, diziam que a sigla era as iniciais de “Obrigado, Amigo Sogro”.
…todos as empreiteiras enroladas na Laja Jato estão presentes em dez de cada dez escândalos de assalto aos cofres públicos no Brasil.
O PMDB do senador Renan Calheiros (AL) resolveu apadrinhar a indicação de Vital do Rêgo (PB), presidente da CPI e da CPMI da Petrobras, ao cargo vitalício de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Em contrapartida, o PMDB oferece a aprovação rápida da indicação do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) para a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal. E tudo fica dominado.
Assim como nas CPIs que preside, Vital do Rêgo, engavetador-geral do Petrolão, promete ao Planalto especializar-se em receitas de pizza.
Amigos de Vital do Rêgo temem que ele se empenhe de tal forma em sepultar o escândalo que acabe contaminado pelo Petrolão.
Se a China chamou o caso do servidor público que tinha 37kg de ouro em casa de “pequeno funcionário, corrupção gigante”, o que diria dos dirigentes de empreiteiras do Petrolão antes de mandá-los ao paredão?
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) vai esperar a reforma ministerial para montar o seu gabinete paralelo, que vai monitorar minuciosamente as contas e as decisões do governo até seu final, em 2018.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Publicado na edição impressa de VEJA
J.R. GUZZO
O que a presidente reeleita Dilma Rousseff, o PT e o ex-presidente Lula, condutor de uma e do outro, pretendem fazer em relação aos 51 milhões de brasileiros que votaram em seu adversário Aécio Neves na eleição presidencial de outubro? É uma pergunta que deixa impaciente o alto-comando do governo; e torna especialmente irado seu sistema de propaganda. Gostariam de que essa gente toda não existisse; não podendo fazer com que ela evapore no ar, acreditam que a saída é não reconhecer sua existência. A indagação, que continua sem resposta clara, é perfeitamente razoável, levando-se em conta que os 51 milhões de pessoas em questão estarão aí pelos próximos quatro anos – não só eles, na verdade, já que outros 37 milhões de cidadãos nem apareceram para votar, votaram em branco ou anularam seu voto.
Ao todo, no fim da conta, resulta que perto de 90 milhões não votaram na presidente que ficará no Palácio do Planalto até janeiro de 2019. Além disso, a diferença em seu favor foi a menor desde que PT e PSDB começaram a bater chapa, doze anos atrás. (A vantagem vem diminuindo a cada eleição: passou de mais de 61% dos votos, em 2002, para menos de 52%, em 2014.) É apenas matemática, ciência indiferente aos desejos do PT ou de qualquer outro partido. Mas o governo fica de mau humor quando alguém fala no assunto, e o resultado é essa situação esquisita em que os vencedores ficam reclamando o tempo todo dos vencidos.

NO BLOG DO CORONEL
Manifestação "Fora, PT" reúne 10.000 na Paulista.
Cerca de 10.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, tomaram as ruas da Avenida Paulista, em pleno feriadão, para protestar, principalmente, contra a corrupção do PT. "Fora, PT" foi a palavra de ordem mais ouvida. Como era de se esperar em movimento com várias lideranças sem legitimidade ou organização jurídica, houve a presença de defensores de intervenção militar, causando uma racha no evento. Outros temas foram o "impeachment já", "recontagem de votos com auditoria externa" e as investigações do escândalo da Petrobras. 
Ao final, segundo a Imprensa, o público se dividiu em três, rumando para destinos e objetivos diferentes. Assim o Estadão publicou:
A manifestação na Paulista reúne, segundo a Polícia Militar, 10 mil pessoas, e, segundo os organizadores, 50 mil. O grupo se dispersou em três. O carro de som com os que defendem a intervenção militar desceu a Brigadeiro Luís Antônio rumo à Assembleia Legislativa. O segundo grupo, o mais volumoso, desceu a Brigadeiro no sentido centro até a Praça da Sé. Um terceiro grupo permanece em frente ao vão do Masp. Enquanto estavam reunidos na Avenida Paulista, as três facções chegaram a fazer uma disputa para ver quem tinha o som mais alto.
A conclusão do Blog é uma só: os que ficam em cima dos caminhões não representam os que estão na rua. Seria desejável que os protestos, quando a pauta estiver definida e menos difusa, fossem assumidos pela Oposição, pois os políticos é que possuem delegação para dar andamento democrático aos pleitos populares.
Um bom sinal é que o senador Aloysio Nunes (PSDB) esteve presente no evento, mas preferiu ficar entre a multidão, sem se manifestar ao público. Inquirido pela Folha de São Paulo, disse: 
"Vim para participar da manifestação...Nosso centro tem que ser o combate à corrupção, apuração das denúncias e punição dos responsáveis. O impeachment é questão a ser vista quando tiver provas concretas, provas jurídicas...Claro que PSDB apoia [a manifestação], estou aqui". 
Para a Record News, Nunes declarou:
"Nosso centro tem que ser o combate à corrupção, a apuração das denúncias e a punição dos culpados. O impeachment é uma questão a ser vista havendo provas concretas, que não é o caso no momento."
Já o Estadão assim publicou a manifestação do tucano:
" Há um exagero da imprensa em relação a meia dúzia de gatos pingados que defendem a intervenção militar. É evidente que sou contra e o PSDB também... O impeachment pode vir a ser colocado dependendo da investigação. O que nós queremos é a apuração."

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Sou crítico de muitos ministros deste governo, mas há dois sobre os quais sinto certa vergonha de escrever: Gilberto Carvalho e José Eduardo Cardozo. São duas figuras patéticas, bisonhas, ridículas. Carvalho é candidato a qualquer coisa no PT — restando algum juízo a Dilma, ela o chuta do Palácio. Já Cardozo tem a ambição de ocupar um lugar no Supremo, uma piada grotesca, eu sei, mas verdadeira. Muito bem! Nesta sexta (14), todos percebemos a terra tremer com a prisão de um monte de empreiteiros e assemelhados, num dia apelidado por policiais federais de “Juízo Final”. É claro que a temperatura da crise subiu muito. Cardozo resolveu, então, conceder neste sábado uma entrevista coletiva. E meteu, como sempre, os pés pelos pés.
A Polícia Federal é subordinada ao Ministério da Justiça, mas tem autonomia garantida em lei para efetuar suas investigações. O ministro não pode e não deve ser previamente avisado. Segundo disse, ficou sabendo da operação no fim da madrugada, quando já tinha sido deflagrada. Aí, então, teria telefonado para a presidente Dilma, que está em viagem, e recebido instruções. Certo. Cabia a Cardozo dar uma entrevista? Acho que sim.
Mas para dizer o quê? O que seria óbvio numa democracia convencional: que a PF tem autonomia no seu ofício, que o governo espera que tudo tenha sido feito dentro das regras, que tem a esperança de que as acusações dos advogados de que seus clientes tiverem direitos agravados não precedam, etc. Mas foi isso o que fez o ministro de Dilma que acha que se pode trocar facilmente a canga pela toga? Não!
Resolveu vociferar impropérios contra adversários políticos. E disparou: “A oposição não pode usar as prisões para criar um terceiro turno eleitoral”. Mas quem é que está agindo assim? Ele não disse. É impressionante que um ministro da Justiça faça uma acusação com esse peso sem citar nomes. O que Cardozo pretende?
Quer dizer que ou a oposição aplaude a ação do governo ou será tentativa de disputar o “terceiro turno”? Eu estou errado ou esse que se pretende futuro ministro do Supremo acha que, ao vencer uma eleição, um partido também retira dos derrotados o direito de se comportar como adversários? A afirmação é de uma irresponsabilidade impressionante, sobretudo porque um ministro da Justiça não acusa, mas age.
Cardozo — não posso ver a sua figura sem me lembrar da doce metáfora que Dilma lhe dispensou: um dos “Três Porquinhos… — está acostumado a não ter limites. Afirmou a jornalistas que Dilma deu sinal verde para levar adiante as investigações… Como, excelência? Quer dizer que, se ela tivesse dado sinal vermelho, aí tudo seria paralisado? Ela nem dá nem deixa de dar sinal verde. A PF não obedece a esse tipo de comando.
Cardozo deu outra resposta deliciosa quando indagado sobre a suposta participação de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, nos escândalos da Lava Jato: “Eu não faço isso com amigos, não faço com inimigos. Vamos olhar os fatos e investigá-los”. Bem… Inimigo do ministro Vaccari não é. Só restou o papel de “amigo”…
A entrevista de Cardozo foi um despropósito. Chega a ser estarrecedor que, um dia depois daquela penca de prisões — incluindo a de Renato Duque, ex-operador do PT —, este senhor venha a público para tentar passar um pito na… oposição!!! É espantoso a solenidade com que ignora a importância do cargo que ocupa.
Disputar terceiro turno, meu senhor? O que o Brasil se pergunta é quanto do dinheiro roubado da Petrobras foi parar no primeiro e no segundo turnos, não é mesmo?
Comporte-se de modo mais decoroso, meu senhor!

Vivemos realmente dias interessantes. Desde a redemocratização do país, é a primeira vez que milhares de pessoas saem às ruas tendo de enfrentar a franca hostilidade da maioria da imprensa e até de humoristas chapas-brancas — como se fosse possível fazer humorismo a favor sem que o palhaço se comporte como mero áulico. Até o bobo da corte, como é sabido, tinha mais independência do que a pletora de engraçadinhos patrocinados. Afinal, o bobo era o único que podia fazer piada com o rei… Os de hoje em dia só sabem ironizar os… inimigos do rei.
Sim, uns poucos tolos pediram intervenção militar. Já disse o que penso a respeito em dois posts bastante longos. Mas a esmagadora maioria foi à rua cobrar a apuração de crimes contra o patrimônio público, exigir o impeachment de Dilma (se ficar provado que ela sabia das falcatruas) e, oram vejam, protestar contra o controle da mídia — que vem a ser justamente a pauta oposta à dos esquerdistas que marcharam na quinta-feira, sob a liderança da CUT e de Gilherme Boulos, chefão do MTST — a entidade e o movimento são vermelhos por fora, mas tem a chapa branca por dentro.
Os que defendem abertamente a censura à imprensa, no entanto, foram tratados com reverência e delicadeza pela… imprensa! Os que se opõem a controles, bem, estes estão sendo francamente hostilizados, com uma abordagem jocosa, com esgares óbvios de preconceito. Sugiro aos manifestantes, no entanto, que ignorem a patrulha e deixem os jornalistas em paz. Seus respectivos leitores saberão fazer a coisa certa. O único controle admissível para a imprensa é o público. A liberdade de imprensa não é um bem que se defenda em benefício de jornalistas. A gente defende a liberdade de imprensa é em benefício do país. Adiante.
Manifestações de defensores da ordem democrática também são meio chatas, não é?, para certo jornalismo. A turma não quebra nada, nem bem público nem bem privado; não busca o confronto físico coma a Polícia Militar — ao contrário: até a aplaude, o que deixa os esquerdistas da imprensa, digamos, “absurdados”. Também não se trata, assim, de um desfile de culturas alternativas, de tribos, de comportamentos de exceção, de minorais, de militantes profissionais.
Nada disso! Nas ruas, estavam aquelas pessoas que a Marilena Chaui e boa parte da imprensa odeiam: gente comum, que trabalha, que estuda, que é obrigada a ganhar o próprio sustento — e, por essa razão, tem especial predileção para protestar aos sábados. São pessoas que não têm as mesmas facilidades dos militantes da CUT ou do MTST. Estes podem armar o circo em plena quinta-feira porque o pão já está mesmo garantido pelas tetas públicas.
Onde já se viu gente comum; que não pertence a nenhum movimento social; que não se organiza em nome de nenhuma minoria influente; que, percebe-se, nem tem muito traquejo em manifestação porque costuma estar empenhada demais em prover o próprio sustento, sem tempo para se comportar como esbirro de grupelhos militantes; que recolhe seus impostos; que faz funcionar a máquina perdulária do estado… Onde já se viu gente assim ousar sair às ruas?
Cumpre ridicularizá-la; tratá-la como um bando de primitivos; tirar o sarro de sua agenda; evidenciar o seu reacionarismo; hostilizá-la como expressão do atraso. Não é porque essa gente é a parcela do Brasil que financia o circo do estatismo; não é porque essa gente é diariamente espoliada por marginais do poder; não é por isso tudo que essa gente, agora, vai achar que deve ter também o direito de voz. Como quer o ainda ministro Gilberto Carvalho, a obrigação do governo é conversar com os movimentos sociais de esquerda. Os indignados com a roubalheira que se danem.
Vem coisa por aí
Os histéricos — e vou escrever daqui a pouco sobre o ministro José Eduardo Cardozo (leia acima) — que se acalmem! A Operação Lava Jato, até agora, ainda não chegou aos políticos. Vai chegar. É possível que a penca de prisões acabe resultado em novos processos de delação premiada.
Ainda que amplos setores da imprensa só reconheçam a legitimidade de protestos que carregam a bandeira vermelha, terão de aceitar, cedo ou tarde (pior se for tarde), que os que pagam a conta têm o direito de reclamar da qualidade do serviço.
Para esclarecer
Há gente fazendo uma lambança dos diabos. Tenho escrito aqui que o eventual impeachment de Dilma precisa de provas. Aí alguns insistem: “Mas elas já existem…”. Ainda não são do nosso conhecimento. VEJA noticiou — assim como os demais veículos de comunicação — que Alberto Youssef afirmou que Lula e Dilma sabiam de tudo. É fato que ele tenha dito isso. Mas é preciso que venha à luz a materialidade dessa afirmação, entenderam? “Ah, Reinaldo, mas o que você acha?” Eu acho que não havia como eles não saberem. Mas um processo requer mais do que, digamos, essa obviedade lógica.
E, ficando provado que a presidente sabia, ela vai se aposentar mais cedo. Sem traumas institucionais. Não adianta Cardozo ter faniquito. Os cretinos que chamam de “golpista” a manifestação em favor do impeachment precisam saber que o impedimento tem prescrição legal. Logo, não pode ser golpe o que se ancora na legalidade democrática. Quando alguém fala em “impeachment” fala também em legalidade. É elementar!
A crise é de fôlego, estejam certos. Quanto à hostilidade de parte considerável da imprensa, dizer o quê? Jornalistas não podem ser molestados. Que façam o seu trabalho, bom ou mau. É o leitor, o telespectador, o ouvinte ou o internauta que escolhem este ou aquele veículos. A melhor forma de protestar contra áulicos ou maledicentes é mudando de jornal, de revista, de canal, de blog, de rádio…

NO BLOG DO NOBLAT
Executivos dizem ter pago propina de R$ 200 mi a operadores de PT e PMDB
Delatores da Operação Lava Jato afirmaram que valor foi repassado ao ex-diretor Renato Duque e ao lobista Fernando Soares
16/11/2014 - 05h49
Fábio Frabrini e Andreza Matais, Estadão
Operadores dos dois principais partidos do governo teriam recebido ao menos R$ 200 milhões em propinas na Petrobras para viabilizar contratos com empreiteiras. Conforme delatores do esquema de corrupção na estatal, os pagamentos foram feitos ao ex-diretor de Serviços Renato Duque, apontado como integrante do esquema do PT que teria como operador o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, e a Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado pela Polícia Federal como lobista do PMDB, que indicou Nestor Cerveró para a diretoria da Petrobras.
Detalhes sobre o pagamento de suborno, que seria uma pre-condição para obter obras na companhia petrolífera, foram revelados aos investigadores da Operação Lava Jato pelos executivos Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal, em troca de eventual redução de pena.

NO BLOG DO JOSIAS
Tomada pelos sinais que emite internamente, Dilma Rousseff não aprendeu muita coisa com o escândalo da Petrobras. Ela sinaliza a intenção de compor um segundo governo loteado e convencional. Pretende manter o modelo que premia os partidos que se dispõem a fornecer votos para o governo no Congresso com posições nos ministérios, em estatais e autarquias. A presidente desconsidera as novas evidências de que essa fórmula faliu.
Um dos procuradores que atuam na operação Lava Jato, no Paraná, comentou com um colega de Brasília que o escândalo da Petrobras deve ser apenas o início de um processo de “depuração” que deve marcar o Estado brasileiro nos próximos anos. Os vícios detectatos na estatal, disse o procurador, “não são localizados”. Disseminaram-se “por toda a máquina” pública.
Alheia aos riscos, Dilma prepara-se para abrir a negociação de sua próxima equipe de ministros logo que retornar da cúpula do G20, na Austrália. Depois da escolha dos integrantes da equipe econômica, a presidente priorizará as conversas com o PT e o PMDB, os dois sócios majoritários de sua coligação. Justamente os mais enrolados no caso da Petrobras.
Dilma talvez devesse requisitar à sua assessoria uma cópia do depoimento prestado à Justiça Federal, em 8 de outubro, por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Nada a ver com a sigilosa delação do personagem. Foi inquirido pelo juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, em ação penal que não corre em segredo de Justiça.
Ao interrogar Paulo Roberto, o magistrado quis saber o que levara as maiores empreiteiras do país a pagar propinas de 3% sobre o valor dos contratos obtidos na Petrobras. E ele: “Essas empresas, Excelência, tinham interesses não só dentro da Petrobras, mas em vários outros órgãos de governo —vários órgãos de governo a nível de ministério, a nível de secretaria, etc…”
Paulo Roberto explicou ao juiz que os ministérios são comandados por partidos políticos. E prosseguiu: “Então, se a empresa deixasse de contribuir com determinado partido naquele momento, isso ia se refletir em outras obras… Os partidos não iam olhar isso com muito bons olhos.”
A corrupção tornou-se conveniente a todos os atores, esclareceu o ex-diretor da Petrobras: “Seria um interesse mútuo dos partidos, dos políticos e das empresas, porque não visava apenas a Petrobras. Visava hidrovias, ferrovias, rodovias, hidrelétricas, etc. e etc…”
O juiz Sérgio Moro perguntou a Paulo Roberto se ele já havia testemunhado algum caso em que a empreiteira tivesse se recussado a pagar propinas. “Não, nunca”, respondeu o interrogado. “Houve alguns atrasos. Mas nunca tive conhecimento que deixaram de pagar, devido a esses interesses maiores a nível de Brasil.”
De acordo com Paulo Roberto, as grandes empreiteiras brasileiras organizaram-se num cartel. E se essas empresas deixassem de pagar as propinas?, indagou o juiz Sérgio Moro. Ao responder, Paulo Roberto pronunciou palavras que Dilma deveria levar em conta na hora de nomear ministros.
“Essas empresas tinham interesses em outros ministérios, capitaneados por partidos. São as mesmas empresas que participam de várias outras obras a nível de Brasil —ferrovias, rodovias, hidrovias, portos, usinas hidrelétricas, saneamento básico, Minha Casa, Minha Vida. Ou seja: todos os programas, a nível de governo, nos ministérios, têm políticos de partidos. Se você cria um problema de um lado, pode-se criar um problema do outro. No meu tempo lá, não lembro de nenhuma empresa que tenha deixado de pagar.”
Proibida por lei de disputar um terceiro mandato consecutivo, Dilma poderia, em tese, governar sem fazer tantas concessões aos partidos e seus financiadores. O problema é que 2015 chegou mais cedo para a presidente reeleita. E um governo nunca começou tão por baixo. Na economia, tenta arrancar do Congresso uma lei que autorize a Fazenda a fechar no vermelho as contas que legará para si mesma. Do ponto de vista político, equilibra-se entre a ilusão de que governa e a evidência de que é governada pelas circunstâncias.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Por que o espertíssimo parlamentar peemedebista Eduardo Cunha investiu pesado em sua reeleição para lutar pela Presidência da Câmara dos Deputados? Porque ele sabe que este é o atalho mais seguro para chegar à Presidência da República, em uma excelente hipótese, ou para exercer hegemonia política sobre sua inimiga pessoal Dilma Rousseff, em uma outra visão pragmaticamente concreta e muito possível de se tornar real, em curto prazo.
Eduardo Cunha aposta abertamente que é inviável a governabilidade de Dilma Rousseff no segundo mandato. Intimamente, avalia que é muito alto o risco de impeachment da Presidenta, por variados motivos, agravados pela incompetência em solucionar a crise econômica agendada para se agravar em 2015. Dilma pode cair pelos escândalos do Petrolão - que podem arrasar a Petrobras? Dilma pode ser impedida por crime de responsabilidade contra a Lei de Responsabilidade Fiscal? Ou ela pode ser engolida pelo próprio PT de cujos corruptos ela tenta se desvincular?
O negócio anda tão horrível para o lado da Dilma que ela deveria trocar seu marketeiro baiano por um bom pai de santo de lá da boa terra... Eduardo Cunha já é saudado como salvador da pátria na guerra contra o PT. Sexta-feira, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o poderoso líder do PMDB foi festejado como herói pelos passageiros. Cunha recebeu apoios populares para continuar sua guerra contra os petistas pela conquista da presidência da Câmara dos Deputados. Do jeito que o avião desanda, Dilma acabará obrigada a pedir um autógrafo ao popstar Eduardo Cunha...
Eleito, em fevereiro, para o posto que deseja, Eduardo Cunha se transforma no terceiro na linha de substituição presidencial em caso de emergência, ausência do País ou vacância do cargo. Imagina se algo de errado também acontecer com o amigo dele, o justo e perfeito maçom inglês Michel Temer - que é o substituto eventual da Dilma? Eduardo Cunha está na boca do gol, torcendo pelo massacre alemão... Ninguém no PMDB aposta que a velha guerrilheira Dilma consiga suportar tanta pressão interna e externa que vai acuá-la (com chances de evacuá-la) do poder. 
Os políticos profissionais da republiqueta de Bruzundanga, sob corrupto regime capimunista, estão à beira de um ataque de caganeira com os novos episódios da Operação Lava Jato. O roteiro do filme de terror já indica que, depois da "colaboração premiada", seguida dos acordos de leniência firmados com as empreiteiras, os alvos serão os políticos - uns 40 ou mais ladrões que se beneficiaram de esquemas de corrupção apenas na Petrobras. Imagina se o supremo ministro Teori Zavascki resolver divulgar o nome deles antes do fim do ano? Já pensou se a informal AJA (Associação dos Juízes Anticorrupção) conseguir avançar muito além do Mensalão e da Lava Jato, fisgando até molusco blindado em aquário de barril de cachaça ou de petróleo?
Voltemos ao problemão da Dilma. Seus aspones podem repetir o mantra de que ela está blindada porque tem a poderosa varinha mágica que assina o Diário Oficial e porque foi reeleita pela "vontade popular" (manifesta no sistema eletrônico de votação tão auditável quanto o do Cassino do Al Capone). Não adianta... Dilma foi a "presidente" do Conselho de Administração da Petrobras quando grandes roubos do Petrolão aconteceram. Se de nada sabia, foi "incompetenta". Se de algo desconfiou, mas não deu ordem para apurar ou anular (como a compra superfaturada da refinaria texana de Pasadena), Dilma pecou por responsabilidade.
Nos Estados Unidos, já tem juiz querendo comer o fígado dela. Imagine o vexame institucional para o Brasil de ter a primeira mulher a ocupar nossa Presidência da República sendo processada, civil ou criminalmente, pelos desmandos na Petrobras contra investidores e contra as leis anti-corrupção norte-americanas. O caso Pasadena é um Passadilma. E se a turma do Tio Sam resolver mexer em outros contratos menos votados, como o da Gemini, sobre o qual Dilma foi oficialmente alertada em vários documentos enviados, com protocolo, ao Palácio do Planalto e à Petrobras, a coisa pode ficar ainda mais preta que ouro negro.
Concretamente, contra Dilma, os tribunais norte-americanos podem usar argumentos comprovados pelo economista Fabio Fuzetti, gestor do fundo Antares Capital e conselheiro da ANA (Associação Nacional de Proteção dos Acionistas Minoritários), em recente entrevista à Folha de S. Paulo: " A credibilidade da Petrobras já estava arranhada havia muito tempo. A defasagem dos preços dos combustíveis queimou mais de R$ 130 bilhões da empresa desde 2002. É mais do que a capitalização da empresa em 2010. Fizemos contas que mostram que os atrasos e os aumentos de custo nas obras das refinarias tiveram um perda adicional entre R$ 40 bilhões e R$ 48 bilhões. Todos esses números foram apresentados ao conselho da Petrobras e à CVM (Comissão de Valores Mobiliários)".
O filme de Dilma está queimado lá fora. Ontem, deu no New York Times: "A possibilidade de que as denúncias de corrupção na Petrobras sejam a faísca inicial para desencadear um incêndio maior no Brasil não pode ser descartada". O mais famoso jornal dos EUA destacou que "os problemas na Petrobras, com denúncias de corrupção e prisão de executivos da companhia e de empreiteiras prestadoras de serviços, levantam preocupação mais ampla nos investidores estrangeiros, que detêm boa parte das ações e bônus da petroleira brasileira". 
A fragilidade mais urgente contra Dilma nem é a avalanche de corrupção e incompetência gerencial na Petrobras, mas sim sua incapacidade de indicar soluções para a crise econômica no Brasil. O risco de tudo piorar é tão evidente que até Judas está recusando as sondagens dela para assumir o Ministério da Fazenda. A missão indigesta pode sobrar para algum burocrata sem força política ou prestígio diante da banqueiragem transnacional. O poderoso Lula insiste que Dilma bote Henrique Meirelles no (en)cargo. Além de não querer dormir com o inimigo pessoal, e tentar se desvencilhar de seu Chefão-Criador Dilma quer dar as cartas na economia - na ilusão de que tem capacidade para tal.
A pobre Dilma nem pode apelar para o Grande Arquiteto do Universo, porque o mestre maçom Temer já faz isto antes dela, naquelas reuniões secretas em que a turma do ritual de emulação faz um intervalo para saudar a Rainha da Inglaterra com uma talagada do melhor whisky escocês (não importa se antigo e aceito). Até o Temer teria muito a temer, porque já tem gente poderosa falando mal dele. Certamente é intriga com os gastos da bela Marcela com cartão de crédito nas viagens - assunto até de futricas, nas altas madrugadas, entre as maravilhosas meninas do Jô Soares...
Dilma está frozen... Se cantar "Let it go", Michel Temer não vai querer ir com ela. Mas Eduardo Cunha vai amar a cantada... E, se o economista, radialista e evangélico virar mesmo presidente da Câmara, assume o Palácio do Planalto numa boa, mesmo sem ter sido eleito para isto... "Afinal de contas, o povo mereeeeeeeeeeeece respeito" - bordão que ele usa no rádio... A turma da piscina do Golden Green está na torcida pelo sucesso dele... O baixo clero do Congresso nacional, também... E os inimigos rezam para o Jim Jones do PMDB se ferrar...
E a Dilma, numa frozen, lá no G-20, em Brisbane, na Austrália, conseguiu trocar umas breves palavrinhas com o Barack Obama. Mas a Presidenta preferiu não falar do rumo que dará à economia brasileira... Na prática, ela foi coerente com o discurso do partido que psicologicamente rejeita... Comprovou que não sabe de nada mesmo, nada falou de relevante e pt saudações...
O fato concreto é que a frozen Dilma terá de fazer como a princesa Elsa do desenho animado: terá de deixar as fileiras da tempestade, sair de seu reino de isolamento e romper com o passado... Como vai fazer isto nem ela sabe... Aliás, não sabe de nada mesmo...
(...)

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